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Sistema Respiratorio - Histologia - O sistema respiratório é constituído pelos pulmões e por um sistema de tubos que comunicam estes órgãos com o meio exterior Distinguem-se no sistema respiratório duas porções com atividades funcionais distintas: - Porção condutora: formada por uma sequência de ductos extra e intrapulmonares (fossas nasais, nasofaringe, laringe, traquéia, brônquios e bronquíolos). Além de facultar a passagem de ar, a porção condutora purifica, umedece e aquece o ar inspirado, funções importantes para proteger o delicado revestimento dos alvéolos pulmonares. A fim de assegurar a passagem contínua de ar pela porção condutora, é necessário manter o seu lúmen constantemente aberto. Para essa finalidade, a parede da porção condutora contém componentes que lhe proporcionam suporte estrutural, flexibilidade e extensibilidade. Conforme o local da porção condutora, esses componentes consistem em um ou vários dos seguintes tecidos: osso, cartilagem, tecido conjuntivo e tecido muscular liso - Porção respiratória: constituído por bronquíolos, ductos alveolares e alvéolos. Nesses locais ocorrem as trocas de gases entre o sangue e o ar. Os alvéolos são espaços delimitados por paredes muito delgadas através das quais ocorre a troca do gás carbônico (CO2) do sangue pelo oxigênio (O2) do ar inspirado. Epitélio respiratório - A maior parte da porção condutora é revestida internamente por um epitélio pseudoestratificado colunar ciliado com muitas células caliciformes = epitélio respiratório - Ele não participa das trocas gasosas entre o sangue e or alveolar - Consiste em cinco tipos celulare, como se trata de um epitélio pseudoestratificado, as células têm alturas diferentes, mas todas se apoiam na lâmina basal do epitélio - Célula colunar ciliada (mais abundante): Cada uma tem cerca de 300 cílios na sua superfície apical , e junto aos corpúsculos basais dos cílios há numerosas mitocôndrias, que fornecem trifosfato de adenosina (ATP) para os batimentos ciliares - Células caliciformes: secretoras de muco . A região apical dessas células contém numerosas gotículas de muco composto de glicoproteínas - Células em escova (brush cells): em virtude dos numerosos microvilos existentes em superfícies apicais. Na base dessas células, consideradas receptores sensoriais, há terminações nervosas aferentes - Células basais: são pequenas e arredondadas. São células-tronco que se multiplicam continuamente por mitose e originam os demais tipos celulares do epitélio respiratório Células granulares: semelhantes às basais, mas que contêm numerosos grânulos . Estudos histoquímicos mostraram que as células granulares pertencem ao sistema neuroendócrino difuso Col= colunares ciliadas. Ca= Caliciformes. Atividade de defesa da porção condutora - Devido ao trânsito de ar no seu interior, o sistema respiratório está diretamente exposto ao meio externo - Sua mucosa é uma interface do meio interno com o ar inspirado e protege o organismo contra as impurezas do ar por meio de vários mecanismos de defesa, existentes principalmente na porção condutora - Outro mecanismo importante de defesa contra antígenos vindos do meio externo é representado por uma barreira de linfócitos . - Além dos linfócitos, a mucosa da porção condutora apresenta grande quantidade de plasmócitos e macrófagos. As áreas da lâmina própria que contêm nódulos linfáticos são recobertas por células M semelhantes. São células que captam antígenos, transferindo-os para um compartimento abaixo da célula, onde têm acesso macrófagos e linfócitos. Esses linfócitos migram, levando para linfonodos informações sobre as macromoléculas antigênicas, que podem fazer parte de um microrganismo. Fossas nasais - Revestidas por mucosas com diferentes estruturas, de acordo com a região: o vestíbulo, a área respiratória e a área olfatória Vestíbulo: - Porção mais anterior e dilatada - Mucosa inicial continua com a pele do nariz e substituída pela mucosa respiratória - Os pelos (vibrissas) e a secreção das glândulas sebáceas e sudoríparas existentes no vestíbulo constituem uma barreira à penetração de partículas grosseiras nas vias respiratórias - Parte das partículas de poeira e microrganismos adere à camada de muco que se distribui sobre o epitélio e não é transportada para outras regiões do sistema respiratório. Área respiratória: - Maior parte das fossas nasais - A mucosa dessa região é recoberta por epitélio pseudoestratificado colunar ciliado, com muitas células caliciformes (epitélio respiratório) - Nesse local, a lâmina própria contém glândulas mistas (serosas e mucosas). Assim como no vestíbulo, a secreção mucosa produzida pelas glândulas mistas e pelas células caliciformes forma uma lâmina sobre o epitélio, que prende microrganismos e partículas inertes - Presença de expansões ósseas denominadas de conchas ou cornetos. Área olfatória - Parte superior das fossas nasais - Responsável pela sensibilidade olfatória. É revestida pelo epitélio olfatório, que contém os quimiorreceptores da olfação - Epitélio olfatório: é um neuroepitélio colunar