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Livro - Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas

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CONTABILIDADE DE MICRO
E PEQUENAS EMPRESAS
Edelvino Razzolini Filho
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O empreendedorismo é uma temática instigante e já ocupa papel 
de destaque nos estudos da Administração. Empreender e gerenciar um 
empreendimento é algo que sempre existiu. Para que tenhamos ideia da 
necessidade de se gerenciar um empreendimento, basta lembrarmos do 
empreendimento que deve ter sido a construção da Arca, por Noé, ou a 
construção das pirâmides no Egito Antigo. 
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Edelvino Razzolini Filho
IESDE BRASIL S/A
Curitiba
2016
Contabilidade de 
Micro e Pequenas 
Empresas
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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
R279c
Razzolini Filho, Edelvino
Contabilidade de micro e pequenas empresas / Edelvino Razzolini 
Filho. - 1. ed. - Curitiba, PR: IESDE BRASIL S/A, 2016.
208 p. : il. ; 21 cm.
ISBN 978-85-387-5774-0
1. Contabilidade - Estudo e ensino. I. Título
16-30702 CDD: 657
CDU: 657
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
© 2016 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer 
processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Produção
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão IESDE
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Vitor Bernardo Backes Lopes
Imagem Capa TZIDO SUN/Dahabian/Shutterstock.com
Arte-final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. Conceitos introdutórios sobre
empreendedorismo e pequenos negócios | 9
2. Riscos para as MPEs | 27
3. Características dos empreendedores | 49
4. Entendendo a questão do porte das empresas | 67
5. Compreendendo os recursos à disposição das empresas | 85
6. Oportunidades de negócios: como
identificar e aproveitar | 101
7. Suporte institucional para as PMEs | 119
8. Plano de negócios: introdução | 135
9. Plano de negócios: administração e operações | 153
10. Plano de negócios: marketing e finanças | 173
Gabarito | 193
Referências | 201 
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Carta ao aluno
Este livro foi escrito com muito prazer e alegria. Prazer porque 
se trata de tema apaixonante para quem gosta de administração, e 
alegria porque representa uma oportunidade de compartilhar expe-
riências e informações relevantes para o gerenciamento de micro e 
pequenas empresas.
Na sua elaboração, levamos em consideração as necessidades 
que sentimos como pequeno empresário e as dificuldades que enfrenta-
mos ao longo do tempo. Muito mais poderia ser escrito, porém sempre 
existe um limite temporal e espacial para fazer com que o autor seja 
conciso e objetivo, optando por uma estrutura que delimite a obra.
O empreendedorismo é uma temática instigante e que já ocupa 
papel de destaque nos estudos da Administração. Empreender e geren-
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
ciar um empreendimento é algo que sempre existiu. Basta lembrarmos do empre-
endimento que deve ter sido a construção da Arca, por Noé, ou a construção das 
pirâmides no Egito Antigo, para que tenhamos ideia da necessidade de se geren-
ciar um empreendimento. Assim, escrever sobre o gerenciamento de pequenos e 
médios negócios é sempre estimulante e, com isso, neste livro buscamos dar nossa 
contribuição para aquelas pessoas que apresentam o “espírito empreendedor” e 
resolvem acreditar e investir em alguma coisa que lhes motiva e dá prazer, além de 
ser uma fonte de renda, geração de empregos e de riquezas para o país.
Com esses ideais em mente, estruturamos o livro de forma que os 10 
capítulos se interligam sequencialmente. No primeiro capítulo, são apresen-
tados os conceitos introdutórios sobre o empreendedorismo e a gestão dos 
pequenos negócios, estabelecendo-se um marco teórico essencial para com-
preensão do “fenômeno” do empreendedorismo, apresentando-se os prin-
cipais motivos que levam um indivíduo a abrir uma empresa, a evolução 
histórica do empreendedorismo, o conceito de empreendedor e de empre-
endedorismo, bem como os conhecimentos mínimos que um empreendedor 
necessita para conduzir um pequeno negócio.
O segundo capítulo foi escrito com a finalidade de trazer o empreen-
dedor à dura realidade que se apresenta no dia a dia, apresentando os riscos 
que as micro e pequenas empresas enfrentam para sobreviver, demonstrando 
as principais razões pelas quais uma empresa pode fechar. Porém, também se 
buscou demonstrar algumas fontes de ideias para empreendimentos, ou seja, 
onde buscar inspiração para a criação de um novo negócio. Assim, além de 
apresentar motivos de fracasso dos empreendedores, sugerimos como dife-
renciar ideias de oportunidades e apresentamos algumas fontes de ideias para 
novos negócios.
Na continuação, apresentamos as características dos empreendedores, 
uma vez que o indivíduo empreendedor se distingue dos demais em vir-
tude de uma série de características que lhe são próprias; buscamos demons-
trar como identificá-las e propomos algumas questões a serem respondidas 
por quem deseja empreender, bem como as principais qualificações que se 
deve possuir para obter sucesso. Introduzimos, neste capítulo, o conceito de 
plano de negócios como a principal ferramenta para qualificar o empreen-
dedor para o sucesso.
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Carta ao aluno
No quarto capítulo, buscamos introduzir o conceito de tamanho (ou 
porte) de um negócio, apresentando discussões sobre como definir o porte 
de uma Pequena e Média Empresa (PME), e qual a relevância disso para o 
empreendedor, uma vez que o porte do negócio vai determinar fontes de 
recursos, tributação e outros aspectos relevantes ao dia a dia do negócio. 
Apresentamos os principais critérios utilizados para caracterizar um negócio, 
as diferentes instituições que fazem uso desses critérios e como o porte influi 
na administração do empreendimento.
O capítulo cinco apresenta o conceito de gerenciamento de recursos, 
demonstrando que a gestão de um negócio se dá por meio dos recursos de que 
as empresas dispõem. Além disso, esclarecemos que os recursos são sempre 
escassos, sobretudo para uma PME, e que devem ser utilizados com crité-
rios racionais, uma vez que influenciam as ações do empreendedor. Também 
demonstramos que o gerenciamento deve ser em função do porte, uma vez 
que o mesmo pode representar um importante diferencial competitivo.
Este capítulo tem um sabor especial e contou com a colaboração da pro-
fessora Lígia Bartz Kraemer, colega de trabalho na universidade, que gentil-
mente revisou a parte sobre monitoramento de informações, a quem somos 
imensamente gratos. O conteúdo do capítulo destina-se a quem pretende orga-
nizar um empreendimento, mas não tem muito claro o que pretende. Assim, o 
sexto capítulo objetiva apresentar formas de identificar e aproveitar oportuni-
dades de negócios. Para tanto, esclarecemos a importância do monitoramento 
informacional e apresentamos uma ferramenta de análise ambiental que é a 
análise de forças e fraquezas (ambiente interno) e oportunidades e ameaças 
(ambiente externo), conhecida como análise Swot. Também sugerimos como 
se pode identificar e aproveitar oportunidades de negócios, a inovação como 
importante oportunidade (sugerida pelo sempreguru, Peter Drucker).
No capítulo sete, apresentamos algumas fontes de apoio que podem 
fornecer suporte institucional às pequenas e médias empresas, tanto formais 
como informais, uma vez que o empreendimento pode aumentar suas chan-
ces de sucesso se contar com o correto e necessário apoio de alguma institui-
ção criada especificamente para esse fim. Assim, como o ser humano ao longo 
de sua vida necessita de apoio, também um empreendimento (independente 
de seu porte) também necessita de apoio. É esse o objetivo desse capítulo.
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
Os três últimos capítulos apresentam o conceito e a estrutura de um 
plano de negócios. O plano de negócios é a ferramenta de planejamento 
para orientar o empreendedor nos rumos do seu negócio. Assim, o capítulo 
oito apresenta a introdução, demonstrando a importância e a necessidade 
de realizar um plano de negócios para fundamentar o direcionamento do 
empreendimento, demonstrando a necessidade de se estabelecer um plane-
jamento geral, um plano de organização e de operações, de marketing e de 
finanças. Apresenta-se, nesse capítulo, uma síntese sobre como elaborar o 
plano de negócios.
No penúltimo capítulo, o nono, se apresenta a necessidade e relevância 
da construção de um plano de administração (ou planejamento propriamente 
dito), para definição dos objetivos que devem ser atingidos durante deter-
minado período de tempo (chamado de horizonte de planejamento), bem 
como se demonstra como construir o plano de organização, que norteará o 
funcionamento operacional do negócio.
Por fim, o capítulo 10 apresenta a importância dos planos de marke-
ting e de finanças, que são dois dos mais importantes subplanos dentro 
de um plano de negócios, demonstrando quais os objetivos e estratégias a 
serem adotadas pela empresa no mercado, e quais recursos financeiros serão 
necessários e como eles devem ser gerenciados para que os objetivos não 
sejam comprometidos.
Esperamos que os leitores tenham o mesmo prazer e alegria que tivemos 
ao escrever, encontrando no livro uma fonte de ideias e estímulo para con-
cretizar e levar adiante seus desejos de empreender. Embora contando com 
o auxílio de profissionais competentes e cuidadosos na revisão do texto, não 
temos a ilusão de que não existirão falhas. Assim, cabe ao autor assumir a 
culpa por eventuais erros e, ainda, solicitar aos leitores que nos apontem as 
eventuais imperfeições para que possamos corrigi-las em edições futuras.
