Buscar

Doenças do Sistema Reprodutor e Urinário de Cães e Gatos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 147 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 147 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 147 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Distúrbios Do sistema reproDutivo e Do 
trato urinário
Elaboração
Alexandre Ferreira Rossato
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO ................................................................................................ 11
CAPÍTULO 1
CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA REPRODUTOR ......................................................................... 11
CAPÍTULO 2
ANOMALIAS DA FORMAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO .......................................................... 19
CAPÍTULO 3
PROBLEMAS GESTACIONAIS ................................................................................................... 25
CAPÍTULO 4
LESÕES INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS ................................................................................. 39
CAPÍTULO 5
NEOPLASIAS .......................................................................................................................... 47
CAPÍTULO 6
DISTÚRBIOS INFLAMATÓRIOS NO MACHO ............................................................................... 59
CAPÍTULO 7
ALTERAÇÕES REPRODUTIVAS EM MACHOS ............................................................................. 64
CAPÍTULO 8
HIPERPLASIAS E NEOPLASIAS ................................................................................................... 70
UNIDADE II
DISTÚRBIOS DO TRATO URINÁRIO .......................................................................................................... 80
CAPÍTULO 1
CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA URINÁRIO E SUAS FUNÇÕES ........................................................ 80
CAPÍTULO 2
ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO ...................................................................................... 85
CAPÍTULO 3
LESÕES GLOMERULARES E LESÕES TÚBULO-INTERSTICIAIS ......................................................... 92
CAPÍTULO 4
 LESÕES DA PELVE RENAL ...................................................................................................... 101
CAPÍTULO 5
LESÕES OBSTRUTIVAS E INFLAMATÓRIAS ................................................................................ 105
CAPÍTULO 6
INSUFICIÊNCIA RENAL .......................................................................................................... 110
CAPÍTULO 7
DEMAIS TRANSTORNOS RENAIS ............................................................................................. 118
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 123
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
Dentro de um contexto social, os animais de companhia tornaram-se componentes 
importantes devido à proximidade com o homem. Em decorrência disso, surgiu a 
necessidade de um esforço na manutenção de animais com padrões raciais adequados 
às várias práticas, sejam elas apenas companhia (conforme já mencionado), esporte, 
caça ou guarda. Sendo assim, a manutenção da capacidade reprodutiva é, em muitos 
casos, de grande importância para essas espécies. Tendo em vista, a genética e o valor 
zootécnico do animal em questão. Os achados clínico-reprodutivos, em resposta às 
desordens da fisiologia reprodutiva, são queixas frequentes nas clínicas de pequenos 
animais.
Enfermidades nos órgãos reprodutivos de cães e gatos têm variados graus de 
morbidade, mortalidade e sofrem influências do histórico reprodutivo. Nesse 
sentido, o manejo reprodutivo deve enfatizar o incremento da eficiência reprodutiva, 
a redução da idade ao primeiro parto, o aumento da fertilidade e da prolificidade, 
a redução do período de serviço e consequentemente, do intervalo entre partos, a 
sobrevivência das crias ao desmame e o desmame precoce.
As alterações reprodutivas podem apresentar consequências variadas que se 
estendem desde a ausência de sinais clínicos, comprometendo somente a fertilidade 
do animal e passando despercebidas ao proprietário até manifestações clínicas 
agudas, que podem conduzir à morte.
Já em relação ao sistema urinário, sabe-se que o sangue é filtrado e as substâncias 
indesejáveis são acumuladas e expelidas ao meio externo. Esse sistema está diretamente 
relacionado às funções nervosas, que regulam seu grau de funcionamento em função de 
respostas hormonais e do teor de hidratação do organismo. 
Um conjunto de órgãos e glândulas forma o sistema urinário. Esse sistema é a principal 
via do organismo de eliminação dos resíduos, pois tem a capacidade de remover quase 
todos os resíduos do sangue e transportá-los para fora do organismo. Também, por 
meio dele, diferentes atividades fisiológicas acontecem,promovendo filtragem dos 
componentes microscópicos do sangue, eliminando produtos metabólicos, toxinas e 
outros componentes que são carregados pelo sistema circulatório. 
9
Durante seu funcionamento, o organismo realiza atividades metabólicas que 
demandam transformações químicas que podem produzir substâncias tóxicas ou 
mesmo desnecessárias ao organismo. Essas substâncias são conduzidas ao sistema 
circulatório pelo sangue e passam por todo o organismo. Caso essas substâncias 
nocivas se acumulem, as funções de órgãos e tecidos são prejudicadas a nível celular, 
perturbando a homeostasia do organismo.
Os órgãos urinários são definidos como: rins, ureteres, vesícula urinária (bexiga) e 
uretra. Os rins respondem a distúrbios hídricos, eletrolíticos e ácido-básicos, alterando 
especificamente a taxa de reabsorção ou secreção destas substâncias, regulando a 
volume de líquido corporal. 
Também funcionam, como órgão endócrino, secretam eritropoietina, envolvida na 
hematopoiese renina, que interage na regulação da secreção de aldosterona pelo córtex 
adrenal e de hormônios (eritropoietina, gastrina, renina, vitamina D3) e gliconeogênese. 
Além disso, realizam outras funções não menos importantes, tais como: excreção de 
produtos de degradação do metabolismo (ureia, creatinina), excreção de substâncias 
químicas estranhas (fármacos), regulação da pressão arterial, secreção, metabolização 
e excreção.
As doenças renais em cães e gatos são causadas por desordens de etiologia variada que 
induzem alterações estruturais e funcionais dos rins. Muitas dessas doenças resultam 
do impedimento do fluxo normal de urina do rim para a bexiga, sendo a obstrução uma 
das condições mais comuns em urologia.
Em concordância com todas as informações aqui levantadas, é reconhecível a 
extrema importância desses sistemas. O sistema reprodutor vem sendo cada vez mais 
ressaltado, visando à melhoria do desempenho dos animais como: no intuito de se 
obterem conhecimentos para diagnosticar, prevenir e tratar os distúrbios reprodutivos. 
Quanto ao trato urinário, esse se baseia em uma das principais vias de manutenção 
da homeostase, garantindo um ambiente celular saudável, livre de componentes 
desnecessários ou mesmo prejudiciais. 
