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– A maior parte das afecções ocorrem em cadelas e não costumam ser de difícil diagnóstico, sendo que o mais comum de encontrarmos são as piometras e os tumores de mama. Tudo no aparelho reprodutivo pode dar problema: ✓ Vulva ✓ Vagina ✓ Canal vaginal ✓ Cérvix ✓ Tuba uterina ✓ Glândula mamária ✓ Ovários A tuba uterina, por exemplo, nem é citada, pois é muito raro de ser acometida e diagnosticada (devido ao seu tamanho microscópico nessas espécies). Vaginite: uma inflamação normalmente associada a uma infecção do canal vaginal. A vagina normal de qualquer fêmea não é estéril, e naturalmente contém fungos e bactérias de forma equilibrada, vivendo em simbiose em um PH que tende a ser mais ácido. geralmente ocorre em cadelas e é bacteriana, em que por algum motivo a bactéria cresce mais do que deveria, proliferando uma resposta inflamatória. − É muito raro em gatas. Corrimento: tende a ser serossanguíneo ou com característica purulenta. De qualquer forma, não é em quantidade abundante, mas sim moderada, e a vemos aderida aos pelos da vulva. Sinais de inflamação: edema de mucosa, hiperemia da mucosa Prurido e ardor: desconforto que gera lambedura na vulva e vagina. Pelo em volta da vulva escurecido: ocorre devido ao excesso de lambedura ou pela alteração de PH vaginal e/ou urinário. Alopecia perianal: devido a lambedura Atração: a secreção vaginal da vaginite tem cheiro forte, que acaba atraindo outros animais, não apenas machos. Esses sinais são facilmente confundidos e relatados como CIO pelo tutor. Historico e etiologia: − Idade − Já entrou no cio antes ou não : é comum que tenham um quadro de vaginite chamado de “vaginite juvenil”. Essas vaginites são frequentes quando as fêmeas então próximas de entrar na puberdade, mas não se sabe muito bem o porquê ocorrem. Acredita-se que seja porque essa é uma fase em que as populações de bactérias estão amadurecendo e se alterando, e nesse processo alguma delas pode crescer mais do que a outra. Além disso, há as questões de higiene que não são bem controladas pelo animal quando ela é filhote. ✓ Essa vaginite é auto-limitante, ou seja, se não fizermos nada, ela vai passar sozinha quando a fêmea entrar no cio pela primeira vez, já que vai haver um aumento muito grande do estrógeno, que é imunoestimulante e ótimo para a imunidade local. ✓ Isso não quer dizer que nunca vamos tratar, já que dependendo da sintomatologia pode requerer de ajuda. ✓ Se não for sintomático, podemos só acompanhar. não é autolimitante, e sempre que diagnostica deve ser tratada. O conhecimento da etiologia é essencial, e dentre elas temos: ✓ : algo que está provocando inflamação como um corpo estranho, neoplasias, infecção urinária etc. ✓ : ocorre sem ser secundária a nenhum outro evento. Fatores predisponentes: Normalmente estão relacionados a uma causa hormonal ou a uma causa anatômica, sendo que podem ocorrer conjuntamente. : representa uma causa hormonal. No diestro temos progesterona alta, que tem a função oposta ao estrógeno quando pensamos na imunidade local, ou seja, ela a deprime (imunossupressor), e quando alta, representa Alguns são mais acometidos do que outros – maior risco de infecções e contaminações no aparelho reprodutivo como um todo. : representa uma causa hormonal e anatômica. A hormonal ocorre, pois, as fêmeas castradas não têm em nenhum momento a ação de estrógeno no parelho reprodutivo, que protegeria o ambiente de tempos em tempos. Já a causa anatômica está relacionada com a sua vulva infantil, que aparece quando o animal foi castrado ainda em fase pré-púbere, sem nunca ter entrado na puberdade, e por conta disso fica com subdesenvolvimento e hipertrofia de todo o aparelho reprodutivo (que terminaria de se desenvolver somente depois da puberdade por influência dos hormônios reprodutivos). Como resultado