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FSM – P7 – M13 | HELOYSA RIBEIRO 1 Medicina Legal Heloysa Ribeiro sexologia forense INTRODUÇÃO É a parte da medicina legal que estuda as perícias em casos de crime contra a dignidade sexual. O capítulo do código penal foi alterado em 2009 e trata dos crimes que ofendem a dignidade sexual das pessoas → Título VI – Dos crimes contra a dignidade sexual (redação dada pela lei n° 12015 de 2009) Esta Lei altera o Título VI da Parte Especial do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, e o art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal. É importante entender os tipos de crime que o código penal criou nesse capítulo para que se compreenda o motivo de se realizar a perícia, que determinará ou provará a existência de um fato de natureza médica, de forma que, em última análise, a perícia irá materializar a existência de um delito. Quando se faz uma perícia não se fala em autoria, mas diz que houve delito, seja de lesão corporal, crime contra a liberdade sexual, etc. Assim, é importante entender o arcabouço jurídico por trás do trabalho do perito e que fundamenta a necessidade da perícia. Obs: Na falta de perito oficial, a perícia poderá ser realizada por dois peritos criminais do tipo ad hoc, portadoras de diploma de curso superior, preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza da perícia ESTUPRO Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso (redação dada pela lei n° 12015 de 2009). Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. Obs: As mudanças recentes na lei possibilitaram que homens ou mulheres sejam sujeitos passivos do crime, visto que, antigamente a lei limitava-se ao constrangimento de mulheres e, até mesmo, mulheres honestas. A violência citada na lei é a violência conhecida como efetiva, tratando-se de alguém que bate, agride, machuca ou provoca dor para submeter a vítima a sua lascívia (desejo sexual). Para mais, a grave ameaça trata-se de um bem relevante para a vítima, como, por exemplo, sua família. Nesse contexto, a grave ameaça, muitas vezes, afasta a existência de lesões no corpo da vítima, pois essa não reage frente à ameaça ao seu bem. Logo, a vítima em grave ameaça pode manter relação sexual constrangida, sem ser seu desejo, mas sem resistir à violência, podendo, assim, não ser possível localizar escoriações, P7 – M13 Prof: Dr. Ronivaldo de Oliveira http://www.jusbrasil.com/legislacao/91614/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com/legislacao/91614/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com/topico/11270190/artigo-1-da-lei-n-8072-de-25-de-julho-de-1990 http://www.jusbrasil.com/legislacao/103283/lei-dos-crimes-hediondos-lei-8072-90 http://www.jusbrasil.com/topico/10729132/inciso-xliii-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com/topico/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 FSM – P7 – M13 | HELOYSA RIBEIRO hematomas ou outras lesões que indicam relação sexual não consentida. A conjunção carnal é a introdução completa ou incompleta do pênis na vagina e ato libidinoso é qualquer outro ato tendente a satisfazer a lascívia ou desejo sexual de alguém, que é diverso da conjunção carnal, podendo-se incluir desde o coito anal a beijos, toques, carícias com o intuito de obter vantagem sexual. Exemplo: dessa forma, se um homem ameaça uma mulher de matar seu filho para forçá-la a ter relações sexuais com ele, trata-se de uma grave ameaça. § 1°: se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: • Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2°: se da conduta resulta morte: • Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Ou seja, produzir estado de embriaguez, simular uma situação que enganar a vítima, como, por exemplo, gêmeos em que um irmão se passa pelo outro para manter relações sexuais com a namorada do irmão, portanto uma pessoa aproveita-se da semelhança física para ludibriar e evitar que a vítima expressasse sua vontade de maneira adequada. Para mais, é necessário destacar que o material genético de gêmeos, apesar de muito semelhante, não é idêntico, o que faz com que a prova de DNA seja relevante em casos como o supracitado, além da relevância, também, da prova testemunhal. Obs: Em última análise, apesar dos exemplos, o perito não vai examinar a fraude ou o outro meio que impediu a vítima de expressar sua vontade, pois nos deteremos a vítima e sua condição física. Eventualmente, pode-se pesquisar no sangue drogas, como benzodiazepínicos, mas, em regra, não se faz isso com frequência. ASSÉDIO SEXUAL Art. 216. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Tratam-se de patrões, professores, superior hierárquico em ambiente militar ou qualquer pessoa que, dentro de uma hierarquia, está acima de outra e que, em face disso, impõe determinada intenção de obter favorecimento sexual, oferecendo vantagens ou ameaçando de prejuízos ao trabalho, demissão e redução de cargo, por exemplo.Logo, é necessário esse desnível hierárquico e uma tentativa de obtenção de favorecimento sexual, mediante uma barganha (ato de trocar, de forma fraudulenta ou não, um objeto por outro). É importante ressaltar que a vantagem ou favorecimento sexual não precisam ser materializados, bastando apenas a simples intenção de constranger com essa finalidade. Nesses casos, a perícia contribuirá muito pouco. § 2°: a pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. ESTUPRO DE VULNERÁVEL Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art215. 3 Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. Obs: É importante destacar que o crime independe se o menor de 14 anos já teve ou não relações sexuais, ou seja, se não é mais virgem. Ademais, independe, inclusive, se houve consentimento ou não, visto que se trata de uma pessoa vulnerável § 1°: incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Exemplo: relatos de casos em que uma senhora de 70 anos, vítima de AVC, em estado de coma e foi violentada pelo neto; pessoas que já foram estupradas em leito de UTI. • De maneira geral, trata-se de pessoas que tinham uma condição de saúde que as impediam de resistir àquela prática. Portanto, refere-se a aproveitar-se dessa condição de doença ou ausência de discernimento para obter vantagem sexual. CORRUPÇÃO DE MENORES Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Trata-se dos casosde indução à prostituição infantil, ou quando um indivíduo agencia outro para levar à satisfação sexual de alguém. SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Casos em que o menor apenas presenciou a conjunção carnal. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE VULNERÁVEL Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. Inicialmente, ressalta-se que, acima dos 18 anos, a prostituição não é crime. Nas situações supracitadas, como enfermidades que retiram o discernimento do indivíduo também se configura como delito com as mesmas para quem pratica conjunção carnal ou ato criminoso com alguém menor de 18 e maior de 14 anos. § 2º: incorre nas mesmas penas: • I - Quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; PERÍCIA NOS CRIMES SEXUAIS Inicialmente, analisa-se a possibilidade de exame do local dos fatos: tentar encontrar no local materiais pessoais do agressor, preservativos, entre outros → esse trabalho não é feito pelo médico legista, mas sim pelo perito criminal. Exame da vítima: • Histórico: saber o que aconteceu com a vítima para nortear o tipo de exame que será feito → trata-se do que é referido pelo paciente → o que aconteceu de fato será fruto de uma análise da perícia, delegado e promotor nos depoimentos. Exame físico: • O primeiro passo é identificar a violência física efetiva → deve-se FSM – P7 – M13 | HELOYSA RIBEIRO realizar exame de todo o tegumento, principalmente de regiões erógenas (nádegas, vulva, mamas e região anal), identificando ou não a presença de escoriações, hematomas ou tudo que possa indicar violência física efetiva. • Posteriormente, parte-se para a confirmação se houve coito vaginal ou ato libidinoso → alguns atos libidinosos, como as carícias, graves ameaças e fraude não deixam marcas, gerando uma limitação na perícia, logo a conclusão será de que não há elementos na perícia ou que não é possível afirmar ou negar. • A perícia se resume a identificar coito vaginal, coito anal e oral e outras formas de ato libidinoso, além das evidências de violência física efetiva. Exame do agressor: É um exame teórico, pois pouco acontece na prática por alguns motivos, como: • Dificilmente o agressor é preso após a prática do ato. • Mesmo sendo preso, ele precisa autorizar o exame. Exemplo: agressor é preso em flagrante por estupro e é levado para a delegacia e faz-se o exame da vítima e, posteriormente, parte-se para o exame do agressor → o médico é obrigado a informar ao agressor sobre o procedimento que será realizado e que este visa determinar se ele praticou ou não o crime de estupro → o exame precisa ser consentido e o agressor sabe que a realização produzirá provas contras ele e não o autoriza. Obs: Não existe na medicina nenhuma possibilidade de aplicação de tratamento compulsório. Algumas exceções podem ser aplicadas, como nos casos em que um indivíduo possui HIV, por exemplo, e não a trata nem toma as devidas precauções para não transmitir. Nesse caso, a parceira deve ser informada