Nesse sentido, deve-se ressaltar a sensibilidade desses órgãos a problemas patológicos. 
Uma vez que, qualquer via que prejudique seu funcionamento, comprometerá de forma 
severa e generalizada todo o organismo. Assim, salienta-se a necessidade de haver uma 
maior compreensão do funcionamento conjunto desses.
10
Objetivos
 » Promover a conscientização dos profissionais que lidam com o 
atendimento ao paciente portador dos distúrbios da reprodução canina e 
felina e dos distúrbios do trato urinário.
 » Auxiliar os profissionais clínicos a lidarem com alguns aspectos da 
nefrologia.
 » Melhoria de diagnóstico, prevenção e tratamento de distúrbios renais e 
reprodutivos em cães e gatos.
11
UNIDADE I
DISTÚRBIOS 
DO SISTEMA 
REPRODUTIVO
CAPÍTULO 1
Características do sistema reprodutor
Todos os seres vivos têm um tempo limitado de vida: nascem, crescem, envelhecem 
e morrem. No caso dos animais, a reprodução envolve a união de dois seres de sexos 
diferentes, o macho e a fêmea.
Se pensarmos em sobrevivência de qualquer espécie, o sistema reprodutor é considerado 
o mais importante. De forma geral, o sistema reprodutor da fêmea tem a importância de 
fornecer um local para a concepção, o desenvolvimento e eventual liberação de uma cria 
viável. Já a função do macho será basicamente a de transportar dos espermatozoides. 
O sistema reprodutivo das fêmeas constitui-se de ovários, ovidutos, cornos e corpo 
uterino, cerviz, vagina, vestíbulo e vulva. As estruturas internas são sustentadas pelo 
ligamento largo: 
 » mesovário que sustenta o ovário; 
 » mesossalpinge que ancora o oviduto;
 » mesométrio que mantém o útero. 
Fisiologicamente, a reprodução feminina envolve o efeito integrado dos hormônios 
sobre os ovários, útero e glândulas mamárias. De modo que ocorra fertilidade para a 
produção de neonatos viáveis.
Os hormônios influenciam no comportamento da fêmea, no desenvolvimento folicular 
ovariano, na maturação do oócito, na ovulação, na função do corpo lúteo e na manutenção 
da gestação. E ainda, no parto e na lactação. 
12
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
Já sobre o sistema reprodutivo do macho, esse foi dividido de acordo com a localização 
anatômica, as funções desempenhadas e doenças que podem acometê-lo. Logo, foi 
dividido em três partes principais, sendo elas: 
 » o escroto e seu conteúdo; 
 » as glândulas genitais acessórias; 
 » o pênis e prepúcio. 
As enfermidades do sistema reprodutor de cães e gatos são comuns na medicina 
veterinária, podendo ocasionar um quadro de infertilidade transitória ou permanente, 
tanto nas fêmeas como nos machos.
Essas alterações reprodutivas podem ser desencadeadas e não apresentarem sinais 
clínicos aparentes ou até mesmo, sinais clínicos agudos. Isso faz com que o proprietário 
não consiga perceber a enfermidade no animal, não o levando a tempo para uma consulta 
ao médico veterinário, para um possível diagnóstico. E muitas vezes, a consequência é a 
morte do animal por falta de tratamento.
Por isso, o médico veterinário deve sempre atentar-se ao histórico do animal, realizar 
exames físicos e solicitar os exames laboratoriais. De modo que, ao se atentar à pequenos 
detalhes, esse profissional conseguirá detectar a enfermidade de maneira precoce e 
conseguirá torná-la reversível, na maioria das vezes. 
Fêmeas
O ciclo estral, ou cio, é o período compreendido entre dois estros, com duração 
variável de acordo com cada espécie. Apresenta fases bastante evidentes e modificação 
tanto das genitálias como no comportamento dos animais, representando mudanças 
fisiológicas induzidas pelos hormônios reprodutivos na maioria das espécies de 
mamíferos placentários. 
O ciclo estral é controlado pela integração de hormônios como: FSH, LH, 
estrógeno e progesterona. Esses são os hormônios mais comuns entre as espécies, 
porém, seus efeitos e suas secreções variam conforme a espécie. Essas diferenças 
provocam transformações na extensão das fases luteínica e folicular do ciclo, 
causando diferenças na duração do cio, conforme será descrito a seguir: 
13
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Em cadelas
O início do ciclo reprodutivo nos cães não é bem definido, pois pode variar de fêmea 
para fêmea. Mas há grandes variações entre raças. Geralmente, a maturidade sexual 
das cadelas é atingida por volta de sete e oito meses de idade. 
As raças de porte pequeno têm a sua puberdade mais cedo, em torno de seis a sete 
meses quando comparadas com cadelas de raças de grande porte que, iniciam seu ciclo 
reprodutivo dos nove aos doze meses de idade. Os primeiros ciclos da cadela podem ter 
intervalos menores ou maiores, até que se estabeleça a normalidade, o mais comum é 
intervalo de seis meses.
Entretanto, o ciclo estral das cadelas possui características próprias. Por exemplo, a 
cadela é monocíclica com fase luteínica parecida tanto quando se encontram gestantes 
quanto quando não estão gestantes. Ainda, apresenta um período prolongado de 
quiescência (anestro) até o surgimento de novo ciclo. Assim, devem ser estabelecidos 
protocolos para a identificação dos estágios do ciclo estral na cadela com o intuito de se 
identificar o melhor período para haver a cobertura natural ou inseminação artificial, o 
que não é observado em outras espécies. 
Outro fator, é que nas cadelas o ciclo estral pode ser dividido em quatro fases: 
1. anestro; 
2. proestro; 
3. estro; 
4. diestro. 
O anestro é um período de total inatividade sexual, as alterações que ocorrem durante 
esse período são basicamente uterinas, já que este órgão se encontra em processo de 
involução após os efeitos da prenhez ou pseudogestação. 