há uma adulta com vulva e vagina de filhote que consequentemente fica mais predisposta a vaginite, já que acumulam mais secreções dentro e ao redor, visto que ela é mais fechada, menor, sem o estrógeno. Histórico clínico: saber se a fêmea é castrada ou inteira, jovem, em diestro etc. Citologia vaginal: vemos neutrófilos e células inflamatórias Vaginoscopia: inspeção do canal vaginal com um espéculo na vagina, olhando a mucosa. Material para cultura e antibiograma Tratamento: Como é autolimitante, tende a curar sozinho. Geralmente a filhote não é sintomática. Se não há sintomatologia: prescrever uma solução de higienização e lavagem da região vulvar: usar 2 vezes por dia com sabonete antisséptico ou neutro, já que a falta de higiene pode ser a causa primaria. Primeiro devemos excluir todas as outras possíveis causas secundárias (neoplasias, corpo estranho, avaliação urinária, cistite etc.). ✓ com uma solução específica conhecida como “banho de assento” (uso humano) Benzidamina = flago rosa. Tem efeito anestésico local (ajuda no prurido e ardência) e ajuda a regularizar o PH do canal vaginal, que nas vaginites tende a ficar mais alcalino ou neutro, enquanto deveria ser ácido ✓ Fazer essa lavagem 2 vezes ao dia, abrindo o lábio vulvar e despejando com uma seringa no interior do canal vaginal. ✓ Uso intra-vaginal: depende da cadela, porte e tutor. Se for uma cadela pequena, ou com um tutor que não tem tanta habilidade, é melhor não indicar. ✓ Apresentações: solução que já vem com a concentração específica, ou em sache, que vem o valor da diluição. comprimido via oral, geralmente sob a apresentação de 500mg. ✓ Administrar de 2 a 3 vezes por dia, por até 10 dias ✓ Porte grande: 3 vezes ✓ Porte pequeno: 2 vezes. ✓ Ou seja: 1 comprimido 500mg/animal BID a TID, 10 dias. A vitamina C é imunoestimulante e melhora a qualidade das defesas do organismo. Além disso, é um ácido fraco que vai acidificar os tecidos, incluindo o canal vaginal, e assim é possível controlar melhor a proliferação bacteriana naturalmente. A maioria das vaginites são tratadas sem precisar de antibiótico, e ele é necessário quando há uma vaginite reincidente (que ocorreu mais de uma vez) ou quando o tratamento inicial a base de lavagem e vitamina C não funcionou. Por isso, é bom coletar o material e fazer a cultura, pois se precisar associar essas drogas, sabemos qual é mais sensível. ✓ O ideal é que seja local. ✓ Fêmeas com canal vaginal que conseguimos introduzir um aplicador: podemos fazer a antibioticoterapia vaginal ✓ Fêmea pequena, de vulva infantil, que o tutor não consegue administrar: é melhor fazer a antibioticoterapia sistêmica, por via oral. Caso uma filhote apresente sintomas, podemos recorrer também a qualquer uma dessas opções (além da lavagem), portanto que nunca se faça procedimentos intra-vaginais, já que sua vagina é muito pequena e pode ser lesada. Hiperplasia e prolapso vaginal: Quase a totalidade das fêmeas acometidas por essa afecção estão no cio. A relação dos casos com o cio se dá por conta da ação do estrógeno, que é um hormônio que naturalmente provoca hiperplasia/edema de todo o aparelho reprodutivo. Em uma fêmea normal isso ocorre, mas não de forma exagerada a ponto de provocar um prolapso, porém, algumas são mais sensíveis ao estímulo do estrógeno, e quando ele – vem no começo do cio, no proestro, a hiperplasia é tão intensa que a vagina não cabe mais dentro dela, extravasando pela abertura da vulva. Essa é a forma mais comum de etiologia do prolapso de vagina, mas ele também pode ocorrer de outras formas: Final da gestação: também pode ocorrer, mas é mais raro. Há um aumento de estrógeno quando a progesterona cai pelo mecanismo de luteólise. Além disso, no final da gestação há um edema natural de vulva, como se fosse um cio. Junto a isso, o útero fica muito dilatado e cheio de filhotes,causando um