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Eduarda Miranda 1 Sistema Respiratório – Histologia PANORAMA GERAL › O sistema respiratório consiste em um par de pulmões e em uma série de vias respiratórias que levam o ar para dentro e para fora dos pulmões. No pulmão, as vias respiratórias ramificam-se em tubos cada vez menores, até alcançar os menores espaços aéreos, denominados alvéolos. › Esse sistema desempenha três funções principais: a condução de ar, a filtração do ar e a troca de gases (respiração). Esta última ocorre nos alvéolos. Além disso, o ar que passa pela laringe é usado para produzir a fala, enquanto o ar que passa sobre a mucosa olfatória nas cavidades nasais transporta estímulos para o olfato. O sistema respiratório também participa, em menor grau, de funções endócrinas (produção e secreção de hormônios), bem como da regulação das respostas imunes a antígenos inalados. › A parte superior do sistema respiratório formada pelas cavidades nasais, seios paranasais, nasofaringe e orofaringe está associado ao desenvolvimento da cavidade oral. › A parte inferior do sistema respiratório, que consiste em laringe, traqueia, brônquios com suas divisões e pulmões. › O epitélio do sistema respiratório é de origem endodérmica. Esse divertículo inicial cresce no mesênquima esplâncnico torácico que circunda o intestino anterior. À medida que a sua extremidade distal se desenvolve, o divertículo forma um broto pulmonar em formato de ampola. Este se ramifica nos brotos brônquicos direito e esquerdo, os quais aumentam de tamanho e formam o primórdio dos brônquios principais direito e esquerdo. Os brotos brônquicos, juntamente com o mesênquima torácico circundante, diferenciam-se em brônquios lobares, os quais, após subdivisões progressivas subsequentes, formam os brônquios segmentares. Cada brônquio segmentar associado ao mesênquima que o envolve diferencia-se ainda mais e divide-se para formar os segmentos broncopulmonares do pulmão. As cartilagens brônquicas, o músculo liso e outros elementos do tecido conjuntivo originam-se do mesênquima torácico. › A porção condutora do sistema respiratório é formada pelas vias aéreas que levam ao interior do pulmão, em que ocorre a troca de gases. Permite a entrada e saída de ar, porém sua função não acaba aí, é nessa parte que o ar é limpo, umedecido e aquecido. As porções condutoras incluem aquelas localizadas fora e dentro dos pulmões. › As vias respiratórias externas aos pulmões consistem nas seguintes: • As cavidades nasais, que representam dois grandes espaços preenchidos por ar na parte mais superior do sistema respiratório (e, durante a respiração forçada, a cavidade oral, localizada abaixo das cavidades nasais). • A nasofaringe, localizada atrás das cavidades nasais e acima do nível do palato mole; comunica-se por sua porção inferior com a orofaringe, situada posteriormente à cavidade oral • A laringe, um órgão tubular oco contendo um arcabouço cartilaginoso responsável pela produção de sons • A traqueia, um tubo condutor de ar flexível que se estende da laringe até o tórax. Serve de conduto para o ar e, no mediastino, bifurca-se em um par de brônquios principais • Um par de brônquios principais (primários), que entra na raiz dos pulmões direito ou esquerdo. Eduarda Miranda 2 › Nos pulmões, os brônquios principais ramificam-se extensamente para, finalmente, dar origem aos bronquíolos distribuidores. Os bronquíolos representam a parte terminal das vias condutoras. Em conjunto, os brônquios internos e os bronquíolos constituem a árvore bronquial. › A porção respiratória é a parte do trato respiratório em que ocorre a troca gasosa. Sequencialmente, ela é formada por: • Bronquíolos respiratórios, que estão envolvidos tanto na condução de ar quanto na troca de gases • Ductos alveolares, que são vias respiratórias alongadas, formadas a partir da confluência das aberturas para os alvéolos • Sacos alveolares, que representam espaços circundados por grupos de alvéolos • Alvéolos, que constituem os principais locais de troca de gases. VIAS RESPIRTÓRIAS SUPERIORES