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Afecções do sistema reprodutivo em ruminantes

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Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
 
CASO CLÍNICO 1 
O tratador do rebanho de uma propriedade de gado de 
corte reuniu os animais num piquete para vaciná-
los e observou uma vaca no cio sendo montada por 
um touro. Porém, quando chegou perto do touro 
notou que ele não tinha prepúcio, pênis, testículo e 
nem saco escrotal, mas sim uma vagina com clitóris 
desenvolvido. Explique este caso. 
 
O caso clínico acima se trata de 
intersexualidade, mais especificamente um 
Freemartinismo. Vejamos mais a respeito... 
Intersexualidade 
É a alteração de desenvolvimento orgânico 
que se contrapõe às características 
determinadas pelo sexo genético 
(cromossômico) fazendo com que o animal 
apresente características marcantes de 
ambos os sexos, ou seja, embora o animal 
seja uma fêmea, pode apresentar 
características de um macho em razão dessa 
alteração de desenvolvimento orgânico. 
 
Durante o desenvolvimento embrionário e 
fetal, há diferenciação sexual em 3 estágios. 
1. SEXO CROMOSSÔMICO; 
2. SEXO GONADAL; 
3. SEXO FENOTÍPICO. 
 
Normalmente, na fecundação, há junção de 
um oócito com um espermatozoide. Os 
oócitos, sempre terão um cromossomo X, 
enquanto o espermatozoide poderá ter um 
cromossomo X ou Y. Se o cromossomo doado 
pelo espermatozoide for X, o animal será 
uma fêmea e se for Y, será um macho 
determinando assim o SEXO CROMOSSÔMICO. 
 
Na sequência, há a determinação do SEXO 
GONADAL, ou seja, desenvolvimento da 
gônada embrionária indiferenciada sendo os 
ovários nas fêmeas e testículos em machos. 
Um oócito fecundado por um 
espermatozoide Y carrega consigo o gene 
SRY e, por conta disso é responsável pela 
masculinização do organismo em formação 
além de desenvolver o sexo cromossômico. 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
A partir do momento de desenvolvimento 
do testículo embrionário há as células de 
Sertoli e células de Leydig sendo a última 
citada produtora de testosterona e um 
similar a testosterona que é o 5-DHT. A 
testosterona age fazendo com que haja o 
desenvolvimento dos ductos mesonéfricos e, 
sequencialmente, epidídimo, testículos 
propriamente ditos e ductos deferentes. 
Enquanto o 5-DHT realiza o fechamento do 
sino urogenital fazendo com que haja 
desenvolvimento da uretra, próstata, 
glândulas bulbouretrais, pênis, prepúcio e 
escroto sendo o SEXO FENOTÍPICO. A partir 
disso, podemos concluir que a ocorrência 
desses eventos é dependente da ação dos 
hormônios em questão 
 
Além disso, as células de Sertoli produzem 
hormônio anti-mülleriano (MIF) que 
bloqueia e impede o desenvolvimento 
paramesonéfrico, também chamados ductos 
de Müller que é responsável pelo 
desenvolvimento de útero, vagina e cérvix, 
logo, ao haver esse bloqueio, o macho não irá 
desenvolver útero, vagina e nem cérvix 
possuindo somente características 
masculinas. 
 
Quando o óvulo é fecundado por um 
espermatozoide X não há o gene SRY e 
também há ausência dos hormônios 
testosterona e 5-DHT, logo, o 
desenvolvimento do trato reprodutor 
feminino se dá com ausência dos hormônios 
presentes no desenvolvimento do trato 
reprodutor masculino. Por não haver 
testículos, não há células de Sertoli 
produtoras de hormônio anti mülleriano. 
Portanto, se não há o bloqueio, os ductos de 
Müller se desenvolvem dando origem ao 
útero, cérvix e vagina que são órgãos 
característicos do organismo de uma fêmea. 
Tipos de Intersexo 
HERMAFRODITA VERDADEIRO OU AMBIGLANDULAR 
É o indivíduo que possui órgãos genitais 
masculinos e femininos anatômica e 
funcionalmente ativos. São animais com 
gônadas dos dois tipos (ovários, testículos ou 
ovotestis que é uma estrutura resultante da 
fusão de testículo e ovário - muito raro). 
 