pressão causal vinda do abdômen, que pode provocar um prolapso. Porém, esse quadro não é comum em cadelas e gatas, mas sim em vacas. Aplicação de hormônio exógeno: feito por outras causas e também pode gerar esse quadro. Ou seja, as alterações hormonais envolvem o estrógeno endógeno (cio e final de gestação) e o exógeno. Já as alterações anatômicas são as compressões abdominais de gestação finais e outras causas patológicas. se dá pela exposição da mucosa vaginal em 3 graus variados. Graus de hiperplasia e prolapso: . É uma hiperplasia exagerada, mas sem protusão e eversão de tecido vaginal (cresce muito, mas fica dentro), ou seja, ainda não há prolapso. Geralmente nem chegam ao consultório pois não são percebidos e nem diagnosticados. Porém, seria a fêmea que quando vemos por traz, há um aumento da região de todo o períneo, mas sem pedaço de mucosa exposta. . Há a grande hiperplasia e uma parte desse tecido se prolapsa e sai pela rima vulvar. Essa parte que vai ficar pendurada pode ser uma das laterais, a ventral ou a dorsal. Ocorre quando a hiperplasia é tão intensa que toda a parede vaginal sai para fora: base, lateral e teto. O prolapso uterino é raro, mas se ocorrer, é em gatas. O prolapso vaginal não ocorre em gatas e é comum em cadelas o problema não é o prolapso, mas sim suas complicações. A mucosa exposta se traumatiza, sofre necrose, miíase etc. e devido ao edema e inflamação pode haver uma obstrução da uretra, que impede a saída da urina. Essas complicações ocorrem principalmente nos animais semi-domiciliadas. É facil, mas facilmente pode ser confundido com uma neoplasia. Diferença do prolapso vaginal e uterino: o vaginal está relacionado a hiperplasia provocada pelo estrógeno, e o uterino está com a contração intensa do útero (em fase de parto e puerpério). Citologia vaginal: nela podemos ver a presença das células chamadas de “superficiais “queratinizadas”, presente quando há estrógenos em alta concentração. É um exame fundamental Histórico + sinais clínicos: os sinais de exposição de mucosa, corrimento vaginal (diferenciando-o do que ocorre no cio) e possível obstrução da uretra são essenciais. A lógica é: quando o estrógeno começar a baixar, a hiperplasia também diminui, sendo que ele aumenta no proestro e começa a baixar no estro. Assim, o tratamento depende muito do grau e de como está o hormônio. Grau 1: não são tratadas com nada, e apenas acompanhamos (é bom o tutor ir mandando fotos diárias), e observar se ela está urinando adequadamente, já que a tendência é que quando o estrógeno abaixar no início do estro, ela vai diminuir. Tecido exposto, por hiperplasia e edema: não adianta tentar enfiar de volta para dentro pois não vai caber. Devemos limpar e proteger bem, lavando duas vezes por dia (limpeza tópica), pomadas de assadura (que protegem e fazem camada lubrificante), calcinha higiênica (para não deixar a mucosa exposta) e acompanhamento da urina. A calcinha higiênica deve ser tirada e esperar que a fêmea faça xixi para que ela não se contamine Estratégias para interromper o estrógeno e o cio: podemos usar medicações antagonistas de GnRH, que bloqueiem o eixo e o desenvolvimento folicular. Em cadelas, esses protocolos hormonais não são tão eficientes, mas, dependendo da fase do ciclo podemos induzir a luteinização com agonistas de LH, luteinizando mais rapidamente o folículo, que então parará de produzir estrógeno e passará a produzir progesterona. Castração: é uma forma de tratamento agressivo e permanente, que tirará os ovários e parará a produção de estrógenos. O ideal seria não castrar no cio, pois elas acabam sangrando muito e tem um pós cirúrgico pior. . – Tratamento cirúrgico: pode contar com uma castração e reconstrução vaginal (vaginoplastia) se o tecido já estiver necrosado. Neoplasias vaginais: As mais comuns são: É uma neoplasia maligna muito particular, de