FOSSAS/CAVIDADES NASAIS › Vestíbulo: O vestíbulo é a porção mais anterior e dilatada das fossas nasais; sua mucosa é a continuação da pele do nariz; porém, o epitélio estratificado pavimentoso da pele logo perde sua camada de queratina, e o tecido conjuntivo da derme dá origem à lâmina própria da mucosa. Os pelos (vibrissas) e a secreção das glândulas sebáceas e sudoríparas existentes no vestíbulo constituem uma barreira à penetração de partículas grosseiras nas vias respiratórias. Parte das partículas de poeira e microrganismos adere à camada de muco que se distribui sobre o epitélio e não é transportada para outras regiões do sistema respiratório. › Conchas: têm a função de fazer o ar rotacionar. Podem ser classificadas em: inferior e médio (que tem as funções de filtração, umidificação e aquecimento) e superior (epitélio olfatório e quimiosseptores). › Mucosa olfatória: Mucosa nasal ou pituitária é onde se processa inicialmente o sentido do olfato e possui como função principal revestir internamente as fossas nasais. Podemos distinguir três regiões distintas nas fossas nasais: vestíbulo, área respiratória e área olfativa › Área olfatória: está localizada em parte da cúpula de cada cavidade nasal e, em grau variável, nas paredes nasais lateral e medial contíguas. Essa região é revestida por mucosa olfatória especializada. No tecido vivo, essa mucosa caracteriza-se pela sua ligeira coloração castanho- amarelada causada pelo pigmento do epitélio olfatório e glândulas olfatórias associadas. O epitélio olfatório é formado pelos seguintes tipos de células: • As células receptoras olfatórias são neurônios olfatórios bipolares, que se estendem pela espessura do epitélio e entram no sistema nervoso central. As células receptoras olfatórias são neurônios bipolares que apresentam projeção apical com cílios, ocorrem vias inteiras de transdução olfatória nos cílios das células receptoras olfatórias. • As células de sustentação são células colunares, que se assemelham às células neurogliais e fornecem suporte mecânico e metabólico às células receptoras olfatórias. Sintetizam e secretam proteínas de ligação de odores. Proporcionam o tanto suporte metabólico quanto suporte físico às células receptoras olfatórias. Têm um pigmento acastanhado que é Eduarda Miranda 3 responsável pela cor amarelo-castanha da mucosa olfatória. • As células basais são células-tronco a partir das quais se diferenciam novas células receptoras olfatórias e células de sustentação. As células basais mantêm uma relação com a célula receptora olfatória. Renovam-se constantemente. • As células em escova são o mesmo tipo celular que ocorre no epitélio respiratório. Parecem estar envolvidas na transdução da estimulação sensorial geral da mucosa. Microscopia eletrônica de varredura da superfície da mucosa respiratória do rato. Na imagem superior, a maior parte da superfície é coberta por cílios. As células caliciformes (C) não são ciliadas. Na imagem inferior, observam-se acúmulos de muco sobre células caliciformes (setas finas). As setas espessas apontam células em escova. Eduarda Miranda 4 SEIOS PARANASAIS › São cavidades nos ossos frontal, maxilar, etmoide e esfenoide revestidas por epitélio do tipo respiratório, com células mais baixas que o epitélio da porção condutora e com poucas células caliciformes. › Os seios paranasais são espaços preenchidos com ar, situados nos ossos das paredes da cavidade nasal. › Os seios paranasais são extensões da região respiratória da cavidade nasal e são revestidos por epitélio respiratório. Os seios são designados de acordo com o osso no qual se encontram. › Comunicam-se com as cavidades nasais por meio de aberturas estreitas na mucosa respiratória. A superfíciemucosa dos seios consiste em um fino epitélio pseudoestratificado ciliado, com numerosas células caliciformes. › O muco produzido nos seios é varrido para dentro das cavidades nasais por movimentos ciliares coordenados. NASOFARINGE E OROFARINGE › A nasofaringe é a primeira parte da faringe, que se continua caudalmente com a orofaringe, porção oral desse órgão oco. A