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1
Conceitos 
introdutórios sobre 
empreendedorismo e 
pequenos negócios
Neste capítulo, serão apresentados os conceitos básicos 
sobre empreendedorismo e gestão de pequenos negócios, de forma 
que fique estabelecido o marco inicial para quem desejar entender o 
fenômeno do empreendedorismo.
Antes de qualquer outra coisa, vale a pena indagar sobre as 
razões que levam um indivíduo a abrir uma empresa. Além disso, 
outro aspecto importante é identificar quais seriam os principais 
conhecimentos que o indivíduo necessita para organizar e dirigir 
essa empresa.
Poderíamos nos perguntar se é pelo lucro. Com certeza, 
qualquer um que inicie um empreendimento vai desejar obter lucro 
com ele. Porém, essa não é a única, muito menos a principal motiva-
ção para um empreendedor. Em relação aos conhecimentos neces-
sários, será que basta ser um bom vendedor? Também, com certeza, 
é necessário saber “vender o peixe” para que o negócio prospere. 
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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Contudo, vender não é o único conhecimento (ou habilidade) necessário a 
um empreendedor. É sobre isso que vamos discorrer neste capítulo: quais as 
razões que levam alguém a empreender.
Para entendermos essas questões, apresentaremos os principais moti-
vos, identificados na literatura e em pesquisas sobre empreendedorismo, que 
levam alguém a empreender. Posteriormente, apresentaremos a forma como 
o empreendedorismo evoluiu historicamente, vamos comentar alguns aspec-
tos do empreendedorismo no Brasil e, por fim, apresentaremos os princi-
pais conhecimentos que o candidato a empreendedor deve possuir para obter 
êxito no seu negócio.
1.1 Motivos para abertura de uma empresa
Importante esclarecer que ninguém nasce empreendedor. É um processo 
de aculturamento que ocorre ao longo da vida, que vai amadurecendo a pes-
soa, possibilitando-lhe adquirir conhecimento e desenvolver competências 
para que, em determinado momento, resolva empreender e, preferencial-
mente, obter sucesso.
As razões ou motivos que levam alguém a iniciar um empreendimento 
são sempre de foro íntimo, ou seja, dizem respeito exclusivamente a cada 
indivíduo em particular. Contudo, pesquisas revelam alguns traços comuns 
à maioria dos empreendedores. Assim, segundo Bernardi (2003, p. 66), é 
possível elencar algumas razões pelas quais as pessoas iniciam um negócio.
1.1.1 Necessidade de realização
Esse é um dos mais fortes motivos para que se inicie um empreendi-
mento. O indivíduo necessita realizar-se como pessoa e como profissional 
e, não encontrando oportunidade no seu ambiente de trabalho, decide ini-
ciar um negócio próprio para garantir que poderá implementar suas ideias 
sem nenhum “freio” externo; o que, na prática, acaba se revelando uma meia 
verdade, porque fornecedores, clientes, parceiros, governos etc., são fatores 
limitantes de um empreendimento.
De qualquer forma, o indivíduo sente que “assume o controle” da situa-
ção e, com isso, sente-se realizado.
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
1.1.2 Implementação de ideias
Às vezes, a pessoa trabalha em uma organização que não lhe dá opor-
tunidade para colocar em prática suas ideias, visando melhorar processos ou 
produtos da empresa. Assim, ela resolve iniciar um negócio próprio para ter 
a liberdade de implementar suas ideias. Isso leva ao surgimento de muitos 
novos negócios.
Geralmente, quando as organizações compreendem a importância 
daquilo que se convencionou denominar intraempreendedorismo (quando 
a organização concede liberdade a seus empregados para agirem como 
se fossem “donos do negócio”), é mais difícil a saída de pessoas com essas 
características. Porém, quando ocorre o oposto, é comum ver indivíduos que 
deixaram seus empregos unicamente para implementar ideias próprias sobre 
produtos ou processos de negócios. E, na maioria dos casos, esses indivíduos 
obtêm sucesso.
1.1.3 Independência
Um dos motivos mais comuns para um negócio próprio é a conquista 
da independência, seja financeira ou de relações de trabalho. Porém, é impor-
tante esclarecer que um empreendedor, sobretudo nos estágios iniciais do 
empreendimento, costuma trabalhar mais do que qualquer outra pessoa 
dentro do negócio. O empregado sempre tem um determinado horário para 
cumprir, enquanto que o dono não tem horário para encerrar o expediente.
1.1.4 Fuga da rotina profissional
Existem pessoas que não suportam a rotina quando têm de fazer sempre 
a mesma coisa, por mais importantes que possam ser para a organização. 
Essas pessoas, geralmente, acabam abrindo seu próprio negócio exclusiva-
mente para livrar-se da rotina organizacional.
Esse motivo tanto pode resultar em um empreendimento de sucesso, 
quanto em um de fracasso retumbante. Porém, geralmente, essas pessoas 
possuem características de insatisfação estabelecida que as levam a estar 
permanentemente inovando o negócio e, com isso, aumentam suas 
chances de sucesso.
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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1.1.5 Maiores responsabilidades e riscos
Semelhante à questão da independência, o desejo de assumir maioresres-
ponsabilidades, de correr riscos profissionais, é um dos motivos fortes para uma 
pessoa iniciar um negócio próprio. Quando desenvolve um negócio próprio, o 
empreendedor assume todas as responsabilidades sobre este. Além disso, tam-
bém assume a responsabilidade pelos riscos, sendo importante esclarecer que 
uma das características comum aos empreendedores é que (ao contrário do que 
muitos pensam) não correm riscos desnecessários. Os empreendedores normal-
mente calculam os riscos antes de iniciar qualquer atividade.
1.2 Prova de capacidade e autorrealização
Muitos indivíduos assumem os riscos de empreender apenas para provarem, 
a si mesmos, que são capazes. Também existem aqueles que resolvem empreender 
para provar a outras pessoas a sua capacidade de vencer em um negócio próprio.
Importante destacar o fato de que aqueles que procuram provar sua 
capacidade apenas para si mesmos apresentam maior probabilidade de 
sucesso, enquanto que aqueles que desejam provar aos outros que possuem 
capacidade apresentam maiores probabilidades de fracasso, pois nesses casos 
a automotivação é menor.
Diretamente relacionada com a prova de capacidade para si mesmo, 
encontramos a necessidade de autorrealização, que caracteriza os empreen-
dedores. A autorrealização é uma das chamadas necessidades secundárias de 
Maslow1, inerente aos seres humanos, que se manifesta de maneira muito 
forte nos empreendedores.
1.2.1 Maiores ganhos
Logicamente, um dos motivos que leva as pessoas a empreenderem é 
a possibilidade de obterem ganhos maiores do que os obtidos como empre-
gados, embora essa não seja uma verdade absoluta, sobretudo nos estágios 
iniciais do negócio, e muito menos represente real possibilidade de maiores 
1 Abraham Maslow foi um psicólogo comportamental criador da hierarquia das necessidades, 
sintetizada numa pirâmide que representa uma divisão hierárquica a respeito das necessidades 
humanas em dois grandes grupos: necessidades primárias e necessidades secundárias.
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
rendimentos por parte do empreendedor, uma vez que o mesmo necessitará 
reinvestir no próprio negócio uma parcela significativa dos ganhos obtidos.
Porém, uma dose de ambição é importante e necessária para quem pre-
tende iniciar um negócio próprio.
1.2.2 Status
Outra razão para iniciar um negócio é a obtenção de status junto aos 
grupos sociais dos quais a pessoa participa. Essa também é uma das necessi-
dades secundárias identificadas por Maslow (necessidade de estima), o que 
justifica plenamente sua busca pelo empreendedor. Porém, convém destacar 
que apenas esse motivo não garantirá sucesso ao empreendimento.
Além dos motivos até aqui relacionados, existem outras razões que 
podem justificar a abertura de um negócio próprio, conforme segue.
1.2.3 Necessidade
A falta de uma oportunidade de emprego pode levar o indivíduo a abrir 
seu próprio negócio. Esse fenômeno ocorre mais comumente com pessoas 
com mais idade, que encontram dificuldades no mercado de trabalho.
Em momentos de crise econômica é comum percebermos aumento nos 
índices de abertura de novos negócios, indicando que as pessoas começam um 
novo negócio apenas para resolver um problema temporário, o que também 
justifica os elevados índices de mortalidade de empresas com pouco tempo de 
existência, que também crescem nesses períodos.
1.2.4 Vocação
Existem indivíduos que apresentam vocação para exercer um determi-
nado tipo de trabalho e, como consequência, não se sentem muito à vontade 
recebendo ordens em uma organização que não lhes oportuniza a realização 
daquele trabalho. Por exemplo, uma pessoa que gosta muito de cozinhar e 
vai trabalhar em uma atividade administrativa, certamente não se sentirá rea-
lizada em sua atividade profissional; surgindo a oportunidade de abrir um 
restaurante, por exemplo, essa pessoa partirá para essa iniciativa e, com isso, 
realizará sua vocação pessoal.
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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Empreendimentos iniciados sob essas circunstâncias são aqueles que 
apresentam enormes possibilidades de sucesso.
1.2.5 Pressões familiares
Às vezes o indivíduo passa por momentos em que seu rendimento não 
é compatível com o padrão de gastos familiares (ganha menos do que neces-
sita), e começa a ser pressionado pela família para buscar maiores ganhos. 
