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Afecções reprodutivas de utero e vagina em cães e gatos

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–
 
 
 
 
 
 
 
A maior parte das afecções ocorrem em cadelas e não 
costumam ser de difícil diagnóstico, sendo que o mais comum 
de encontrarmos são as piometras e os tumores de mama. 
Tudo no aparelho reprodutivo pode dar problema: 
✓ Vulva 
✓ Vagina 
✓ Canal vaginal 
✓ Cérvix 
✓ Tuba uterina 
✓ Glândula mamária 
✓ Ovários 
A tuba uterina, por exemplo, nem é citada, pois é muito 
raro de ser acometida e diagnosticada (devido ao seu 
tamanho microscópico nessas espécies). 
 
 
Vaginite: 
 uma inflamação normalmente associada a uma 
infecção do canal vaginal. 
A vagina normal de qualquer fêmea não é estéril, e 
naturalmente contém fungos e bactérias de 
forma equilibrada, vivendo em simbiose em um PH 
que tende a ser mais ácido. 
geralmente ocorre em cadelas e é bacteriana, 
em que por algum motivo a bactéria cresce mais do que 
deveria, proliferando uma resposta inflamatória. 
− É muito raro em gatas. 
 
 Corrimento: tende a ser serossanguíneo ou com 
característica purulenta. De qualquer forma, não é 
em quantidade abundante, mas sim moderada, e a 
vemos aderida aos pelos da vulva. 
 Sinais de inflamação: edema de mucosa, hiperemia 
da mucosa 
 Prurido e ardor: desconforto que gera lambedura 
na vulva e vagina. 
 Pelo em volta da vulva escurecido: ocorre devido 
ao excesso de lambedura ou pela alteração de PH 
vaginal e/ou urinário. 
 Alopecia perianal: devido a lambedura 
 Atração: a secreção vaginal da vaginite tem cheiro 
forte, que acaba atraindo outros animais, não 
apenas machos. 
 
 
 
 
 
 
 
Esses sinais são facilmente confundidos e relatados como 
CIO pelo tutor. 
Historico e etiologia: 
− Idade 
− Já entrou no cio antes ou não 
: é comum que tenham um quadro de 
vaginite chamado de “vaginite juvenil”. Essas vaginites são 
frequentes quando as fêmeas então próximas de entrar na 
puberdade, mas não se sabe muito bem o porquê ocorrem. 
Acredita-se que seja porque essa é uma fase em que as 
populações de bactérias estão amadurecendo e se alterando, 
e nesse processo alguma delas pode crescer mais do que a 
outra. Além disso, há as questões de higiene que não são bem 
controladas pelo animal quando ela é filhote. 
✓ Essa vaginite é auto-limitante, ou seja, se não 
fizermos nada, ela vai passar sozinha quando a 
fêmea entrar no cio pela primeira vez, já que vai 
haver um aumento muito grande do estrógeno, que 
é imunoestimulante e ótimo para a 
imunidade local. 
✓ Isso não quer dizer que nunca 
vamos tratar, já que dependendo da 
sintomatologia pode requerer de 
ajuda. 
✓ Se não for sintomático, podemos só 
acompanhar. 
 não é autolimitante, e sempre que 
diagnostica deve ser tratada. O conhecimento da etiologia é 
essencial, e dentre elas temos: 
✓ : algo que está provocando 
inflamação como um corpo estranho, neoplasias, 
infecção urinária etc. 
✓ : ocorre 
sem ser secundária a 
nenhum outro evento. 
 