baixo índice de metástase, sendo a única neoplasia descrita em cães que tem característica venérea e transmissível ocorre quando as células neoplásicas encontram outro tecido com uma lesão (que pode ser microscópica e imperceptível aos olhos), ou alguma mucosa, sendo mais fácil do que contaminar tecidos saudáveis, contudo, existem relatos de TVT na pele (cutâneo). Normalmente essa transmissão ocorre no coito, e por isso, a mucosa vaginal, prepucial e peniana facilmente são acometidas pelo TVT. Porém, há outras mucosas que podem ser acometidas, como as da face, já que eles cheiram e lambem a região genital um do outro (labial, gengival, óculo palpebral, nasal). O TVT é a neoplasia reprodutiva mais comum em cães, e é exclusiva de canídeos. : depende da região do público. Áreas rurais e com animais semi-domiciliados, com acesso a rua e sem supervisão são as mais frequentemente acometidos Cães castrados e de apartamento não são pacientes comuns. O canal vaginal das cadelas é bem longo (chegando até 10cm), então, nem sempre vemos a neoplasia exposta visualmente, e a identificamos através de outros sinais como vaginites. Porém, se a neoplasia ocorre em vestíbulo/ vagina caudal, veremos ela, e nesse caso podemos confundir com hiperplasia e prolapso grau 2, e podemos diferenciar através do histórico, identificação de cio, citologia vaginal e da massa, palpação, consistência., áreas de úlcera etc. “Couve-flor”: ele é irregular, muito friável e sangra muito. Nem sempre ela é visível, e depende de onde está, sendo que pode estar no fundo da vagina, e devido ao sangrando intenso, fica parecendo que a cadela não sai do cio e está sangrando a meses. Porém, se estiver em área mais caudal/externa, veremos o sangue e sempre há um vaginite associada, odor forte, comprometimento de outras estruturas, dificuldade de urinar e defecar, lambedura etc. ✓ Corrimento vaginal serossanguíneo ✓ Aumento de volume localizado ✓ Disúria e tenesmo ✓ Lambedura O tratamento para todas as outras neoplasias benignas ou malignas que não sejam TVT: − Remoção cirúrgica com margem de segurança. Se a margem estiver livre é sinal de sucesso, mas se ela estiver contaminada tiramos novamente na cirurgia. − Vaginoplastia − Análise de células − Fora do país há protocolos de radioterapia TVT: o tratamento base é através da medicação de quimioterapia. O quimioterápico que usamos é a vincristina. Em média fazemos até 8 aplicações com intervalo de 1 semana cada, ou seja, o tratamento dura por volta de 2 meses. Precisamos garantir sempre que o animal está com a mínima produção de glóbulos brancos necessária, já que essa medicação é imunodepressora. A administração é por via IV, e geralmente não tem efeitos colaterais: − Não há perca de pelos − Apenas alguns episódios de vômitos − Respondem melhor a quimioterapia do que os humanos. Se ao final do protocolo ainda tiver algum pedaço de tumor, fazemos a remoção cirúrgica desse pedaço que sobrou. É importante lembrar que o animal não fica imune, e pode ter novamente a contaminação. Hidrometra/mucometra: Acúmulo de material estéril (seroso ou mucoso) de baixa celularidade Está associada à ação progestacional: esse líquido/secreção uterina vem da atividade das glândulas endometriais, já que a parede do endométrio é toda glandular. Essas glândulas as vezes produzem mais secreção que o normal, variando dependendo da fase do ciclo estral ou por condições patológicas. Exemplo: no diestro há progesterona alta, que sempre gera maior secreção das glândulas endometriais em todo o útero. É normal que quando passemos o ultrassom em uma fêmea em diestro, o útero esteja aumentado de tamanho e com conteúdo em seu interior. Isso pode ser perfeitamente − Leiomioma: mais comum − Fibropapiloma: pólipos vaginais − Fibroma, fibroleiomioma − Fibropapiloma Tumor venério transmissível (TVT) –normal e fisiológico. Ou