Esse comportamento pode atrapalhar o desenvolvimento pessoal e profissio-
nal do indivíduo. Porém, também pode representar uma oportunidade de 
buscar novas fronteiras/limites para seu desempenho profissional com a aber-
tura de um negócio próprio. Contudo, um negócio aberto sob essa perspec-
tiva, se não for bem planejado e executado, com coerência às competências do 
empreendedor, apresenta um elevado potencial de fracasso.
1.2.6 Visão de uma oportunidade
Esta é uma habilidade típica do empreendedor: enxergar oportunidades 
onde os outros não conseguem perceber. Empreendedores com a capacidade 
de perceber oportunidades, sobretudo antes que os demais, possuem grandes 
chances de sucesso.
Enfim, é oportuno destacar que independente do número de característi-
cas apresentadas e do grau em que cada uma se manifeste, sempre será necessário 
possuir (ou adquirir) conhecimentos técnicos suficientes para gerir o negócio.
A seguir, apresentaremos uma breve evolução histórica do empreendedorismo.
1.3 Evolução histórica do empreendedorismo
Se pararmos para pensar nas origens do empreendedorismo, vamos per-
ceber que quando o homem começou a caçar para se alimentar e desenvolveu 
armas para poder enfrentar animais maiores do que ele, certamente esse pri-
meiro hominídeo já demonstrava características empreendedoras.
A descoberta do fogo (na verdade, como conservá-lo e, mais tarde, como 
produzi-lo) e a invenção da roda, por exemplo, provavelmente foram obras de 
indivíduos empreendedores. Porém, o empreendedorismo somente começa a 
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
ser analisado mais tarde. Por volta do século XII, entendia-se como empreen-
dedor aquele indivíduo que incentivava brigas de rua para lucrar com apostas.
Mais tarde, no século XVI, entendia-se como empreendedor o indiví-
duo que comandava uma ação militar, uma vez que se vivia um período histó-
rico em que a conquista de terras era de fundamental importância. Somente 
depois, no século XVII, é que os economistas começaram a estudar mais deta-
lhadamente o fenômeno do empreendedorismo, e passa-se a entender como 
empreendedor o indivíduo que criava e dirigia um empreendimento; assim, 
o empreendedor passou a ser visto como um agente importante de mudança. 
Porém, nessa fase, os economistas diferenciavam a figura do empreendedor 
da figura do capitalista, entendendo o empreendedor como quem assumia os 
riscos, enquanto o capitalista era quem fornecia o capital.
No século XX, o empreendedorismo ganha uma nova dimensão, sendo 
entendido como um fenômeno abrangente, responsável pela geração de 
emprego e renda em diferentes momentos históricos de dificuldades econô-
micas, como a Crise da Bolsa nos Estados Unidos, em 1929, as duas grandes 
guerras mundiais, a guerra do Vietnã e a crise do petróleo, em 1973. Nesses 
momentos, os empreendedores foram responsáveis pela criação de emprego e 
renda nas economias afetadas por dificuldades.
A partir dos anos 1980, o fenômeno do empreendedorismo ganhou 
força e foi incluído nos currículos das escolas de administração, além de ser 
estudado como uma prática importante para as economias, sendo, ainda, esti-
mulado por governos e instituições de diversas origens.
Portanto, é importante compreender o que é o empreendedorismo e, 
para isso, vamos ver alguns conceitos sobre o tema.
1.3.1 Conceito deempreendedor e empreendedorismo
Joseph Schumpeter, economista do século XX, retoma os estudos de Jean 
Batiste Say e define o empreendedor como “aquele que destrói a ordem eco-
nômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação 
de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos mate-
riais” (SCHUMPETER apud DORNELAS, 2001, p. 37). O autor introdu-
ziu, assim, o conceito de “destruição criativa” para o empreendedorismo.
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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Para Kirzner (1973, apud DORNELAS, 2001, p. 37), o empreendedor 
“é aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva 
em ambiente de caos e turbulência”.
Jeffry Timmons (1990, apud DORNELAS, 2001, p. 19) define o 
empreendedorismo como “uma revolução silenciosa, que será para o século 
XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX”.
Segundo Filion (1999, p.19), “um empreendedor é uma pessoa que ima-
gina, desenvolve e realiza visões”.
Por sua vez, Shapero (apud URIARTE, 1999, p. 49) conceitua o empreen-
dedor como “alguém que toma a iniciativa de reunir recursos de uma maneira 
nova ou para reorganizar recursos de maneira a gerar uma organização, relati-
vamente independente, cujo sucesso é incerto”.
Já para Dornelas (2001), o empreendedorismo não é um modismo, é 
uma consequência das mudanças tecnológicas e sua rapidez é aliada à compe-
tição na economia globalizada.
Dessa forma, podemos definir empreendedor como
[...] toda e qualquer pessoa que tem a coragem de ser a condutora 
de sua própria história, de criar fatos novos com base na realidade 
existente, por mais que essa realidade possa parecer nebulosa e difícil, 
sem perspectivas e insegura. São pessoas empreendedoras aquelas que 
acreditam ser possível mudar e fazem as mudanças, apesar de tudo e 
de todos. (RAZZOLINI FILHO, 2010)
Analisando-se todos os conceitos citados, podemos entender que o 
empreendedorismo é uma prática que pode ser aprendida e, por sua vez, ensi-
nada. Ou seja, claro que existem indivíduos com uma predisposição nata para 
o empreendedorismo. Porém, essa é uma prática passível de ser aprendida.
Uma vez que o empreendedorismo passou a ser ensinado nas escolas, 
ocorreu um crescimento dos empreendimentos em diferentes pontos do globo 
terrestre. Sobre o crescimento do empreendedorismo, discorremos a seguir.
1.3.2 Crescimento do empreendedorismo
Existem diversos estudos demonstrando que o empreendedorismo e o 
surgimento de pequenos negócios cresceram significativamente a partir dos 
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
anos 1980, mais do que em qualquer outro período do século XX (DRU-
CKER, 2001; FILION, 1999; THORNTON, 1999). O Brasil, por exemplo, 
comparado com países no mesmo estágio de desenvolvimento, ocupa a sexta 
posição entre os países com maiores taxas de empreendedorismo apresentadas 
pela Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA), equivalendo a 18,8 
milhões de pessoas, demonstrando um crescimento em relação às últimas 
pesquisas realizadas (GEM, 2009).
O que os estudos têm demonstrado é que essa evolução parece decorrer de 
mudanças estruturais no mundo do trabalho, principalmente nas últimas décadas 
do século XX, que elevaram as taxas de desemprego na imensa maioria dos países 
do mundo capitalista. A falta de emprego leva as pessoas a buscarem na abertura 
de um negócio próprio uma alternativa de trabalho para sua sobrevivência. Filion 
(1999) chama essa categoria de empreendedor de “involuntário”, normalmente 
caracterizado por jovens recém-formados e pelas pessoas demitidas em razão de 
processos de fusões, privatizações e reengenharia. Para ele, os “empreendedores 
involuntários tendem a optar pelo autoemprego, mas não são empreendedores no 
sentido geralmente aceito do termo. Criam uma atividade de negócio, mas não 
são movidos pelo aspecto da inovação” (FILION, 1999, p. 18).
Assim, surge importante preocupação com esse tipo de empreendedo-
rismo: as elevadas taxas de mortalidade desses negócios. Segundo o Sebrae- 
-SP (2010), 27% fecham ainda no seu primeiro ano de atividade. Além 
disso, o estudo relata que entre as principais causas para o fechamento de 
empresas encontram-se:
 2 comportamento empreendedor pouco desenvolvido;
 2 falta de planejamento prévio;
 2 gestão deficiente do negócio;
 2 insuficiência de políticas de apoio;
 2 flutuações na conjuntura econômica;
 2 problemas pessoais dos proprietários.
Entretanto, o processo de modernização tecnológica e gerencial, além da 
modernização dos processos de trabalho vividos no Brasil a partir da segunda 
metade dos anos 1980, também foram motivadores para a abertura de novos 
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
– 18 –
negócios. O próprio fenômeno da terceirização, decorrente dessa moderniza-
ção, também levou ao surgimento de muitos novos negócios.
Segundo a pesquisa GEM (2009), realizada em 59 países, no Brasil 
existe uma avaliação positiva em relação tanto à existência de oportunidades 
no ambiente quanto à existência de capacidade individual para a abertura 
de novos negócios. Isso permite depreender que a sociedade brasileira é bas-
tante receptiva aos empreendedores e aos novos empreendimentos, da mesma 
forma que tem se acostumado a ver cada vez mais histórias relacionadas com 
a criação de novos negócios sendo apresentadas na mídia.
A pesquisa demonstra que 39% dos empreendimentos ainda surgem 
por necessidade (o empreendedorismo chamado de involuntário por Filion), 
enquanto que 61% dos novos negócios decorrem da análise de oportunidades.
Na pesquisa de 2008, o Brasil ocupava o 13.º lugar em empreendedo-
rismo e, em 2009, ocupou a 14.ª posição, mostrando uma estabilidade em 
termos das taxas de empreendedorismo no país. Assim, o empreendedorismo 
cresce, não apenas no Brasil, mas em todas as economias em desenvolvimento 
e mesmo naquelas já desenvolvidas.
1.3.3 Conhecimentos que o empreendedor necessita
Para dirigir um negócio, qualquer que seja seu tamanho, é necessário 
que o empreendedor domine alguns conhecimentos, essenciais para o sucesso 
do negócio. Esses conhecimentos, muitas vezes, são ignorados, levando o 
empreendimento ao fracasso, pois, conforme vimos, duas das razões para o 
fechamento de empresas ainda no primeiro ano de existência são a falta de 
planejamento prévio e uma gestão deficiente do negócio.