pseudoestratificado, formado por três tipos celulares: células de sustentação, células basais e células olfatórias - Células de sustentação: são prismáticas, largas no seu ápice e mais estreitas na sua base; apresentam, na superfície, microvilos que se projetam para o interior da camada de muco que cobre o epitélio. Essas células têm um pigmento acastanhado que é responsável pela cor amarelo-castanha da mucosa olfatória - Células basais: são pequenas, arredondadas e situam-se na região basal do epitélio, entre as células olfatórias e as de sustentação; são as células-tronco (stem cells) do epitélio olfatório. As células desse epitélio renovam-se constantemente. - Células olfatórias: são neurônios bipolares que se distinguem das células de sustentação porque seus núcleos se localizam em uma posição mais basal. Na lâmina própria dessa mucosa, além de abundantes vasos e nervos, observam-se glândulas ramificadas tubuloacinosas alveolares, as glândulas de Bowman (serosas). Os ductos dessas glândulas levam a secreção para a superfície epitelial, criando uma corrente líquida contínua que limpa os cílios das células olfatórias, facilitando o acesso de novas substâncias odoríferas. Seios paranasais - São cavidades nos ossos frontal, maxilar, etmoide e esfenoide revestidas por epitélio do tipo respiratório , com células mais baixas que o epitélio da porção condutora e com poucas células caliciformes. - Os seios paranasais se comunicam com as fossas nasais por meio de pequenos orifícios, e o muco produzido nessas cavidades é drenado para as fossas nasais pelo movimento ciliar das células epiteliais Nasofaringe e orofaringe - A nasofaringe é a primeira parte da faringe, que se continua caudalmente com a orofaringe, porção oral desse órgão oco. A nasofaringe é revestida por epitélio do tipo respiratório , enquanto na orofaringe o epitélio é estratificado pavimentoso. Laringe - É um tubo de forma irregular que une a faringe à traquéia - As cartilagens mantêm o lúmen da laringe sempre aberto, garantindo a livre passagem do ar. As peças cartilaginosas maiores (tireóide, cricóide e a maior parte das aritenóides) são do tipo hialino, enquanto as demais são do tipo elástico. - Epiglote: é um curto prolongamento laminar da laringe que se estende da porção cranial do órgão em direção à faringe. Tem um eixo de cartilagem elástica revestida por tecido conjuntivo e epitélio - A mucosa da laringe forma dois pares de pregas salientes no lúmen do órgão. O primeiro par, superior, constitui as pregas vestibulares (oufalsas cordas vocais) ; a lâmina própria dessa região é formada por tecido conjuntivo frouxo e contém glândulas. O segundo par, inferior, constitui as pregas vocais (ou cordas vocais verdadeiras) , que apresentam um eixo de tecido conjuntivo muito elástico, ao qual se seguem, externamente, os músculos intrínsecos da laringe, do tipo estriado esquelético. Quando o ar passa através da laringe, esses músculos podem contrair-se, modificando a posição das cordas vocais e a amplitude da fenda que existe entre elas, produzindo sons com diferentes tonalidades. - A laringe conta com dois conjuntos de músculos do tipo estriado esquelético: músculos extrínsecos e músculos intrínsecos. Traqueia - É um tubo que se continua com a laringe e termina ramificando-se nos dois brônquios extrapulmonares - É revestida internamente por epitélio do tipo respiratório e apresenta glândulas mucosas - Número de 16 a 20 anéis cartilaginosos em formato de C - Ligamentos fibroelásticos e musculatura lisa prendem-se ao pericôndrio - A traqueia é revestida externamente por um tecido conjuntivo frouxo, constituído a camada adventícia, que se continua com os tecidos análogos de órgãos adjacentes Árvore brônquica - A traqueia ramifica-se originando-se os chamados brônquios primários, ramificam-se no interior dos pulmões e originam três brônquios secundários no pulmão direito e dois no esquerdo. Cada brônquio secundário supre um lobo pulmonar, sendo, por essa razão, também denominados brônquios lobares - Eles se dividem repetidas vezes, originando brônquios cada vez menos calibrosos. Seus últimos ramos constituem os bronquíolos, que se ramificam originando de cinco a sete bronquíolos terminais - Cada bronquíolo terminal origina um ou mais bronquíolos respiratórios, os quais marcam a transição para a porção respiratória, que compreende os ductos alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos. Brônquios - Entram nos pulmões através do hilo: brônquios primários - São divididos de acordo com os lobos pulmonares: 3 direitos e 2 esquerdos - Presença de tecido linfóide - Ramificam-se em bronquíolos, bronquíolos terminais ( 5 a 7), bronquíolos respiratórios - Epitélio vai se modificando - Externamente à camada muscular, estão situadas as peças cartilaginosas dos brônquios. A parede dos brônquios tem várias pequenas peças cartilaginosas de formato irregular, cujo conjunto circunda o tubo inteiramente - As peças cartilaginosas são envolvidas por tecido conjuntivo rico em fibras elásticas. Essa capa conjuntiva, frequentemente denominada camada adventícia Bronquíolos - São