seja, nem todo aumento uterino e conteúdo uterino é sinônimo de doença, e assim essas hidrometras e mucometras geralmente são achados, pois há ausência de quadro sistêmico. . Uma cadela em diestro, que naturalmente tem progesterona alta e consequentemente as glândulas endometriais secretarão mais. Porém, se essa fêmea já não tem a parede do útero tão saudável, pode-se associar a um quadro de... Degeneração do endométrio: normalmente é acompanhada por hiperplasia do tecido + a formação de cistos na parede do endométrio. É um quadro muito comum em cadelas, que conforme envelhecem, a parede do útero/endométrio degenera, de forma bem específica, em que ocorre uma hiperplasia e formação de cistos. Especificamente nas cadelas, que têm hiperplasia com cistos (hiperplasia endometrial cística), o fato de a parede do útero já ser/estar degenerada, faz com que o útero perca a capacidade de combater possíveis bactérias que cheguem ali. Ou seja, o útero de uma cadela mais velha, tende a ter degeneração endometrial, que perde a capacidade de combater infecções. Assim: Útero quando está em diestro, acumulando muco e secreção (que é comum dessa fase devido a ação da progesterona). Período que naturalmente a imunidade local está diminuída devido a essa progesterona, e a parede do útero é degenerada e não tem condição de combater uma infecção. quadro de hidrometra e mucometra que pode predispor a uma contaminação, pois se uma bactéria entrar nesse útero, encontra um ambiente perfeito para se multiplicar: ✓ Útero com parede degenerada ✓ Imunidade diminuída (diestro) ✓ Secreção que serve como meio de cultura e crescimento bacteriano. Aumento de cornos uterinos Palpação abdominal/ US Ausência de quadro sistêmico Fêmea com interesse reprodutivo: se ela já tem algum grau de degeneração endometrial e está em diestro, podemos entrar rom antibioticoterapia de cobertura e acompanhamentos com ultrassom. A expectativa é que ao acabar o diestro, o útero diminua de tamanho e o conteúdo seja absorvido e eliminado pelo organismo. Fêmea sem interesse reprodutivo: planejar uma castração quando ela entrar em anestro, acompanhado por citologia vaginal. − Tratamento medicamentoso preventivo: ATB Hemometra: acúmulo de material sanguíneo estéril dentro do útero. Associados à cistos ovarianos e distúrbios de coagulação. Muitas vezes ele forma coágulos no útero Quadros estéreis e sem contaminação Achado de exame de imagem: útero com aumento de volume e conteúdo de alta celularidade dentro, que pode ser sangue ou pus (conteúdo hiperecogênico no interior do útero). O ultrassom não consegue diferenciar se é sangue ou pus, e para isso usamos a clínica, já que o pus gera um quadro de piometra, que tem consigo vários sintomas de infecção. Já em quadros de hemometras a fêmea pode não ter sintoma nenhum, ou ter apenas uma secreção sanguínea que sai da vulva, vindo do útero, e que leva o tutor a associar a um sinal de cio. Apesar de não ser um quadro contaminado, também é uma situação que predispõe a piometras, já que o útero com sangue acumulado pode servir como meio de cultura para crescimento de bactérias. Ultrassom: podemos ver a presença de cistos ovarianos, sendo um dos fatores que está associado a esses quadros. OHE (ovário histerectomia), que é a castração, retirando essa fêmea da reprodução. Suporte Complexo hiperplasia endometrial cística - Piometra: Se refere a infecção de todas as camadas do útero: endométrio, miométrio, perimetrio etc. onde há um acúmulo de pus no lúmen uterino. ✓ Sempre há uma doença sistêmica associada, de forma que extrapola o útero ao cair na circulação e prejudicar outros órgãos. ✓ Obrigatoriamente é uma doença que ocorre em diestro. ✓ Precisamos do nível de progesterona alta para ocorrer ✓ Nem todo acúmulo de pus dentro do útero é uma piometra. + = – : pode confundir, mas não é a mesma coisa, apesar