Fatores predisponentes: 
Normalmente estão relacionados a uma causa hormonal 
ou a uma causa anatômica, sendo que podem ocorrer 
conjuntamente. 
: representa uma causa hormonal. No 
diestro temos progesterona alta, que tem a função oposta 
ao estrógeno quando pensamos na imunidade local, ou seja, 
ela a deprime (imunossupressor), e quando alta, representa 
Alguns são mais 
acometidos do 
que outros 
 
–
maior risco de infecções e contaminações no aparelho 
reprodutivo como um todo. 
: representa uma causa hormonal e 
anatômica. A hormonal ocorre, pois, as fêmeas castradas 
não têm em nenhum momento a ação de estrógeno no 
parelho reprodutivo, que protegeria o ambiente de tempos em 
tempos. Já a causa anatômica está relacionada com a sua 
vulva infantil, que aparece quando o animal foi castrado 
ainda em fase pré-púbere, sem nunca ter entrado na 
puberdade, e por conta disso fica com subdesenvolvimento e 
hipertrofia de todo o aparelho reprodutivo (que terminaria 
de se desenvolver somente depois da puberdade por 
influência dos hormônios reprodutivos). Como resultado há 
uma adulta com vulva e vagina de filhote que 
consequentemente fica mais predisposta a vaginite, já que 
acumulam mais secreções dentro e ao redor, visto que ela é 
mais fechada, menor, sem o estrógeno. 
 
 
 
 
 
 Histórico clínico: saber se a fêmea é castrada ou 
inteira, jovem, em diestro etc. 
 Citologia vaginal: vemos neutrófilos e células 
inflamatórias 
 Vaginoscopia: inspeção do canal vaginal com um 
espéculo na vagina, olhando a mucosa. 
 Material para cultura e antibiograma 
 
Tratamento: 
 
 Como é autolimitante, tende a curar sozinho. 
 Geralmente a filhote não é sintomática. 
 Se não há sintomatologia: prescrever uma solução 
de higienização e lavagem da região vulvar: usar 2 
vezes por dia com sabonete antisséptico ou neutro, 
já que a falta de higiene pode ser a causa primaria. 
Primeiro devemos excluir todas as outras possíveis causas 
secundárias (neoplasias, corpo estranho, avaliação urinária, 
cistite etc.). 
✓ com uma solução específica 
conhecida como “banho de assento” (uso humano) 
Benzidamina = flago rosa. Tem 
efeito anestésico local (ajuda 
no prurido e ardência) e ajuda 
a regularizar o PH do canal 
vaginal, que nas vaginites 
tende a ficar mais alcalino ou 
neutro, enquanto deveria ser 
ácido 
✓ Fazer essa lavagem 2 vezes ao dia, abrindo o lábio 
vulvar e despejando com uma seringa no interior 
do canal vaginal. 
✓ Uso intra-vaginal: depende da cadela, porte e tutor. 
Se for uma cadela pequena, ou com um tutor que 
não tem tanta habilidade, é melhor não indicar. 
✓ Apresentações: solução que já vem com a 
concentração específica, ou em sache, que vem o 
valor da diluição. 
 
 comprimido via oral, 
geralmente sob a apresentação de 500mg. 
✓ Administrar de 2 a 3 vezes por dia, por até 10 dias 
✓ Porte grande: 3 vezes 
✓ Porte pequeno: 2 vezes. 
✓ Ou seja: 1 comprimido 500mg/animal BID a TID, 10 
dias. 
A vitamina C é imunoestimulante e melhora a qualidade das 
defesas do organismo. Além disso, é um ácido fraco que vai 
acidificar os tecidos, incluindo o canal vaginal, e assim é 
possível controlar melhor a proliferação bacteriana 
naturalmente. 
 A maioria das vaginites são 
tratadas sem precisar de antibiótico, e ele é 
necessário quando há uma vaginite reincidente (que 
ocorreu mais de uma vez) ou quando o tratamento 
inicial a base de lavagem e vitamina C não 
funcionou. Por isso, é bom coletar o material e fazer 
a cultura, pois se precisar associar essas drogas, 
sabemos qual é mais sensível. 
✓ O ideal é que seja local. 
✓ Fêmeas com canal vaginal que conseguimos 
introduzir um aplicador: podemos fazer a 
antibioticoterapia vaginal 
✓ Fêmea pequena, de vulva infantil, que o tutor não 
consegue administrar: é melhor fazer a 
antibioticoterapia sistêmica, por via oral. 
Caso uma filhote apresente sintomas, podemos recorrer 
também a qualquer uma dessas opções (além da lavagem), 
portanto que nunca se faça procedimentos intra-vaginais, já 
que sua vagina é muito pequena e pode ser lesada. 
 