Os conhecimentos para o início de um empreendimento estão relacio-
nados a alguns fatores essenciais, sendo que um dos mais importantes é a 
capacidade de gerenciar o grande volume de informações disponíveis para 
realizar um bom planejamento. Assim, o primeiro conhecimento básico é 
saber gerenciar a informação.
Uma vez que sabe gerenciar informação, o empreendedor está em condições 
de usar do segundo conhecimento importante: planejamento. Sem um bom 
planejamento, o empreendedor não saberá para onde direcionar o negócio a 
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– 19 –
Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
cada momento em que ocorrem mudanças no ambiente onde está inserido. 
O planejamento incluirá outros conhecimentos essenciais: de marketing, de 
organização, de finanças, de recursos humanos e de operações. Vejamos breves 
esclarecimentos sobre cada um desses conhecimentos essenciais.
1.3.4 Gestão da informação
Gerenciar informações é um requisito essencial para o sucesso de qual-
quer organização no século XXI, uma vez que vivemos em um ambiente em 
que o volume de informações é imenso e crescente. Para Moore (1999), a 
informação é um dos recursos econômicos que possibilita às organizações 
melhorar seus processos e, com isso, aumentar sua competitividade.
Gestãoda informação é um conjunto de atividades (portanto, um pro-
cesso), que se compõe das seguintes fases ou etapas: determinar necessidades 
informacionais, identificar fontes de informações, coletar as informações, 
classificar, processar, armazenar, disseminar, utilizar e, por fim, descartar 
aquelas desnecessárias.
Assim, para uma boa gestão da informação, é preciso identificar quem 
necessita informação e qual informação é necessária para cada momento. 
Depois, é preciso identificar onde as informações estão disponíveis, ou como 
podem ser obtidas (fontes), e, num terceiro momento, realiza-se a coleta das 
informações, classificando-as conforme as necessidades identificadas (como 
se organizam arquivos de computador, por exemplo).
Depois, é preciso processar as informações coletadas, de forma que este-
jam em formatos que possam ser utilizados por aqueles que delas necessita-
rem (tabelas, quadros, gráficos, textos etc.). A quinta fase implica armazenar de 
forma adequada e de fácil recuperação (papel, computador, mídia digital etc.). 
A sexta fase é das mais importantes, porque significa que a informação deve 
ser disseminada (divulgada) a quem dela necessita, no momento em que ela 
for necessária, lembrando que a informação é a base para a tomada de decisão.
A sétima fase é a mais significativa, uma vez que a correta utilização da 
informação é que vai gerar melhorias de processos, decisões mais acertadas e, 
com isso, melhor competitividade para a organização. Na última fase, des-
carta-se a informação que não será mais necessária ou útil para a organização.
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
– 20 –
O empreendedor deve utilizar a informação como um recurso valioso, 
que lhe permitirá analisar o mercado onde pretende atuar e, ainda, saber o 
que fazer a cada momento.
1.3.5 Planejamento
Com as informações disponíveis, obtidas a partir de cuidadosa análise 
do ambiente (mercado) onde pretende atuar, o empreendedor deve iniciar a 
fase mais importante de qualquer empreendimento: o planejamento.
Planejamento aqui é entendido como a realização do famoso plano de 
negócios (ou business plan). O plano de negócios, segundo Razzolini Filho e 
Zarpelon (2005, p. 151), é entendido como “um projeto que pretende simu-
lar no papel a criação ou reestruturação de uma empresa, produto ou serviço, 
para que seja verificada a sua viabilidade econômica, além de dar suporte e 
subsídio na implementação efetiva do projeto”.
Com isso, o planejamento deve incluir todos os aspectos relacionados ao 
negócio: a efetiva organização do negócio, suas práticas de recursos humanos, as 
políticas de marketing que serão implementadas, o gerenciamento dos recursos 
financeiros e, ainda, o funcionamento das operações. Ou seja, o planejamento 
inclui todos os conhecimentos essenciais que o empreendedor deve possuir.
O planejamento deve servir como guia das ações do empreendedor. 
Deve ser a bússola que orienta a direção a ser seguida para o empreendimento 
ou, numa linguagem mais atual, deve ser como o GPS que orienta para onde 
se deve dirigir o negócio a cada momento.
1.3.6 Organização
Organização apresenta dois significados distintos. O primeiro caracteri-
zando o próprio negócio, ou seja, a empresa em si. O segundo significado é 
o que se apresenta aqui. É entendido como uma função administrativa, res-
ponsável por estabelecer como o negócio deve ser estruturado física e admi-
nistrativamente, como serão alocados os espaços físicos disponíveis e quais 
as responsabilidades dos indivíduos em cada atividade a ser desempenhada, 
entre outros aspectos relevantes.
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– 21 –
Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
Assim, organizar significa alocar os recursos disponíveis para a execução 
de processos que visam agregar valor ao negócio, de forma racional, inteli-
gente e efetiva (que permita ao empreendedor atingir seus objetivos de lucra-
tividade de forma mais fácil).
É importante compreender que “a atividade de organização em uma 
empresa é uma atividade contínua, ou pelo menos periódica, pois o meio 
ambiente em que as empresas atuam está em constante transformação, exi-
gindo sempre maior rapidez nas respostas” (RAZZOLINI FILHO, 2010). 
Assim, a atividade de organizar o negócio é muito importante para evitar que 
ocorra descontrole ou desperdício de recursos.
1.3.7 Recursos humanos
O gerenciamento de pessoas é sempre uma dificuldade, porque cada 
ser humano é único e especial. Assim, é necessário definir claramente qual o 
perfil das pessoas que o empreendedor deseja que trabalhem com ele, como 
essas pessoas serão remuneradas, estimuladas e motivadas a trabalhar em con-
sonância com os objetivos estabelecidos no planejamento do negócio.
Não se pode esquecer que somente se conseguem resultados pela ação das 
pessoas e, portanto, são as pessoas que devem ser bem preparadas para atender 
aos clientes do negócio e realizar as funções administrativas nas diferentes áreas 
(operações, marketing, finanças etc.), para que os objetivos sejam atingidos.
1.3.8 Marketing
Todas as pessoas acham que sabem o que é marketing. Porém, a grande 
confusão é que entendem o marketing apenas como propaganda. Na verdade, 
o marketing é um conjunto de ações caracterizadas por quatro Ps: produto, 
preço, promoção e ponto (ou praça, que significa distribuição), conforme 
veremos a seguir.
O primeiro P, de produto, significa que é preciso estabelecer correta-
mente qual será o produto (ou serviço) que o mercado receberá do empreen-
dimento, ou seja, um produto pode ser definido como toda e qualquer coisa 
que um vendedor deseja vender e que um cliente queira comprar (RAZZO-
LINI FILHO, 2010b). Assim, é preciso estabelecer qual será essa “coisa” que 
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
– 22 –
se deseja vender ao mercado identificado na fase de planejamento (a partir das 
informações obtidas no próprio mercado).
O segundo P, de preço, significa atribuir um valor que o cliente esteja 
disposto a pagar para obter o produto, bem como as condições sob as quais 
o mesmo será comercializado: forma de pagamento, prazos, descontos etc. 
Isso significa saber quanto custa o produto/serviço a ser oferecido ao mercado 
e qual a margem de lucro que se deseja obter com sua comercialização. Por-
tanto, é preciso entender também de custos (um bom contador pode ajudar 
nesse momento).
O terceiro P, de promoção, é onde se insere a propaganda (que muitas pes-
soas confundem com o próprio marketing). Isso significa estabelecer uma estra-
tégia de comunicação com o mercado (com os clientes), que se pretende atingir. 
Portanto, é preciso pensar sim na propaganda. Porém, não apenas na propa-
ganda, mas em toda e qualquer forma pela qual a empresa se comunicará com 
seu mercado-alvo, inclusive a forma como serão atendidos os clientes que pro-
curam a empresa, seja para comprar ou simplesmente para obter informações.
Por fim, o quarto P, conhecido como ponto ou praça, está relacionado 
com a localização do negócio (sobretudo se for uma atividade de comércio 
varejista ou de prestação de serviços), e com a maneira pela qual a empresa 
fará com que seus produtos/serviços cheguem aos clientes (a forma como se 
fará a distribuição final dos mesmos aos clientes).
Ou seja, o marketing significa compreender o que os clientes necessi-
tam (ou desejam) e, com base nesse conhecimento (baseado em informação), 
desenvolver um produto/serviço que satisfaça essa necessidade/desejo.
1.3.9 Finanças
Cuidar dos recursos financeiros é fundamental em qualquer circunstân-
cia, para pessoas ou empresas. Sobretudo para um pequeno ou médio negó-
cio que não dispõe de volumes significativos de recursos a serem investidos. 
Isso significa que é preciso estabelecer um criterioso orçamentoonde sejam 
previstos todos os gastos a serem realizados com o negócio em si, desde sua 
etapa de planejamento, sua constituição (as despesas de constituição podem 
ser elevadas), que demanda tempo (no Brasil, dependendo do estado e do 
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
município, o tempo de abertura de uma empresa pode ser muito longo), e 
seu funcionamento inicial (que pode demorar para apresentar os primeiros 
resultados positivos).
