Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fármacos Antidepressivos: Os sintomas da depressão são sensações de tristeza e desesperança, bem como a incapacidade de sentir prazer em atividades usuais, alterações no padrão de sono e apetite, perda de vigor e pensamentos suicidas. Diante disso, a maioria dos fármacos anti-depressivos, potencializa de maneira direta e/ou indireta as ações da norepinefrina e da serotonina (5-HT) no cérebro -> Teoria das aminas biogênicas, propõe que a depressão se deve às deficiências das monoaminas, como norepinefrina e serotonina, em certos locais-chaves do cérebro. MASSS, essa teoria é vista como simplista demais, visto que na neurotransmissão os antidepressivos têm efeitos farmacológicos imediatos, porém, a resposta terapêutica surge no organismo do indivíduo, após várias semanas de uso, o que sugere que a diminuição da captação dos receptores seja apenas o efeito inicial do fármaco, podendo não ser diretamente responsável pelos efeitos antidepressivos. OS ANTIDEPRESSIVOS (ADs): Os pacientes que não respondem a um antidepressivo, podem responder a outro (aproximadamente 80%, ou mais, respondem a pelo menos 1 antidepressivo). GRUPOS DOS ADs: INIBIDORES SELETIVOS DA CAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISCS): Grupo de fármacos que inibem seletivamente a captação da serotonina (seletividade de 300 a 3000 vezes maior para o transportador de serotonina do que para o de norepinefrina). Além disso, essa classe farmacológica possui escassa atividade bloqueadora em receptores muscarínicos, alfa-adrenérgicos e H1-histamínicos. FÁRMACOS: fluoxetina, citalopram, escitalopram (S- enantiômero puro do citalopram, fluvoxamina, paroxetina e sertralina. Esses fármacos possuem atividade relativamente segura, mesmo em grandes doses (possuem menor toxicidade e efeitos colaterais), e, diante disso, eles substituíram os antidepressivos tricíclicos (ADTs) e os inibidores de monoaminoxidase (IMAOs) no tratamento da depressão moderada -> ADTs ainda são os medicamentos de escolha no tratamento da depressão severa. AÇÕES: Bloqueiam a captação de serotonina NA FENDA SINÁPTICA, e no geral, precisam de cerca de 2 semanas para produzir melhora significativa do humor e seu benefício máximo, pode demorar até 12 semanas ou mais. USOS TERAPÊUTICOS: Esses fármacos são indicação primária para o tratamento da depressão moderada, mas também pode tratar outros transtornos psiquiátricos (obsessivos compulsivo, pânico, ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, ansiedade social, transtorno disfórico pré-menstrual). Além disso, é válido destacar que a fluoxetina está aprovada também para o tratamento de bulimia nervosa. FARMACOCINÉTICA: São bem absorvidos após administração oral, e possui pico sérico entre 2 e 8 horas em média, com meia vida entre 16 e 36 horas, sendo que os alimentos possuem pouca influência na absorção (exceção da sertralina -> absorção aumenta com alimentação) -> A biotransformação desses fármacos é extensa e feita pelo citocromo P450 (CYP450), além da conjugação com glicoronídeo ou sulfato. !!!! -> FLUOXETINA tem uma meia vida muito longa (50h) e a meia-vida do metabólito ativo (S-norfluoxetina) é ainda mais longa, atingindo cerca de 10 dias, sendo disponível como preparação de liberação prolongada, permitindo que seja feita uma dosificação semanal. Além disso, ela e PAROXETINA são potentes inibidoras da enzima CYP450 (CYP2D6), que é responsável pela biotransformação de ADTs, antipsicóticos e alguns antiarrítmicos beta-agonistas adrenérgicos (levando ao aumento de meia vida desses fármacos em caso de inibição da enzima -> INTERAÇÃO FARMACOLÓGICA). **Temos outras isoenzimas responsáveis pela biotransformação dos ISCS, e que também podem ser inibidas em vários graus por esses fármacos -> CYP450 (CYP2C9/19, CYP3A4 e CYP1A2). EFEITOS ADVERSOS -> Os ISCS, são considerados fármacos com efeitos adversos menos graves que os ADTs e os IMAOs, mas ainda sim trazem os seguintes efeitos adversos: Faculdade Ciências Médicas MG // Farmacologia II Luísa Trindade Vieira (@medstudydalu) – 72D • DISTÚRBIOS DO SONO: Paroxetina e fluvoxamina são fármacos mais sedativos do que estimulantes e podem ser administrados em pacientes que possuem dificuldade de dormir. Já a sertralina e a fluoxetina são mais estimulantes e podem ser indicados para pacientes que queixam de sonolência excessiva/se sentem cansados; • DISFUNÇÕES SEXUAIS: Incluem perda de libido, ejaculação retardada e anosgasmia -> para solucionar esses efeitos, pode ser administrada uma dose menor do fármaco ou deve ser realizada a troca para outros fármacos que possuem menos efeito adverso de disfunção sexual (bupropiona ou a mirtazapina); • USO EM CRIANÇAS: Deve ser feito com cautela, pois cerca de 1 a cada 50 crianças torna-se suicida em consequência do tratamento -> fluoxetina, sertralina e fluvoxamina estão aprovados para o tratamento de crianças no transtorno obsessivo e compulsivo. Já a fluoxetina e o escitalopram estão aprovados para o tratar a depressão infantil; • SUPERDOSAGEM: Convulsões são possíveis, pois todos os ADs podem abaixar o limiar convulsivo, além disso, é possível que ocorra síndromes serotonínicas (hipertermia, rigidez muscular, sudoração, mioclonia, alterações nos sinais vitais e do estado mental), especialmente se os ISCS forem utilizados na presença de um IMAO ou outro fármaco fortemente serotoninérgico. OBS: O citalopram pode causar arritmia (aumento do intervalo QT), que não é comum de ser causada pelos ISCS; • SÍNDROME DA INTERRUPÇÃ0: Cefaleia, mal estar, sintomas de gripe, agitação e irritabilidade, nervosismo e alteração do padrão de sono, são os sintomas presentes nessa síndrome e todos os ISCS tem capacidade de causa-la, mas destacam-se os que possuem meia-vida mais curta e metabólitos ativos, sendo a fluoxetina a que carrega menor risco de desencadear essa síndrome (possui tanto meia vida longa, como metabólito ativo). INIBIDORES DA CAPTAÇÃO DA NOREPINEFRINA E SEROTONINA (ICSN): Podem ser eficientes no tratamento da depressão em pacientes que os uso de ISCS foi ineficaz ou de quadros depressões que vêm acompanhadas de dores crônicas (lombares e musculares -> são moduladas pela via de serotonina e norepinefrina, e por isso, os inibidores de captação apenas da serotonina – ISCS – não podem ser utilizados). Fármacos: Venlafaxina, desvenlafaxina, levomilnaciprana e duloxetina. VENLAFAXINA e DESVENLAFAXINA: Potentes inibidores da captação de serotonina e, em dosagens médias e altas, é inibidor da captação de norepinefrina. Venfalaxina produz inibição mínima das isoenzimas CYP450 e é substrato da isoenzima CYP2D6 e a desvenlafaxina é o metabólito ativo, desmetilado da venlafaxina. EFEITOS ADVERSOS: náuseas, cefaleia, disfunções sexuais, tonturas, insônia, sedação e constipação. Já em doses elevadas, pode ocorrer aumento da PA e da FC. DULOXETINA: Inibe a captação da serotonina e norepinefrina, em todas as dosagens, sendo que é extensamente biotransformada no fígado, em metabólitos inativos e em pacientes com disfunção hepática ela deve ser evitada. Esse fármaco é um inibidor moderado da isoenzima CYP2D6, podendo aumentar a meia-vida de fármacos biotransformados por essa via (antipsicóticos -> interação farmacológica). EFEITOS ADVERSOS: A ocorrência de náuseas, xerostomia e vômitos são comuns desse fármaco, além da possibilidade de insônia, tonturas, sonolência, sudoração, aumento da PA e FC e disfunção sexual. LEVOMILNACIPRANA: É um enântiômero do milnaciprana (ICSN antigo), que é biotransformado, primariamente, pela CYP3A4 e, diante disso, sua atividade pode ser alterada por indutores ou inibidores desse sistema enzimático -> seus efeitos adversos são similares aos dos demais ICSNs). ATIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS: Bloqueiam a captação de norepinefrina e serotonina no neurônio pré-sináptico. FÁRMACOS: Aminas terciárias -> imipramina, amitriptilina, clomipramina,doxepina e trimipramina; Aminas secundárias -> desipramina (metabólico N- desmetilado da imipramina), nortriptilina (metabólico N- desmetilado da amitriptilina) e protriptilina. Antidepressivo tetracíclico -> Maprotilina e amoxapina (são comumente incluídos