A completa involução uterina pode durar 120dias em um ciclo sem gestação e aos 
140 dias em um ciclo com gestação, o que pode explicar o longo período de intervalo 
interestral em cadelas normais. Durante anos, o anestro foi considerado uma fase 
de repouso no ciclo reprodutivo da cadela, porém, nem a hipófise nem os ovários 
encontram-se quiescentes nesse período. 
Dentre os aspectos endocrinológicos do anestro, em cadelas observa-se que não há 
liberação ou circulação insuficiente de gonadotrofinas, mesmo encontrando-se em baixos 
níveis nesse período. Ainda assim, há a responsividade dos ovários às gonadotrofinas.
14
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
No início e meio do anestro, as concentrações de estradiol e progesterona encontram-se 
basais, havendo elevação do estradiol no seu final. A concentração de FSH encontra-se 
basal no início e no meio do anestro, apresentando aumento no final desse período. O 
surgimento episódico de LH pode ser detectado durante o anestro, apresentando maior 
intensidade no seu final.
Na fase de proestro, a cadela apresenta uma alta concentração de estrógeno no seu 
corpo. O proestro dura, em média, nove dias, mas pode variar entre três e 21 dias. Essa 
fase é conhecida por ser o momento em que, normalmente, as cadelas liberam uma 
secreção sanguinolenta. A secreção, diferentemente do que as pessoas imaginam, tem 
origem vaginal, devido à ruptura de vasos sanguíneos subepiteliais no local. Durante 
esse período, a fêmea apresenta a vulva edemaciada e hipertrofiada, a cérvix está 
dilatada, o endométrio encontra-se espessado e há um aumento na atividade glandular 
e no crescimento dos ductos e túbulos da glândula mamária. Essas alterações são 
causadas pelo aumento da concentração de estrógeno nessa fase. 
A manifestação comportamental da fêmea caracteriza-se pela atração do macho, apesar 
dela ainda não se mostrar receptiva a ele. Podendo ser agressiva, rosnar, mostrar 
os dentes e até tentar mordê-lo. Ainda, as fêmeas podem mostrar-se irrequietas e 
desobedientes, com polidipsia e poliúria compensatória. Durante essa fase, os gametas 
femininos, conhecidos como oócitos, estão crescendo e se preparando para sofrer a 
ovulação.
Figura 1. Vulva edemaciada na cadela na fase de proestro.
Fonte: Crusco, 2018.
15
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
O estro é a fase de receptividade sexual, também conhecida como cio, que é 
caracterizada por uma diminuição nos níveis de estrógeno e um aumento nos níveis 
de progesterona. Verifica-se nessa fase a liberação de um corrimento de cor clara. 
Esse período dura em média nove dias, após cerca de dois ou três dias do início do 
estro, ocorre a ovulação.
Figura 2. Fase estral. Aqui a cadela começa a aceitar a presença do macho e com consequente 
acasalamento. Tem duração média de seis dias.
Fonte: Crusco, 2018.
Na presença do macho, a cadela dirige a região posterior em sua direção, abaixa o dorso 
e eleva a região pélvica, exibe a região perineal e ondula a cauda para um dos lados. 
A vulva ainda se encontra edemaciada, mas o corrimento vaginal muda sua coloração, 
passando a ser transparente e incolor, ou ainda, amarelo-palha.
Finalmente, a fase após o cio da cadela, na qual ela não é mais receptiva ao macho, 
trata-se do diestro. Nesse período, cuja duração média é de 75 dias, detectam-se os 
níveis máximos de progesterona. E ainda, verifica-se um corrimento mais mucoso com 
diminuição do tamanho da vulva e observa-se a volta do comportamento tranquilo da 
fêmea.
A duração do diestro é baseada na função lútea e é similar tanto para cadelas gestantes 
quanto para as não gestantes. Quando houver gestação, o útero responderá ao aumento 
da concentração de progesterona mantendo a estrutura glandular e a vascularização 
adequadas. 
Uma doença que pode ocorrer nessa fase é a pseudogestação. Essa alteração, que ocorre 
na ausência de fecundação, na verdade, é fisiológica na cadela. Os sintomas começam a 
aparecer de seis a oito semanas após o estro.
16
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
O aparelho reprodutor das fêmeas pode ser acometido por diversas afecções dentre 
elas: vaginite, hiperplasia vaginal, piometra, mastite, neoplasia mamária, pseudociese, 
distócia, tetania puerperal. Dentre as enfermidades que acometem o trato reprodutivo 
da cadela, a piometra é um quadro clínico patológico mais comum em cadelas não 
castradas.
A doença ocorre derivada de uma infecção bacteriana que se aloja no útero. Problemas 
hormonais e utilização de anticoncepcionais e predisposição genética estão entre os 
responsáveis por desencadear esse tipo de infecção uterina. No entanto, esses são 
apenas os fatores mais comuns que levam as cadelas a desenvolverem piometra. 
Cadelas que apresentam uma suposta infertilidade, na maioria das vezes, são submetidas 
a um manejo reprodutivo errado, não apresentando inabilidade para conceber. Ao se 
tentar fazer uma abordagem clínica da infertilidade, é preciso avaliar as queixas dos 
proprietários. Muitas vezes, o que representa um problema para eles, não representa 
uma anormalidade na função endocrinológica ou mesmo no comportamento.
Outro ponto muito importante é que, antes mesmo de examinar uma cadela que 
supostamente possa estar infértil, deve-se primeiramente fazer uma avaliação do 
macho, pois essa avaliação é muito mais simples do que a da cadela.
Depois de realizado todo o exame no macho, e se nada for encontrado, pode-se proceder 
para a avaliação da fêmea, analisando-se o histórico completo, considerando não 
somente o histórico reprodutivo, mas também informações sobre o ambiente em que 
a cadela vive, vacinações, medicações e, ainda, histórico de viagens. A etapa seguinte 
consistirá no exame físico, devendo-se realizar uma avaliação geral antes de chegar ao 
trato reprodutivo.
Preferencialmente, a cadela deverá ser examinada alguns dias ou semanas antes do 
início do proestro, para que se possa fazer um planejamento do manejo do ciclo. Se 
a cadela estiver em proestro ou estro, a avaliação da função ovariana será baseada na 
determinação do tempo de ovulação.