nasofaringe é revestida por epitélio do tipo respiratório, enquanto na orofaringe o epitélio é estratificado pavimentoso. LARINGE › A laringe é a via respiratória para a passagem de ar entre a orofaringe e a traqueia. Essa região tubular complexa do sistema respiratório é formada por placas de cartilagem hialina e elástica de formato irregular (a epiglote e os processos vocais das cartilagens aritenóideas). Além de servir de conduto para o ar, a laringe atua como órgão para produção de sons. › É um tubo de forma irregular que une a faringe à traqueia. Suas paredes contêm peças cartilaginosas de formas irregulares, unidas entre si por tecido conjuntivo fibrelástico. As cartilagens mantêm o lúmen da laringe sempre aberto, garantindo a livre passagem do ar. As peças cartilaginosas maiores (tireoide, cricoide e a maior parte das aritenoides) são do tipo hialino, enquanto as demais são do tipo elástico. › A epiglote é um curto prolongamento laminar da laringe que se estende da porção cranial do órgão em direção à faringe. Tem um eixo de cartilagem elástica revestida por tecido conjuntivo e epitélio. › A mucosa da laringe forma dois pares de pregas salientes no lúmen do órgão. O primeiro par, superior, constitui as pregas vestibulares (ou falsas cordas vocais); a lâmina própria dessa região é formada por tecido conjuntivo frouxo e contém glândulas. O segundo par, inferior, constitui as pregas vocais (ou cordas vocais verdadeiras), que apresentam um eixo de tecido conjuntivo muito elástico, ao qual se seguem, externamente, os músculos intrínsecos da laringe, do tipo estriado esquelético. Quando o ar passa através da laringe, esses músculos podem contrair-se, modificando a posição das cordas vocais e a amplitude da fenda que existe entre elas, produzindo sons com diferentes tonalidades. › O revestimento epitelial não é uniforme ao longo de toda a laringe. Nas pregas vocais, o epitélio está sujeito a mais atritos e desgaste e é do tipo estratificado pavimentoso não queratinizado. Nas demais regiões, é do tipo respiratório, e seus cílios batem em direção à faringe. › A lâmina própria é rica em fibras elásticas e contém pequenas glândulas mistas (serosas e mucosas), as quais não são encontradas nas cordas vocais verdadeiras. Não existe uma submucosa bem definida. › A laringe conta com dois conjuntos de músculos do tipo estriado esquelético: músculos extrínsecos e músculos intrínsecos. Os músculos extrínsecos têm uma das inserções na laringe e outra em Eduarda Miranda 5 estruturas externas a ela (p. ex., osso hioide, mandíbula). Sua contração eleva ou abaixa a laringe durante e após a deglutição. As inserções dos músculos intrínsecos, que têm como função modificar a abertura das cordas vocais, localizam-se somente na laringe. › Na face ventral (anterior) da epiglote, o epitélio é estratificado pavimentoso, enquanto, na face dorsal (posterior), é do tipo respiratório. Durante a deglutição, devido principalmente à elevação da laringe, a epiglote é passivamente fletida para trás, fechando a entrada da laringe durante a passagem de alimentos entre a faringe e o esôfago. Durante esse movimento, a região da epiglote revestida por epitélio estratificado pavimentoso se coloca em contato com o bolo alimentar. TRAQUEIA › A traqueia é um tubo curto e flexível de aproximadamente 2,5 cm de diâmetro e cerca de 10 cm de comprimento. Serve de conduto para o ar; além disso, a sua parede ajuda na purificação do ar inspirado. A traqueia estende-se da laringe até aproximadamente a metade do tórax, em que se divide nos dois brônquios principais (primários). O lúmen da traqueia permanece aberto devido à existência da série de anéis cartilaginosos. › A parede da traqueia consiste em quatro camadas bem-definidas: o A mucosa, composta de um epitélio pseudoestratificado ciliado e uma lâmina própria rica em fibras elásticas o A submucosa, composta de tecido conjuntivo ligeiramente mais denso que o da lâmina própria o A camada cartilaginosa, composta de cartilagens hialinas em formato de C o A adventícia, composta de tecido conjuntivo que liga a traqueia