Hiperplasia e prolapso vaginal: 
Quase a totalidade das fêmeas acometidas por essa 
afecção estão no cio. 
A relação dos casos com o cio se dá por conta da ação do 
estrógeno, que é um hormônio que naturalmente provoca 
hiperplasia/edema de todo o aparelho reprodutivo. 
Em uma fêmea normal isso ocorre, mas não de forma 
exagerada a ponto de provocar um prolapso, porém, algumas 
são mais sensíveis ao estímulo do estrógeno, e quando ele 
–
vem no começo do cio, no proestro, a hiperplasia é tão intensa 
que a vagina não cabe mais dentro dela, extravasando pela 
abertura da vulva. Essa é a forma mais comum de etiologia 
do prolapso de vagina, mas ele também pode ocorrer de 
outras formas: 
 Final da gestação: também pode ocorrer, mas é 
mais raro. Há um aumento de estrógeno quando a 
progesterona cai pelo mecanismo de luteólise. Além 
disso, no final da gestação há um edema natural 
de vulva, como se fosse um cio. Junto a isso, o útero 
fica muito dilatado e cheio de filhotes,causando 
um pressão causal vinda do abdômen, que pode 
provocar um prolapso. Porém, esse quadro não é 
comum em cadelas e gatas, mas sim em vacas. 
 
 Aplicação de hormônio exógeno: feito por outras 
causas e também pode gerar esse quadro. 
Ou seja, as alterações hormonais envolvem o estrógeno 
endógeno (cio e final de gestação) e o exógeno. Já as 
alterações anatômicas são as compressões abdominais de 
gestação finais e outras causas patológicas. 
 se dá pela exposição da mucosa vaginal em 3 
graus variados. 
Graus de hiperplasia e 
prolapso: 
. É uma 
hiperplasia exagerada, mas sem protusão e eversão de tecido 
vaginal (cresce muito, mas fica dentro), ou seja, ainda não 
há prolapso. Geralmente nem chegam ao consultório pois não 
são percebidos e nem diagnosticados. Porém, seria a fêmea 
que quando vemos por traz, há um aumento da região de 
todo o períneo, mas sem pedaço de mucosa exposta. 
 . Há a grande 
hiperplasia e uma parte desse tecido se prolapsa e sai pela 
rima vulvar. Essa parte que vai ficar pendurada pode ser 
uma das laterais, a ventral ou a dorsal. 
 Ocorre 
quando a hiperplasia é tão intensa que toda a parede vaginal 
sai para fora: base, lateral e teto. 
 
 O prolapso uterino é raro, mas se ocorrer, é em 
gatas. 
 O prolapso vaginal não ocorre em gatas e é comum 
em cadelas 
 o problema não é o prolapso, mas sim suas 
complicações. 
 
A mucosa exposta se traumatiza, sofre necrose, miíase etc. e 
devido ao edema e inflamação pode haver uma obstrução 
da uretra, que impede a saída da urina. Essas complicações 
ocorrem principalmente nos animais semi-domiciliadas. 
 É facil, mas facilmente pode ser confundido com 
uma neoplasia. 
Diferença do prolapso vaginal e uterino: o vaginal está 
relacionado a hiperplasia provocada pelo estrógeno, e o 
uterino está com a contração intensa do útero (em fase de 
parto e puerpério). 
 