Em gatas 
O ciclo da gata é descrito como sendo um reprodutor poliéstrico sazonal e como 
ovulação induzida pelo coito, apresenta ciclo estral associado ao fotoperíodo positivo. 
Isso quer dizer que, o gato tem mais de um ciclo reprodutivo por ano (poliéstrico) e 
nos períodos de dias mais longos (sazonais de dias longos).
17
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Alguns autores afirmam que, pelo menos 14h de luz/dia são necessárias para 
ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário. Entretanto, do Equador até o Trópico de 
Câncer, gatas domésticas reproduzem-se continuamente ao longo do ano.
A gata doméstica tem ovulação induzida e é considerada poliéstrica estacional, à 
semelhança de outros mamíferos domésticos (como a égua, a cabra e a ovelha) é uma 
espécie de ovulação induzida (como o coelho, o furão e o esquilo). A sua ciclicidade 
é profundamente influenciada pela quantidade de luz a que são expostos. Para essas 
fêmeas, ocorrem de 2 a 3 estações reprodutivas ao ano. E cada estação consiste em um 
ou mais ciclos estrais. 
Há autores que afirmam que a maior atividade sexual desses animais ocorre no final 
do inverno e se estende até o final do verão. Passando, geralmente, por um período 
prolongado de anestro no final do outono e início do inverno. Eles sugerem, ainda, que 
há influência da quantidade de luz naquele período e que as fêmeas felinas, atingem a 
puberdade com idade entre 4 e 12 meses ou ainda entre 3 e 12 meses. 
A maioria das gatas domésticas atinge a puberdade quando apresenta um peso igual 
ou superior a dois terços do peso de uma gata adulta, ou seja, entre 2,3 e 3,2 kg. Isso 
pode ocorrer entre 5 a 10 meses de idade. A puberdade pode ser um fator hereditário 
com uma forte influência racial ou influência do peso corporal. Raças de pelo curto 
alcançam puberdade com peso corporal inferior a raças de pelo longo.
Por apresentar diversas particularidades, ociclo estral na gata é único entre os 
animais domésticos. Ocorre repetidamente a cada 2 a 3 semanas, podendo também 
ser de 1 a 2 meses. A duração de ciclo é de 21 dias, variando de 5 a 73 dias, com a 
duração das fases dependendo da ocorrência ou não de ovulação, assim como do 
sucesso ou insucesso da concepção.
O ciclo reprodutivo (estral) dura de 14 a 21 dias, em média, podendo ocorrer novos 
cios logo após o parto ou no final da amamentação. Como em todo animal, esse ciclo é 
regulado pelos hormônios ovarianos, sendo denominados de anestro, proestro, estro, 
diestro e interestro.
A primeira fase do ciclo estral, o proestro é alguma vezes desconsiderado por ser 
muito curto ou pouco observado. Geralmente, essa fase não é detectada. A duração 
dessa fase está entre 12 a 72 horas, média de 48 horas. As gatas apresentam mudanças 
comportamentais, podendo esfregar a cabeça contra objetos, serem dóceis e, ainda, 
uma secreção mucosa poderá sair da vulva. Os machos aproximam-se, mas ainda 
não conseguem efetuar a monta.
18
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
A gata inicia o estro no pico do estradiol circulante, diferentemente da cadela que inicia 
com o decréscimo desse. Devido a isso, as mudanças de comportamento observadas 
no proestro intensificam-se e é nesse momento que a gata permite a cópula.
A duração do estro é em torno de 3 a 20 dias. Durante esse período, a gata altera 
seu comportamento e chama o macho, exibindo lordose, demonstrando mais afeto 
pelos donos, podendo perder o apetite, ocorrendo também, o desvio da cauda para 
um dos lados e mostrando desejo de copular. A cópula produz impulsos na região 
vulvar-vaginal, causando a secreção do GnRH pelo hipotálamo. Esse hormônio leva 
à secreção do hormônio luteinizante (LH), resultando em ovulação de 24 a 50 horas 
após o coito.
O interestro é o intervalo entre um estro não ovulatório e o próximo ciclo estral. Nesse 
período, são observados intervalos de 10 a 14 dias, onde a fêmea não exibe sinais físicos 
ou comportamentais de atividade sexual. O interestro corresponde a uma aparente 
quiescência ovariana e uterina. Entretanto, o ovário está se preparando para um novo 
crescimento folicular e, subsequentemente, novo ciclo estral. 
O anestro caracteriza-se como o período de inatividade sexual, essa é a ausência de 
ciclo e costuma ocorrer nos meses de dias curtos, geralmente no inverno. Nessa fase, os 
ovários estão pequenos, apresentando folículos em sua superfície de 0,5 mm de diâmetro 
em média e ainda não são observadas evidências de atividade uterina e ovariana. Nesse 
período, a fêmea rejeita a aproximação do macho, exibindo, também, comportamentos 
agressivos na tentativa de libertar-se de uma monta indesejada.
O diestro, também conhecido por fase lútea, quando seguido de gestação, tem duração 
de 62 a 71 dias. Na ocorrência de ovulação não seguida de gestação, o diestro irá se 
apresentar como pseudogestação, durando de 25 a 45 dias. Essa fase não está associada 
a alterações no comportamento nem são observados sinais clínicos significativos, exceto 
um período prolongado sem sinais de estro.
19
CAPÍTULO 2
Anomalias da formação e do 
desenvolvimento
Dentre as inúmeras anomalias de formação e desenvolvimento de origem hereditárias 
ou congênitas, podemos destacar: 
 » agenesia uterina; 
 » síndrome do ovário remanescente; 
 » cisto ovariano. 
Na maioria das vezes, são alterações compatíveis com a vida.
Agenesia uterina
As anomalias de desenvolvimento do útero canino ou felino são raras. A agenesia 
unilateral é um distúrbio de caráter hereditário e é possivelmente afetada por genes 
recessivos. Pode ser definida como agenesia total ou agenesia parcial. A primeira ocorre 
quando há ausência dos cornos e isso faz com que a fêmea fique impossibilitada para a 
gestação.
A agenesia unilateral se desenvolve quando um ducto paramesonéfrico não se forma, 
resultando em um útero com uma única tuba uterina. Com isso, uma pequena banda 
fibromuscular pode estar presente no local. Essa anomalia pode estar acompanhada 
de agenesia renal unilateral devido ao não desenvolvimento do ducto mesonéfrico no 
mesmo lado.