às estruturas adjacentes. › Epitélio da traqueia: O epitélio da traqueia assemelha-se ao epitélio respiratório em outras partes das vias respiratórias condutoras. › As células ciliadas constituem o tipo mais numeroso de células da traqueia. Em cortes histológicos, os cílios aparecem como perfis piliformes curtos, que se projetam da superfície apical da célula. Os cílios executam um movimento de varredura coordenado de toda a extensão da camada mucosa das vias respiratórias em direção à faringe. De fato, as células ciliadas atuam como “escada rolante mucociliar”, que desempenha Eduarda Miranda 6 importante mecanismo protetor do pulmão pela remoção de pequenas partículas inaladas. › As células mucosas estão intercaladas entre as células ciliadas ao longo de toda a extensão do epitélio (Figura 19.9). São facilmente vistas no microscópio óptico pela existência de grânulos de mucinogênio em seu citoplasma. Diferentemente das células ciliadas, o número de células mucosas aumenta durante a irritação crônica das vias respiratórias. › As células em escova tratam-se de células colunares que apresentam microvilosidades com extremidades arredondadas. A superfície basal das células faz contato sináptico com uma terminação nervosa aferente (sinapse epiteliodendrítica), razão pela qual a célula em escova é considerada uma célula receptora. › As células de pequenos grânulos (células de Kulchitsky) são as representantes respiratórias de células enteroendócrinas do intestino e derivados do intestino, grânulos geralmente ocorrem na traqueia como unidades isoladas e estão dispersas entre os outros tipos de células. A função dessas células não está bem elucidada. Algumas são encontradas em grupos, em associação a fibras nervosas, formando corpos neuroepiteliais, que se acredita que possam funcionar nos reflexos que regulam o calibre das vias respiratórias ou vasculares. › As células basais representam uma população de células de reserva que mantém uma reposição das células do epitélio. As células basais se destacam por seus núcleos proeminentes, que formam uma fileira em íntima proximidade à lâmina basal. Embora os núcleos de outras células se localizem também na camada basal, eles estão relativamente esparsos. › Epitélio da traqueia: Três tipos celulares principais são evidentes no epitélio (Ep) da traqueia: as células colunares ciliadas; as células caliciformes (cc) secretoras de muco intercaladas com as células ciliadas; e as células basais localizadas próximas da membrana basal (MB). As células colunares ciliadas estendem-se da membrana basal até a superfície. Em sua superfície livre, essas células apresentam numerosos cílios que, em seu conjunto, conferem à superfície uma aparência de escova. Na base dos cílios, observa-se uma linha eosinófila densa. Tal linha é produzida pela distribuição linear de estruturas denominadas corpúsculos basais, localizados na extremidade proximal de cada cílio. Embora as membranas basais não sejam geralmente vistas em preparações coradas pela H&E, uma membrana basal é comumente observada sob o epitélio da traqueia humana. A lâmina própria (LP) subjacente consiste em tecido conjuntivo frouxo. A submucosa (SM) localiza-se mais profundamente e contém tecido conjuntivo denso não modelado com vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e numerosas glândulastraqueais secretoras de muco. Eduarda Miranda 7 › Diagrama do epitélio bronquiolar terminal. Este diagrama mostra várias células encontradas no epitélio respiratório. A célula de Clara, conforme ilustrado aqui, está interposta entre a célula em escova e a célula de pequenos grânulos. A célula de Clara é uma célula não ciliada e apresenta uma superfície apical arredondada, RER basal bem desenvolvido e complexo de Golgi, e contém vesículas secretoras preenchidas com um agente tensoativo. A célula em escova é adjacente e é caracterizada por numerosas microvilosidades existentes em sua superfície apical. O citoplasma da célula em escova exibe um complexo de Golgi, lisossomos, mitocôndrias e inclusões de glicogênio. Entre a célula de Clara e