do fato. Em alguns casos, como a embriaguez, mesmo que a perícia não seja autorizada, o estado é percebido e constatado pelo hálito, marcha, desequilíbrio, fala, independentemente do exame → nesse caso, deixa-se de ser perito para ser testemunha privilegiada, pois além de ter visto o fato, há o conhecimento técnico → logo, faz-se um relato para autoridade que o indivíduo não autorizou o exame, mas apresentava sinais nítidos de embriaguez, por exemplo → assim, não se agride a liberdade individual da pessoa. Obs: Para mais, a liberdade individual é uma prerrogativa dada pela própria constituição federal que assegura que alguém não é obrigado a produzir provas contra ela mesma → por esse motivo, um criminoso pode comparecer a um depoimento, mas não é obrigado a falar nem será preso por isso, podendo inclusive mentir desde que esteja na condição de réu (as testemunhas podem ser presas caso mintam). Exame físico da conjunção carnal → buscar evidências que comprovem a conjunção: • Buscar rotura do hímen: item de maior atenção, pois a rotura himenal para ser reconhecida necessita de uma maior qualificação. 1. Coloca-se a vítima em posição ginecológica, examinando-se a genitália externa, em seguida apreende-se os pequenos e grandes lábios entre os dedos polegar e indicador, bilateralmente, e traciona-se na direção do examinador para expor o introito vaginal e o hímen. 2. O hímen também pode ser chamado de claustitatis zona, virginitatis claustrium, interseptum vaginalis, custodia vigilium e 5 paniculum vaginalis. (não é importante para a prova !). 3. Não há hímen típico (Cada mulher apresenta uma forma quase pessoal). 4. A classificação de Afrânio Peixoto baseia-se na presença ou não de linhas de junção formando ângulos na inserção vaginal. Divide-se em três grupos: acomissurados, comissurados e atípicos → leva em consideração comissuras e orifício himenal. 5. Na classificação de Oscar Freire, foi levado em conta, principalmente, o orifício. São classificados como: imperfurados, perfurados e atípicos (nome depende da forma ou quantidade do orifício) → busca-se o óstio himenal e a partir da sua presença e forma caracterizá-lo. Obs: O hímen complacente é aquele que tem óstio muito amplo e a orla (que vai da borda livre himenal até a borda de inserção na vagina) é exígua (que tem pequenas proporções; pequeno, apertado, acanhado), permitindo, em alguns casos, a penetração do pênis sem rotura himenal. O hímen complacente pode ser chamado, também, de elástico (percebido por suas características macroscópicas), mas essa característica não dá ao médico o direito de manipulá-lo, visto o risco de rompê-lo ao exame. Nos casos de hímen complacente íntegro, deve-se dizer que não se possui elementos para ser possível afirmar ou negar. → O hímen roto comprova a conjunção carnal, que pode ser recente (menos de 21 dias) em que se pode encontrar exsudação ou supuração, placas de fibrina por cicatrização recente, orvalho sanguíneo ou equimose. Se esses sinais não forem encontrados, trata- se de uma lesão antiga (mais de 21 dias). Geralmente, vê-se a lesão, classifica-se em completa ou incompleta e se diz onde está situada. Tendo como base os ponteiros do relógio, a rotura ocorre na posição de 6h (junção dos quadrantes inferiores), mas pode ser encontrada em qualquer outra posição. 1. Na descrição de um exame físico do hímen deve-se destacar: aspecto, óstio, orla, elasticidade e integridade. 2. Além disso, deve-se ter cuidado para diferenciar a rotura incompleta do entalhe. A primeira apresenta comumente profundidade completa na orla himenal, chegando até sua inserção na parede vaginal, bordas irregulares, disposição assimétrica, justaposição completa das bordas, bordas recobertas por tecido fibroso cicatricial esbranquiçado, ângulo da ruptura em forma de V, sinais de cicatrização ao nível das bordas e, quando recente, infiltração hemorrágica, sangramento ou sinais de supuração. Já o entalhe mostrapouca penetração na orla himenal, bordas regulares, disposição frequentemente simétrica, justaposição impossível das bordas, bordas revestidas por epitélio FSM – P7 – M13 | HELOYSA RIBEIRO pavimentoso estratificado idêntico ao restante do hímen, ausência de sinais de cicatrização recente e de infecção localizada e ângulo de clivagem arredondado → a diferenciação dos ângulos é um aspecto importante na classificação de rotura parcial ou entalhe. 3. Ademais, nas mulheres que já tiveram filhos, atentar-se para a presença de carúnculas mirtiformes, que são resquícios de hímen que fazem proeminências na borda de inserção sem a presença de orla completa (remanescências do hímen na borda de inserção). 