Já a agenesia parcial ou, ainda, unilateral ocorrem quando há a falta de um segmento 
do corno uterino. Essa malformação é conhecida como útero unicorno. Nessa condição, 
há chances da fêmea se reproduzir pelo corno uterino oposto, porém, dando à luz a uma 
quantidade menor de filhotes, o que impacta na sua fertilidade.
O diagnóstico dessa enfermidade geralmente consiste em um achado acidental em 
laparotomias exploratórias, ovariosalpingohisterctomias ou em necropsias, já que os 
sinais clínicos dificilmente estão presentes.
20
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
Síndrome do ovário remanescente 
Essa síndrome é caracterizada pela remoção incompleta do ovário por meio do 
procedimento de “ovariohisterectomia” em cadelas e gatas. Com isso, parte do tecido 
remanescente é revascularizado, tornando-se funcional.
Trata-se de uma anomalia cuja causa não é originária da condição patológica, mas, 
infelizmente, de erros relacionados à performance do cirurgião veterinário. Logo, está 
relacionada a uma complicação pós-cirúrgica. 
Os sinais clínicos em cadelas e gatas com a síndrome do ovário remanescente são 
identificados em animais já castrados, porém, apresentando os mesmos sintomas 
daqueles relacionados aos típicos sintomas clínicos de proestro ou estro. 
Geralmente os animais voltam ao veterinário por apresentarem retorno ao estro em 
período variável entre a cirurgia e o reaparecimento dos sintomas. Os proprietários 
relatam a atração por cães machos e um certo interesse por parte da fêmea em 
acasalar. Isso ocorre porque o tecido ovariano residual funciona em ciclos similares 
aos tecidos normais. 
Essas cadelas sempre têm crescimento vulvar. Algumas cadelas sofrem de estro 
persistente, porém, tem uma maior frequência, a duração normal do estro e do proestro. 
O tratamento de escolha para essa síndrome é realizar uma laparotomia exploratória 
e com isso, encontrar o tecido remanescente e fazer a remoção total. Muitos cirurgiões 
preferem fazer esse procedimento na fase de estro, porque os folículos ovarianos 
tornam-se mais facilmente identificáveis.
Cisto ovariano
Os cistos podem estar localizados no interior dos ovários e/ou no exterior do órgão. 
Trata-se de uma patologia que pode causar subfertilidade ou infertilidade em cadelas e 
gatas. Essa alteração tem seu início silencioso devido à falta de sinais clínicos. 
Quando apresenta sinais clínicos, esses são identificados como: o prolongamento de 
proestro e estro e/ou atração por machos devido à grande descarga de estrógenos 
realizada pelos cistos. Outra forma de descobrir os cistos é por meio de um mero achado 
ultrassonográfico. Essas condições de cistos ovarianos são mais frequentes em cadelas 
do que em gatas.
O cisto ovariano é definido como estruturas repletas de líquidos com localização dentro 
dos ovários, podem ser únicos ou múltiplos, unilateral ou bilateral. 
21
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Figura 3. Ilustração de um cisto ovariano.
Fonte: MEDICINA VETERINÁRIA BRASIL, 2018.
Um dos parâmetros para o diagnóstico de cisto ovariano é julgar a dimensão dessas 
estruturas que estão dentro do ovário. Já que, quando surgem estruturas foliculares 
com diâmetro superior ao dos folículos maduros, deve-se considerá-los como folículos 
císticos ou os chamados cistos foliculares. 
Nesse sentido, considera-se, então, que se houver qualquer outra estrutura maior do 
que 8,0 mm de diâmetro nos ovários durante o proestro ou durante o estro antes das 
ovulações ou, ainda, não importando o tamanho mais que esteja no final do estro, no 
diestro ou no anestro, essas estruturas serão classificadas como cistos ovarianos.
A classificação dos cistos ocorre pela similaridade aos folículos de Graaf, que por 
características, apresentam parede delgada envolta por uma camada decélulas da 
granulosa. A ocorrência e formação desses cistos se dá pelas seguintes hipóteses: 
 » quando o hormônio luteinizante chega ao seu pico e não é capaz de 
estimular todos os folículos dominantes; 
 » quando a responsividade dos receptores de LH que estão presentes no 
folículo são muito baixas; 
 » quando ocorre o uso de esteroides sexuais para indução de abortamento 
e supressão do estro.
Para o veterinário é muito importante conhecer a atividade folicular ovariana nas suas 
diferentes fases do ciclo estral e a formação de corpo lúteo. De modo que, durante um 
exame, não haja a possibilidade do profissional se confundir entre o que são folículos e 
22
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
corpo lúteo e cistos. Já que na maioria dos casos, os cistos ovarianos possuem diâmetros 
que medem de 0,2 a 4,0 cm.
Ao fazer uma classificação dos cistos, podemos dizer que os cistos luteinizados são 
estruturas envoltas por um tecido luteal, com o espessamento de sua parede. Já os 
cistos epiteliais, ou também conhecidos como cistos germinativos, tem sua origem na 
superfície ovariana, possuindo tamanho inferior a 5 mm e normalmente, sem relevância 
clínica.
Já os cistos de rete ovarii são formados de uma estrutura embrionária remanescente com 
ocorrência a partir da dilatação da rede tubular, tem sua localização medular próxima 
à região do hilo do ovário. Esses cistos, quando grandes, podem causar transtornos ao 
animal, podendo comprimir o tecido ovariano.
Os cistos epiteliais de estruturas subsuperficiais e os cistos da rete ovarii não produzem 
hormônios. Todavia, eles podem substituir o tecido, comprometendo a função gonadal.
Como mencionado anteriormente, alguns cistos ovarianos são produtores de hormônios 
e, logicamente, esses hormônios são capazes de produzir alterações clínicas nas fêmeas, 
já que essa produção hormonal não é fisiológica. 
Um fato muito importante a ser relatado é que os cistos não produzem apenas um tipo 
de hormônio. Normalmente, eles produzem tanto estrógeno quanto progesterona e a 
produção de cada hormônio, varia de acordo com o cisto. 