a célula ciliada, observa-se uma célula contendo pequenas vesículas secretoras localizadas predominantemente na porção basal da célula. Além das vesículas, as organelas mais evidentes dessa célula são o RER, o aparelho de Golgi e as mitocôndrias. Uma terminação nervosa é mostrada no interior do epitélio. BRÔNQUIOS › A traqueia é dividida em dois ramos, que formam os brônquios principais (primários), os quais são anatomicamente denominados como brônquios principais direito e esquerdo – termos mais adequados, em virtude da diferença física existente entre os dois. › O brônquio direito é mais largo e significativamente mais curto que o esquerdo. Ao entrar no hilo do pulmão, cada brônquio principal divide-se em brônquios lobares (brônquios secundários). O pulmão esquerdo é dividido em dois lobos, enquanto o pulmão direito é dividido em três lobos. Por conseguinte, o brônquio direito divide-se em três ramos brônquicos lobares, e o esquerdo, em dois ramos brônquicos lobares, suprindo, cada brônquio, um lobo. › O pulmão esquerdo é ainda dividido em oito segmentos broncopulmonares, e o pulmão direito, em 10 desses segmentos. Consequentemente, no pulmão direito, os brônquios lobares dão origem a 10 brônquios segmentares (brônquios terciários), enquanto os brônquios lobares do pulmão esquerdo dão origem a apenas oito brônquios segmentares. › Na sua porção inicial, os brônquios apresentam a mesma estrutura histológica geral que a traqueia. A partir de sua entrada nos pulmões, onde irão se constituir os brônquios intrapulmonares, a estrutura da parede brônquica se modifica. Os anéis cartilaginosos são substituídos por placas de cartilagem de formato irregular. As placas cartilaginosas formam um cilindro que envolve toda a circunferência da parede bronquiolar, conferindo-lhes um formato circular ou cilíndrico, que difere do formato ovoide com uma parede posterior achatada, observado na traqueia. À medida que os brônquios se ramificam, seu diâmetro diminui. Consequentemente, as placas de cartilagem tornam-se também menores e menos numerosas. Por fim, as placas desaparecem das regiões onde as vias respiratórias alcançam um diâmetro de cerca de 1 mm. Esses ramos menores são denominados bronquíolos. › Os brônquios podem ser identificados pelas suas placas de cartilagem e por uma camada circular de músculo liso. A segunda mudança observada na parede do brônquio intrapulmonar é a adição de músculo liso, que forma uma camada circular completa em seu entorno. A camada de músculo liso torna-se cada vez mais evidente, à medida que a quantidade de cartilagem diminui. Na Eduarda Miranda 8 porção inicial dos brônquios, o músculo liso é disposto em feixes entrelaçados, formando uma camada contínua. Nos brônquios menores, a camada de músculo liso torna-se descontínua. › A parede do brônquio é, portanto, composta de cinco camadas: o A mucosa é composta de um epitélio pseudoestratificado similar ao da traqueia. A altura das células, no entanto, reduz à medida que os brônquios diminuem de diâmetro. Nas amostras coradas pela H&E, a “membrana basal” é evidente nos brônquios principais, mas diminui abruptamente de espessura e não mais é distinguida nos brônquios secundários. A lâmina própria assemelha-se àquela da traqueia, mas sua espessura é reduzida proporcionalmente ao diâmetro dos brônquios o A muscular é uma camada contínua de músculo liso nos brônquios maiores. Torna-se mais atenuada e frouxamente organizada nos brônquios menores, em que pode aparecer descontínua, em virtude de sua organização espiralada. A contração do músculo regula o diâmetro da via respiratória o A submucosa permanece como tecido conjuntivo relativamente frouxo. Nos brônquios maiores, observa-se a existência de glândulas, bem como tecido adiposo o A camada cartilaginosa consiste em placas de cartilagem descontínuas, que se tornam menores à medida que o diâmetro do brônquio diminui o A adventícia consiste em tecido conjuntivo moderadamente denso, que é contínuo com o das estruturas adjacentes, tais como a artéria pulmonar e o parênquima pulmonar. BRONQUÍOLOS › Os