4. Mulheres de vida sexual pregressa podem ser vítimas de violência sexual. Assim, a rotura himenal revela que houve conjunção carnal e, a partir disso, investiga-se se foi proveniente de estupro ou não. Além disso, deve-se buscar também... • Presença de esperma na vagina. • Fosfatase ácida, glicoproteínas e PSA na vagina → secreções prostáticas. • Material genético do agressor na vagina. • Doenaça venérea profunda. • Gravidez. Dessa maneira, há uma rotina no exame pericial em caso de violência sexual, que implica em realizar todo o exame externo pra verificar violência física efetiva, verificar a região anal, genital, bem como a região bucal, buscando traumas em mucosa oral. Dentro da rotina, há ainda a coleta de material para exame genético. Evidentemente, a gravidez é um fato que surge a posteriori que a vítima pode alegar no curso da ação penal e será aferido em uma segunda perícia. → Para mais, é válido destacar que a vítima pode se negar a ser examinada por determinado perito. Isso é comum nos casos de estupro, em que a vítima, chegando ao IML, depara-se com um médico plantonista homem. Nesse contexto, é importante que o médico questione a vítima se ela não se sente constrangida ou incomodada, explicando que quanto o antes o exame for feito melhor pela coleta de material, mas deixando clara a possibilidade de escolha e que o exame poderá ser feito no dia posterior por uma médica ou até no mesmo dia, caso haja médica plantonista em serviço no momento. Obs: Há serviços no país de perícia médico- legal em que já se tem uma equipe composta somente por mulheres para a realização desse tipo de exame tanto em homens quanto em mulheres, que são a maioria das vítimas do crime de estupro. Na virgem, o exame se fundamenta: (a) no estudo da integridade himenal; e (b) nos casos de himens complacentes e de mulheres de vida sexual pregressa, a perícia se louva na eventual presença de gravidez, de esperma na cavidade vaginal, na constatação da presença de fosfatase ácida ou de glicoproteína P30 (de procedência do líquido prostático) ou na contaminação venérea profunda (FRANÇA, 2017). observa-se lesão hiperemiada na posição de 6h e 4h, mucosa brilhante, o que revela edema, diferente do aspecto normal. Essa pessoa foi vítima de conjunção carnal, o que se comprova pelo edema vulvar e do hímen como um todo e pelas duas roturas himenais. É importante que não se confunda com as infecções e vulvovaginites, que levam à hiperemia difusa, enquanto nos casos de violência o trauma é mais limitado e não envolve toda a mucosa. 7 Observa-se rotura himenal antiga em que se percebe que o aspecto da mucosa é igual o aspecto do fundo da lesão, que é completa e está na posição de 6h. Trata-se de uma criança com mais de 8 anos. Exame físico do coito anal: • Esfíncter anal. • Esperma no reto. • Fosfatase ácida e glicoproteína P30 no reto. • Material genético do agressor no reto. • Doença venérea profunda. Obs O exame anal é desafiador pelo músculo esfíncter anal, que é muito forte e diante do exame, muitas vezes, o indivíduo contrai o esfíncter e não proporciona uma visão adequada da mucosa anal. De maneira técnica, realiza-se uma tração com os dedos na região próxima ao ânus lateralmente. Inicialmente, o examinado terá um reflexo de contração do esfíncter e depois vai relaxando de maneira que pode-se visualizar toda a mucosa intrínseca do esfíncter anal, o conteúdo e as paredes do reto. O(a) examinado(a) deve ser colocado(a) em posição de “prece maometana” (genupeitoral) e, nos casos normais, o ânus quase sempre se apresenta fechado e em forma de fenda anteroposterior, em cujo derredor observam-se um certo número de pregas conhecidas como “pregas radiadas” e uma pele fina, rosada úmida, lisa e sem implantações de pelos, que forma a chamada “margem do ânus (FRANÇA, 2017). → Evidentemente, existem patologias, como a proctite anal, que podem confundir com uma lesão ou ato libidinoso ou, até mesmo, relações sexuais anais habituais, que alteram a anatomia do esfíncter. Exame/identificação do agressor: • Identificar o agressor pelo material genético na vagina → faz-se a prova de DNA. • Exame das vestes e coleta de material biológico. • Sinais que possam vincular o agressor ao local do crime: pelos na região pubiana, esperma nas vestes da vítima, células provenientes da descamação do pênis (nos casos sem uso de preservativo), etc → provas genéticas. IMPORTANTE SABER... As petéquias em região de palato duro, indicativas de coito oral; marcas de dentes na região do pescoço, indicando sucção cervical. Marcas de sucção com equimose em regiões de coxa e vulva, o que se configura como ato libidinoso.
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