Assim, o empreendedor deve cuidar de prover os recursos necessários 
para manter as operações durante o período previsto para que o negócio 
comece a apresentar retorno, tornando-se autofinanciável, o que pode demo-
rar para acontecer. Nos estágios iniciais (de planejamento), é preciso calcular 
quanto de recursos financeiros serão necessários para sustentar as operações e 
o tempo que levará para se obter o retorno sobre os investimentos realizados. 
Isso tem por finalidade garantir que o negócio sobreviverá sem ser asfixiado 
por falta de recursos financeiros.
É preciso calcular o quanto será gasto com cada coisa, em cada momento, 
de forma a garantir que os recursos financeiros necessários estarão disponíveis 
em cada etapa da vida do empreendimento.
1.3.10 Operações
Usamos o termo operações para estabelecer aquilo que efetivamente 
a organização vai realizar como razão de existir. Segundo Corrêa e Corrêa 
(2006, p. 24), “toda organização, quer vise ela lucro ou não, tem dentro de si 
uma função de operações, pois gera algum ‘pacote de valor’ para seus clientes, 
que incluem algum composto de produtos e serviços, mesmo que, dentro da 
organização, a função de operações não tenha esse nome”. Assim, a área de 
operações pode ser chamada de produção (para uma indústria), gerência de 
serviços (para uma empresa prestadora de serviços), ou vendas (para empre-
sas comerciais). Porém, qualquer que seja a denominação da área, é preciso 
planejá-la adequadamente.
A função “operações” é aquela função pela qual se constitui um negócio, 
a própria essência do empreendimento, que vai exigir muito cuidado na sua 
definição e organização. É preciso estabelecer corretamente seus princípios de 
funcionamento, como ela atenderá às demandas dos clientes e, como conse-
quência, como será gerenciada pelas pessoas dentro da empresa.
Claro que não são apenas esses os conhecimentos que um candidato 
a empreendedor deve possuir. Contudo, esses conhecimentos relacionados 
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
– 24 –
até aqui são fundamentais para o sucesso do negócio, e não devem ser negli-
genciados em momento algum. Outros conhecimentos serão necessários e 
exigirão preparo individual por parte do empreendedor.
Ampliando seus conhecimentos
Ser empreendedor
(SEBRAE-RJ, 2010)
Ser ou não empreendedor faz diferença para o sucesso ou o 
fracasso do seu negócio?
Para responder a essa questão, explicaremos o que é empreen-
dedorismo, quais são os elementos básicos para ter capacidade 
empreendedora e que tipos de conhecimentos são necessários.
Ser empreendedor é ter a capacidade de tomar iniciativa, 
buscar soluções inovadoras ou ainda encontrar soluções para 
problemas econômicos, pessoais, sociais e outros.
Existem algumas características que são fundamentais no 
empreendedor, mas não fique preocupado caso você não 
tenha todas estas características, o empreendedor não é um 
super-herói!
Será necessário desenvolver alguns aspectos.
 2 Espírito empreendedor: capacidade de materialização dos 
seus sonhos, transformando, assim, suas ideias em negócios.
 2 Liderança: capacidade de gerenciar pessoas, definindo 
e orientando na realização de tarefas, delegando res-
ponsabilidades, conduzindo as pessoas em uma mesma 
direção, visando ao desenvolvimento da empresa e a 
implantação de uma cultura organizacional voltada para 
a satisfação do cliente.
46243_contabilidade_de_micro_e_pequenas_empresas.indb 24 30/06/2016 11:30:04
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Conceitos introdutórios sobre empreendedorismo e pequenos negócios
 2 Conhecimento do negócio: o empresário deve conhe-
cer o produto/serviço que está oferecendo. Estudar com 
profundidade o ramo de negócio que está montando. 
Quanto mais souber sobre seu negócio, maiores são as 
chances de sucesso da empresa.
 2 Otimismo: o empreendedor deve ter vontade e acredi-
tar no negócio que está iniciando.
 2 Capacidade de assumir risco calculado: arriscar-se com 
consciência, combinando ousadia, coragem, controle e 
determinação, sem medo de desafios.
 2 Direcionamento estratégico: estabelecimento do foco 
principal da empresa, concentrando esforços nessa dire-
ção, evitando desperdício de energia.
 2 Estabelecimento de metas: definir o que é prioridade 
para a empresa, estabelecendo as metas a serem alcança-
das a curto e longo prazo.
 2 Organização.
 2 Administração da empresa e de seus recursos deve ser 
efetuada de forma lógica, racional, clara e funcional, pos-
sibilitando que as informações internas estejam sempre 
organizadas e facilite a tomada de decisões.
 2 Visão global: perceber que sua empresa está inserida em 
um mundo globalizado, ficando atento às tendências e 
oportunidades que surgem no mercado mundial.
 2 Identificação de oportunidade: o empresário deve 
estar sempre atento para identificar necessidades, trans-
formando-as em oportunidades para sua empresa.
 2 Atualização.
 2 Disposição para aprender, buscando sempre novas infor-
mações e conhecimentos.
 2 Persistência.
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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 2 Lutar pelo ideal mesmo que apareçam dificuldades, 
mantendo o direcionamento da empresa rumo às 
metas estabelecidas.
 2 Comprometimento.
 2 O compromisso com a empresa e com as atividades 
que ela desenvolve é essencial e requer, às vezes, 
sacrifícios pessoais.
Para que o empreendedor tenha uma possibilidade maior de 
sucesso é necessário que, além das características descritas 
acima, ele elabore um Plano de Negócio para orientá-lo sobre:
 2 o negócio em si;
 2 os clientes;
 2 os concorrentes;
 2 os fornecedores;
 2 o seu ambiente de negócios.
 
Atividades
1. Conhecer o mercado onde se pretende atuar, determinar necessidades 
de informações e quem serão os usuários dessas informações é uma 
atividade que exige conhecimento de qual área? Por quê?
2. Quando se afirma que é necessário conhecimento sobre organização, 
o que se entende por “organização”?
3. Por que muitas pessoas confundem marketing com propaganda?
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2
Riscos para as MPEs
Neste capítulo, procura-se demonstrar que empreender 
não é apenas um bom negócio, que é necessário ter os “pés no chão”, 
porque os riscos existem. Apresentam-se as organizações como sis-
temas sociais que dependem de variáveis controláveis (internas) e 
incontroláveis (externas) que influem na sua existência.
Por fim, se relacionam os principais motivos de fechamento 
de empresas e se busca apresentar algumas fontes de ideias para a 
criação de novos empreendimentos.
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
– 28 –
Quando se estuda a questão do empreendedorismo e do gerenciamento dos 
pequenos negócios, é possível perceber que existem alguns aspectos desconside-
rados pelos empreendedores no momento de iniciar o negócio. Esses aspectos 
desconsiderados são chaves para o sucesso, ou o fracasso, do novo negócio, uma 
vez que podem esconder algumas surpresas desagradáveis ao empreendedor.
Todo negócio apresenta, assim como os seres humanos, um determi-
nado ciclo de vida e, como consequência, exige cuidados específicos em cada 
uma das etapas desse ciclo. Apenas para que se tenha uma ideia daimpor-
tância dos pequenos negócios, é interessante entender que, até os anos 1980, 
as empresas que tinham menos de 100 funcionários eram irrelevantes para a 
economia nacional, não eram consideradas no planejamento público. Atual-
mente, de cada 100 empresas no Brasil, 98 são micro ou pequenas empresas. 
Além disso, quase metade da mão de obra do país, algo em torno de 40 
milhões de trabalhadores, está empregada nessas empresas.
Os riscos apresentados à sobrevivência das empresas são consideráveis e, 
por isso, não devem ser desconsiderados pelos empreendedores. Em média, 
40% das empresas citadas na lista Fortune 500 (da Revista Fortune), há uma 
década já não existem mais. Outro dado interessante a considerar é que das 
12 empresas que formaram o índice Dow Jones, em 1990, apenas a General 
Electric (GE) sobreviveu com o mesmo tamanho que possuía na época.
Ou seja, é preciso compreender que existem riscos à sobrevivência das 
micro e pequenas empresas (MPEs), assim como existem riscos à sobrevivên-
cia das pessoas. Sobre isso é que se discorre nesta unidade.
2.1 As organizações como entidades sociais
Antes de se discorrer sobre os motivos que podem levar uma empresa 
ao fracasso, é preciso compreender que uma organização é sempre formada 
por dois ou mais indivíduos que interagem, por meio de relações recíprocas, 
visando atingir objetivos comuns preestabelecidos (BARNARD, 1968).
Isso significa que os objetivos são estabelecidos como decorrentes dos 
interesses pessoais dos indivíduos que integram a organização, em função do 
ambiente onde ela está inserida. Portanto, é necessário compreender, tam-
bém, que a organização se insere em um ambiente mais amplo (chamado 
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– 29 –
Riscos para as MPEs 
ambiente externo), que exerce influência sobre a ação organizacional, con-
forme se pode visualizar na figura a seguir.
Variáveis 
econômicas Variáveis 
legais
Variáveis 
demográficas
Variáveis 
sociais
Variáveis 
ecológicas
Variáveis 
concorrenciais
Variáveis 
tecnológicas
Variáveis 
políticas
Ação administrativa 
(variáveis 
controláveis)
Organização
Ambiente 
interno
Entradas Saídas
Retroalimentação
Ambiente 
externo
Figura 1 – A organização e seus ambientes (interno e externo).
Fonte: CHIAVENATO, 2000, p. 77. Adaptado.
