Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOCÊNCIA EM SAÚDE INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO 1 Copyright © Portal Educação 2013 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842i Introdução ao empreendedorismo / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2013. 118p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-415-6 1. Empreendedorismo. 2. Empreendedor. I. Portal Educação. II. Título. CDD 658.421 2 SUMÁRIO 1 O EMPREENDEDORISMO ........................................................................................................ 5 1.1 A REVOLUÇÃO DO EMPREENDEDORISMO ........................................................................... 5 1.1.1 Globalização ............................................................................................................................... 6 1.2 ANÁLISE HISTÓRICA DO SURGIMENTO DO EMPREENDEDORISMO................................. 11 1.3 VISÕES TEÓRICAS DO EMPREENDEDORISMO ................................................................... 12 1.3.1 Discussões sobre o conceito ..................................................................................................... 15 1.3.2 Elementos Significativos do conceito do Empreendedor .......................................................... 19 1.4 AS CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR ..................................................................... 23 1.4.1 Características que transformam empreendedores em vencedores ......................................... 33 1.4.2 O Espírito Empreendedor .......................................................................................................... 35 1.4.3 Conhecimentos necessários ...................................................................................................... 36 1.4.4 Características de personalidade .............................................................................................. 37 1.5 MOTIVAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO ...................................................................... 41 1.6 HABILIDADES EMPREENDEDORAS ....................................................................................... 45 1.7 MITOS SOBRE EMPREENDEDORES ..................................................................................... 46 1.8 IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO PARA A SOCIEDADE ....................................... 47 1.9 O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL ................................................................................... 50 1.10 O ENSINO DO EMPREENDEDORISMO .................................................................................. 53 2 O PROCESSO EMPREENDEDOR ........................................................................................... 56 2.1 AS ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR .................................................................... 56 3 FASE 1: IDENTIFICANDO OPORTUNIDADES ........................................................................ 61 3.1 IDEIA CERTA NO MOMENTO ERRADO .................................................................................. 63 3.2 A EXPERIÊNCIA NO RAMO COMO DIFERENCIAL ................................................................ 64 3 3.3 FONTES DE NOVAS IDEIAS .................................................................................................... 65 3.4 AVALIANDO UMA OPORTUNIDADE ...................................................................................... 68 3.4.1 Mercado ..................................................................................................................................... 68 3.4.2 Análise econômica..................................................................................................................... 69 3.4.3 Vantagens Competitivas ............................................................................................................ 70 3.4.4 Equipe Gerencial ....................................................................................................................... 71 3.4.5 Critérios pessoais ...................................................................................................................... 72 4 FASE 2: ELABORANDO O PLANO DE NEGÓCIOS ............................................................... 73 4.1 POR QUE PLANEJAR? ............................................................................................................. 73 4.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANO DE NEGÓCIOS ......................................................................... 77 4.2.1 O que é um Plano de Negócios? ............................................................................................... 80 5.2.2 Por que escrever um Plano de Negócios? ................................................................................ 83 4.2.3 A quem se destina o Plano de Negócios? ................................................................................. 84 4.2.4 Estrutura do Plano de Negócios ................................................................................................ 85 4.2.5 O Tamanho do plano de negócios e o uso de software para a sua elaboração ........................ 94 4.2.6 O Plano de Negócio como ferramenta de gerenciamento ......................................................... 96 5 FASE 3: DETERMINAR E CAPTAR OS RECURSOS NECESSÁRIOS................................... 99 5.1 ECONOMIA PESSOAL, FAMÍLIA E AMIGOS .......................................................................... 100 5.2 INVESTIDOR ............................................................................................................................ 101 5.3 FORNECEDORES, PARCEIROS ESTRATÉGICOS, CLIENTES E FUNCIONÁRIOS ............ 102 5.4 CAPITAL DE RISCO ................................................................................................................ 103 5.5 PROGRAMAS DO GOVERNO BRASILEIRO .......................................................................... 104 6 FASE 4: GERENCIAR A EMPRESA CRIADA ........................................................................ 105 6.1 INCUBADORAS DE EMPRESAS............................................................................................. 105 6.2 SEBRAE ................................................................................................................................... 107 4 6.3 ASSESSORIA CONTÁBIL E JURÍDICA ................................................................................... 108 6.4 UNIVERSIDADES E INSTITUTOS DE PESQUISA .................................................................. 109 6.5 INSTITUTO EMPREENDER ENDEAVOR ............................................................................... 109 6.6 FRANCHISING ......................................................................................................................... 110 7 RECOMENDAÇÕES AO EMPREENDEDOR .......................................................................... 111 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................116 5 1 O EMPREENDEDORISMO 1.1 A REVOLUÇÃO DO EMPREENDEDORISMO Constata-se que o mundo tem passado por diferentes transformações em pequenos períodos de tempo, principalmente durante o século XX. Geralmente, essas invenções são frutos de inovação, de algo inédito ou de uma nova visão de como utilizar coisas já existentes, mas que ninguém antes ousou olhar de outra maneira. Constata-se que por trás dessas invenções existem pessoas ou equipes de pessoas com características especiais que são visionárias, questionam, arriscam, querem algo diferente, fazem acontecer e empreendem. FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_9TAe2hq8N2Y>. Acesso em: 26 abr. 2010. 6 Considera-se, portanto, que empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar uma legado. Empreendedor - A existência de pessoas empreendedoras é o requisito básico para o surgimento de qualquer ramo de iniciativa empresarial. Todas as relações humanas surgem pela motivação de pessoas com espírito empreendedor. A criação de novas empresas, a introdução de inovações nas empresas já existentes e mesmo a dinamização de uma instituição depende da forma empreendedora das pessoas. Os estudos revelam que regiões que mais se desenvolveram são aquelas onde concentram uma maior quantidade de empreendedores. Observa-se que o papel do empreendedor sempre foi fundamental na sociedade. 1.1.1 Globalização Podem-se observar no atual cenário contemporâneo, significativas mudanças no ambiente cultural, econômico e tecnológico das organizações, criando, dessa forma, um cenário sistematizado pela palavra globalização, que reflete o crescimento exponencial do comércio internacional em associação com o aumento, também expressivo, na velocidade das inovações tecnológicas. 