de ambas atingirem todas as camadas. Nas piometras há a influência hormonal: precisa haver corpo lúteo e consequentemente progesterona alta, enquanto as metrites geralmente ocorrem pós-parto, quando a progesterona já está baixa. Endometrite: acomete só o endométrio Metrite: todas as camadas são acometidas. Fêmeas em período de diestro: comum em cadelas que têm o período de diestro mais prolongado. Cadelas de meia idade-senis: ocorre, pois, elas tendem a ter o útero mais degenerado e com hiperplasia endometrial cística, que predispõe muito fortemente a contaminação uterina durante o diestro, já que ele perde completamente sua barreira imunológica. Um ultrassom com presença de uma parede cheia de cistos revela a hiperplasia endometrial cística. Não necessariamente precisamos castrar essas cadelas idosas, pois a degeneração em si só mostra uma maior predisposição a contaminação, mas não significa que de fato vai ocorrer, e submeter o animal a uma cirurgia para tratar de algo que nem se sabe que vai ocorrer pode ser um risco. Cadelas com ciclos irregulares: geralmente tem cistos ovarianos Gatas: também podem ter piometras, porém, não é frequente. Ocorre naquelas submetidas à tratamento hormonal com progesterona (injeções anti-cio). Também pode ocorrer em gatas que tenham ovulado, formado corpo lúteo, mas não emprenharam (pseudociese). Endometriose: implantação do tecido do endométrio em locais ectópicos, ou seja, fora do útero. Essas células do endométrio saem de dentro do útero e se implantam em outros locais como: intestino, tuba uterina, abdômen etc., e respondem a hormônios, sofrem hiperplasia, descamação, sangramento etc. Contudo, não existe relato de endometriose em cadelas e gatas. Menopausa: a maior parte dos animais nunca entra em menopausa, o que ocorre é que ficam com o ciclo mais irregular, maior intervalo interestro e ciclando cada vez menos. um útero com hiperplasia endometrial cística, degenerando, acumula mais secreção em si e está com defesa precária devido à própria degeneração e ao excesso de progesterona na fase de diestro. Excesso de muco + baixa de deficiência local = contaminação. É comum que as bactérias ascendam, até o útero, que geralmente as fagocitam, mas nessa situação, qualquer bactéria que chegar terá um ambiente muito propicio. A bactéria mais comum nas piometras é a E. coli., mas temos também a S. aureus, Streptococcus B hemolítico, Pseudomonas sp., etc. A piometra é uma infecção sistêmica que extrapola o útero, gerando sinais em outros órgãos, e um dos intensamente acometidos são os rins ocorre por mecanismos diferentes, mas basicamente pode haver: Lesão direta do parênquima renal: as bactérias saem do útero, caem na circulação sanguínea, chegam ao rim e lesionam os túbulos renais. Essa lesão direta geralmente provoca uma insensibilidade ao ADH, perdendo a capacidade de responder ao hormônio antidiurético, que envolve o mecanismo de retenção de água no processo de filtração. Senso assim, as fêmeas com piometras tendem a isostenúria, que é quando a densidade urinaria diminui porque não se consegue mais reter a água na filtração, a perdendo muito e gerando uma urina diluída e em grande quantidade (poliuria), que consequentemente leva a uma desidratação, gerando o mecanismo de polidipsia compensatória. Por isso, quadros de PU/PD (poliuria/ polidipsia), são um sinal bem claro da piometra. Glomérulos lesionados: gera uma perca na taxa de filtração glomerular, e é comum que as fêmeas tenham distúrbios de ureia e creatinina: Uremia (acúmulo de ureia) e elevação dos níveos de creatinina. Essa lesão é permanente. É comum inclusive que as fêmeas com piometras, mesmo após tratadas, precisem de um suporte renal durante um tempo (fluidoterapia), até que o parênquima renal se estabilize e mantenha a filtração. Essa lesão ocorre pela formação de complexos