Todas as variáveis ambientais exercem algum tipo de influência sobre 
a ação administrativa. Essas variáveis são chamadas incontroláveis porque a 
organização não consegue exercer controle sobre elas, restando-lhe a opção de 
ser proativa, buscando antecipar eventuais mudanças ambientais que possam 
afetar a ação administrativa organizacional.
Quando as mudanças ambientais exercem algum tipo de impacto mais 
profundo sobre a organização, e esta não consegue antecipar-se e/ou adaptar-
-se a tais mudanças, pode ocorrer o risco de sucumbir, vindo a falir. Por exem-
plo, imagine uma determinada empresa que adota um processo produtivo 
com certa tecnologia e, então, surge uma nova tecnologia que reduz os custos 
de produção da empresa que a adota em 50 ou 60%. Se essa empresa não 
tiver condições de adotar essa nova tecnologia (por falta de dinheiro, pessoas 
qualificadas ou qualquer outro motivo), muito provavelmente será superada 
por concorrentes que a adotarem, porque seus produtos serão defasados e 
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
– 30 –
apresentarão custos de produção mais elevados, refletindo nos seus preços 
praticados no mercado.
Porém, também é necessário compreender que não são apenas as vari-
áveis incontroláveis que representam motivos para o sucesso ou fracasso de 
uma empresa. As variáveis internas, representadas pela ação administrativa, 
também podem levar uma empresa a fracassar. Os estudos existentes sobre o 
assunto demonstram que são muitos os motivos que levam ao fracasso, con-
forme se apresenta a seguir. Conhecer tais motivos pode ser uma forma de 
estar preparado para enfrentá-los, e vencê-los.
Segundo Chiavenato (2000, p. 135)
[...] o declínio de uma empresa pode ser atribuído a uma estratégia 
errada, a uma operação ineficaz ou, ainda, a ambas. A maior parte das 
empresas a caminho da crise caracteriza-se por uma estratégia con-
fusa, uma vez que a adaptação ao ambiente – especialmente a um 
ambiente conturbado – quase sempre ocorre apenas no ambiente 
operacional. Eventuais mudanças de direção devem-se mais ao acaso, 
ou seja, a repentinas alterações na política econômica, legislação, tec-
nologia etc., do que a uma visão estratégica.
Ou seja, é necessário entender que os motivos para o fracasso, repre-
sentado pelo fechamento da empresa, são muitos e, ainda, podem atuar em 
conjunto. Assim, apresentamos a seguir uma série de motivos que devem ser 
conhecidos pelos candidatos a empreendedor, visando preparar-se para evitá-
-los e, caso isso não seja possível, superá-los.
2.2 Motivos de fechamento de pequenos 
e médios negócios
São muitos os motivos que podem provocar o encerramento de um 
negócio. Desde a falta de visão de negócios por parte do empreendedor 
até uma forte crise econômica para o seu setor de atividade, passando por 
problemas de gestão, planejamento e, até mesmo, problemas de saúde do 
dono do negócio. Assim, é necessário compreender os motivos que levam a 
uma “taxa de mortalidade” de 27% das empresas apenas no primeiro ano de 
vida e de 70% nos três primeiros anos de existência do negócio (SEBRAE-SP, 
2010). No estudo do Sebrae-SP, podemos identificar os principais motivos 
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– 31 –
Riscos para as MPEs 
para o fechamento de um negócio, que nos permite sua classificação em gru-
pos distintos, conforme se relaciona a seguir.
Importante esclarecer que um motivo poderia enquadrar-se em mais de 
uma das categorias apresentadas. Apenas se adotou uma classificação para ser-
vir como forma de representar didaticamente o tema, sem qualquer preocupa-
ção mais rigorosa (metodológica) quanto à categorização dos mesmos.
É muito difícil classificar um motivo em uma ou outra categoria, uma 
vez que mesmo para profissionais com muita experiência, identificar corre-
tamente a fonte de um problema organizacional é sempre difícil, pois é mais 
comum identificar-se os efeitos de um problema que suas causas reais.
2.2.1 Motivos econômico-financeiros
Os motivos econômico-financeiros podem ser descritos como aqueles 
que afetam o Ativo das empresas (Permanente e Circulante), ocasionando 
problemas de difícil solução. Entre eles podemos relacionar:
 2 alterações na conjuntura econômica – claro que quando a econo-
mia, seja nacional ou internacional, sofre alterações, qualquer negócio 
sofre consequências, sobretudo os pequenos negócios que estão em 
seus estágios iniciais, que são os mais atingidos. Isso ocorre porque as 
pessoas (clientes) são afetadas e, como resultado, alteram seus 
padrões de compra;
 2 falta de capital de giro – o capital de giro é essencial para finan-
ciar o dia a dia dos negócios e, quando ocorre falta, o negócio fica 
comprometido porque não consegue sustentar o mesmo nível 
de operações;
 2 excesso de imobilizações financeiras – quando o empreendedor, por 
qualquer motivo, realiza aplicações de recursos de forma inadequada, 
investindo em imóveis ou veículo, por exemplo, pode comprometer 
os recursos do empreendimento pelo fato de que imobilizações são 
mais difíceis de serem transformadas rapidamente em dinheiro, caso 
seja necessário;
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
– 32 –
 2 falta de política de crédito aos clientes – não ter clareza suficiente 
na hora de conceder créditos pode comprometer o fluxo de caixa 
do empreendimento, ocasionando falta de recursos para financiar o 
funcionamento operacional;
 2 falta de controle de custos – oscustos devem ser motivo de preo-
cupação permanente dos empreendedores, devendo ser cortados per-
manentemente. Quando não se controla adequadamente os custos, 
as margens podem ser comprimidas a tal ponto que não gerem o 
necessário retorno para financiar o desenvolvimento do negócio;
 2 gestão financeira deficiente – de certa forma, isso está con-
templado em outros tópicos anteriores. A gestão financeira é 
fundamental para que exista um equilíbrio no fluxo de caixa da 
organização, porque sem dinheiro para financiar as operações 
diárias, o negócio tende a naufragar.
2.2.2 Motivos comportamentais
Por motivos comportamentais entendemos aqueles relacionados com deci-
sões pessoais do empreendedor, resultado do seu comportamento característico.
 2 Comportamento empreendedor pouco desenvolvido: às vezes, 
as pessoas resolvem empreender pelos motivos errados, não apre-
sentando as características comportamentais necessárias ao sucesso 
de um empreendimento. Assim, é necessário que o empreendedor 
desenvolva melhor as características empreendedoras antes de se 
aventurar em um negócio próprio.
 2 Dificuldades pessoais dos proprietários: às vezes, os indivíduos 
apresentam dificuldades, por exemplo, na questão do gerencia-
mento financeiro. Isso é natural e deve ser compreendido a partir 
de uma sincera autoanálise por parte do empreendedor, visando 
suprir eventuais deficiências.
 2 Pouca informação: vivemos numa época em que informação é 
fundamental para se conseguir resultados. Assim, o empreende-
dor deve identificar fontes de informações e buscar as informações 
necessárias para tomar as melhores decisões possíveis.
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– 33 –
Riscos para as MPEs 
 2 Falta de experiência e preparo empresarial: essa é uma situa-
ção muito comum de se encontrar, principalmente nos pequenos 
negócios. Aqui também é necessária uma autoanálise para verificar 
quais as deficiências a serem supridas com treinamentos, cursos de 
capacitação etc.
2.2.3 Motivos ambientais
Relacionamos, neste tópico, algumas questões relacionadas com o 
ambiente em que os negócios se inserem.
 2 Insuficiência de políticas públicas de apoio: embora exista um 
profundo interesse governamental pelas questões do empreende-
dorismo, pode ser que na área específica de atuação do negócio 
não existam políticas públicas que apoiem investimentos.
 2 Localização inadequada: o espaço geográfico de atuação é de 
fundamental importância para muitos negócios. Assim, é reco-
mendável consultar especialistas em estudos de localização para 
assegurar-se de que o negócio estará bem localizado.
 2 Dificuldades de suprimentos de matéria-prima: também por 
questões ambientais, pode acontecer de o empreendedor instalar-
-se em determinado local e, em determinado momento, encon-
trar dificuldade de suprimentos de matéria-prima, ou porque se 
exauriu o recurso no local, ou porque o fornecedor que existia 
não existe mais, ou por qualquer outro motivo. Isso pode ser um 
problema gravíssimo se houver dependência excessiva de determi-
nada fonte de suprimentos.
 2 Tecnologia ultrapassada: em determinados ramos de negócios, 
as evoluções tecnológicas são frequentes e muito rápidas, fazendo 
com que o negócio possa ficar defasado tecnologicamente, com-
prometendo sua sobrevivência.
2.2.4 Motivos administrativos
Como motivos administrativos, podemos relacionar os seguintes:
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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 2 falta de planejar previamente – é senso comum entre todos os 
estudiosos do tema empreendedorismo que o planejamento é 
requisito fundamental;
 2 administração deficiente do negócio – sem competência de 
gerenciamento é quase impossível que um negócio se desenvolva. É 
necessário que o empreendedor domine conceitos básicos de gestão 
para ter chances de sobrevivência;
 2 desconhecimento do negócio – existem muitos empreendedores 
que resolvem iniciar um negócio apenas porque viram que aquele 
ramo está “dando dinheiro”. Assim, aventuram-se em um ramo de 
negócio sobre o qual não conhecem nada;
 2 falta de qualidade dos produtos e/ou serviços – esse é um requi-
sito básico nos dias atuais. Se o negócio não apresentar um padrão 
de qualidade no mínimo satisfatório para competir, certamente 
estará fadado ao fracasso;
 2 falta de qualificação do pessoal – o principal recurso para o 
sucesso de qualquer empreendimento são as pessoas que o com-
põem. Se as pessoas não tiverem a qualificação mínima desejável (e 
necessária), certamente o negócio ficará comprometido.