segmentos broncopulmonares são ainda subdivididos em lóbulos pulmonares. Cada lóbulo é suprido por um bronquíolo. Septos delicados de tecido conjuntivo que separam parcialmente os lóbulos adjacentes podem estar presentes na superfície do pulmão como áreas poligonais de limites imprecisos. Os ácinos pulmonares são pequenas estruturas presentes nos lóbulos. Cada ácino consiste em um bronquíolo terminal, nos bronquíolos respiratórios e nos alvéolos . Por conseguinte, a unidade bronquiolar respiratória é a menor unidade funcional da estrutura pulmonar. Consiste em um único bronquíolo respiratório e nos alvéolos que ele supre. ESTRUTURA DOS BRONQUÍOLOS › Os bronquíolos são ductos condutores de ar, medindo 1 mm ou menos de diâmetro. Os bronquíolos maiores representam ramos dos brônquios segmentares. Esses ductos ramificam-se repetidamente, dando origem aos bronquíolos terminais menores, que também se ramificam. Por fim, os bronquíolos terminais dão origem aos bronquíolos respiratórios. Eduarda Miranda 9 › Não há placas de cartilagem nem glândulas nos bronquíolos. Os bronquíolos de maior diâmetro têm inicialmente um epitélio pseudoestratificado colunar ciliado, que é gradualmente substituído por um epitélio simples colunar ciliado à medida que o ducto se estreita. As células caliciformes ainda estão presentes nos bronquíolos maiores, mas já não são encontradas nos bronquíolos terminais. Uma exceção ocorre nos fumantes e em outros indivíduos expostos a irritantes no ar. Não existem glândulas subepiteliais nos bronquíolos. As placas de cartilagem, que são características dos brônquios, estão ausentes nos bronquíolos. Na verdade, é possível observar pequenas porções de cartilagem, particularmente nos pontos de ramificação. A parede de todos os bronquíolos apresenta uma camada relativamente espessa de músculo liso. › Os bronquíolos pequenos exibem epitélio simples cuboide. Os bronquíolos condutores menores, os bronquíolos terminais, são revestidos por um epitélio simples cuboide, no qual são encontradas células de Clara intercaladas com células ciliadas. As células de Clara aumentam em número à medida que as células ciliadas diminuem ao longo da extensão do bronquíolo. Observa-se também a existência ocasional de células em escova e células de pequenos grânulos. Há uma pequena quantidade de tecido conjuntivo subjacente ao epitélio, além de uma camada de músculo liso disposta circularmente, subjacente ao tecido conjuntivo nas porções condutoras. › As células de Clara são células não ciliadas, que exibem uma projeção característica arredondada ou em formato de cúpula na superfície apical. No MET, apresentam características de células secretoras de proteína. Contêm um RER de localização basal bem desenvolvido, um complexo de Golgi lateral ou supranuclear, grânulos secretores de proteína e numerosas cisternas de REL no citoplasma apical. As células de Clara secretam um agente tensoativo, uma lipoproteínaque impede a adesão luminal em caso de colapso das paredes das vias respiratórias, particularmente durante a expiração. Além disso, as células de Clara produzem uma proteína de 16 kDa, conhecida como proteína secretora das células de Clara (CC16), que é um componente abundante da secreção das vias respiratórias. Eduarda Miranda 10 FUNÇÃO DOS BRONQUÍOLOS › Os bronquíolos respiratórios constituem a primeira porção da árvore bronquial que possibilita a troca de gases. Os bronquíolos respiratórios constituem uma zona de transição no sistema respiratório; eles estão envolvidos tanto na condução de ar quanto na troca gasosa. Apresentam um pequeno diâmetro e são revestidos por epitélio cuboide. O epitélio dos segmentos iniciais dos bronquíolos respiratórios contém tanto células ciliadas quanto células de Clara. Distalmente, há um predomínio de células de Clara. Ocasionalmente, observa-se também a existência de células em escova e células granulares de centro denso ao longo da extensão do bronquíolo respiratório. Os alvéolos, que consistem em evaginações de paredes finas, estão dispersos e estendem- se a partir do lúmen dos bronquíolos