Os cistos foliculares têm a capacidade de produzir grandes concentrações de estrógeno, 
o que resulta em um estro prolongado e, como consequência, a fêmea apresenta uma 
hipertrofia vulvar. Exibindo secreção vaginal sanguinolenta, hiperplasia vaginal, 
hiperplasia endometrial cística e alterações no ciclo estral associadas ou não à 
infertilidade. Assim, o excesso desses estímulos hormonais poderá desencadear o 
desenvolvimento de piometra nessas fêmeas.
Já os cistos luteinizados apresentam uma predominância em produzir a 
prostaglandina. Trata-se de estruturas caracterizadas como: arredondadas, císticas, 
com parede espessa ecogênica ou hipoecogênica. Os sinais clínicos não são bem 
conhecidos. Entretanto, pode-se afirmar que, caso não ocorra uma regressão rápida 
e espontânea desse cisto, esse excesso de hormônio circulante no organismo, causará 
um desequilíbrio hormonal levando a distúrbios de fertilidade.
Além dos cistos luteinizados não demonstrarem sinais clínicos, eles apresentam 
algumas semelhanças quando comparados com os cistos foliculares. Isso faz com que 
somente um exame ultrassonográfico não seja o suficiente para realizar o diagnóstico. 
23
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Logo, caberá ao médico veterinário solicitar um exame de dosagem hormonal de 
estrógeno e progesterona plasmática, o que poderá auxiliar no diagnóstico.
É ainda importante ressaltar que a presença desses cistos e dos hormônios que eles 
produzem fará com que não apenas o sistema reprodutor seja afetado, mas também outros 
órgãos sejam acometidos, levando a dermatopatias associadas e ao hiperestrogenismo, 
cujos sinais clínicos mais evidentes serão: alopecia, rarefação pilosa, hiperpigmentação, 
pápulas e pústulas pelo corpo. Chamando atenção para a inclusão do hiperestrogenismo 
como diagnóstico diferencial nesses casos clínicos.
Para um diagnóstico de cisto ovarino, deve-se realizar uma anamnese bem completa, 
incluindo históricos de alterações clínicas associadas ao exame de ultrassom. Nesse 
exame, deve-se observar as características do cisto folicular como: 
 » parede delgada e com conteúdo líquido no seu interior; 
 » se apresentam estruturas circulares, homogêneas, hipoecogênicas e com 
parede delgada; 
 » se há a presença de um único cisto ou de múltiplos; 
 » se acometeu um ovário ou ambos.
Figura 4. Ultrassom evidenciando a presença de um único cisto no ovário.
Fonte: Pinel, 2018.
24
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
Figura 5. Ultrassom evidenciando múltiplos cistos no ovário.
Fonte: Fleury, 2018.
Quando diagnosticados os cistos ovarianos, pode-se pensar em duas formas principais 
de tratamento. A primeira forma é para quando o animal não é voltado para a reprodução 
e como essas mudanças estão provocando alterações clínicas. O mais indicado nesse 
caso é a castração. A segunda forma de tratamento é quando o animal é voltado para 
a reprodução, assim utiliza-se alguns tratamentos hormonais como aspiração cística e 
indução de luteólise, quando os cistos são luteinizados.
Finalmente, pode-se mencionar os cistos exteriores, os quais são agrupados como cistos 
paraovarianos e surgem dos ductos paramesonéfricos ou ductos e túbulos mesonéfricos. 
Os cistos paraovarianos, tem a denominação de formação de folículos fora do ovário, 
podendo estar localizados no mesovário, na fímbria ou na tuba uterina. Podem alcançar 
vários centímetros de diâmetro, além de conter ou não hormônios estrogênicos. 
Tabela 1. Diversos tipos de cistos e suas localizações no sistema reprodutivo de cadelas e gatas.
Cistos Origem Espécie
Intraovariano
 
Rete ovarii cística Tubulo mesonéfrico Cadela e gata
Estrutura de subsuperfície epitelial Invaginação normal do epitélio ovariano Cadela
Cistoadenoma, cistoadenocarcinoma
Rete ovarii, estrutura da subsuperfície 
epitelial, superfície epitelial
Cadela e gata
Paraovariano Cistos dos ductos mesonéfricos Ductos mesonéfricos Cadela
Uterino
 
Cisto de inclusão da serosa Mesotélio da serosa Cadela
Adenomiose Endométrio Cadela e gata
Hiperplasia endometrial cística Endométrio/Endometrite Cadela e gata
Fonte: Sapin et al., 2017.
25
CAPÍTULO 3
Problemas gestacionais
Iniciando os problemas dos distúrbios da gestação, podemos falar do aborto e da morte 
fetal. Essa última pode ocorrer tanto em cadelas como em gatas antes dos 25 dias, 
podendo haver reabsorção sem que ocorra a expulsão do conteúdo uterino. 
Já a morte fetal é quando ocorre no terço final da gestação. Quando um ou mais fetos 
morrem podem sofrer mumificação ou ficarem retidos ou, ainda, podem sofrer aborto 
mesmo estando junto com outros animais sadios da mesma ninhada que até chegam a 
serem paridos.
Várias enfermidades podem ser causadoras de abortamento e/ou morte fetal em 
cães, relacionam-se os seguintes: Brucella canis, herpesvírus canino, toxoplasmose 
e neosporose. Para as gatas, apontam-se os problemas endócrinos (hipoluteodismo, 
diabetes gestacional, hipoglicemia e cetonemia da gestação), os físicos e congênitos 
(distúrbios iatrogênicos, anormalidades fetais, torção uterina, herniação do útero 
gravídico, gravidez ectópica e deficiência taurina).
O período de gestação normal na cadela pode variar de 57 a 72 dias desde a primeira 
monta, com tempo de duração média de 65 dias. Como as gatas têm maioritariamente 
uma ovulação induzida, são menos variáveis no tempo de gestação (63-65 dias). 
A ovulação pode não ocorrer depois do primeiro cruzamento. Por isso, no caso de 
múltiplas cópulas, a incerteza no tempo de gestação pode estar presente.