2.2.5 Outros motivos
Entre os motivos que levam um negócio a fechar as portas, certamente dois 
são bastante frequentes, os problemas societários e os problemas de sucessão.
 2 Problemas societários: acontecem quando o empreendedor busca 
um sócio (ou mais de um) para financiar uma ideia de negócio. 
Isso é bastante comum, já que às vezes o empreendedor tem a ideia, 
mas não tem os recursos financeiros suficientes. Porém, é preciso 
escolher muito bem quem será sócio no negócio, como serão as 
regras de mando, divisão de resultados etc., para evitar conflitos 
que acontecem com mais frequência que o desejável.
 2 Problemas de sucessão familiar: esse problema é muito comum 
em estágios mais adiantados da existência do empreendimento, 
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Riscos para as MPEs 
quando o empreendedor precisa ser substituído no comando do 
negócio (por motivos de saúde, falecimento ou qualquer outro), 
e não tem um herdeiro preparado para sucedê-lo. Os problemas 
sucessórios são comuns e devem ser planejados com antecedência 
para evitar comprometer a continuidade do negócio.
Claro que existem muitos outros motivos que levam ao fechamento de 
uma empresa, como a carga tributária, a falta de acesso a crédito barato, entre 
tantos outros. Porém, o objetivo foi relacionar alguns aspectos significativos 
que afetam diretamente o empreendedor e o empreendimento.
Além das causas para o fechamento dos pequenos e médios negócios, 
existem outros motivos de fracasso dos empreendedores, conforme apresen-
tamos na sequência.
2.3 Motivos de fracasso dos empreendedores
Neste tópico, relacionamos alguns motivos de fracasso dos empreende-
dores, não dos empreendimentos. Ou seja, no tópico anterior, destacamos 
motivos que levam ao fechamento dos negócios, mesmo que relacionados aos 
indivíduos. Aqui, pretendemos apresentar alguns motivos do fracasso pessoal, 
uma vez que quando o indivíduo fracassa porque o negócio “foi mal” o seu 
estado psicológico será diferente daquele quando fracasso é decorrência de 
atitudes ou comportamentos pessoais.
 2 Lealdade em relação a colegas: muitas pessoas iniciam um negó-
cio e não sabem separar a amizade do negócio; assim, ouvem con-
selhos de amigos e, para não desagradá-los, acabam colocando em 
prática algumas coisas. Concedem crédito a amigos, trazem amigos 
para trabalhar no negócio simplesmente porque são amigos, não 
considerando a sua competência, entre outros erros comuns. Con-
vém, aqui, lembrar o ditado popular: amigos, amigos; negócios à 
parte. Caso o empreendedor saiba separar a amizade dos negócios, 
certamente estará em melhores condições para o sucesso.
 2 Visão estreita: muitas vezes o indivíduo inicia um novo negócio 
com uma visão limitada do negócio, vislumbrando apenas uma ou 
poucas possibilidades para ele. A visão estreita é exatamente isso, 
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
– 36 –
não enxergar novas ideias, novas possibilidades para um mesmo 
produto ou processo.
 2 Trabalho isolado: outro motivo comum de fracasso do empreen-
dedor é a falta de contato com clientes, fornecedores, prestadores 
de serviços etc., o que pode comprometer os resultados do negócio 
pelo simples fato de oempreendedor não ser conhecido e, por isso, 
não compreendido por seus parceiros de negócio.
 2 Orientação para a tarefa: quando o indivíduo é orientado para tare-
fas, tende a se perder com o excesso de detalhes, sem se preocupar com 
o que realmente importa: o todo do negócio. Assim, é preciso que o 
empreendedor ocupe-se em “gerenciar a floresta, e não cada árvore 
em detalhes”. Não deve haver uma excessiva preocupação com o 
detalhamento de cada tarefa. O importante é a execução do processo 
como um todo.
 2 Falta de formação especializada: é preciso compreender a necessi-
dade do negócio em termos específicos para a execução de proces-
sos. Assim, quando o empreendedor não tiver a formação específica 
para aquele negócio, deve buscar o conhecimento que lhe faltar, 
uma vez que muitos empreendedores fracassam justamente por não 
possuírem a formação técnica naquele negócio.
2.4 Diferenciando ideias de oportunidades
Às vezes, as pessoas confundem ideias e oportunidades, não compreen-
dendo que uma ideia é um projeto ou um plano que o indivíduo concebe e 
pode ou não implementar, enquanto que uma oportunidade é algo que surge 
no ambiente e apresenta uma determinada característica temporal, devendo 
ser aproveitada (ou não) num determinado lapso de tempo, sob pena de não 
poder ser mais aproveitada caso se deixe passar esse lapso de tempo adequado 
(daí a expressão “janela de oportunidade”).
Assim, as ideias são sempre oriundas do indivíduo (internas), a partir de 
sua experiência de vida, sua história, cultura, conhecimentos etc. Por outro 
lado, as oportunidades são decorrência de fenômenos externos, ambientais, e 
podem (ou não) ser transformadas em ideias para os negócios.
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Riscos para as MPEs 
Segundo Dolabela (1999), uma das causas de fracasso para os negócios 
é exatamente o fato de não se saber distinguir entre ideias e oportunidades, 
uma vez que identificar e agarrar uma oportunidade é uma das grandes virtu-
des dos empreendedores de sucesso.
Exatamente em função da existência de oportunidades é que se reco-
menda ao empreendedor uma constante análise do ambiente onde está inse-
rido; e essa é uma competência que se desenvolve pela prática constante.
Além disso, não se deve esquecer que a partir de uma oportunidade é 
que existe uma ideia, mas apenas com estudo de viabilidade (por meio do 
plano de negócio) é que se verifica o potencial para um negócio, ou não.
2.4.1 Alguns aspectos sobre as oportunidades
Como comentado anteriormente, as oportunidades estão no ambiente 
e apresentam algumas características relevantes, entre as quais se destacam:
 2 caráter de temporalidade – não são permanentes, uma vez que a 
partir do momento que alguém a identifica e aproveita, deixa de ser 
oportunidade para outros;
 2 ajuste ao indivíduo – uma oportunidade não é aproveitável por 
todas as pessoas, uma vez que as características individuais determi-
nam o ajuste do indivíduo à oportunidade (história de vida, conhe-
cimentos, motivação etc.);
 2 reconhecimento – embora a literatura disponível apresente diver-
sos métodos, reconhecer e aproveitar uma oportunidade depende 
mais da capacidade individual do que de técnicas ou métodos;
 2 desafio – uma oportunidade geralmente se encontra onde existem 
inconsistências, lacunas de informações e outros aspectos que dificul-
tam sua percepção, embora quanto mais imperfeito seja o mercado, 
mais chances de localizar oportunidades existem. Assim, o empreen-
dedor tem o enorme desafio de identificar oportunidades entre o caos.
Em síntese, uma oportunidade é sempre um alvo em movimento, exi-
gindo atenção constante às mudanças ambientais, representando sempre 
enormes possibilidades para o empreendedorismo.
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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Uma oportunidade vai ser suportada por uma ideia de um produto 
ou serviço que vai criar, ou agregar, valor para um cliente. Um empreen-
dedor competente vai dar forma às oportunidades, por meio de ideias para 
seu aproveitamento.
Convém lembrar que existem mais ideias do que boas oportunidades 
para negócios. Assim, vamos apresentar algumas possíveis fontes de ideias para 
a geração de novos negócios, a seguir.
2.5 Fontes de ideias para novos negócios
Algumas fontes de ideias para a criação de novos negócios são óbvias 
e estão facilmente disponíveis, outras não estão tão facilmente disponíveis. 
Assim, vamos apresentar algumas fontes que podem ser utilizadas pelo empre-
endedor para iniciar um novo empreendimento.
 2 Revistas especializadas: atualmente, existem no mercado editorial 
vários títulos específicos voltados aos negócios. Assim, a leitura de 
revistas de negócios pode ser uma excelente fonte de ideias.
 2 Empregos anteriores: o empreendedor pode extrair ideias para 
novos negócios a partir de sua experiência acumulada em empregos 
anteriores. Um exemplo é o ressurgimento da máquina fotográfica 
Polaroid, que um grupo de ex-funcionários relançou a partir da 
ideia de um novo tipo de filme.
 2 Franquias: as franquias representam uma boa opção, sobretudo para 
quem não tem conhecimento profundo em determinado setor de 
negócios, uma vez que os procedimentos para sua operação são pré- 
-formatados e, com isso, o empreendedor já sabe de antemão os 
principais recursos que necessitará.
 2 Patentes: uma pesquisa junto aos órgãos competentes pode reve-
lar oportunidades para que o empreendedor compre os direitos 
sobre uma determinada patente, o que lhe assegurará atuar no 
mercado por um determinado tempo sem concorrência para o 
produto patenteado.
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Riscos para as MPEs 
 2 Licença de produtos: existem muitas empresas que licenciam pro-
dutos para produção por terceiros. Assim, uma fonte de ideias para 
o empreendedor é a busca por empresas desse tipo.