 Citologia vaginal: nela podemos ver a presença das 
células chamadas de “superficiais 
“queratinizadas”, presente quando 
há estrógenos em alta 
concentração. É um exame 
fundamental 
 
 Histórico + sinais clínicos: os sinais de exposição de 
mucosa, corrimento vaginal (diferenciando-o do que 
ocorre no cio) e possível obstrução da uretra são 
essenciais. 
A lógica é: quando o estrógeno começar a baixar, a hiperplasia 
também diminui, sendo que ele aumenta no proestro e 
começa a baixar no estro. Assim, o tratamento depende 
muito do grau e de como está o hormônio. 
 Grau 1: não são tratadas com nada, e apenas 
acompanhamos (é bom o tutor ir mandando fotos 
diárias), e observar se ela está urinando 
adequadamente, já que a tendência é que quando o 
estrógeno abaixar no início do estro, ela vai diminuir. 
 
 Tecido exposto, por hiperplasia e edema: não adianta 
tentar enfiar de volta para dentro pois não vai 
caber. Devemos limpar e proteger bem, lavando 
duas vezes por dia (limpeza tópica), pomadas de 
assadura (que protegem e fazem camada 
lubrificante), calcinha higiênica (para não deixar a 
mucosa exposta) e acompanhamento da urina. A 
calcinha higiênica deve ser tirada e esperar que a 
fêmea faça xixi para que ela não se contamine 
 
 Estratégias para interromper o estrógeno e o cio: 
podemos usar medicações antagonistas de GnRH, que 
bloqueiem o eixo e o desenvolvimento folicular. Em 
cadelas, esses protocolos hormonais não são tão 
eficientes, mas, dependendo da fase do ciclo 
podemos induzir a luteinização com agonistas de LH, 
luteinizando mais rapidamente o folículo, que então 
parará de produzir estrógeno e passará a produzir 
progesterona. 
 
 Castração: é uma forma de tratamento agressivo 
e permanente, que tirará os ovários e parará a 
produção de estrógenos. O ideal seria não castrar 
no cio, pois elas acabam sangrando muito e tem um 
pós cirúrgico pior. 
. 
–
 Tratamento cirúrgico: pode contar com uma 
castração e reconstrução vaginal (vaginoplastia) se 
o tecido já estiver necrosado. 
 
Neoplasias vaginais: 
As mais comuns são: 
 
 
 
É uma neoplasia maligna muito particular, de baixo índice de 
metástase, sendo a única neoplasia descrita em cães que tem 
característica venérea e transmissível 
 ocorre quando as células neoplásicas encontram 
outro tecido com uma lesão (que pode ser microscópica e 
imperceptível aos olhos), ou alguma mucosa, sendo mais fácil 
do que contaminar tecidos saudáveis, contudo, existem 
relatos de TVT na pele (cutâneo). 
Normalmente essa transmissão ocorre no coito, e por isso, a 
mucosa vaginal, prepucial e peniana facilmente são 
acometidas pelo TVT. Porém, há outras mucosas que podem 
ser acometidas, como as da face, já que eles cheiram e 
lambem a região genital um do outro (labial, gengival, óculo 
palpebral, nasal). 
O TVT é a neoplasia reprodutiva mais comum em cães, e é 
exclusiva de canídeos. 
: depende da região do público. 
 Áreas rurais e com animais semi-domiciliados, com 
acesso a rua e sem supervisão são as mais 
frequentemente acometidos 
 Cães castrados e de apartamento não são pacientes 
comuns. 
O canal vaginal das cadelas é bem longo (chegando até 
10cm), então, nem sempre vemos a neoplasia exposta 
visualmente, e a identificamos através de outros sinais como 
vaginites. Porém, se a neoplasia ocorre em vestíbulo/ vagina 
caudal, veremos ela, e nesse caso podemos confundir com 
hiperplasia e prolapso grau 2, e podemos diferenciar através 
do histórico, identificação de cio, citologia vaginal e da massa, 
palpação, consistência., áreas de úlcera etc. 
“Couve-flor”: ele é irregular, muito friável e sangra muito. 
Nem sempre ela é visível, e depende de onde está, sendo que 
pode estar no fundo da vagina, e devido ao sangrando 
intenso, fica parecendo que a cadela não sai do cio e está 
sangrando a meses. Porém, se estiver em área mais 
caudal/externa, veremos o sangue e 
sempre há um vaginite associada, odor 
forte, comprometimento de outras 
estruturas, dificuldade de urinar e 
defecar, lambedura etc. 
✓ Corrimento vaginal serossanguíneo 
✓ Aumento de volume localizado 
✓ Disúria e tenesmo 
✓ Lambedura 
 O tratamento para todas as outras neoplasias 
benignas ou malignas que não sejam TVT: 
− Remoção cirúrgica com margem de 
segurança. Se a margem estiver livre é 
sinal de sucesso, mas se ela estiver 
contaminada tiramos novamente na 
cirurgia. 
− Vaginoplastia 
− Análise de células 
− Fora do país há protocolos de radioterapia 
 