7 Conforme Tapscott (1999), as organizações dispõem de oportunidades sem precedentes para poder desfrutar de novos mercados. Por outro lado, os mercados estão se modificando acentuadamente, encolhendo ou ampliando, mas tornando-se extremamente competitivos. Surge então um novo ambiente competitivo global, não apenas a partir de concorrentes tradicionais, como também formados por concorrentes não tradicionais em mercados tradicionais. (MATIAS, 2009) Soma-se então a desintegração das barreiras de acesso a mercados anteriormente monopolizados, centralizados e protegidos. Isso significa que os gestores das organizações não podem mais sentirem excessivamente confiantes de que suas fatias de mercado e suas posições competitivas permaneçam asseguradas. Nesse cenário globalizado, as micro e pequenas empresas despertam o interesse como nova dimensão da competitividade global por sua flexibilidade de ação, pelo seu potencial FONTE: Disponível em: <http://economiaparapoetas.files.wordpress.com/2008/06/globalizacao_post1.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2010. 8 de complementaridade com as grandes empresas e em razão, também, da geração de empregos. Em razão das mudanças tecnológicas, da rapidez, da competição da economia, dentre outros fatores resultantes do atual movimento de globalização, tem-se a era do empreendedorismo. Atualmente, os empreendedores têm: o Eliminado barreiras comerciais e culturais; o Encurtando distâncias; o Globalizando e renovando os conceitos econômicos; o Criando novas relações de trabalhão e novos empregos; o Quebrando paradigmas; o E gerando riqueza para a sociedade. FONTE: Disponível em: <http://economiaparapoetas.files.wordpress.com/2008/06/globalizacao_post1.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2010. 9 A chamada nova economia, a era da Internet, mostrou recentemente e ainda tem mostrado que boas ideias inovadoras, know How, um bom planejamento e, principalmente uma equipe competente e motivada, constituem-se em ingredientes poderosos que, quando somados no momento adequado, acrescidos do combustível indispensável a criação de novos negócios, podem gerar negócios grandiosos em curto espaço de tempo. Toda essa percepção, conforme se observa, era até então, inconcebível há alguns anos. O contexto atual é propício para o surgimento de um número cada vez maior de empreendedores. Por essa razão, a capacitação dos candidatos a empreendedor está sendo prioridade em muitos países, inclusive no Brasil, em razão da crescente preocupação das escolhas e universidades a respeito do assunto, por meio da criação de cursos e matérias específicas de empreendedorismo, como uma alternativa de jovens profissionais que se graduam anualmente nos ensinos técnico e universitário brasileiros. A contribuição ao desenvolvimento econômico e social é dada pelos empreendedores na medida em que criam empregos, geram impostos, fortalecem a concorrência, inovam e produzem riquezas. Por isso são chamados de agentes de desenvolvimento e de mudança. FONTE: Disponível em: <http://www.empretecosmg.com.br/wp-content/uploads/2009/12/empreendedorismo.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2010. 10 Dornelas (2005) destaca que há 15 anos, seria considerado como loucura um jovem recém-formado aventurar-se na criação de um negócio próprio, pois os empregos oferecidos pelas grandes empresas nacionais e multinacionais, bem como a estabilidade que se conseguia nos empregos em repartições públicas, eram muito convidativos, como bons salários, status, e possibilidade de crescimento dentro da organização. Com o cenário contemporâneo, tem-se a necessidade de formar profissionais empreendedores. O empreendedorismo, portanto, passa finalmente a ganhar destaque na sua forma de gestão no Brasil, com o grau de importância que lhe é devido, seguindo o exemplo do que ocorreu em países desenvolvidos como os Estados Unidos, onde os empreendedores são os grandes propulsores da economia. Observa-se que em todo o mundo, o interesse pelo empreendedorismo se estende, além das ações dos governos nacionais, atraindo também a atenção de muitas organizações multinacionais. FONTE: Disponível em: <http://www.centralgest.com/Portals/0/Centralgest/JovemEmpreendedor.png>. Acesso em: 26 abr. 2010. 11 1.2 ANÁLISE HISTÓRICA DO SURGIMENTO DO EMPREENDEDORISMO Como exemplo do surgimento do empreendedorismo no mundo, cita-se o navegador Marco Polo, que procurou estabelecer uma rota comercial para o Oriente. Por volta de 1755, o empreendedor passa a ser considerado um capitalista. o Idade Média FONTE: Disponível em: <http://elementaryteacher.files.wordpress.com/2007/10/marcopolo.jpg>. Acesso em: 26 abr. 2010. 12 Na idade média, o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele que gerenciava grandes projetos de produção. Esse indivíduo não assumia grandes riscos, e apenas gerenciava os projetos, utilizando os recursos disponíveis, geralmente provenientes do governo do país. o Século XVII Os primeiros indícios de relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram nesta época, em que o empreendedor estabelecia então um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Como, em muitas situações, os preços eram prefixados, qualquer lucro ou prejuízo era exclusivo do empreendedor. o Século XVIII Nesse século, o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, dada a industrialização que ocorria em todo o mundo. o Séculos XIX e XX No final do século XIX e início do século XX, os empreendedores eram frequentemente confundidos com os gerentes ou administradores, sendo analisados meramente deum ponto de vista econômico, como aqueles que organizam as empresas, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista. 1.3 VISÕES TEÓRICAS DO EMPREENDEDORISMO 13 Pinchot (1989) explica que o conceito de empreendedorismo encontra-se na necessidade de realizar, que não é necessariamente estabelecida na infância, e pode ser desenvolvida em qualquer ponto de vida, dados o desejo e a oportunidade. Com o transcorrer das décadas, economistas associaram o empreendedorismo à inovação e procuraram esclarecer sua influência no desenvolvimento econômico, principalmente no princípio do século XX. Na interpretação moderna, o conceito envolve riscos, inovação e lucro elevado. Conforme destaca Dornelas (2001), o empreendedorismo é uma revolução silenciosa, a qual será para o século XXI, mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX. Constata-se que nos últimos anos, o ensino do empreendedorismo vem ganhando cada vez mais espaço nas diferentes áreas de estudos, dentre elas a Administração. Essa metodologia justifica-se pela necessidade de aplicarem-se novas técnicas que complementem a formação de alunos a níveis de graduação. FONTE: Disponível em: <http://economiaparapoetas.files.wordpress.com/2008/06/globalizacao_post1.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 14 Também é possível observar experiências em nível básico e médio da educação, onde são instigadas ações com esse enfoque. Desenvolver o espírito empreendedor passa a ser fator importantíssimo e essencial. Um bom exemplo da importância do empreendedor é que o número de pequenas empresas e de trabalhadores autônomos aumenta a cada ano. Desde o início dos anos 70, essa tendência, vem se afirmando. No Canadá, no final de 1998, 17% da mão de obra era composta de trabalhadores autônomos. Cerca de 50% do PIB do país é hoje gerado pelas PME (Pequenas e Médias Empresas). Com o conceito canadense que define como PME toda empresa que emprega até 100 pessoas, 98% das empresas canadenses são PME. Dessas, 75% têm menos de (05) cinco empregados e 90% delas menos de 20. Entre 1980 e 1998, houve um aumento de 20% de PME no Canadá. 75% dos empregos criados encontram-se no setor terciário. Cabe ressaltar que as empresas dirigidas por mulheres aumentaram de 10% a 30% durante os últimos 20 anos e, 90% dessas empresas empregam menos de 10 pessoas e cerca de 50% delas são de comércio varejista. O fenômeno empresarial mais marcante da última década foi, sem dúvida, o crescimento do trabalho autônomo. Entre 1976 e 1988, 35% dos empregos criados foram de trabalhadores autônomos, entre 1989 e 1998, essa taxa se elevou a 74%. De 1995 a 1997, 70% dos empregos criados no Quebec, foram de trabalhadores autônomos (sem empregados). Entre 1976 e 1996, percebem-se mais uma vez a evolução da participação das mulheres, que passou de 19,6% para 31,2% nesta categoria de emprego. (Matte, 1998). As demandas por educação e formação empreendedora não advêm somente das pessoas que desejam se lançar no mundo dos negócios por conta própria. Dizem respeito igualmente a todas as áreas das ciências humanas e administrativas. Por exemplo, é imprescindível instaurar várias mudanças estruturais, com vistas a melhorar o apoio à iniciativa empreendedora. Os organismos e os ministérios que oferecem programas de apoio são muitos, mas não podem recrutar pessoas que realmente conheçam os assuntos e tenham uma formação suficientemente sólida na matéria. 15 No Brasil uma eclosão empreendedora como poucas vezes se viu na história. Mesmo no interior do país, existem culturas empreendedoras muito diversas de uma região para a outra. O empreendedorismo não é praticado da mesma forma em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, em Recife, Ouro Preto e assim por diante. As culturas empreendedoras são regionais e locais. No entanto, vivemos no mundo, um período de grande urbanização. Não é certo que a configuração das camadas sociais no meio urbano propicie uma transmissão da cultura empreendedora de melhor qualidade. 