Acima podemos ver que o animal em questão 
possui testículos de um lado e ovários no outro 
havendo então as duas gônadas de ambos os 
sexos. 
O animal acima possui hipertrofia de clitóris e 
excesso de pelos na região inferior de vulva. 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
PSEUDO-HERMAFRODITA 
MASCULINO: animal possui gônada 
masculina, porém há uma característica 
sexual secundária feminina. 
 
 
FEMININO: animal possui gônada feminina 
com característica sexual secundária 
masculina. 
 
As condições que acabamos de ver ocorrem 
quando há um problema na cadeia 
apresentada, como o testículo embrionário 
não produzir quantidades de testosterona o 
suficiente ou não produzir o hormônio anti-
mülleriano. 
 
ETIOLOGIA 
 Fatores genéticos; 
 Fatores cromossômicos; 
 Insuficiência endócrina do testículo; 
 Aplicação de andrógenos exógenos na 
gestante, principalmente no começo da 
gestação. 
 
 
 
 
Freemartinismo 
 
O Freemartinismo é a forma característica 
de intersexualidade que geralmente ocorre 
em vacas quando há uma gestação gemelar 
contendo fetos de diferentes sexos. Em 90% 
das gestações gemelares em bovinos há 
Freemartinismo. 
Nessa condição há a anastomose (fusão) dos 
vasos corioalatoideanos da placenta e fusão 
da circulação das membranas fetais, logo a 
circulação é compartilhada entre os gêmeos 
havendo trocas recíprocas de sangue e 
estruturas orgânicas entre os fetos. Quando 
ocorrem essas trocas recíprocas há a junção 
das cadeias de diferenciação de macho e 
fêmea como vimos anteriormente, logo, os 
hormônios andrógenos (testosterona, 5-
DHT e fator de diferenciação do testículo) 
produzidos pelo sistema reprodutor do 
macho age também sobre a fêmea, inclusive 
o fator inibidor dos ductos de Müller (MIF), 
impedindo com que haja desenvolvimento 
dos órgãos reprodutivos femininos. O 
macho, por sua vez, se torna um animal 
subfértil já que a produção de andrógenos 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
não será suficiente para suprir sua 
necessidade. 
A diferenciação em macho ocorre em torno 
do 30 a 40 dias de gestação, já a 
diferenciação das fêmeas ocorre mais tarde 
e, por conta da anastomose dos vasos 
placentários e fusão da circulação das 
membranas haverá passagem de várias 
substancias celulares como hemácias e 
leucócitos fazendo com que os indivíduos 
sejam quimeras, ou seja, contenham células 
XX e XY. 
 
SINAIS CLÍNICOS 
 Masculinização da fêmea (tamanho 
maior); 
 Alterações de temperamento; 
 Maior massa muscular e acúmulo de 
gordura; 
 Alterações de vulva: pequena, com pelos 
longos e pseudoprepúcio; 
 Hipertrofia de clitóris a pênis 
hipoplásico (pouco desenvolvido); 
 Vagina mais curta (4 a 6 cm) com 
fundo cego em porção cranial. 
 
NA PALPAÇÃO RETAL PODEMOS NOTAR 
 Gônada indiferenciada e hipoplásica; 
 Agenesia ou hipoplasia de corpo e 
cornos uterinos em razão do bloqueio do 
desenvolvimento dos ductos de Müller; 
 Percepção de segmentos tubulares e 
glândulas rudimentares 
 
 
 
AVALIAÇÃO CITOGENÉTICA 
Observamos quimerismo, ou seja, há células 
XX e XY havendo 93% de segurança no 
diagnóstico. Essa avaliação não se faz tão 
necessária, uma vez que já é possível saber o 
diagnóstico observando os sinais clínicos e 
realizando palpação retal. 
Na imagem acima podemos comparar a vulva 
normal com a de um animal freemartin. O 
animal freemartin possui o clitóris hipertrófico e 
é possível notar maior quantidade de pelos na 
região inferior da vulva. 
 