 TVT: o tratamento base é através da medicação 
de quimioterapia. O quimioterápico que usamos é a 
vincristina. Em média fazemos até 8 aplicações com 
intervalo de 1 semana cada, ou seja, o tratamento 
dura por volta de 2 meses. Precisamos garantir 
sempre que o animal está com a mínima produção 
de glóbulos brancos necessária, já que essa 
medicação é imunodepressora. A administração é por 
via IV, e geralmente não tem efeitos colaterais: 
− Não há perca de pelos 
− Apenas alguns episódios de vômitos 
− Respondem melhor a quimioterapia do que 
os humanos. 
Se ao final do protocolo ainda tiver algum pedaço de tumor, 
fazemos a remoção cirúrgica desse pedaço que sobrou. 
É importante lembrar que o animal não fica imune, e pode 
ter novamente a contaminação. 
 
Hidrometra/mucometra: 
 Acúmulo de material estéril (seroso ou mucoso) de 
baixa celularidade 
Está associada à ação progestacional: esse líquido/secreção 
uterina vem da atividade das glândulas endometriais, já 
que a parede do endométrio é toda glandular. Essas 
glândulas as vezes produzem mais secreção que o normal, 
variando dependendo da fase do ciclo estral ou por 
condições patológicas. 
 Exemplo: no diestro há 
progesterona alta, que 
sempre gera maior 
secreção das glândulas 
endometriais em todo o 
útero. 
É normal que quando passemos o ultrassom em uma fêmea 
em diestro, o útero esteja aumentado de tamanho e com 
conteúdo em seu interior. Isso pode ser perfeitamente 
− Leiomioma: mais comum 
− Fibropapiloma: pólipos vaginais 
− Fibroma, fibroleiomioma 
− Fibropapiloma 
Tumor venério transmissível 
(TVT) 
–normal e fisiológico. Ou seja, nem todo aumento uterino e 
conteúdo uterino é sinônimo de doença, e assim essas 
hidrometras e mucometras geralmente são achados, pois há 
ausência de quadro sistêmico. 
. 
Uma cadela em diestro, que naturalmente tem 
progesterona alta e consequentemente as glândulas 
endometriais secretarão mais. Porém, se essa fêmea já não 
tem a parede do útero tão saudável, pode-se associar a um 
quadro de... 
Degeneração do endométrio: normalmente é 
acompanhada por hiperplasia do tecido + a 
formação de cistos na parede do endométrio. É um quadro 
muito comum em cadelas, que conforme envelhecem, a 
parede do útero/endométrio degenera, de forma bem 
específica, em que ocorre uma hiperplasia e formação de 
cistos. 
Especificamente nas cadelas, que têm hiperplasia com cistos 
(hiperplasia endometrial cística), o fato de a parede do útero 
já ser/estar degenerada, faz com que o útero perca a 
capacidade de combater possíveis bactérias que cheguem ali. 
Ou seja, o útero de uma cadela mais velha, tende a ter 
degeneração endometrial, que perde a capacidade de 
combater infecções. 
Assim: 
Útero quando está em diestro, acumulando muco e secreção 
(que é comum dessa fase devido a ação da progesterona). 
Período que naturalmente a imunidade local está diminuída 
devido a essa progesterona, e a parede do útero é 
degenerada e não tem condição de combater uma infecção. 
quadro de hidrometra e mucometra que pode predispor a 
uma contaminação, pois se uma bactéria entrar nesse útero, 
encontra um ambiente perfeito para se multiplicar: 
✓ Útero com parede degenerada 
✓ Imunidade diminuída (diestro) 
✓ Secreção que serve como meio de cultura e 
crescimento bacteriano. 
 Aumento de cornos uterinos 
 Palpação abdominal/ US 
 Ausência de quadro sistêmico 
Fêmea com interesse reprodutivo: se ela já tem algum grau 
de degeneração endometrial e está em diestro, podemos 
entrar rom antibioticoterapia de cobertura e 
acompanhamentos com ultrassom. A expectativa é que ao 
acabar o diestro, o útero diminua de tamanho e o conteúdo 
seja absorvido e eliminado pelo organismo. 
Fêmea sem interesse reprodutivo: planejar uma castração 
quando ela entrar em anestro, acompanhado por citologia 
vaginal. 
− Tratamento medicamentoso preventivo: ATB 
 