1.3.1 Discussões sobre o conceito Consta-se que a expressão empreendedorismo foi traduzida da palavra inglesa entrepreneurship, que por sua vez, foi derivada do latim imprehendere, tendo seu correspondente empreender, surgido na língua portuguesa no século XV. Na concepção de Matias (2009), a origem do termo vem do francês, entreprender, que significa empreender, e em um primeiro conceito envolve compra e venda. Barreto (1998) esclarece que empreendedorismo como habilidade de se conceber e estabelecer algo partindo de muito pouco ou quase nada. Pode-se observar que o autor não atrela essa capacidade a uma característica de personalidade, já que considera o empreendedorismo como um comportamento ou processo voltado para a criação e desenvolvimento de um negócio que trará resultados positivos. Em outras palavras, considera-se que empreender é conseguir criar valor por meio do desenvolvimento de uma empresa. 16 Constata-se então que tal definição enquadra-se no contexto brasileiro, o qual Barreto (1998) denomina como “muito pouco ou quase nada”, significa na prática pouco capital disponível, precário nível educacional, tecnologia insuficiente, dificuldade de acesso a crédito, poucos estímulos e incompreensão das vantagens em se ter uma educação empreendedora como política de desenvolvimento econômico e social. Foi em 1800 que o economista francês Jean Batist Say, considerado o pai do empreendedorismo, utilizou o termo empreendedor. Segundo o teórico, o empreendedor transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento. Shumpeter (1959) por sua vez, definiu o empreendedor como sendo o agente do processo de destruição criativa, entendido como o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista. Constantemente criando novos produtos, novos mercados, e sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros, revolucionando assim, para sempre, a estrutura econômica, destruindo sem cessar e, continuamente, criando uma nova. FONTE: Disponível em: <http://eusouempreendedor.files.wordpress.com/2009/07/84473644.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 17 Tal impulso, então, cria novos bens de consumo, a adoção de novos métodos de produção ou transporte, o surgimento de novos mercados e as novas formas de organização que a empresa capitalista cria. Considera-se então, o empreendedor como alguém que toma a iniciativa de reunir recursos de uma maneira nova ou para reorganizar recursos de maneira a gerar uma organização relativamente independente, cujo sucesso é incerto. Drucker, o pai da administração moderna, diz que o empreendedor é aquele que cria algo novo, diferente, que muda ou transforma valores e, ainda, pratica inovação sistematicamente, buscando fontes de inovação e criando oportunidades. Outra definição importante é aquela abordada por Kaufmann (1990). Para o autor, a capacidade empreendedora está na habilidade de inovar, de se expor a riscos de maneira FONTE: Disponível em: <http://mundosebrae.files.wordpress.com/2008/11/jovem- empreendedor.jpeg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 18 inteligente, e de se justar às rápidas e contínuas mudanças do ambiente de forma rápida e eficiente. E ainda, um empreendedor seria aquela pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões, além de ser uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos, mantendo dessa forma, um nível de consciência do ambiente em que vive e utilizando- o para detectar oportunidades de negócios. Com base nessas definições apresentadas, é possívelobservar que algumas dimensões se repetem no mundo conceitual do empreendedorismo, tais como: Processo criativo; FONTE: Disponível em: <http://botaprafazer.files.wordpress.com/2009/02/8070829daf0ed57e4fdf770e51e48f29.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 19 Criação; Construção. Tomada de iniciativa. 1.3.2 Elementos Significativos do conceito do Empreendedor O conceito de empreendedor não serve apenas para pessoas que quebram paradigmas, inovam e revolucionam. Ele se aplica também a qualquer pessoa que assume riscos e procura adicionar valor a determinado negócio, mesmo que já conhecido. Conforme se constata, a maior das novas empresas não traz ideias inovadoras ou revolucionárias para o mercado, mas atende demandas comuns da sociedade. Conforme se observa, elas geralmente são criadas para atuar em mercados onde já existem outras concorrentes, e isso, devidamente considerado na fase de planejamento não diminui as suas chances de sucesso. São milhares de novas empresas dentro de ramos tradicionais, tais como: Farmácias; Restaurantes; Mercearias; Lanchonetes; Padarias, Hotéis; Serviços Contábeis; Dentre outros. 20 Torna-se importante, em termos pedagógicos, que se resgatem na literatura algumas características identificadoras do empreendedor, do administrado e dos técnicos, com o intuito de possibilitar uma maior compreensão do tema. Esses três personagens, que possuem papéis diferenciados na organização, seriam: Empreendedor: É aquele que transforma a situação mais trivial numa oportunidade excepcional; É visionário, sonhador, o fogo que alimenta o futuro; Vive no futuro, nunca no passado e raramente no presente; Nos seus negócios, é o inovador; Consiste no grande estrategista; É o criador de novos métodos para penetrar nos novos mercados. FONTE: Disponível em: <http://empreendedorismoms.files.wordpress.com/2009/05/empreendedor.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 21 O Administrador: É pragmático; Vive no passado; Almeja ordem; Cria esquemas extremamente organizados para tudo; O Técnico É o executor; Adora consertar coisas; Vive no presente; FONTE: Disponível em: <http://www.faculdadedeadministracao.com/wp- content/uploads/2009/10/administrador1.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 22 Fica satisfeito no controle do fluxo de trabalho; É individualista e determinado. Para Berber (2004), os três personagens estarão em eterno conflito, sendo que ao menor descuido, o técnico toma conta, eliminando o visionário, o sonhador, o personagem criativo que está sempre lidando com o desconhecido. FONTE: Disponível em: <http://www.wiltonjr.com/images/f273dbc3dabd_9F49/midia.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 23 1.4 AS CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR O empreendedor de sucesso possui características extras, além dos atributos do administrador, e alguns atributos pessoais, que, somados a características sociológicas e ambientais, permitem o nascimento de uma nova empresa. O potencial e as habilidades empreendedoras estão latentes em algumas pessoas que manifestam interesse em empreender, quer seja por meio da criação de uma nova empresa própria, ou mesmo empreendendo inovações e novos negócios para as empresas em que trabalham. O empreendedor deve estar motivado pela autorrealização, desejo de assumir responsabilidades e independência e novos desafios. O empreendedor considera irresistível ter esta postura pessoal, estando sempre buscando novas ideias, seguidas sempre da ação. As realizações em sua totalidade constroem a ação empreendedora para as pessoas com capacidade de agir, de tomar decisões para que seus sonhos, visões e projetos transformem-se em realidade, utilizam-se da própria capacidade de combinar recursos produtivos, capitais, matéria-prima e trabalho - para realização de obras, fabricando seus produtos e prestando serviços destinados a satisfazer necessidades de pessoas. Degen é considerado o precursor do estudo do empreendedorismo no Brasil. Segundo o teórico, são raros os traços de personalidade e comportamento que se traduzem na vontade de criar novas coisas e de concretizar, na prática, ideias próprias. Segundo o autor, as pessoas que têm vontade de realizar acabam por se destacar, na medida em que, independente da atividade que exercem, fazem com que as coisas efetivamente aconteçam. Dentre as características do empreendedor de sucesso, destacam-se: a) São visionários Eles têm a visão de como será o futuro para o seu negócio e sua vida, e o mais importante: eles têm a habilidade de implementar os seus sonhos; 24 b) Sabem tomar decisões Eles não se sentem inseguros, sabem tomar as decisões corretas na hora certa, principalmente nos momentos de adversidade, sendo isso um fator chave importantíssimo para o sucesso. Além de tomar decisões, implementam suas ações rapidamente. c) São indivíduos que fazem a diferença Transformam algo de difícil definição, uma ideia abstrata, em algo concreto, que funciona, transformando o que é possível em realidade. E mais, sabem agregar valor aos serviços e produtos que colocam no mercado; d) Sabem explorar ao máximo as oportunidades Para a maioria das pessoas, as boas ideias são daqueles que as veem primeiro, por sorte ou acaso. Para os empreendedores, as boas ideias são geradas daquilo que todos conseguem ver, mas não identificaram algo prático para transformá-las em oportunidade, por meio de dados e informação; e) São determinados e dinâmicos Eles implementam suas ações com total comprometimento. Atropelam as adversidades, ultrapassando os obstáculos, com uma vontade ímpar de “fazer acontecer”. Mantêm-se sempre dinâmicas e cultivam certo inconformismo diante da rotina; f) São dedicados Eles se dedicam 24 horas por dia, sete dias por semana, ao seu negócio. Comprometem o relacionamento com amigos, com a família, e até mesmo com a própria saúde. São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar, mesmo quando encontram problemas pela frente. São incansáveis e loucos pelo trabalho; 25 g) São otimistas e apaixonados pelo que fazem Eles adoram o trabalho que realizam. E é esse amor ao que fazem o principal combustível que os mantêm cada vez mais animados e autodeterminados, tornando-os