Além disso, o animal freemartin possui um fundo 
cego na porção cranial da vagina como mostrado 
na imagem acima. 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
O Freemartinismoé mais frequente em 
bovinos, não sendo comum em outras 
espécies já que não há anastomose de vasos 
corioalantoidianos. Essa condição acaba 
gerando grandes prejuízos econômicos (0,3 
a 0,9% por ano). Na bovinocultura de leite, 
os machos não são tão importantes na 
produção, logo não há um grande prejuízo 
econômico. A fêmea, por sua vez, será 
estéreis não podendo ser incluídas na 
produção e reprodução devendo ser 
descartadas. 
 
PROGNÓSTICO 
Quanto a vida o prognóstico é bom, porém 
quanto a função, é mau já que as fêmeas são 
estéreis e não há forma de tratamento. 
 
 
CASO CLÍNICO 2 
Você é chamado às pressas em uma fazenda para 
atender uma ovelha que está com uma “bola 
pendurada pela vulva”. O que pode ser esse tecido 
exteriorizado? 
 
O caso acima trata-se de um prolapso 
vagina. Vejamos mais a respeito... 
Prolapso vaginal 
É a saída da mucosa vaginal pela rima 
vulvar. Trata-se de uma afecção 
multifatorial com várias causas que pode 
desencadeá-la. Para que ocorra o prolapso 
vaginal deve haver 3 fatores ocorrendo ao 
mesmo tempo: 
1. RELAXAMENTO DA PAREDE VAGINAL; 
2. AUMENTO DE LÚMEN VULVAR; 
3. FORÇA (ACABA DESLOCANDO A VAGINA DE 
SUA POSIÇÃO ORIGINAL). 
 
O prolapso vaginal pode ocorrer em 
qualquer espécie sendo mais frequente em 
bovinos e ovinos. 
 
CAUSAS 
 Aumento da pressão intra-abdominal, 
principalmente ao final da gestação 
podendo ser observada quando o animal 
está em decúbito; 
 Defecação frequente; 
 Micção; 
 Hidropisia dos envoltórios fetais – 
aumento do líquido placentário, 
gestação gemelar; 
 Cervicites e vaginites também podem 
ser fatores predisponentes; 
 Agentes mecânicos como estábulos 
inclinados; 
 Transportes; 
 Obesidade. 
 Fêmea idosa; 
 Fêmeas pluríparas 
 
Os sinais clínicos variam com o grau que 
pode ser desde um prolapso parcial da 
vagina ou até mesmo um prolapso total. 
 
PROLAPSO PARCIAL: há a saída de uma 
porção da mucosa vaginal sendo visualmente 
avermelhada, lesionada e inflamada. Na 
maior parte dos casos, nas vacas, 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
observamos o prolapso somente quando o 
animal está em decúbito desaparecendo 
quando os animais estão em estação. Já em 
pequenos ruminantes o prolapso parcial é 
permanente. 
 
 
 
PROLAPSO TOTAL DA VAGINA: exteriorização 
permanente de toda mucosa vaginal e 
porção vaginal da cérvix. A mucosa exposta 
é edematosa, inflamada, infectada, 
necrótica e, dependendo de como foi o 
prolapso, pode haver retenção urinária por 
constrição uretral. 
 
 
O diagnóstico é realizado por meio dos sinais 
clínicos. 
 
 Importante se atentar ao diagnóstico 
diferencial com tumores vaginais e 
hiperplasia de vagina. É ideal realizar 
um exame ultrassonográfico para 
verificar a viabilidade fetal (em fêmeas 
gestantes) e posicionamento da vesícula 
urinária. 
 