 
Hemometra: 
 acúmulo de material sanguíneo estéril dentro do 
útero. 
 Associados à cistos ovarianos e distúrbios de 
coagulação. 
 Muitas vezes ele forma coágulos no útero 
 Quadros estéreis e sem contaminação 
Achado de exame de imagem: útero com aumento de volume 
e conteúdo de alta celularidade dentro, que pode ser sangue 
ou pus (conteúdo hiperecogênico no interior do útero). O 
ultrassom não consegue diferenciar se é sangue ou pus, e para 
isso usamos a clínica, já que o pus gera um quadro de 
piometra, que tem consigo vários sintomas de infecção. Já em 
quadros de hemometras a fêmea pode não ter sintoma 
nenhum, ou ter apenas uma secreção sanguínea que sai da 
vulva, vindo do útero, e que leva o tutor a associar a um 
sinal de cio. 
Apesar de não ser um quadro contaminado, também 
é uma situação que predispõe a piometras, já que o 
útero com sangue acumulado pode servir como meio de 
cultura para crescimento de bactérias. 
Ultrassom: podemos ver a presença de cistos ovarianos, 
sendo um dos fatores que está associado a esses quadros. 
 OHE (ovário histerectomia), que é a castração, 
retirando essa fêmea da reprodução. 
 Suporte 
 
 
Complexo hiperplasia endometrial cística - 
Piometra: 
Se refere a infecção de todas as camadas do útero: 
endométrio, miométrio, perimetrio etc. onde há um acúmulo 
de pus no lúmen uterino. 
✓ Sempre há uma doença sistêmica associada, de 
forma que extrapola o útero ao cair na circulação 
e prejudicar outros órgãos. 
✓ Obrigatoriamente é uma doença que ocorre em 
diestro. 
✓ Precisamos do nível de progesterona alta para 
ocorrer 
✓ Nem todo acúmulo de pus dentro do útero é uma 
piometra. 
 