os melhores vendedores de seus produtos e serviços, pois sabem como ninguém, como fazê-lo. O otimismo faz com que sempre enxerguem o sucesso, em vez de imaginar o fracasso. h) São independentes e constroem o próprio destino Eles querem estar à frente das mudanças e serem donos do próprio destino. Querem ser independentes, em vez de empregados; querem criar algo novo e determinar os próprios passos, abrir os próprios caminhos, ser o próprio patrão e gerar empregos; i) Ficam ricos Ficar rico não é o principal objetivo dos empreendedores. Eles acreditam que o dinheiro é consequência do sucesso nos negócios; j) São líderes e formadores de equipes Os empreendedores têm um senso de liderança incomum. São respeitados e adorados por seus funcionários, pois sabem valorizá-los, estimulá-los e recompensá-los, formando um time em torno de si. Sabem também que, para obter êxito e sucesso, dependem de uma equipe de profissionais competentes. Sabem ainda recrutar as melhores peças para assessorá-los nos campos onde não detém o melhor conhecimento; k) São bem relacionados (networking) Os empreendedores sabem construir uma rede de contatos que os auxiliam no ambiente externo da empresa, junto a clientes, fornecedores e entidades de classe; 26 l) São organizados Os empreendedores sabem obter e alocar os recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros, de forma racional,procurando o melhor desempenho para o negócio. m) Planejam continuamente Os empreendedores de sucesso planejam cada passo de seu negócio, desde o primeiro rascunho do plano de negócios, até a apresentação do plano a investidores, definição das estratégias de marketing do negócio, dentre outros, sempre tendo como base a forte visão de negócio que possuem. n) Possuem conhecimento Os empreendedores são sedentos pelo saber e aprendem continuamente, pois sabem que quanto maior o domínio sobre um ramo de negócio, maior será a chance de êxito. Esse conhecimento pode vir da experiência prática, de informações obtidas em publicações especializadas, em cursos, ou mesmo de conselhos de pessoas que montaram empreendimentos semelhantes. o) Assumem riscos calculados Talvez essa seja a característica mais conhecida dos empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor é aquele que assume riscos calculados e sabe gerenciar o risco, avaliando as reais chances de sucesso. Assumir riscos tem relação com desafios. E para o empreendedor, quanto maior o desafio, mais estimulante será a jornada empreendedora. p) Criam valor para a sociedade Os empreendedores fazem uso de seu capital intelectual para criar valor para a sociedade, com a geração de empregos, dinamizando a economia e inovando, sempre fazendo uso da sua criatividade, na busca de soluções para melhorar a vida das pessoas. 27 Dornelas (2005) acrescenta ainda que o empreendedor de sucesso leva consigo ainda uma característica singular, que é o fato de conhecer como poucos o negócio em que atua, o que leva tempo e requer experiência. Outro fator que o diferencia é o constante planejamento a partir de uma visão de futuro. Para Mathias, as principais características do empreendedor na fase inicial são: o Determinação; o Idealismo indutivo; o Entusiasmo; o Flexibilidade; o Capacidade para tomar decisões rápidas; o Ver além do seu tempo; o Enxergar oportunidades em que outros só veem problemas; o Dinamismo; o Liderança envolvente; o Carisma (coerência entre discurso e prática); o Ser mais sonhador do que racional (na fase inicial); o Automotivação; o Ter humildade de ser “office-boy” e presidente ao mesmo tempo. o Saber conviver com uma renda oscilante; o Observador e questionador; o Estar disposto a aprender permanentemente, dentre outros. 28 Tantas outras características ainda poderiam ser destacadas. Porém, sugere-se estar atento ao fato de que nem todo o empreendedor se torna empresário, pois segundo o entendimento dos estudiosos do assunto, o empreendedor é aquele que constrói, já o empresário, é aquele que perpetua a obra. Para Mathias, destacam-se as seguintes características: Busca de oportunidades e iniciativa: Faz as coisas antes de solicitado ou mesmo antes de ser forçado pela circunstância; Agem para melhorar seus negócios em novas áreas, produtos e/ou serviços; FONTE: Disponível em: <http://empsys.files.wordpress.com/2009/04/empreendedor-2.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 29 Aproveita as oportunidades fora do comum para começar um negócio, obtêm financiamentos, equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência. Persistência: Age diante de um obstáculo; Age repetidamente ou muda de estratégia a fim de enfrentar um desafio ou superar os obstáculos; Assume responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário para atingir metas e objetivos. Comprometimento: Faz sacrifícios pessoais ou despende esforços extraordinários para completar uma tarefa; Colabora com seus empregados ou se coloca no lugar deles, se for necessário, para terminar o trabalho; Realiza esforços para manter os clientes satisfeitos e coloca em primeiro lugar a vontade do mesmo, em longo prazo, acima do lucro em curto prazo. Exigência de qualidade e eficiência: Encontra formas de realizar as coisas melhor, mais rápidas ou mais barato; Realiza os produtos/serviços além dos padrões de excelência; Desenvolve os procedimentos para assegurar que os trabalhos sejam terminados em tempo ou atendam os padrões de qualidade previamente combinados. 30 Correr riscos calculados: Calcula os riscos atentamente, avaliando várias alternativas; Trabalha para reduzir os riscos ou controla os resultados; Coloca-se em situações que implicam desafios ou riscos moderados. Buscando desafios e/ou riscos moderados. Estabelecimento de metas: Estabelece metas e objetivos que são desafiantes e que tem significado pessoal; Definem metas de longo prazo, claras e específicas; Busca objetivos de curto prazo, e que são mensuráveis. Busca informações: Dedica-se pessoalmente em obter as informações de clientes, fornecedores e concorrentes; Busca alternativas de como fabricar um produto ou fornecer um serviço; Consulta especialista para obter assessoria técnica ou comercial. Planejamento e monitoramento sistemáticos: Planeja dividindo as tarefas por grandeza e com os prazos definidos; Rever os planos constantemente, levando em conta os resultados obtidos e as mudanças circunstanciais; 31 Controla os registros financeiros e utiliza os mesmos para tomar decisões. Persuasão e rede de contatos: Faz uso da estratégia deliberadamente para influenciar ou persuadir os outros; Usa pessoas-chave como agentes para atingir seus objetivos; Desenvolve e mantém relações comerciais. Independência e autoconfiança: Busca autonomia em relação às normas e os controles; Defende seu ponto de vista, mesmo que esteja diante da oposição ou dos resultados iniciais desanimadores; Age com confiança na sua capacidade de complementar uma tarefa o de enfrentar um desafio novo. 32 Assim, o empreendedor é motivado pela autoconfiança, com desejo de assumir as responsabilidades e a independência, buscando não somente a satisfação econômica. Considera irresistíveis os novos empreendimentos e está sempre buscando novas ideias, que serão seguidas pela ação. O empreendedor fica o tempo todo se autoavaliando, se autocriticando e controlando seu comportamento em busca do autodesenvolvimento. Para se tornar um empreendedor de sucesso, o indivíduo precisa reunir imaginação, determinação, habilidade de organizar, de liderar pessoas e de conhecer tecnicamente as etapas e os processos do seu empreendimento. Dificilmente encontraremos um empreendedor com todas as características, elas representam apenas um referencial que possibilita uma autoavaliação, a partir daí você terá condições de definir seus pontos fortes e fracos e optar por um programa de aperfeiçoamento pessoal, visando desenvolver aspectos da sua personalidade necessários ao bom desempenho. Criatividade, seriedade, disciplina e paixão pelo que faz, leva o possuidor dessas quatro características a ser um empreendedor. As duas iniciais Seriedade e Disciplina são necessárias em todas as ações de nossa vida, e torna o empreendimento forte, seguro, capaz de resistir às dificuldades impostas pelo ambiente externo, como no caso de uma crise financeira. A criatividade, juntamente com o espírito empreendedor, deixa a empresa em condições reais de enfrentar muitas adversidades, bem como ajuda na busca pela melhoria constante do seu produto e/ou serviço, atento as necessidades dos consumidores. Com a paixão o empreendimento será diferenciado. Trabalhar em algo que proporciona prazer e retorno financeiro é um privilégio sem dúvida. Deixar a empresa com um toque pessoal, a organização, uma pintura diferente, um quadro, um cartaz, será o diferencial, proporcionando muito mais orgulho. Existem, contudo, várias outras características muito comuns à pessoa com espírito empreendedor. As características comportamentaisno perfil da personalidade do empreendedor são os aspectos criativos, intuitivos e sem modelagem social. E a sua base deve estar apoiada na necessidade de realização. 