respiratórios. Os alvéolos constituem os locais em que o ar entra e sai do bronquíolo para possibilitar a troca de gases. ALVÉOLOS › Os alvéolos constituem o local da troca de gases. A área de superfície disponível para a troca gasosa é aumentada pelos alvéolos pulmonares. Os alvéolos são os espaços aéreos terminais do sistema respiratório e constituem os verdadeiros locais de troca gasosa entre o ar e o sangue. Cada alvéolo é circundado por uma rede de capilares que coloca o sangue em grande proximidade com o ar inalado dentro do alvéolo. Existem cerca de 150 a 250 milhões de alvéolos em cada pulmão do adulto; sua área total de superfície interna é de aproximadamente 75 m2, ou seja, aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis. Cada alvéolo tem uma câmara poliédrica de parede fina, de cerca de 0,2 mm de diâmetro, confluente com um saco alveolar › Os ductos alveolares são vias respiratórias alongadas, cujas paredes são formadas quase exclusivamente por alvéolos. Observa-se a existência de anéis de músculo liso nos septos interalveolares semelhantes a maçanetas. › Os sacos alveolares são espaços circundados por grupos de alvéolos. Os alvéolos circundantes abrem-se nesses espaços. › O epitélio alveolar é composto de células alveolares dos tipos I e II e de raras células em escova. A superfície alveolar forma uma interface biológica vulnerável, que está sujeita a muitas forças de superfície desestabilizantes e à exposição contínua a partículas, patógenos e toxinas inaladas. O epitélio alveolar é composto de várias células especializadas e seus produtos – algumas das quais desempenham papel defensivo e protetor: o As células alveolares do tipo I, também conhecidas como PNEUMÓCITOS DO TIPO I, compreendem apenas 40% de todas as células de revestimento alveolar. Trata-se de células pavimentosas extremamente finas, que revestem a maior parte (95%) da superfície dos alvéolos. Essas células são unidas entre si e com outras células do epitélio alveolar por zônulas de oclusão. As junções formam uma barreira efetiva entre o espaço aéreo e os componentes da parede septal. Eduarda Miranda 11 As células alveolares do tipo I não têm capacidade proliferativa o As células alveolares do tipo II, também denominadas PNEUMÓCITOS TIPO II ou células septais, são células secretoras. Essas células têm formato cuboide e estão intercaladas com as células do tipo I, mas tendem a se concentrar nas junções septais. As células do tipo II representam 60% das células do revestimento alveolar; no entanto, em virtude de seu formato cuboide, cobrem apenas cerca de 5% da superfície aérea alveolar. À semelhança das células de Clara, as células do tipo II tendem a fazer protrusão para dentro dos alvéolos. Seu citoplasma apical é preenchido com grânulos, que podem ser vistos ao MET como pilhas de lamelas de membrana paralelas, denominados corpos lamelares. São ricas em uma mistura de fosfolipídios, lipídios neutros e proteínas, que é secretada por exocitose, formando um agente tensoativo de revestimento alveolar, denominado surfactante. Além da secreção de surfactante, as células alveolares do tipo II são células progenitoras das células alveolares do tipo I. Após lesão pulmonar, elas proliferam e restauram ambos os tipos de células alveolares. A hiperplasia das células alveolares do tipo II constitui um importante marcador de lesão alveolar e recuperação dos alvéolos o As células em escova também estão presentes na parede alveolar, mas em pequeno número. Podem atuar como receptores que monitoram a qualidade do ar no pulmão. › O surfactante diminui a tensão superficial alveolar e participa ativamente na depuração de substâncias estranhas. A camada de surfactante produzida pelas células alveolares do tipo II diminui a tensão superficial na interface ar-epitélio. O agente de maior importância para a estabilidade do espaço aéreo é um fosfolipídio específico, denominado dipalmitoilfosfatidilcolina (DPP; do inglês, dipalmitoylphosphatidylcholine), responsável por quase todas as propriedades de redução da tensão superficial do surfactante. A síntese