TRATAMENTO 
 Limpeza e desinfecção correta; 
 Redução do prolapso (colocar a vagina 
no local original). Esse processo gera 
dor, logo é necessário aplicar anestesia 
epidural. 
 Sondagem vesical; 
 Tratar a causa base (hidropisia, vaginite 
etc). 
 
O tratamento também pode ser realizado 
por técnicas de manutenção com suturas 
vulvares como vemos a seguir: 
 
Sutura com processo de Flessa 
É realizado posicionamento da mucosa 
prolapsada e utilizar aparelho de Flessa que 
consistem em dois trilhos de ferro em que se 
passa 3 pinos perfurando os lábios vulvares 
para diminuir o seu volume. 
O primeiro pino não pode ser muito ventral 
já que o prolapso pode sair por cima do 
mesmo e também não pode ser muito dorsal 
para não dificultar a micção da fêmea. No 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
trabalho de parto ou em outras situações em 
que houver necessidade, a sutura é retirada. 
 
 
Sutura de Flessa 
 
Sutura com processo de Bühner 
É o modelo de sutura mais utilizado e 
considerado o mais simples. 
Há uma agulha própria para o 
procedimento contendo um colchete na 
ponta (semelhante a uma agulha de 
costureira). 
 
A agulha é então introduzida, 
margeando a comissura ventral 
por uma lateral do subcutâneo 
saindo pela comissura dorsal da 
vulva. 
 
 
 
 
É passado então uma fita pelo 
colchete e então puxamos a 
agulha (como uma costura). 
 O procedimento é realizado da 
mesma forma no outro lado. 
 
 
Fazemos então um nó fazendo 
com que o lúmen vulvar fique 
menor. 
 
 
 
 
 
Sutura com Caslick modificado 
É uma sutura frequente em éguas, não 
sendo muito realizada em ruminantes. 
Nesse caso fazemos aplicação de lidocaína 
subcutâneo nos dois lados da porção dorsal 
da vulva. É então retirado um pequeno 
pedaço da mucosa dos dois lados para ativar 
o tecido. A partir disso, é realizada a sutura, 
normalmente simples contínua para 
futuramente ser retirada e a mucosa ter se 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
aderido. Dessa forma, iremos diminuir o 
lúmen de forma permanente. 
 
 
 
CASO CLÍNICO 3 
você é chamado para avaliar uma vaca que foi 
inseminada, mas ficou vazia ao diagnóstico de 
gestação. no exame ginecológico, observa que há 
secreção vaginal purulenta. Ao realizar a palpação 
trans retal não detecta alterações em útero e 
ovários. Onde pode estar o problema? 
 
Trata-se de uma infecção vaginal já que não 
há alteração em útero e ovário. Vejamos 
mais a seguir: 
Infecções vaginais 
A microbiota vaginal dos ruminantes é 
variável em relação a numero e composição 
de microrganismos. Todavia diversos fatores 
podem interferir na composição dessa 
microbiota podendo haver um desequilíbrio 
causando possíveis infecções. 
As infecções vulvovaginais são caracterizadas 
por HIPEREMIA, PRESENÇA DE EXSUDATO 
PURULENTO e INFILTRADO INFLAMATÓRIO 
LEUCOCITÁRIO. 
 
Vírus, bactérias ou protozoários podem ser 
transmitidos pelo coito quando os animais 
são submetidos a monta natural. Podemos 
citar como exemplo Ureaplasma diversum, 
Mycoplasma bovigenitalium, Herpesvirus 
bovino tipo 1. 
 
SINAIS CLÍNICOS 
 Descarga purulenta vulvar; 
 Mucosa hiperêmica; 
 Infertilidade indireta (por conta da 
mucosa infeccionada há dor e a fêmea 
não aceita a monta); 
 Pústulas / erosões; 
 Nódulos marrons ou avermelhados; 
 Nódulos brancos HVB 
 
 
 
O tratamento depende do microrganismo 
envolvido. 
 