33 1.4.1 Características que transformam empreendedores em vencedores Algumas características são fundamentais para que os empreendedores se transformem em vencedores. Algumas delas são citadas a seguir: Autoconfiança: a pessoa acredita em si mesma, julga-se capaz de realizar projetos; Automotivação: a pessoa se sente motivada com ideias, desafios e novos projetos. Possui energia para continuar lutando pelos projetos que já iniciou; Liderança: capacidade que o indivíduo tem de influenciar um grupo para a concretização de um objetivo. O líder deve ter, acima de tudo, confiança, equilíbrio, boa comunicação e delegação; Energia: capacidade de iniciar projetos, estar sempre disposto para a realização de objetivos; Persistência: consiste na capacidade da perseverança. Persistência é muito importante, para que o empreendedor esteja sempre disposto a enfrentar qualquer dificuldade nos negócios; Iniciativa: um bom empreendedor não espera ajuda de outras pessoas na resolução de problemas. Possui poder de decisão e ação independentemente dos fatos; Visão de oportunidade: consiste na capacidade de enxergar oportunidade em determinado momento; Criatividade e inovação: capacidade de pensar diferente e pôr em prática o que foi pensado; Disposição e agilidade na ação: rapidez na decisão e resposta imediata a novos fatos; Gerência de riscos e aventura: poder de transformar um problema em conveniência, saber medir o custo/beneficio de cada ação em todos os momentos; Capacidade de execução: consiste na habilidade para alcançar um propósito, poder de decisão e ação independentemente dos fatos; Organização: aptidão para se trabalhar de forma coordenada; 34 Comprometimento: ato de assumir as responsabilidades e riscos até o fim de cada tarefa, ter como prioridade a finalização de um objetivo. FONTE: Disponível em: <http://50minutos.files.wordpress.com/2009/05/01.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. Também segundo Matias (2009), - Um empreendedor é motivado pela autorrealização; - O empreendedor assume responsabilidades e independência, buscando não somente a satisfação econômica, considerando irresistíveis os novos empreendimentos; e - está sempre propondo novas ideias, que serão seguidas pelas ações. Ser empreendedor na concepção da psicologia é ter alta necessidade de realização, além das características comportamentais, e não implica necessariamente em atuações empresarial. O empreendedor deve realizar tarefas com metas e objetivos bem-definidos, resolver problemas com decisão e iniciativa, e enfrentar desafios, enfim deve saber desafiar padrões e ir além do pensamento comum que caracteriza a maioria das pessoas. 35 1.4.2 O Espírito Empreendedor Constata-se que cada vez mais, o mundo econômico enfatiza com maior importância as pessoas com espírito empreendedor, pois são elas que proporcionam com que os fatos ocorram. A garra, a perseverança, o entusiasmo de um empreendimento são de suma importância no desenvolvimento socioeconômico de um determinado país, como o Brasil. O mesmo se aplica ao executivo de uma empresa que decidir tornar-se um intraempreendedor. O empreendedor nato é aquele que possui uma aguçada sensibilidade econômica para identificar oportunidades de mercado, buscando tanto atender o consumidor em seus desejos de novos produtos e/ou serviços, quanto satisfazer as suas necessidades de realização profissional. Ressalta-se também que um bom negócio é aquele que satisfaz os desejos do consumidor e do empreendedor completamente. Somente homens de iniciativa e garra terão a capacidade de produzir em quantidade e qualidade, bens e serviços necessários ao bem-estar do ser humano. A imaginação e a criatividade poderão torná-lo um empreendedor, desde que a sua vontade de realizar sonhos e pôr em prática ideias novas seja mais forte que as dificuldades encontradas no caminho. Conclui-se, portanto, que o empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, desde uma ideia intangível, transformando-a em um produto tangível. 36 1.4.3 Conhecimentos necessários Estudiosos da área destacam alguns conhecimentos que seriam necessários para os empreendedores. Desses, destacam-se os seguintes: o Assessoria e consultoria O empreendedor deve avaliar o grau de informação necessária para constituir o novo negócio. Deve contar com especialistas para orientá-lo em planejamento estratégico. Entrevistas com homens de negócio do ramo também poderão auxiliá-lo. FONTE: Disponível em: <http://flammarion.files.wordpress.com/2009/05/micro-empreendedor-individual- mei1.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 37 o Mercado x Produto É de vital importância estudar as oportunidades de mercado e identificar o nicho que existe para entrar no mercado. o Investimento financeiro Calcular a rentabilidade do negócio e verificar quais são as disponibilidades para investimento em ativos fixos e capital de giro na implantação da empresa. o Administração, comercialização e Organização O conhecimento de administração e organização de empresas é vital. Questionar também os aspectos societários de criação da empresa e de administração estratégica permitirá definir melhor as políticas a serem adotadas no novo negócio. 1.4.4 Características de personalidade 38 As características de personalidade também se configuram como aspectos diferenciadores entre os empreendedores. A seguir, destacam-se algumas delas: 1. Comportamento A finalidade desta autoanálise é identificar suas atitudes comportamentais em relação à sociedade que o cerca, pois o seu novo negócio dependerá sem dúvida alguma, daquilo que a sociedade puder contribuir para o seu novo empreendimento. O seu quoficiente de sociabilidade é um grande instrumento para alcançar seus objetivos. 2. Liderança Torna-se importante verificar a capacidade de liderança do empreendedor, uma vez que, certamente, o mesmo trabalhará com várias pessoas, de sexo, idade e preparo diferenciado. No perfil do empreendedor as qualidades de liderança são fundamentais para a criação de uma empresa. 3. Iniciativa Fazer acontecer é uma atividade que requer talento e esforço na busca de objetivos e metas a cumprir. 4. Tônus Vital O empresário necessita comunicar ao seu público interno e externo que ele dispõe da força necessária e suficiente para levar a efeito as metas que se propôs a alcançar. 5. Comando A falta de agilidade e força nas decisões, bem como a falta de comando, são os dois pecados mortais costumeiramente cometidos contra pessoas que dependem de sua decisão para tomar outras iniciativas. 39 6. Segurança A segurança deverá ser baseada na racionalidade e profundidade de conhecimento do negócio. 7. Responsabilidade Assumir responsabilidades pelo conjunto de decisões tomadas é da essência do caráter do empreendedor. Manter a palavra e garantir o que falou é condição para que se estabeleça um clima de confiança tanto interna quanto externa. 8. Organização Deve organizar-se de forma efetiva para atingir o seu objetivo e a empresa responderá aos anseios de satisfação do consumidor. 9. Transparência As atividades do empreendedor terão que demonstrar clareza, limpidez e ordenamento lógico para a sua adequada consecução, caso contrário, cria-se um clima de insatisfação, além de trazer dúvidas sobre os métodos e procedimentos adotados. 10. Perseverança Essa qualidade levará o empreendedor a atingir os seus objetivos, haja vista que a insistência consiste em fator determinante para a ascensãodo negócio. 11. Risco Não se corre risco à toa, mas se montam cenários por meio de exercícios, aplicando modelos e projeções de toda ordem. O risco deve ser calculado. 40 12. Emoções O equilíbrio só existirá se houver supremacia da razão sobre a emoção. 13. Ambição Essa característica é essencial para impulsionar o homem ao sucesso empresarial. FONTE: Disponível em: <http://www.pathfinderbandwidth.com/images/Business%20woman%20on%20floor%20111005.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 41 Matias (2009) complementa: Objetivo definido – Os objetivos funcionam como um motor que impulsiona a empresa e as pessoas que nela trabalham, sem os objetivos definidos, dificilmente nos moverá na direção certa; Visão global – Enxergar as oportunidades que pessoas normais não enxergam, é ficarem atentos as mudanças do mundo dos negócios; Velocidade – O aspecto velocidade poderá ser determinante para o êxito da atividade não se deixa para amanhã o que poderá ser feito agora, esse é o lema do empreendedor. Porque amanhã ele estará envolvido com outro projeto planejado; Iniciativa – Ter iniciativa para solucionar os problemas e falhas antes deles acontecerem; Planejamento – O planejamento é fundamental para o empreendedor, pois por meio dele é possível ficar atento aos riscos, e sabe da viabilidade ou não da sua ideia; Persistência – Os empreendedores não desistem facilmente, sempre procuram uma forma de continuar apesar das eventuais dificuldades, pois nem sempre as coisas vão andar as mil maravilhas, mas o importante é persistir em busca de nossos sonhos e não desistir nunca; Ousadia – É a busca de fazer coisas diferentes, que ninguém ainda fez, é quebrar padrões, o importante é quebrar regras de trabalho em busca de maior produtividade; Persuasão – É saber mostrar que todos podem ganhar com sua ideia, é saber vender a ideia aos outros; Competência – Ter competência é bastante importante para colocar as ideias em prática, pois é necessário disciplina, preocupação, perfeição e cuidados com detalhes para que tudo possa correr da melhor maneira possível; Autoconfiança – O empreendedor tem que acreditar nos seus objetivos, no seu sonho, o empreendedor tem a consciência de que seu sucesso depende da sua confiança. 