na classe dos ADTs). MECANISMOS DE AÇÃO: Inibição da captação do neurotransmissor (ADTs e amoxapina -> inibidores potentes da captação neuronal de norepinefrina e serotonina no terminal nervoso pré-sináptico, já a maprotilina e a desipramina são inibidores, relativamente seletivos da captação de norepinefrina) e bloqueio de receptores (ADTs também bloqueiam os receptores serotoninérgicos, alfa-adrenérgicos, histamínicos e muscarínicos -> ainda não se sabe se esse bloqueio é responsável pelo benefício terapêutico dos ADTs, mas sabe-se que ele, provavelmente, é responsável por muitos de seus efeitos adversos). !!!! -> Amoxapina também bloqueia os receptores 5-HT2 e dopamina D2. AÇÕES: Melhoram o humor e o alerta mental, aumentam a atividade física e reduzem a preocupação mórbida de 50% a 70% dos indivíduos com depressão -> início da melhora de humor é lenta e a resposta do paciente pode ser utilizada para realização de ajuste na dosagem (após a dosagem terapêutica, a dose administrada pode ser reduzida gradualmente, a menos que o paciente tenha alguma recaída). A dependência psicológica e física raramente foram registradas, mas da mesma forma, o fármaco deve ser retirado lentamente para minimizar a síndrome de descontinuação e os efeitos colinérgicos de rebote. USOS TERAPÊUTICOS: Eficazes no tratamento de depressão grave e moderada, além de ser eficiente no tratamento do transtorno de pânico. Imapramina: Tem sido utilizada como fármaco de tratamento para a enurese noturna (perda involuntária da urina durante o sono) em crianças -> tem sido amplamente substituída por desmopressina e tratamentos não farmacológicos; Amitriptilina: Utilizada no tratamento de prevenção contra a enxaqueca e para tratar síndromes de dor crônica (condição, muitas vezes originada de causa não conhecida). Doxepina: Em doses baixas, pode ser utilizada no tratamento contra a insônia. FARMACOCINÉTICA: São bem absorvidos após administração oral, e por serem lipofílicos, se distribuem e penetram amplamente no SNC -> São fármacos que possuem biodisponibilidade baixa e inconsistente, por sofrerem biotransformação de primeira passagem no fígado (esses fármacos podem ser suscetíveis aos fármacos que induzem ou inibem as isoenzimas CYP450). EFEITOS ADVERSOS: ADTs possuem índice terapêutico estreito e doses 5x/6x maiores que a do dia podem ser letais (pacientes deprimidos e suicidas devem ser acompanhados de perto, com o uso dessa classe farmacológica -> receber somente as quantidades limitadas). • Além disso, os ADTs podem agravar algumas condições já preexistentes, como hiperplasia prostática benigna, epilepsia e arritmias preexistentes. • Bloqueio muscarínico leva a visão turva, xerostomia, retenção urinária, taquicardia sinusal e agravamento do glaucoma de ângulo fechado. • Além disso, eles afetam a condução cardíaca, podendo causar arritmias que ameaçam a vida em situação de dosagem excessiva. • O bloqueio dos alfa-adrenérgicos causa hipotensão ortostática, tonturas e taquicardia reflexa (imipramina + provável e nortriptilina é a – provável de causar). • Sedação pode ser significativa, principalmente nas primeiras semanas de tratamento -> ocorrem diante do bloqueio dos receptores H1 histamínicos. INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE (IMAOs): Antes de entender sobre essa classe farmacológica, temos que entender um pouco mais sobre a MAO, que é uma enzima mitocondrial encontrada em nervos e outros tecidos, como no fígado e no intestino. Essa enzima funciona como uma válvula de segurança, que realiza a desaminação oxidativa e desativa qualquer excesso de neurotransmissor que possa vazar das vesículas quando um neurônio está em repouso. Os IMAOs, podem inativar, tanto de maneira reversível, como de maneira irreversível a enzima, fazendo com que esse vazamento de neurotransmissores seja permitido e fujam da degradação -> SE ACUMULAM DENTRO DO NEURÔNIO PRÉ-SINÁPTICO E VAZEM PARA O ESPAÇO SINÁPTICO. FÁRMACOS: fenelzina, tanilcipromina, isocarboxazida e selegilina (selegilina também é utilizada no tratamento de parkingson sendo o único antidepressivo