 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
CASO CLÍNICO 4 
Em uma propriedade de vacas leiteiras, um 
inseminador experiente tentou pela primeira vez 
inseminar uma vaca jovem, que já tinha sido coberta 
por um touro e ficado gestante. Ele ficou por mais 
de 15 minutos manipulando a cérvix da vaca e não 
conseguiu passar o aplicador pelos anéis cervicais. 
Quais as possibilidades de etiologia para este caso e 
qual o tratamento? 
 
O caso clínico acima trata-se de uma 
cervicopatia. Vejamos mais a seguir: 
 
Cervicopatias 
As cervicopatias são problemas relacionados 
a cérvix podendo ser congênitas ou 
adquiridas. 
 
CONGÊNITAS: aplasia segmentar, dupla, 
curta, retorcida e outras. 
 
ADQUIRIDA: cervicite 
 
CAUSAS 
 Prolapso dos anéis cervicais externos; 
 Vaginite; 
 Endometrite; 
 Uso incorreto de pipetas de 
Inseminação Artificial 
 Agente: actinomyces pyogenes. 
 
 
 
 
SINAIS CLÍNICOS 
 Descarga mucopurulenta; 
 Repetição de cio; 
 Infertilidade; 
 Dificuldade de passagem da pipeta de 
Inseminação Artificial. 
 
NO EXAME GINECOLÓGICO IREMOS OBSERVAR 
 cérvix externa edematosa, vermelha e 
escura 
 Descarga purulenta; 
 Abcessos. 
 
TRATAMENTO 
 Antibioticoterapia;Swab com antisséptico nos anéis 
afetados. 
 
 
Constrição do anel cervical 
 
 
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Cérvix tortuosa 
 
 
Divertículos cervicais 
 
 
Cérvix dupla verdadeira 
 
 
 
Cérvix dupla 
 
 
 
 
 
 
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CASO CLÍNICO 5 
você é chamado para avaliar uma vaca que apresenta 
fertilidade reduzida em comparação às demais, sendo 
necessárias varias inseminações para emprenha-la. 
Ao realizar exame ginecológico, não há alterações à 
palpação retal. Porém, ao avaliar útero pelo 
ultrassom, nota-se uma pequena quantidade de 
líquido de baixa celularidade no lúmen. Ovários se 
mostram normais. 
 
O caso relatado acima pode tratar-se de 
uma uteropatia, mais especificamente uma 
endometrite já que não houve alterações 
observadas na palpação retal e o líquido 
observado tem baixa celularidade. Vejamos 
mais a respeito... 
 
Uteropatias em vacas 
Uteropatias são afecções que acometem o 
útero das vacas podendo ser: 
 
 Endometrite: inflamação do 
endométrio – mais superficial; 
 Metrite: inflamação de todas as 
camadas uterinas envolvendo 
endométrio, camadas glandulares e 
muscular (miométrio) – maior 
profundidade; 
 Perimetrite: inflamação do tecido 
laminoso que cerca o útero; 
 Piometra: coleção de exsudato 
purulento na cavidade uterina. 
 
 
Endometrite 
Endometrite é uma infecção uterina 
envolvendo somente o endométrio (tecido 
que reveste internamente o útero). A causa 
pode estar relacionada a ação de 
microrganismos e medicamentos que 
causam irritação da mucosa. Pode ocorrer 
também após monta natural ou 
inseminação artificial como uma reação aos 
espermatozoides que atuam como antígenos 
no útero. 
 
SINAIS CLÍNICOS 
Não há comprometimento sistêmico então a 
fêmea não apresenta febre ou apatia. O 
útero apresenta-se normal a palpação já 
que não há tanto acumulo de secreção. 
Sendo assim, a diminuição das taxas de 
fertilidade é o sinal clinico mais frequente. 
 