1.5 MOTIVAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO 42 São diferentes os motivos que levam os sujeitos a empreender. Dentre as principais, destacam-se a necessidade, assim como, da falta de oportunidades no mercado de trabalho. Em pesquisa realizada pelo SEBRAE (2008), constata-se que 55,4% dos empreendedores têm dificuldade de encontrar trabalho, tornando-a motivação de atividades empreendedora por necessidade. Avaliando as taxas de empresas nascentes (com até três meses) e novas empresas (até 42 meses), a pesquisa realizada no Brasil mostrou também que o número de novos negócios está acima da média dos outros países. As promessas governamentais são de reformas de impacto nas áreas sociais e econômicas, visto que na área política isso já está ocorrendo. Dentre essas promessas, o governo se destaca no entendimento da necessidade de criação de novos postos de trabalho, sob a ótica de que o Brasil vai crescer na sua economia de base. Ou seja, essa força motriz fundamenta-se então na abertura de novas, micro e pequenas empresas, que terão sua criação incentivada. FONTE: Disponível em: <http://empreendermanaus.files.wordpress.com/2009/10/empreendedor_4.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 43 Infelizmente, percebe-se que se trata de medidas sem planejamento em longo prazo, a exemplo da distribuição de certas básicas para acabar com a fome, sem perspectivas de oportunizar o tão significante trabalho como forma de obternção de resultados definitivos aos homens que as recebem. E é nesse contexto que surge a necessidade de se pensar profundamente no processo de implantação de uma cultura empreendedora no Brasil. Embora a ideia de desenvolvimento do empreendedorismo não seja nova, as pretensões de instituições como o SEBRAE acabam por atuar em uma faixa econômica e social de pessoas cuja capacidade de aprendizagem empresarial fica prejudicada pelo fato de que não se trata de um processo de formação em longo prazo. As pessoas procuram as instituições com o objetivo de construir seus negócios e obter apoio e material necessário, para descobrirem que não é tão simples assim. Isso não tira o mérito dessas ações, que oferecem desde curso até o acompanhamento na busca de capital para investimentos. Mesmo assim, evidencia-se que a população se encontra diante de uma realidade que reflete a falta da cultura empreendedora de base. Aquela que deveria começar logo nos primeiros anos da escola, mas, principalmente no caso do Brasil, tem a obrigação disseminada somente nas Faculdades. Dados demonstram que, o Brasil atualmente se destaca como sendo um dos países que mais apoiam o empreendedorismo, ainda que exista um alto índice de falência, com 70% das empresas não completando um ano de vida. Esse quadro se justifica em razão da falta de capacitação profissional dos empreendedores. Compreende-se que a educação é fundamental para o desenvolvimento de empreendedores. Sem esta política, a geração de empregos não ocorrerá, pois estará ligada diretamente à adoção de políticas publicas que acreditam nisso. Além de o governo incentivar o empreendedorismo para a geração de empregos, é urgente o estabelecimento de políticas mais amplas e com aplicações mais definitivas na área de ensino, com o objetivo de arraigar esta cultura nos jovens. O Brasil conta com uma população altamente criativa e capaz de se flexibilizar diante das agruras do mercado. Essa base deve ser instigada, a cada vez mais, agir numa base sólida de conhecimento empreendedor. 44 São muitos os motivos pelos quais as pessoas decidem montar sua própria empresa, podemos citar algumas depois dos caminhos colocados no primeiro módulo desta obra, são os seguintes: Sensação de liberdade; Provar que é capaz; Certeza do sucesso; Disposição para desenvolver ideias; Vontade de ter seu próprio patrão; Desejo de ganhar mais dinheiro; Para aplicar os recursos disponíveis, e Por estar desempregado. Abrir sua própria empresa é um desafio, é um risco que o empreendedor deve assumir dificuldades nos aspectos emocionais quanto à necessidade de aceitação, afeto, reconhecimento e dificuldades em assumir erros, podem levar a um sentimento de insegurança com relação às decisões a serem tomadas. Para tanto, existe necessidade de um ato de vontade direcionada à solução dessas dificuldades. É preciso enfrentá-las até que se alcance o equilíbrio, harmonia e persistência para começar novamente quando errar ou fracassar. Criar um negócio, mantê-lo e expandi-lo, só se conseguem ao longo do tempo. Os aspectos da personalidade do empreendedor são capazes de influenciar o sucesso da empresa. É preciso que ele conheça suas características psicológicas no sentido de desenvolvê-las na direção do perfil do empreendedor bem-sucedido. Dentro do mercado globalizado em que hoje vivemos, o empreendedor deve estar atento ao fato que a globalização da economia e a abertura dos mercados a concorrência, ampliando desafios e perspectivas para novos empreendimentos, bem como o crescimento dos sistemas de parceria como franquia, terceirização e formação de polos empresariais têm contribuído para criação de novos negócios. Além disso, novas tecnologias avançadas, sobretudo de informática, comunicação e produção afetam cada vez mais as empresas e suas operações. O empreendedor de hoje também precisa ser ético nos negócios, se preocupar com a 45 qualidade, buscar e dominar informações, entender o que deseja o cliente e preservar o meio ambientee as ações sociais na comunidade circunvizinha da empresa. 1.6 HABILIDADES EMPREENDEDORAS Dentre as condições ou habilidades necessárias para se caracterizar um bom empreendedor algumas são pessoais, inatas e outras podem ser adquiridas, ou melhor, aprimoradas. A seguir são descritas algumas das características e habilidades desejáveis a um empreendedor. o Visão e Sonho Tudo o que a humanidade construiu no planeta teve uma primeira fase, de sonho ou de ambição na mente de alguém. O dicionário Aurélio conceitua o sonho como uma “consequência de pensamentos, ideias vagas, mais ou menos agradáveis, mais ou menos incoerentes, as quais o espírito se encontra em estado de vigília, geralmente para fugir a realidade, devaneio e fantasia. o Imaginação forte O combustível da criatividade consiste no sonho, na imaginação; o Criatividade A criatividade está fazendo a diferença no mundo do trabalho atual. Existem diferentes pessoas trabalhadoras, competentes, leais e dedicadas. Conhecer o rumo de atividade Por meio da experiência própria ou por intermédio de revistas, informativos, livros, pesquisas em universitários, com outros empreendedores, etc., para aproveitar e identificar oportunidades, sempre pesquisando nas melhores fontes, promovendo sua curiosidade por novos caminhos que levam ao progresso da empresa. 46 Liderança Administrar é planejar, executar e controlar. Você precisará, muito mais do que ser um chefe, ser um líder, legitimando suas ordens e decisões para que o grupo trabalhe seguindo sempre os objetivos gerais da organização. Você vai precisar dar ordens, mas sempre que o empregado compreender de forma transparente porque aquela decisão foi tomada, não ocorrerá nenhuma situação mais traumática, a ordem vai sair como algo natural e necessário. O líder é um facilitador do trabalho do grupo e deverá também promover a união do mesmo. Organização O espaço físico da empresa, os documentos, as pessoas, as máquinas, enfim, tudo aquilo que está interagindo para um objetivo final, seja um produto ou serviço, precisa estar bem ordenado, limpo, transmitir uma boa impressão ao cliente ou ao fornecedor. Todos os recursos da empresa precisam estar muito bem ordenados para aperfeiçoar o processo que leva ao produto final ou à prestação do serviço. FONTE: Disponível em: <http://flammarion.files.wordpress.com/2009/06/empreendedor-individual-ei-micro.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 1.7 MITOS SOBRE EMPREENDEDORES 47 Julga-se apropriado se destacar alguns mitos sobre empreendedores. Dentre os diferentes encontrados, destacam-se três, que merecem especial atenção. o Mito 1: Empreendedores são natos, nascem para o sucesso. o Realidade: Enquanto a maioria dos empreendedores nasce com certo nível de inteligência, empreendedores de sucesso acumulam habilidades relevantes, experiências e contatos com o passar dos anos; A capacidade de ter visão e perseguir oportunidades aprimorar-se com o tempo. o Mito 2: Empreendedores são “jogadores” que assumem riscos altíssimos o Realidade Tomam riscos calculados; Evitam riscos desnecessários; Compartilham o risco com os outros; Dividem o risco em partes menores. o Mito 3: Os empreendedores são “lobos solitários” e não conseguem trabalhar em equipe. o Realidade: São ótimos líderes; Criam times/equipes; Desenvolvem excelente relacionamento no trabalho com colegas, parceiros, clientes, fornecedores e muitos outros. 