antígeno/anticorpos. Os anticorpossão grandes moléculas de proteína que circulam pelo sangue, e quando as bactérias caem na circulação, os anticorpos as neutralizam e formam esses complexos, que quando chegam aos rins provocam lesões nos glomérulos, que interferem na filtração. Infecção uterina: pode levar a uma infecção urinaria e ascender a uma infecção renal, já que os sistemas geniturinários são muito próximos. Mas, isso não é tão comum quanto as duas primeiras. ✓ deve sempre ser consultada na anamnese, visto que as mais idosas têm uma predisposição. ✓ 1 a 2 meses antes do estro seria o diestro, a fase em que essa afecção ocorre. ✓ Letargia, depressão, inapetência, vômitos ✓ ✓ uso de injeções, que ultrapassam as quantidades naturais do hormônio e consequentemente seus resultados, e hormônios exógenos ✓ pode ou não estra presente como uma secreção purulenta, a depender da cérvix aberta A piometra de cérvix aberta não é menos grave que a de fechada. A tendência é que a fechada tenha evolução e o útero se distenda mais rápido, pois fica acumulado. A aberta é mais lenta, pois o conteúdo drena. Mas o que diz a gravidade é a patogenia da bactéria. – ✓ − Hipertermia: pois é dos sinais de infecção − Hipotermia: casos mais graves, que geram choque endotoxêmicos e sépticos pelo excesso de toxinas na circulação. ✓ mais evidente na cérvix fechada ✓ ✓ Portanto, consideramos que o diagnóstico não é difícil, sendo que uma boa anamnese e exame físico já são suficientes. Porém, exames complementarem ajudam no tratamento: – Hemograma: para ver o grau de infecção, sendo que frequentemente há quadros anêmicos associados. Função renal e hepática: analisa rins, ureia e creatinina, já que esse órgão é afetado no acometimento sistêmico, e hepático para ver o preparo do animal para uma possível anestesia Exame de imagem: observar útero, tamanho, espessura, conteúdo etc. Tem que ser diferenciado de qualquer outras doença que gere secreção vaginal purulenta. Aumento de volume abdominal: pode ser uma ascite, neoplasia. Cuidado principalmente em piometra fechada, que gera sinais como apatia e vômito, que são achados em várias outras doenças também. feito através da ovário histerectomia (OHE)/ castração. Quase sempre esse é o tratamento adotado : quase não é usado e nem apresentado como opção, apesar de ele ser conservativo, já que não há cirurgia e risco anestésico. Só trabalhamos essa opção quando: − Risco cirúrgico e anestésico da paciente for maior do que o tratamento medicamentoso − Há uma fêmea de interesse reprodutivo Esse tratamento dura de 3 a 4 semanas, e deve ser feito acompanhando rigorosamente o animal com exames renais, de sangue e de imagem semanais, o que o torna muito caro. para isso, devemos associar dois grupos de medicação: − Prostaglandina: faz o útero contrair e eliminar o conteúdo. As desvantagens são os efeitos colaterais de vômitos, diarreias etc., já que ela causa a contração da musculatura lisa de todo o corpo. Por isso, é importante que o animal fique internado Só usamos se o útero está muito dilatado e com conteúdo. − Inibidor de progesterona: é o mais essencial, que é um princípio ativo chamado aglepristone, que é inibidor competitivo do receptor de progesterona, e se liga a todos os seus receptores e impede que ela se ligue e fazendo com que não tenha mais efeitos no organismo, que seriam: ✓ Cérvix abre ✓ Tônus uterino e imunidade local melhoram ✓ Conteúdo drena O nome comercial dessa medicação é o Alizin, produzido exclusivamente pela virbac. Porém, ele é caro, e um frasco de 10mls custa em média 400 reais. Para tratar uma cadela, precisariam de 2 a 4 frascos. Além de ser caro, melhoramos o útero da infecção, mas ele não voltará a ser 100% perfeito, pois a degeneração endometrial continua, e no próximo cio pode novamente se contaminar.
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