de surfactante no feto ocorre apenas após 35 semanas de gestação e é modulada por uma variedade de hormônios, incluindo cortisol, insulina, prolactina e tiroxina. › As proteínas do surfactante ajudam a organizar a camada de surfactante e modulam as respostas imunes alveolares. Além dos fosfolipídios, as proteínas hidrofóbicas são necessárias para a estrutura e a função do surfactante. Essas proteínas são as seguintes: o Proteína do surfactante A (SP-A), a proteína mais abundante do surfactante. A SP-A é responsável pela homeostasia do surfactante (regulação da síntese e da secreção do surfactante pelas células alveolares do tipo II). Além disso, modula as respostas imunes a vírus, bactérias e fungos. o Proteína do surfactante B (SP-B), uma importante proteína para transformação do corpo lamelar no delgado filme de superfície do surfactante. A SP-B é uma proteína de importância crítica para a organização do surfactante, responsável pela sua adsorção e disseminação na superfície do epitélio alveolar o Proteína do surfactante C (SP-C), que representa apenas 1% da massa total da proteína do surfactante. Juntamente com a SP-B, a SP-C ajuda na orientação da DPPC dentro do surfactante e na manutenção da fina camada de filme no interior dos alvéolos o Proteína do surfactante D (SP-D), principal proteína envolvida na defesa do hospedeiro. Liga-se a vários microrganismos (p. ex., bactérias gram- negativas) e aos linfócitos. Eduarda Miranda 12 › O septo alveolar constitui o local da barreira hematoaérea. A barreira hematoaérea refere- se às células e a produtos celulares através dos quais os gases devem se difundir entre os compartimentos alveolares e capilares. A barreira hematoaérea mais delgada consiste em uma fina camada de surfactante, uma célula epitelial do tipo I e sua lâmina basal e uma célula endotelial capilar e sua lâmina basal. Com frequência, ocorre fusão dessas duas lâminas basais. As células e fibras do tecido conjuntivo que podem estar presentes entre as duas lâminas basais ampliam a barreira hematoaérea. Esses dois arranjos produzem uma porção delgada e uma porção espessa da barreira. Acredita-se que a maior parte da troca gasosa ocorra através da porção delgada da barreira e que a porção espessa constitua um local em que o líquido tecidual pode acumular-se e até mesmo atravessar o alvéolo. Os vasos linfáticos no tecido conjuntivo dos bronquíolos terminais drenam o líquido que se acumula na porção espessa do septo. › Os macrófagos alveolares removem o material particulado inalado dos espaçosaéreos e os eritrócitos do septo. Os macrófagos alveolares são especiais, pois atuam tanto no tecido conjuntivo do septo quanto no espaço aéreo do alvéolo. Nos espaços aéreos, varrem a superfície e removem o material particulado inalado (p. ex., poeira e pólen). Em decorrência dessa atividade, esses macrófagos são denominados células de poeira. Os macrófagos alveolares, assim como os demais do organismo, são derivados de monócitos sanguíneos e pertencem ao sistema mononuclear fagocítico. Fagocitam os eritrócitos que podem entrar nos alvéolos em situação de insuficiência cardíaca. Alguns macrófagos ingurgitados passam para a árvore bronquial e são eliminados por deglutição ou expectoração do muco. Outros macrófagos retornam ou permanecem no tecido conjuntivo septal, no qual, repletos de material fagocitado acumulado, podem permanecer durante grande parte da vida do indivíduo › A circulação de ar colateral através dos poros alveolares possibilita a passagem de ar entre os alvéolos. Os estudos da estrutura alveolar com o microscópio eletrônico de varredura revelam aberturas nos septos interalveolares, que possibilitam a circulação de ar de um alvéolo para outro. Esses poros alveolares (de Kohn) podem ser de grande importância em algumas condições patológicas, nas quais a doença pulmonar obstrutiva bloqueia a via normal do ar para os alvéolos. Os alvéolos localizados distalmente ao bloqueio podem continuar a ser arejados através dos poros de um lóbulo ou ácino adjacente.
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