1.8 IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO PARA A SOCIEDADE 48 O empreendedorismo destaca-se por seu papel na sociedade para os ganhos individuais, gerados por oportunidades que contribuem para facilitar a expansão econômica, pois inexiste aumento de atividade empreendedora sem que haja crescimento elevado da economia. Tais motivos levaram muitos estudiosos a pesquisar o impacto do empreendedorismo e do indivíduo empreendedor, em direção a identificação do seu perfil, como elemento central no sucesso ou fracasso de determinado negócio. A associação da mortalidade de empreendimentos ao perfil do empreendedor mostra- se como fonte de dados e informações decisivas sobre os fatores de não sobrevivência, que podem beneficiar os programas de promoção de atividade empreendedora, diminuir a execução de projetos inconsistentes e, consequentemente, evitar os desperdícios ou desgaste de recursos sociais, econômicos, e, principalmente, do indivíduo. Halloran (1994) explica que os empreendedores obtêm realização por meio de suas criações e seus legados e, dessa forma, o ponto de partida para encontrar um negócio compatível está na realização de autoanálise com a exigência de que se olhe para o passado, ao se tomar decisões relativas ao futuro, objetivando encontrar o ambiente ideal para sentirem-se realizados. Drucker (1987) considera que os empreendedores sempre inovam e a inovação constitui-se em instrumento específico do espírito empreendedor, sendo que o ato que contempla os recursos com a nova capacidade de criar riquezas. Outras causas para se estudar o empreendedorismo seriam: O ser humano: o que compreende três aspectos, a realização pessoal, a criatividade e a emoção; O papel da pequena empresa: Marketing de Nicho; As pequenas empresas são geradoras de emprego; Regra da falência: 99% são de pequenas empresas; O engano da ratoeira: não basta ter o melhor produto do mercado, é preciso conhecer bem o cliente; O conhecimento puramente tecnológico contribui apenas com 5% da solução global. Os outros 95% dizem respeito ao empresariamento; 49 Empreendedores confundem sucesso com oportunidade; Velocidade das mudanças; - Automóvel – 55 anos; - Telefone – 35 anos - Internet – 05 anos Nos últimos 30 anos a taxa de mortalidade das empresas vem subindo. À medida que a velocidade de mudança aumenta, o gerenciamento de grandes corporações fica mais complicado; A sociedade global da informação; Ensino tradicional nas universidades brasileiras: - orientação para o emprego; - Cultura (valores, comportamentos); - Baixa percepção da importância da pequena e média empresa para o desenvolvimento econômico; - Distanciamento dos sistemas de suporte; - Cultura da grande empresa de ensino; O empreendedorismo é uma Revolução Silenciosa que será para o século XXI bem mais do que foi a Revolução Industrial para o Século XX. FONTE: Disponível em: <http://prosainterativa.files.wordpress.com/2009/07/empreendedor- thumb.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 50 A diferença entre os conceitos de empresários e empreendedor é muito tênue, já que, todo empresário é empreendedor. Empresário é aquele que possui ou é sócio de alguma empresa, enquanto que o empreendedor é aquele que cria sua própria alternativa e desenvolve a ideia de um negócio com o propósito firme de implementá-la Constata-se que as sociedades modernas, os empresários são admirados e alguns cultuados por sua forma de liderar. EXERCÍCIO 7 Sobre as demais causas para se estudar o empreendedorismo, assinale a alternativa errada: ( ) O papel da pequena empresa: Marketing de Nicho; (X) Às pequenas empresas não são geradoras de emprego; ( ) Regra da falência: 99% são de pequenas empresas; ( ) Nos últimos 30 anos a taxa de mortalidade das empresas vem subindo. ( ) O conhecimento puramente tecnológico contribui apenas com 5% da solução global. 1.9 O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL Historicamente, é possível observar que o movimento de empreendedorismo no Brasil começou a tomar forma na década de 1990, quando entidades como o SEBRAE e SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas. 51 Outras ações também contribuíram para a prática do empreendedorismo no Brasil, e seriam: Os programasSOFTEX e GENESIS (Geração de novas Empresas de Software, Informação e Serviços) que apoiavam atividades de empreendedorismo em software; O Programa Brasil Empreendedor, do Governo Federal, dirigindo à capacitação de mais de seis milhões de empreendedores em todo o país; Os programas EMPRETEC e Jovem Empreendedor do SEBRAE, dentre outros. Porém, apesar do crescimento acentuado do movimento empreendedor, desde então, o índice de mortalidade destas empresas, segundo o SEBRAE, é expressivamente significativo, sendo que o percentual de falência para as empresas criadas no ano de 2000 foi de aproximadamente 60%, decorrido um período de três anos. Constata-se que o número de brasileiros que abrem o próprio negócio é cada vez maior. Conforme a pesquisa do Global Entrepeneurship Monitor – GEM, coordenada pela London Business School da Inglaterra e pelo Babson College dos Estados Unidos, dentre uma lista de 34 países, o Brasil está entre os sete que mais empreendem em criação de novas empresas. Outros dados também são interessantes, segundo a mesma pesquisa. Aproximadamente 17 milhões de empresas do país, 99% caracterizam-se como micro ou pequenas empresas que empregam 35 millhões de pessoas com carteira assinada (GEM 2005). Tal característica empreendedora é também confirmada por pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2006), que constata que anualmente, no Brasil, são constituídas em torno de 470 mil novas empresas. A falta de emprego consiste no principal motivo que leva os brasileiros a se tornarem empreendedores, segundo pesquisas realizadas sobre essa temática. No empreendedorismo, por necessidade, houve uma pequena variação segundo pesquisa realizada em 2006. Embora o Brasil destaca-se como um país que apoia o empreendedorismo, ainda existe uma alta taxa de mortalidade de novas empresas, geralmente com menos de um ano. Na 52 grande maioria dos casos, constata-se que, o principal motivo se deve a falta de preparo dos empreendedores. Procura-se trabalhar na contemporaneidade na busca da socialização da prática empreendedora. Embora alguns jovens ainda sonhem em entrar na universidade para adquirir um emprego seguro, tantos outros se tornam agentes do próprio negócio. Porém, muitos ainda não estão preparados para inserir profissionalmente de forma autônoma e empreendedora. É possível observar que o atual sistema educacional ainda contamina os estudantes com a síndrome do empregado. Isso se dá em função dos valores da sociedade contemporânea, mesmo percebendo que esse elemento está desaparecendo nas relações produtivas. Embora exista uma grande dificuldade para a mudança de mentalidade e concepção sobre o tema, o movimento para o ensino do empreendedorismo, iniciado há alguns anos, tem sido um passo no caminho da criação de uma cultura empreendedora que dará suporte ao processo de desenvolvimento econômico. 53 1.10 O ENSINO DO EMPREENDEDORISMO Constata-se que a maioria dos empreendedores se tornou empreendedor devido a influência do seu círculo de relações. Os empreendedores, portanto, acabam adquirindo uma cultura empreendedora pela prática, influenciados pela família e pelos amigos. O empreendedor é qualquer que identifica oportunidades de negócios, nichos de mercado e sabe se organizar para progredir. Dessa forma, a essência do trabalho do empreendedor consiste em definir contextos, e que exige uma análise de imaginação. No ensino do empreendedorismo, atualmente, torna-se importante que a abordagem leve o acadêmico a definir a estrutura contextos e compreender várias etapas de sua evolução. Existe, portanto, a necessidade de se aplicar o empreendedorismo ao ensino e as etapas do aprendizado, que é o que todos desejam e estão a procura – inovação – grande desafio que se apresenta para os próximos anos. 54 Sendo a cultura brasileira a do empreendedorismo, o ensino do comportamento empreendedor tem grandes possibilidades de se firmar com prática nas escolas. Ele só carece de estímulo. De acordo com Dolabela (1999) o método do ensino do empreendedorismo tem como essência o sonhar e o buscar a realização do sonho. Nesse sentido, propõe-se ao acadêmico o desenvolvimento de um projeto a partir de uma proposta acadêmica, com a possibilidade de que o aluno crie seu próprio projeto, usufruindo da força didática dessa ação. Trata-se, portanto, da aplicação do método de ensino reflexivo, no qual o contexto aproxima-se do mundo prático, ou seja, os estudantes aprendem fazendo. Para Dolabela (1999), o ensino empreendedor está embasado em: Desenvolvimento de condições intrínsecas ao ser (autoestima, autoconhecimento, autonomia, protagonismo, sistema de valores, diferenciação, criatividade, inconformismo, energia, capacidade de análise, capacidade de lidar com o risco). Desenvolvimento de habilidades e competências para entender e lidar com fenômenos exógenos e ambientais, tais como: a) Conhecimento do ambiente em que o sonho se insere; b) Conhecimento de tecer uma rede de relações primárias, secundárias e terciárias (para dar suporte a realização do sonho); c) Identificação de oportunidades; d) Capacidade de reorganizar, de forma diferente (nova), as entidades, valores, símbolos e objetivos que compõem o sonho, para dar suporte à proposição de uma resposta (realização do sonho), o que pode ser entendido como criatividade. Observa-se que a dinâmica da estratégia está apoiada na ação de realização do sonho, pois essa é que dispara o processo de autoaprendizado, possibilitando a autoconsciência e a consciência do outro e do mundo. 