 
+ 
= 
–
: pode confundir, mas não é a 
mesma coisa, apesar de ambas atingirem todas as camadas. 
Nas piometras há a influência hormonal: precisa haver corpo 
lúteo e consequentemente progesterona alta, enquanto as 
metrites geralmente ocorrem pós-parto, quando a 
progesterona já está baixa. 
 Endometrite: acomete só o endométrio 
 Metrite: todas as camadas são acometidas. 
Fêmeas em período de diestro: comum em cadelas que têm 
o período de diestro mais prolongado. 
Cadelas de meia idade-senis: ocorre, pois, elas tendem a ter 
o útero mais degenerado e com hiperplasia endometrial 
cística, que predispõe muito fortemente a contaminação 
uterina durante o diestro, já que ele perde completamente 
sua barreira imunológica. Um ultrassom com presença de 
uma parede cheia de cistos revela a hiperplasia endometrial 
cística. Não necessariamente precisamos castrar essas 
cadelas idosas, pois a degeneração em si só mostra uma 
maior predisposição a contaminação, mas não significa que de 
fato vai ocorrer, e submeter o animal a uma cirurgia para 
tratar de algo que nem se sabe que vai ocorrer pode ser um 
risco. 
Cadelas com ciclos irregulares: geralmente tem cistos 
ovarianos 
Gatas: também podem ter piometras, porém, não é frequente. 
Ocorre naquelas submetidas à tratamento hormonal com 
progesterona (injeções anti-cio). Também pode ocorrer em 
gatas que tenham ovulado, formado corpo lúteo, mas não 
emprenharam (pseudociese). 
Endometriose: implantação do tecido do endométrio em 
locais ectópicos, ou seja, fora do útero. Essas células do 
endométrio saem de dentro do útero e se implantam em 
outros locais como: intestino, tuba uterina, abdômen etc., e 
respondem a hormônios, sofrem hiperplasia, descamação, 
sangramento etc. Contudo, não existe relato de 
endometriose em cadelas e gatas. 
Menopausa: a maior parte dos animais nunca entra em 
menopausa, o que ocorre é que ficam com o ciclo mais 
irregular, maior intervalo interestro e ciclando cada vez 
menos. 
 um útero com hiperplasia endometrial cística, 
degenerando, acumula mais secreção em si e está com 
defesa precária devido à própria degeneração e ao excesso 
de progesterona na fase de diestro. 
Excesso de muco + baixa de deficiência local = contaminação. 
É comum que as bactérias ascendam, até o útero, que 
geralmente as fagocitam, mas nessa situação, qualquer 
bactéria que chegar terá um ambiente muito propicio. 
A bactéria mais comum nas piometras é a E. coli., mas temos 
também a S. aureus, Streptococcus B hemolítico, 
Pseudomonas sp., etc. 
A piometra é uma infecção sistêmica que extrapola o útero, 
gerando sinais em outros órgãos, e um dos intensamente 
acometidos são os rins 
ocorre por mecanismos diferentes, mas 
basicamente pode haver: 
 Lesão direta do parênquima renal: as bactérias 
saem do útero, caem na circulação sanguínea, 
chegam ao rim e lesionam os túbulos renais. Essa 
lesão direta geralmente provoca uma 
insensibilidade ao ADH, perdendo a capacidade de 
responder ao hormônio antidiurético, que envolve o 
mecanismo de retenção de água no processo de 
filtração.
Senso assim, as fêmeas com piometras tendem a 
isostenúria, que é quando a densidade urinaria 
diminui porque não se consegue mais reter a água na 
filtração, a perdendo muito e gerando uma urina 
diluída e em grande quantidade (poliuria), que 
consequentemente leva a uma desidratação, 
gerando o mecanismo de polidipsia compensatória. 
Por isso, quadros de PU/PD (poliuria/ polidipsia), são um sinal 
bem claro da piometra. 
 Glomérulos lesionados: gera uma perca na taxa de 
filtração glomerular, e é comum que as fêmeas 
tenham distúrbios de ureia e creatinina: 
Uremia (acúmulo de ureia) e elevação dos níveos de 
creatinina. 
Essa lesão é permanente. É comum inclusive que as 
fêmeas com piometras, mesmo após tratadas, 
precisem de um suporte renal durante um tempo 
(fluidoterapia), até que o parênquima renal se 
estabilize e mantenha a filtração. 
Essa lesão ocorre pela formação de complexos 
antígeno/anticorpos. Os anticorpossão grandes 
moléculas de proteína que circulam pelo sangue, e 
quando as bactérias caem na circulação, os 
anticorpos as neutralizam e formam esses 
complexos, que quando chegam aos rins provocam 
lesões nos glomérulos, que interferem na filtração. 
 