que está disponível para administração transdérmico). O uso desse tipo de fármaco é limitado, diante das complicadas restrições alimentares exigidas durante o tratamento. MECANISMO DE AÇÃO: A maioria forma complexos estáveis com a enzima, causando inativações irreversíveis -> aumento dos estoques de norepinefrina, serotonina e dopamina no interior dos neurônios, e posterior difusão do excesso de neurotransmissor para a fenda sináptica. !!!! -> esses antidepressivos inibem a MAO hepática e intestinal também, e por isso, catalisam reações oxidativas de fármacos e substâncias potencialmente tóxicas, como da tiramina, que é encontrada em alimentos (selegilina -> administrada via adesivo transdérmico, produz menor inibição da MAO hepática e intestinal em dosagens baixas, visto que a biotransformação de primeira passagem é evitada). AÇÕES: Mesmo com a MAO completamente inibida após alguns dias de tratamento, a ação antidepressiva dos IMAOs também leva cerca de semanas para gerar o efeito terapêutico esperado -> SELEGINA e TRANILCIPROMINA apresentam efeito estimulante tipo anfetamina, e podem levar a agitação e insônia. INDICAÇÃO TERAPÊUTICA: Pacientes que possuem alergia ou que não respondem ao uso de ADTs, ou indivíduos que apresentam quadros fortes de ansiedade. Além disso, pacientes que possuem o quadro de depressão atípica, devem ser tratados, preferencialmente com os IMAOs. **São considerados fármacos de escolha em diversos centros de tratamento, devido ao risco de interação desses fármacos com outros fármacos e alimentos. FARMACOCINÉTICA: São bem absorvidos por administração oral e a regeneração da MAO (enzima inativada irreversivelmente) varia, mas em geral, ocorre várias semanas após terminar a administração do fármaco, e, diante disso, deve ser realizado um intervalo mínimo de 2 semanas após o fim do tratamento, para se iniciar outro antidepressivo de qualquer classe. EFEITOS ADVERSOS: São graves e frequentemente imprevisíveis, por conta da interação com fármacos e alimentos -> TIRAMINA (substância presente em alimentos, como queijos, envelhecidos e carnes, fígado de aves, peixes em conserva ou defumados, e vinhos tintos) é normalmente inativada pela MAO no intestino, e com o uso dos IMAOs, o paciente se torna incapaz de degradar a tiramina presente na dieta, fazendo com que esta substância se acumule no corpo estimulando a liberação de catecolaminas armazenadas nos terminais nervosos, levando em uma “crise hipertensiva” com sinais e sintomas como cefaleia occipital, rigidez no pescoço, taquicardia, náuseas, hipertensão, arritmias cardíacas, convulsões e possivelmente colapso (fentolamina ou prazosina são úteis no tratamento da hipertensão induzida pela tiramina). Além disso, podem ocorrer sonolência, hipotensão ortostática, visão turva, xerostomia e constipação. **Indivíduos que fazem o uso de ISCSs são contraindicados para o uso de IMAOs, diante do risco de desenvolvimento da síndrome de serotonina (ISCSs e IMAOs precisam de um tempo de cerca de 2 semanas para serem eliminados, antes da administração de outros fármacos -> FLUROXETINA É UMA EXCESSÃO, visto que ela precisa de um tempo mínimo de 6 semanas para ser eliminada). ANTIDEPRESSOS ATÍPICOS: São fármacos que atuam em vários locais diferentes, e nesse grupo estão inclusos a bupropiona (inibidor da captação de norepinefrina e serotonina, aliviando os sintomas da depressão -> também é útil para reduzir sintomas de fissura por abstinência de nicotina, sendo muito utilizadono tratamento de pessoas que desejam parar de fumar), mirtazapina (aumenta a neurotransmissão da serotonina e norepinefrina, servindo como antagonista nos receptores pós sinápticos alfa-2, sendo altamente sedativa, sem causar os efeitos adversos anti-muscarínicos dos ADTs -> vantajoso em pacientes deprimidos que tem dificuldade para dormir), nefrazodona e trazodona (inibidores fracos da captação de serotonina -> seus efeitos terapêuticos aparentam estar relacionados ao bloqueio dos receptores 5-HT2A), vilazodona (inibidor da captação de serotonina e agonista parcial em 5-HT1A) e vortioxetina.
Compartilhar