55 Por meio desse processo é possível a construção de um novo sistema de crenças e valores que irão proporcionar a criação de rede de relações, o conhecimento do setor, a liderança, a energia, e, também, um conjunto de habilidades, competências e conhecimento que colaborarão para a atividade empreendedora e para o desenvolvimento econômico. E mais, a prática pedagógica empreendedora, somada a característica natural empreendedora do brasileiro, ao incremento do microcrédito e ampliação do capital de risco como fonte de financiamento a atividade produtiva, poderá ser capaz de contribuir decisivamente, dando a liberdade para o país poder crescer. Para Dolabela (1999), o futuro do país está no investimento e na cultura empreendedora. A mudança do contexto econômico e social depende diretamente da capacidade que o país tem de alavancar sua economia de base. FONTE: Disponível em: <http://economiaparapoetas.files.wordpress.com/2008/06/globalizacao_post1.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 56 2 O PROCESSO EMPREENDEDOR Neste módulo, apresenta-se o processo Empreendedor. O mesmo está dividido em quatro etapas fundamentais, que compreendem: Identificando Oportunidades; Elaborando o Plano de Negócios; a captação de recursos necessários; e o gerenciamento da empresa. Cada uma das etapas é discutida e exemplificada como forma de aproximar o aluno do processo empreendedor. Por fim, apresentam-se as recomendações ao empreendedor, resgatando todos os conteúdos abordados durante o curso. 2.1 AS ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR Observa-se que a decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso. Para Dornelas (2005), essa decisão ocorre devido a fatores externos, ambientais e sociais, a aptidões pessoais ou a um somatório de todos esses fatores, que são críticos para o surgimento e o crescimento de uma nova empresa. Para Dornelas (2005), o processo empreendedor tem início quando um evento gerador desses fatores possibilita o início de um novo negócio. Compreende-se que o talento empreendedor resulta da: Percepção, Direção, Dedicação Muito trabalho. Onde existe o talento empreendedor,há a oportunidade de crescer, diversificar e desenvolver novos negócios. Porém, talento sem ideias consiste em uma semente sem água. 57 Quando o talento é somado à tecnologia e as pessoas têm boas ideias viáveis, o processo empreendedor está na iminência de ocorrer. Por fim, existe a necessidade de se ter um combustível essencial para que finalmente o negócio saia do papel: o capital. O empreendedor de sucesso deve conseguir convergir Know-how, ou seja, conhecimento e a habilidade de reunir talento, tecnologia e o capital que fazem a empresa se desenvolver da maneira planejada e apropriada. Dornelas (2005) apresenta as fases do processo empreendedor, que consistiria em: Identificar e avaliar a oportunidade; Desenvolver o plano de negócios; Determinar e captar os recursos necessários; Gerenciar a empresa criada. Embora tais fases sejam apresentadas de forma sequencial, nada exige que uma delas tenha de ser concluída para que se operacionalize outra. FONTE: Disponível em: <http://www.bicodocorvo.com.br/wp- content/uploads/2009/04/empreendedor.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 58 A seguir, aprimoram-se cada uma dessas fases: Identificar e avaliar a oportunidade; - criação e abrangência da oportunidade; - valores percebidos e reais da oportunidade; - riscos e retornos da oportunidade; - oportunidade versus habilidades e metas pessoais; - situação dos competidores. Essa seria a fase mais difícil. O conhecimento, a percepção, o feeling, do empreendedor, tornam-se fundamentos essenciais desse processo. Enquanto que muitos dizem que isso ocorre por sorte, tantos outros afirmam que sorte é o encontro da competência com a oportunidade. Desenvolver o plano de negócios; - Sumário Executivo; - O conceito do negócio; - Equipe de Gestão; - Mercado e Competidores; - Marketing e Vendas; - Estrutura e Operação; - Análise estratégica; - Plano Financeiro; - Anexos 59 Essa talvez a fase que mais exija trabalho para os empreendedores de primeira viagem. Ela envolve conceitos que devem ser entendidos e expressos de forma escrita, em poucas páginas, dando forma a um documento que sintetiza toda a essência da empresa, sua estratégia de negócio, seu mercado e competidores, como vai gerar receitas, dentre outros. Determinar e captar os recursos necessários; - Recursos pessoais; - Recursos de Amigos e parentes; - Capitais de Risco; - Bancos; - Governo; - Incubadoras. Determinar os recursos necessários é consequência do que foi feito e planejado no plano de negócios. Já a captação de recursos pode ser feita de diferentes formas e por meio de várias fontes distintas. Gerenciar a empresa criada; - Estilo de Gestão; - Fatores críticos de sucesso; - Identificar problemas atuais e potenciais; - Implementar um sistema de controle; - Profissionalizar a gestão; - Entrar em novos mercados. 60 Gerenciar a empresa parece ser a parte mais fácil, pois as outras já foram feitas. Mas não é bem assim. Cada fase do processo empreendedor tem seus desafios e aprendizados. Muitas vezes, o empreendedor identifica uma excelente oportunidade, elabora um bom plano de negócios e vende a sua ideia para investidores que acreditam nela e concordam em financiar o novo empreendimento. Quando é hora de colocar as ações em prática, começam a surgir os problemas. Os clientes não aceitam tão bem o produto, surge um concorrente forte, um funcionário-chave pede demissão, uma máquina quebra e não existe outra para repor, enfim, problemas vão existir e necessitarão serem solucionados. É aí que o estilo de festão do empreendedor fará a diferença. Esse, deve reconhecer suas limitações e saber, antes de qualquer coisa, recrutar uma excelente equipe de profissionais para ajudá-lo a gerenciar a empresa, implementando ações que visem a minimizar os problemas, e identificando o que é prioridade e o que é crítico para o sucesso do empreendimento. FONTE: Disponível em: <http://brasil.business-opportunities.biz/wp- content/uploads/2006/10/empreendedor.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 61 3 FASE 1: IDENTIFICANDO OPORTUNIDADES Constata-se que um dos maiores mitos a respeito de novas ideias nos negócios, é que elas devam ser únicas. O fato de uma ideia ser ou não única não importa. O que tem relevância é como o empreendedor utiliza sua ideia, inédita ou não, de forma a transformá-la em um produto ou serviço que faça sua empresa crescer. As oportunidades que surgem é que geralmente são únicas, pois o empreendedor pode ficar vários anos sem observar e aproveitar uma oportunidade de desenvolver um novo produto, ganhar um novo mercado e estabelecer uma parceria que o diferencie de seus concorrentes. Ideias revolucionárias são raras, produtos únicos não existem e concorrentes, com certeza, sempre existirão. FONTE: Disponível em: <http://pneumoped.files.wordpress.com/2009/09/ideia0001.jpg>. Acesso em: 27 abr. 2010. 62 Torna-se importante que ao definir o negócio, o empreendedor teste sua ideia ou conceito junto a clientes em potencial, empreendedores mais experientes (conselheiros, amigos próximos, antes que a paixão pela ideia cegue sua visão analítica dos negócios). Uma ideia sozinha não vale nada; em empreendedorismo, elas surgem diariamente. O que é mais relevante, é a capacidade de saber desenvolvê-las, programá-las e construir um negócio de sucesso. Dornelas (2005) afirma o que conta não é ser o primeiro a pensar e ter uma ideia revolucionária, mas sim o primeiro a identificar uma necessidade de mercado e saber como atendê-la, antes que outros o façam. Uma ideia isolada não tem valor se não for transformada em algo viável de implementar, visando a atender a um público-alvo que faz parte de um nicho de mercado mal explorado. Isso é detectar uma oportunidade. FONTE: Disponível em: <http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/Images%5Cideia.gif>. Acesso em: 27 abr. 2010. 63 Não significa que uma ideia revolucionária não seja capaz de dar início a empresas de sucesso. Mas isso só ocorre, quando o empreendedor por trás da ideia conhece o mercado onde está atuando, tem visão de negócio e sabe ser pragmático no momento adequado, identificando suas deficiências, protegendo sua ideia e conhecendo sua concorrência. Se o empreendedor tem alguma ideia que acredita ser interessante e que pode se transformar num negócio de sucesso, deve perguntar a si mesmo e aos sócios: Quais são os clientes que comprarão os produtos ou o serviço da empresa? Qual o tamanho atual do mercado em reais e em número de clientes? O mercado está em crescimento, estável ou estagnado? Quem atende esses clientes atualmente, ou seja, que são os concorrentes? Caso alguma dessas perguntas não puder ser respondida, com dados concretos, os empreendedores têm apenas uma ideia, e não uma oportunidade de mercado. 3.1 IDEIA CERTA NO MOMENTO ERRADO Outro fator a ser considerado é o Timing da ideia (momento no qual a ideia foi gerada). De nada adianta o empreendedor ter uma ideia criativa se o mercado já está ultrapassado para ela. Esta atenção vale principalmente para as empresas da área da informática e tecnologia, no qual os sistemas evoluem cotidianamente. 64 3.2 A EXPERIÊNCIA NO RAMO COMO DIFERENCIAL Por fim, um dos fatos que ocorrem com grande frequência é o candidato a empreendedor ter uma ideia brilhante dirigida a um mercado que ele conhece muito pouco, um ramo no qual nunca atuou profissionalmente. As chances de sucesso nessas situações são mínimas. Sugere-se que se criem negócios em áreas na qual o empreendedor já tenha alguma experiência, já tenha trabalhado, ou tenha sócio que já trabalharam no ramo. É desaconselhável arriscar
Compartilhar