TRATAMENTO 
Administração intrauterina de cefapirina 
(antibiótico do grupo das cefalosporinas da 
1ª geração). 
 
Piometra 
É uma coleção de exsudato purulento em 
quantidades variáveis no interior da 
cavidade uterina. 
Por mais limpo que seja o ambiente de 
parto, há contaminação bacteriana. Quando 
ocorre a primeira ovulação após o parto, 
antes de haver a completa limpeza e 
eliminação de bactérias uterinas há 
desenvolvimento da piometra. Isso ocorre 
porque quando há a ovulação, há formação 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
do corpo lúteo produzindo progesterona que 
suprime as defesas uterinas havendo 
proliferação de bactérias e produção de 
secreção purulenta inibindo a produção de 
PGF2α que realizaria luteólise havendo 
assim, persistência de corpo lúteo fazendo 
com que a fêmea entre em anestro já que o 
corpo lúteo produz progesterona, o que 
impede que o LH alcance seu pico e faça a 
fêmea ovular. 
 
Normalmente a piometra ocorre na 
primeira ovulação do pós parto, mas não 
somente nessa situação já que durante a 
estação de monta pode haver contaminação 
por Trichomonas fetus fazendo com que a 
fêmea desenvolva piometra mesmo sem 
estar na ovulação pós parto. 
 
 
 
É fundamental não confundir piometra com 
prenhez já que, mesmo que haja anestro e 
os cornos uterinos estejam com tamanhos 
diferentes, o conteúdo que está no útero é 
pus. 
 
 
 
SINAIS CLÍNICOS 
Esse conteúdo pode levar a um 
comprometimento sistêmico causando sinais 
como hipertermia, anorexia, hipertermia. 
 
TRATAMENTO 
é realizado com antibiótico local com a 
realização de lavagem uterina. 
 Penicilina (inefetiva nas primeiras 
semanas pós parto devido à produção 
de penicilinase): 1x106 U; 
 Oxitetraciclina (algumas preparações 
causam irritações uterina): 4 a 6g/ dia. 
 
 Vacas leiteiras devem ter seu leite 
descartado no período de carência 
indicado pelo fabricante do 
medicamento por conta dos resíduos de 
antibióticos. 
 
Como há comprometimento sistêmico há a 
necessidade de antibioticoterapia e terapia 
de suporte sistêmicos como 
 penicilinas: 20.000 a 30.000 U/kg BID 
(duas vezes ao dia); 
 Oxitetraciclina: não atinge nível 
terapêutico uterino; 
 Ceftiofur: 2,2mg/kg, 5 dias; 
 Fluidoterapia caso seja necessário. 
 
Solução de iodo para lavagem uterina é 
utilizada em equinos, mas não é 
recomendada para vacas já que é um agente 
irritante para mucosa desses animais. 
 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
Para que não haja repetição desse problema 
podemos realizar terapia hormonal 
aplicando PGFα induzindo luteólise e 
proporcionando retorno a ciclicidade. 
Podemos também aplicar Ocitocina: 20 a 
40 U, a cada 6 horas, até 3 dias pós parto 
para que haja auxílio na limpeza da secreção 
purulenta. 
 
 
CASO CLÍNICO 6 
Um tratador pergunta ao veterinário como é que pode 
ter uma vaca que apresenta um cio a cada semana, 
sendo que as outras demoram 3 semanas para 
apresentar um cio. E apesar dessa vaca entrar muito 
no cio e sempre ser coberta pelo touro ela não 
emprenha. Explique o caso. 
 