Algumas características da gestação canina são únicas quando comparadas com outras 
espécies. A determinação do tempo de gestação e o desenvolvimento embrionário 
e fetal faz com que possíveis mudanças ocorram durante a gestação na fisiologia 
materna. Assim, a monitoração da gestação e o auxílio ao parto são essenciais.Para um 
diagnóstico conciso, deve-se saber o máximo possível de informações sobre o animal e 
a sua gestação, como idade gestacional sendo a principal característica para a escolha 
da conduta médica de diagnóstico e tratamento.
Os sinais de problemas obstétricos são detectados a partir de elementos como: 
 » duração anormalmente prolongada da gestação (gestação de apenas um 
feto, ou uso de progestágenos); 
 » trabalho de parto forte e persistente, por mais de 30 a 40 min, sem 
expulsão de um único feto; 
26
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
 » trabalho de parto fraco, infrequente, improdutivo e por mais de duas a 
três horas; 
 » mais de duas a quatro horas após a expulsão do último feto sem 
continuidade do trabalho de parto; 
 » grandes quantidades de secreção vaginal esverdeada antes do nascimento 
do primeiro filhote; 
 » sinais de enfermidade na fêmea.
Após avaliar a saúde geral da fêmea (excluir condições de risco de vida) e o histórico, o 
primeiro passo a ser dado é a inspeção e a palpação do abdômen e da região da vulva. 
Em seguida, deve-se explorar digitalmente o canal do parto com um ou dois dedos o que, 
em alguns casos, também servirá para se planejar ou resolver o problema obstétrico.
Após 45 dias de gestação e com a desconfiança de que haja fetos em estática atípica, 
devem-se realizar radiografias abdominais, nas posições laterais e ventrodorsal, 
fazendo a contagem do número total de fetos e no caso de morte fetal, avaliando-se 
a presença de gás no interior do útero, bem como a sobreposição dos ossos do crânio 
fetal, denominado de sinal de Spalding, que se deve pela superposição dos ossos da 
calota craniana.
O exame ultrassonográfico é o exame de escolha para diagnóstico precoce de gestação 
em cadelas e pode ser utilizado para determinar o tempo gestacional, o diâmetro das 
vesículas embrionárias, o diâmetro biparietal e o diâmetro abdominal fetal. Embora 
essas mensurações sejam vastamente utilizadas, é importante ressaltar que a acurácia 
desse exame pode ser inferior a 50% quando as mensurações fetais são realizadas após 
o 39o dia da gestação.
O tratamento manipulativo consiste na realização de manobras obstétricas manuais 
para a retirada de fetos que estejam ocluindo o canal do parto. Entretanto, devido ao 
estreito diâmetro do canal do parto, nem sempre se obtém sucesso com esse tratamento. 
A utilização de lubrificantes é extremamente importante quando as manobras 
obstétricas são realizadas. O uso de instrumentos, como fórceps e pinças cirúrgicas, não 
é recomendado, exceto quando o feto a ser retirado já esteja morto, pois podem causar 
injúrias aos filhotes e traumas aos tecidos maternos.
O tratamento medicamentoso é indicado principalmente nos casos de inércia, com a 
cadela em boas condições de saúde, cérvix dilatada, e quando o tamanho do feto se 
encaixa no canal do parto para uma expulsão vaginal. As drogas mais comumente 
utilizadas são a ocitocina, o gluconato de cálcio 10% (associado à glicose), a denaverina 
e a vetrabutina, e, de maneira mais restrita, o fluido amniótico sintético ou lubrificantes. 
27
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
O pré-requisito para utilizar a ocitocina é a ocorrência de dilatação do canal do parto e 
ausência de obstrução, no caso de inércia em cadelas.
O gluconato de cálcio a 10% pode ser utilizado para promover aumento da força de 
contração uterina. Pode ser utilizado isoladamente ou concomitantemente à ocitocina. 
Deve ser utilizado na dose de 0,2 mL/kg por via intravenosa (IV) ou 1,0 a 5,0 mL/SC em 
cadelas. Quando usado por via IV, deve ser aplicado lentamente, durante três a cinco 
minutos. As doses totais recomendadas são de 2,0 a 20,0 mL. A administração deve 
ser lenta, sendo 1,0 mL/minuto, com necessidade de monitoração cardíaca durante 
todo o período de infusão. Embora seja recomendada por alguns autores, são raros 
os casos de cadelas em distocia com hipoglicemia. Porém, caso seja diagnosticada a 
hipoglicemia ou quando ocorre toxemia da gestação, pode-se utilizar glicose oral ou 
solução de glicose a 5,0 ou 10%, por via IV.
A cesariana por ser indicada quando há inércia uterina, parcial ou completa, que não 
responde ao tratamento medicamentoso, estenoses pélvicas ou da via fetal mole, fetos 
absolutos ou relativos grandes, excesso ou deficiência de líquidos fetais, defeitos de 
apresentação, posição ou atitude, morte fetal ou decomposição, negligência e profilática.
Parto com distocia
Pode-se também falar das distocias que são um grande problema durante o parto. Um 
nascimento difícil pode resultar de defeitos no miométrio, anormalidades metabólicas 
tais como: hipocalcemia, diâmetro pélvico inadequado, dilatação insuficiente do 
canal de nascimento, deficiência hormonal fetal (deficiência de corticosteroide fetal), 
tamanho demasiadamente grande do feto, morte fetal ou apresentação fetal anormal. 
Podemos definir distocia como a dificuldade de expulsão dos fetos do útero, com uma 
prevalência geral de 5 a 6% das gestações em cadelas e gatas. Independente da espécie, 
raças puras têm uma maior incidência do que as sem raça definida, sendo mais comum 
em cães braquicefálicos e Terriers, em razão da malformação pélvica materna e das 
cabeças fetais largas. Já em gatas, as raças dolicocefálicas (siamesas) e as braquicefálicas 
(persas) apresentam maior risco de distocia.
Em cadelas, a maior incidência de distocia ocorre com ninhadas pequenas, em cães que 
aparentam estar em idade mais avançada, o que não ocorre com gatas.