segmentos intralobulares - Ausência de cartilagem e de glândulas em suas paredes - Apresenta corpos neuroepiteliais (quimiorreceptores-alterações na composição dos gases) - Bronquíolos terminais: células da clara (proteção contra poluentes e inflamações) Obs: Células da clara - Células secretoras exclusivas de bronquíolos - Funções anti-inflamatórias - Detoxificação de substâncias inaladas - Enzimas que fragmentam o muco produzido pela porção superior da árvore traqueobrônquica Bronquíolos respiratórios e ductos alveolares - A superfície interna dos bronquíolos respiratórios é revestida por epitélio simples, que varia de colunar baixo a cubóide, podendo apresentar cílios na porção inicial - À medida que o bronquíolo respiratório se prolonga, aumenta o número de descontinuidades de sua parede acompanhadas de alvéolos que se abrem no seu lúmen. Quando a parede passa a ser constituída quase só de saídas de alvéolos, o tubo passa a ser considerado um ducto alveolar. - Os ductos alveolares são revestidos por epitélio simples cúbico, mas um epitélio simples pavimentoso pode ser observado em suas extremidades Sacos alveolares e alvéolos - O ducto alveolar termina em um alvéolo único , ou mais comumente em sacos alveolares, que são espaços nos quais se abrem diversos alvéolos. Estes constituem as últimas porções da árvore brônquica e ocupam a maior parte do volume dos pulmões, sendo responsáveis pela estrutura esponjosa do parênquima pulmonar. - Os alvéolos são pequenas bolsas semelhantes aos favos de uma colmeia e apresentam uma abertura. Assim como os sacos alveolares, quase sempre a parede de um alvéolo é comum a dois alvéolos adjacentes, sendo denominada parede alveolar ou septo interalveolar. - O septo interalveolar é composto por duas camadas de células epiteliais separadas por uma delgada lâmina de tecido conjuntivo formado de fibras reticulares e elásticas, substância fundamental e células do conjuntivo. No tecido conjuntivo do interior dos septos, há também uma extensa rede de capilares sanguíneos. Componentes dos septos interalveolares - Os septos interalveolares (ou paredes alveolares) são revestidos por dois tipos de células que estão em contato com o ar presente no lúmen alveolar. São o pneumócito tipo I e o pneumócito tipo II Pneumócito tipo I - É uma célula pavimentosa, com citoplasma muito delgado e núcleo achatado, que faz uma ligeira saliência para o interior do alvéolo - O citoplasma é tão delgado que somente com o microscópio eletrônico é possível ter certeza de que eles formam uma camada contínua - Aderem entre si por desmossomos e por zônulas de oclusão (junções oclusivas), que impedem a passagem de fluidos do espaço tecidual (interstício) para o interior dos alvéolos - A principal função é constituir uma barreira de espessura mínima para possibilitar as trocas de gases entre o lúmen alveolar o tecido intersticial que forma o eixo da parede alveolar, e ao mesmo tempo impedir a passagem de líquido Pneumócito tipo II - Localiza-se na superfície alveolar, intercalado entre os pneumócitos tipo I - São células arredondadas frequentemente vistas em grupos de duas ou três células nos pontos em que as paredes alveolares se toca, e o núcleo esférico é maior e mais claro em relação às demais células da parede interalveolar - A principal característica dos pneumócitos tipo II, observada por microscopia eletrônica de transmissão, são os corpos multilamelares - Os corpos multilamelares contém fosfolipídios, proteínas e glicosaminoglicanos, que são continuamente sintetizados e liberados por exocitose através da membrana apical das células, voltada para o espaço alveolar. Esta secreção é denominada surfactante pulmonar - O surfactante exerce diversas funções, das quais uma das mais importantes é reduzir a tensão superficial da parede alveolar, mantendo-a estruturalmente e evitando seu colapso durante a inspiração e o colabamento do alvéolo. A camada surfactante não é estática, sendo renovada constantemente. - Nos fetos, essa película surfactante lipoproteica aparece nas últimas semanas da gestação, na mesma ocasião em que os corpos multilamelares surgem nos pneumócitos tipo II. Macrófagos alveolares e células dendríticas - Há uma grande população de macrófagos e células dendríticas no sistema respiratório, onde exercem, respectivamente, funções de fagocitose e processamento/apresentação de antígenos a linfócitos T. - Os macrófagos são também chamados de células de poeira , pois frequentemente têm em seu citoplasma fagossomos contendo partículas de carbono ou outras partículas inaladas e fagocitadas - O fluido alveolar é removido para a porção condutora pelo movimento ciliar, que cria uma corrente de líquido, o qual se mistura com o muco dos brônquios, formando o líquido broncoalveolar. - Este auxilia a remoção de partículas e substâncias prejudiciais que possam penetrar com o ar inspirado. O líquido broncoalveolar contém diversas enzimas, como lisozima, colagenase e betaglicuronidase, provavelmente produzidas pelos macrófagosalveolares e, em parte, pelas células em clava.
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