O caso acima trata-se de um cisto ovariano. 
Vejamos mais a respeito... 
Afecções ovarianas 
 CISTOS OVARIANOS 
 Cistos paraovárico; 
 Cisto da rete ovarii; 
 Cisto de inclusão germinal; 
 Cisto do folículo atrésico; 
 Cisto folicular; 
 Cisto luteínico ou luteinizado; 
 Cisto do corpo lúteo; 
 Cisto tubo-ovárico; 
 Cisto bursa-ovárico; 
 Hidátide de Morgani 
 
 
Em condições normais, ao fim do diestro há 
luteólise e um folículo se desenvolvendo da 
3ª onda. Há o crescimento desse folículo e, 
com ação de FSH e LH ele produz estrógeno. 
Com a lise do corpo lúteo há queda dos níveis 
de progesterona que estava inibindo o núcleo 
pulsátil do LH. Com isso, o estrógeno faz 
feedback positivo no núcleo pulsátil de LH 
havendo pico e ovulação. 
 
Quando há um cisto, há a persistência de 
uma estrutura folicular anovulatória (não 
ovula) que persiste por 10 dias. Logo, a 
fêmea não ovulou e não formou corpo lúteo 
havendo atividade ovariana anormal. 
 
CISTOS FOLICULARES 
São estruturas foliculares anovulatórias, que 
persistem por vários ciclos estrais e são 
encontradas em muitas espécies domesticas. 
Seu diâmetro é maior ou igual a 25mm e 
persistem por tempo indeterminado na 
ausência de corpo lúteo. 
Na bovinocultura leiteira, há 18% de 
incidência sendo uma grande causa de 
infertilidade. É muito frequente em climas 
quentes em razão do estresse térmico 
gerado. 
 
Biotecnologia e Reprodução Animal – Medicina Veterinária – Jennifer Reis da Silva – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO. 
 
Por conta da presença desse cisto, a fêmea 
irá sempre entrar em cio pois não irá ovular. 
 
CAUSAS 
 Desequilíbrio endócrino envolvendo eixo 
hipotálamo hipófise gonadal; 
 Estresse térmico em razão da ação do 
cortisol que suprime a liberação da 
secreção pulsátil de LH havendo 
insuficiência (comum em vacas leiteiras 
pois são de raças taurinas pouco 
resistentes ao calor). 
 Falha no feedback positivo do estrógeno 
sobre o hipotálamo. 
 
Mas por que a fêmea apresenta 
frequentes cios? 
Como acabamos de mencionar, cisto 
ovariano é uma estrutura folicular que não 
ovulou. Se ainda houver células da granulosa 
e da teca haverá produção de estrógeno 
constantemente e, por isso, a fêmea 
apresenta sinais de cio frequentes e 
ninfomania. 
Essa estrutura folicular pode começar a 
sofrer luteinização havendo produção de 
andrógenos e umpouco de progesterona 
fazendo com que a fêmea entre em anestro 
e adquira virilismo (comportamento de 
macho). Logo, esse é um diagnostico difícil já 
que iremos pensar que a fêmea emprenhou 
já que na parede da estrutura anovulatória 
houve células que sofreram luteinização 
fazendo com que a fêmea entre em anestro, 
porém ela nem ao menos ovulou. 
 
DIAGNOSTICO 
 Características comportamentais e 
físicas; 
 Palpação retal; 
 Exame Ultrassonográfico. 
 
TRATAMENTO 
Se o cisto for folicular podemos realizar uma 
indução hormonal à ovulação ou luteinização 
das células foliculares. Tratamos então 
utilizando os hormônios GnRH, LH, eCG. 
 
Se for um cisto luteínico podemos aplicar 
prostaglandinas, tratar com progesterona 
para regenerar responsividade do 
hipotálamo ao estradiol para então entrar 
com indutores de ovulação ou o próprio 
estradiol. Além disso, podemos também 
realizar protocolos de sincronização. 
 
 Os cistos também podem ser rompidos 
manualmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Cistos de corpo lúteo 
 
Cisto de corpo lúteo é a formação de uma 
cavidade cística no interior do Corpo Lúteo, 
sendo de formato irregular e de tamanho 
variável. Não é patológico, mas sim um 
corpo lúteo cavitário por não ter sido 
irrigado em sua porção central. A função 
luteínica não é alterada, logo é um corpo 
lúteo com condições de manter uma 
gestação.

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