 2 Feiras e exposições: as feiras de negócios e exposições de determi-
nados segmentos de negócios podem ser uma excelente fonte de 
ideias para novos negócios. Assim, é recomendável a visita a esses 
eventos, para estabelecer contatos produtivos.
 2 Instituições de ensino e institutos de pesquisa: as universidades e 
outras instituições de ensino, bem como institutos de pesquisa sem 
fins lucrativos, podem ser excelentes fontes de ideias. Os estudantes 
e os pesquisadores dessas instituições estão sempre propondo novas 
ideias de negócios e/ou produtos e serviços que acabam ficando 
disponíveis nas bibliotecas.
 2 Contatos profissionais: estabelecer contatos periódicos com con-
tadores, gerentes de bancos, associações de empreendedores, asso-
ciações comerciais, advogados de patentes e outros profissionais 
liberais, pode ser uma excelente fonte de ideias.
 2 Serviços de consultoria: prestar serviços de consultoria pode ser uma 
excelente oportunidade de aprendizagem e conhecimento. Também 
pode ser uma boa ideia contratar os serviços de uma consultoria.
 2 Aquisições: adquirir um negócio existente, que esteja atravessando 
um período de dificuldades, pode ser uma excelente oportunidade.
Claro que a lista anterior não esgota todas as possibilidades, uma vez que o 
empreendedor pode ter ideias a partir da observação do que se passa à sua volta, 
enquanto caminha pela rua. Estudar ideias que deram certo em outros lugares 
(até mesmo em outros países), sua experiência enquanto consumidor, análise 
de modificações na demografia ou mudanças socioeconômicas, copiar ideias já 
existentes, entre tantas outras possibilidades de se ter ideias para negócios.
O importante é que o empreendedor faça uso de suas habilidades pessoais 
para transformar ideias em oportunidades, fazer com que sua visão de negó-
cio ganhe vida, transformando coisas que podem ser melhoradas, ampliando 
ideias já existentes a partir de sua capacidade criativa, combinando recursos 
de novas formas.46243_contabilidade_de_micro_e_pequenas_empresas.indb 39 30/06/2016 11:30:05
Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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Ampliando seus conhecimentos
Ambiente externo e tipos de sistemas
(FONTE DO SABER, 2010)
Conceito de sistemas
É um conjunto integrado de partes íntima e dinamicamente rela-
cionadas, que desenvolve uma atividade ou função e se destina 
a atingir um só objetivo.
A organização visualiza como um sistema que é constituído 
de subsistemas.
Os elementos fundamentais de sistema são:
Entradas ou insumos (inputs) – sistema importa e recebe 
insumos do ambiente, como recursos, energia e informação.
Saídas ou resultados (outputs) – as entradas são devida-
mente processadas e transformadas em resultados e exporta-
das de novo ao ambiente na forma de produtos ou serviços.
Subsistemas – são partes do sistema que processam todas as 
atividades e constituem o sistema. Os subsistemas são ligados 
e integrados através de uma rede de comunicações.
Retroação (feedback) – é o efeito de retorno da saída sobre a 
entrada do sistema, no sentido de regulá-la dentro de parâmetros.
Limites – a separação entre o que é organização e o que é 
ambiente que a envolve externamente. As fronteiras representam 
a periferia da organização que se relaciona com ambiente externo.
Classificação de sistemas
Sistemas fechados: são sistemas de intercâmbio com 
ambiente, portanto, inteiramente programado e determinísti-
cos. Na verdade não existem sistemas totalmente fechados, 
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Riscos para as MPEs 
mas sim, sistemas herméticos a qualquer influência ambiental. 
O funcionamento é perfeitamente previsível e programado.
Sistemas abertos: são sistemas que apresentam intensas rela-
ções de intercâmbio com o ambiente. São inteiramente pro-
babilísticos e totalmente flexíveis, pois não é possível mapear 
todas as suas entradas e saídas.
Características sistêmicas
Totalidade ou globalismo: é um conjunto que prevalece sobre 
a visão analítica. A totalidade ou globalismo significa que o 
todo é diferente da soma de suas partes. Então, o sistema 
deve ser visualizado como uma entidade global, características 
peculiares no todo que são diferentes das características de 
cada uma das partes.
Abordagem teleológica: todo sistema tem um propósito. A 
visão mostra que é a função, e não a sua estrutura, que faz o 
órgão ou sistema.
Conceito de ambiente
É tudo que envolve a empresa e é tudo o que está além 
das fronteiras ou limites da organização. O ambiente é carac-
terizado por intensa competição, dificuldades econômicas, 
mudanças tecnológicas, incertezas sobre políticas governa-
mentais e outros fatores que ameaçam o seu futuro.
Ambiente geral ou macroambiente
É o meio mais amplo que envolve toda a sociedade, as noções, 
organizações, empresas, comunidades etc. Todas as organi-
zações operam em um macroambiente, que é definido pelos 
elementos mais gerais no ambiente externo que pode potencial-
mente influenciar decisões estratégicas. Os componentes são:
Ambiente cultural – representam a parte do ambiente geral 
que contém os elementos relacionados com os valores cultu-
rais que prevalecem na sociedade.
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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Ambiente legal/político – são as políticas do governo americano 
que impõem limitações estratégicas e proveem oportunidades.
Economia – o ambiente internacional é um importante con-
tribuinte para outro componente crucial do macroambiente: a 
economia. O ambiente econômico é composto de interco-
nexões complexas entre as economias de diferentes países.
O ambiente econômico afeta intensamente a habilidade 
das empresas operarem eficazmente e influencia suas 
escolhas estratégicas.
Tecnologia – é uma aplicação sistemática de conhecimento 
científico a um novo produto, processo ou serviço. À medida 
que a tecnologia avança, aparecem novos setores industriais, 
mercados e nichos competitivos.
Demografia – constitui-se de mensurações de várias características 
de pessoas que compõem grupos ou outras unidades sociais.
Ambientes social e natural – as tendências sociais implícitas no 
modo como as pessoas pensam e agem têm implicações para a 
administração da força de trabalho, as ações corporativas sociais 
e as decisões estratégicas sobre os produtos e mercados.
Ambiente específico
O ambiente específico ou microambiente se refere ao 
ambiente mais próximo e imediato de cada organização. Cada 
organização funciona em um ambiente competitivo mais pró-
ximo e imediato. O ambiente competitivo compreende orga-
nizações específicas com as quais as organizações interagem.
Concorrentes
É um dos componentes do ambiente competitivo. Os con-
correntes dentro do setor devem lidar em primeiro lugar uns 
com os outros. As organizações competem pelos mesmos 
consumidores e tentam ganhar participação de mercado.
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Riscos para as MPEs 
Agências reguladoras
Os novos entrantes em um setor competem com as empresas 
estabelecidas. Muitos fatores dificultam a entrada de novas 
empresas em um setor. Algumas principais barreiras à entrada 
são as políticas governamentais, as necessidades de capital, a 
identificação de marcas, as desvantagens de custos e os canais 
de distribuição.
Fornecedores
As organizações devem adquirir recursos de seus ambientes e 
converter esses recursos.
Uma empresa está em desvantagem se ela é demasiadamente 
dependente de fornecedores poderosos, que constroem 
custos de mudanças (custo fixos com que os compradores 
arcarão se quiserem mudar de fornecedores).
Consumidores
São os consumidores que compram os produtos ou servi-
ços que as organizações oferecem. Sem consumidores, uma 
empresa não sobrevive. Existem dois tipos de consumidores: 
o consumidor final, que é aquele que compra produtos em 
sua forma final; e o consumidor intermediário, que é aquele 
que compra matérias-primas ou produtos do atacado antes de 
vendê-los ao consumidor final.
Serviços aos consumidores é oferecer aos consumidores o 
que eles querem ou necessitam.
Dinamismo do ambiente
O ambiente funciona como um campo dinâmico de forças 
que interagem provocando mudanças e influências positivas 
nas oportunidades que surgem, amortecendo e absorvendo 
as influências negativas ou adaptando-se a elas. A organização 
identifica e aprende a comportar-se frente a uma multiplicidade 
de forças ambientais diferentes, de modo a saber aproveitar 
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Contabilidade de Micro e Pequenas Empresas
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o embalo das forças favoráveis e a evitar o impacto das for-
ças desfavoráveis para manter sua sobrevivência e seu cresci-
mento. O ambiente é uma fonte de recursos e oportunidades 
de onde a organização extrai os insumos necessários ao seu 
funcionamento e subsistência, mas é também uma fonte de 
restrição, limitações, coações, problemas, ameaças e contin-
gências para a sua sobrevivência.
Homogeneidade e heterogeneidade ambiental
Quando uma organização tem, em uma ponta, fornecedo-
res homogêneos e, na outra, clientes homogêneos e concor-
rentes homogêneos, dizemos que ela atua em um ambiente 
homogêneo. A homogeneidade ocorre quando os elemen-
tos ambientais apresentam as mesmas características e ações 
decorrentes de suas necessidades. A heterogeneidade ocorre 
quando os elementos ambientais apresentam diferentes carac-
terísticas e ações decorrentes de suas necessidades próprias, 
quando a organização tem, em uma ponta, fornecedores dife-
renciados e heterogêneos, por exemplo.
Estabilidade e instabilidade ambiental
Quando os elementos ambientais de uma organização – for-
necedores, clientes, concorrentes e agências reguladoras – são 
estáveis, conservadores, previsíveis e pouco mutáveis em suas 
ações e decisões, dizemos que

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