 Infecção uterina: pode levar a uma infecção 
urinaria e ascender a uma infecção renal, já que os 
sistemas geniturinários são muito próximos. Mas, isso 
não é tão comum quanto as duas primeiras. 
✓ deve sempre ser consultada na anamnese, 
visto que as mais idosas têm uma predisposição.
✓ 1 a 2 meses antes do estro seria o 
diestro, a fase em que essa afecção ocorre.
✓ Letargia, depressão, inapetência, 
vômitos
✓ 
✓ uso de injeções, que ultrapassam as 
quantidades naturais do hormônio e 
consequentemente seus resultados, e hormônios 
exógenos
✓ pode ou não estra presente como 
uma secreção purulenta, a depender da cérvix 
aberta A piometra de cérvix aberta não é menos 
grave que a de fechada. A tendência é que a 
fechada tenha evolução e o útero se distenda mais 
rápido, pois fica acumulado. A aberta é mais lenta, 
pois o conteúdo drena. Mas o que diz a gravidade é 
a patogenia da bactéria. 
 
–
✓ 
− Hipertermia: pois é dos sinais de infecção 
− Hipotermia: casos mais graves, que geram 
choque endotoxêmicos e sépticos pelo 
excesso de toxinas na circulação. 
✓ mais evidente na cérvix 
fechada 
✓ 
✓ 
Portanto, consideramos que o diagnóstico não é difícil, 
sendo que uma boa anamnese e exame físico já são 
suficientes. Porém, exames complementarem ajudam no 
tratamento: 
–
 Hemograma: para ver o grau de infecção, sendo que 
frequentemente há quadros anêmicos associados. 
 Função renal e hepática: analisa rins, ureia e 
creatinina, já que esse órgão é afetado no 
acometimento sistêmico, e hepático para ver o 
preparo do animal para uma 
possível anestesia 
 Exame de imagem: observar útero, 
tamanho, espessura, conteúdo etc. 
Tem que ser diferenciado de qualquer outras doença que 
gere secreção vaginal purulenta. 
 Aumento de volume abdominal: pode ser uma 
ascite, neoplasia. 
 Cuidado principalmente em piometra fechada, que 
gera sinais como apatia e vômito, que são achados 
em várias outras doenças também. 
 feito através da ovário histerectomia 
(OHE)/ castração. Quase sempre esse é o tratamento 
adotado 
 
 
 
 : quase não é usado e nem apresentado 
como opção, apesar de ele ser conservativo, já que 
não há cirurgia e risco anestésico. Só trabalhamos 
essa opção quando: 
− Risco cirúrgico e anestésico da paciente for 
maior do que o tratamento 
medicamentoso 
− Há uma fêmea de interesse reprodutivo 
Esse tratamento dura de 3 a 4 semanas, e deve ser feito 
acompanhando rigorosamente o animal com exames renais, 
de sangue e de imagem semanais, o que o torna muito caro. 
para isso, devemos associar dois grupos 
de medicação: 
− Prostaglandina: faz o útero contrair e eliminar o 
conteúdo. As desvantagens são os efeitos colaterais 
de vômitos, diarreias etc., já que ela causa a 
contração da musculatura lisa de todo o corpo. 
Por isso, é importante que o animal fique internado 
Só usamos se o útero está muito dilatado e com 
conteúdo. 
− Inibidor de progesterona: é o mais essencial, que é 
um princípio ativo chamado aglepristone, que é 
inibidor competitivo do receptor de progesterona, e 
se liga a todos os seus receptores e impede que ela 
se ligue e fazendo com que não tenha mais efeitos 
no organismo, que seriam: 
✓ Cérvix abre 
✓ Tônus uterino e imunidade local melhoram 
✓ Conteúdo drena 
O nome comercial dessa medicação é o Alizin, produzido 
exclusivamente pela virbac. Porém, ele é caro, e um frasco 
de 10mls custa em média 400 reais. Para tratar uma 
cadela, precisariam de 2 a 4 frascos. 
Além de ser caro, melhoramos o útero da infecção, mas ele 
não voltará a ser 100% perfeito, pois a degeneração 
endometrial continua, e no próximo cio pode novamente se 
contaminar.

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