A distocia pode ser de origem materna, fetal ou ainda ocorrendo com ambas as causas 
de modo simultâneo. Em média, 75% das distocias em cadelas são de origem materna 
e 25% de origem fetal. Qualquer fator que interfira na saúde da mãe influenciará o 
parto, podendo ser uma causa única ou uma mistura de fatores, como a inércia uterina, 
28
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
anormalidades anatômicas da mãe, bem como malformação fetal, má apresentação 
fetal ou ainda, morte fetal. Além disso, as principais causas de distocia em cadelas são 
de origem materna.
Alguns sinais específicos de anormalidades podem indicar a ocorrência de distocia, 
como esforços vigorosos por 20 a 30 minutos sem a saída fetal, intervalo de mais de duas 
horas entre os fetos, feto aparentemente preso no canal do parto e parcialmente visível, 
remoção de filhotes mortos e sinais de doença materna como angústia ou inesperada 
perda de sangue
Outros distúrbios próximos ao parto que devem ser levados em consideração são 
enfermidades tais como: torção uterina, prolapso uterino e eclampsia ou tetania 
puerperal.
Distocia materna
Pode ocorrer esse tipo de distocia com maior frequência em fêmeas primíparas ou com 
múltiplos fetos. Dentre as principais causas de distocias de origem materna, podemos 
destacar a inércia uterina, estreitamento das vias fetais moles e duras, torção uterina e 
contrações excessivas.
A inércia uterina primária se caracteriza pela falta dos sinais da segunda fase do parto, 
ou seja, a fase de expulsão. Essa fase é caracterizada pela falha do miométrio em 
guiar os fetos ao canal do parto, mesmo não havendo obstruções como constatação de 
irregularidades, mas podendo observar uma incompleta dilatação da cérvix.
As falhas miometriais, como nos casos de hiperdistensão uterina, podem ocorrer 
devido à perda da contratilidade após enfermidades sistêmicas, infecções ou acúmulo 
de gordura. A gestação de um único feto (síndrome do feto único) em cadelas de raças 
pequenas ou também de grande porte, pode causar inércia uterina primária por ausência 
de estímulo endócrino ou mecânico ao parto.
A inércia uterina secundária ocorre após prolongada contração uterina, sem sucesso 
em expulsar um feto que oclui o canal do parto ou, ainda, quando todos os fetos se 
encontram no útero até o presente momento (como em ninhadas grandes e trabalho 
de parto prolongado), mas também após ruptura ou torção uterina. Ocorrendo, assim,fadiga da musculatura uterina após as contínuas contrações.
Tanto na inércia uterina primária quanto na secundária, a musculatura uterina 
normalmente falha em responder à administração de ocitocina. Além disso, pode ser 
29
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
provocada por todas as causas que cessam um parto, como obstrução do canal, fetos 
de tamanho grande e pelve estreita. Nesses casos, a inércia seria apenas um sinal e não 
o agente causador da distocia. Pode ocorrer também em condições espásticas (úteros 
hipertônicos). O estresse da mãe no parto também é uma causa já que, nesses casos, há 
liberação de adrenalina, que ocupa os receptores da ocitocina e, assim, leva à inércia 
uterina. Algumas raças proporcionam maior predisposição à distocia, como raças 
braquicefálicas, como é o caso de Bulldogs e Pugs.
Entre outras causas maternas podemos destacar, a torção e a ruptura uterina, as quais 
podem ocorrer em diferentes graus, vagina dupla, vulva infantil, estenose vaginal, 
vagina hipoplásica, hiperplasia de assoalho vaginal, vulvovaginite, presença de septo 
vaginal, dor, medo (inibição do parto espontâneo), excesso de gordura perivaginal, 
fibroses e neoplasias.
Distocia fetal
As distocias de origem fetal podem ser provocadas por deficiência de corticosteroides 
adrenais do feto, tamanho do feto determinado pela raça ou gestação prolongada, 
ascites e hidrocefalia ou alterações na estática fetal. Anomalias fetais congênitas e 
posicionamento fetal incorreto impedem o desencadeamento do parto ou resultam em 
obstrução do canal do parto.
A estática fetal anômala no início da expulsão ou durante o parto é a causa mais 
frequente de distocia fetal e a segunda maior causa de distocias em cadelas. Por outro 
lado, a distocia obstrutiva não é incomum quando fetos de ambos os cornos ingressam 
no canal do parto ao mesmo tempo. 
Já a apresentação transversal pode-se desenvolver quando um feto, considerado 
demasiadamente grande em relação ao canal do parto, ingressa no corno uterino 
oposto, com a cérvix não suficientemente dilatada ou que se fecha antes da expulsão 
de todos os fetos. A posição anormal, seja em apresentação anterior ou posterior, não 
permite que o feto flexione a coluna vertebral durante a passagem pela via fetal mole.
Há relatos de ninhadas com o primeiro feto muito grande ou de todos os fetos serem 
excessivamente grandes em cadelas primíparas. Os filhotes de certas raças também 
têm predisposição a ter uma cabeça grande, como é o caso de raças como: Pinscher e 
Chihuahua. Em algumas cadelas, há uma pelve estreita, como exemplificado por raças 
como: Terrier Escocês, Corgi e raças braquicefálicas. Além disso, fetos de tamanhos 
grandes podem ser resultados de várias malformações. 
Anasarca, gêmeos siameses, Schistosoma reflexum e enfisema fetal são exemplos de 
aumento patológico do corpo fetal. Sendo que a anasarca é a ocorrência com maior 
30
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
frequência quando comparada com as demais. Uma fêmea diabética, por exemplo, 
leva à formação de fetos grandes e, portanto, apresenta uma predisposição à distocia. 
Outros fatores não congênitos que predispõem a distocia são: 
 » idade; 
 » cadelas primíparas de idade avançada (mais de seis anos); 
 » cadelas com bexigas urinárias cheias e muito estiradas ou com espondilose. 
Torção uterina
Um outro distúrbio encontrado no sistema reprodutor é a torção uterina. Trata-se de 
uma enfermidade que possui urgência. A definição é baseada na rotação de todo útero 
sobre seu eixo longitudinal ou mesmo de um corno uterino, podendo ser até dos dois 
cornos. É incomum em pequenos animais, tendo uma maior frequência nas gatas do 
que em cadelas. A torção uterina verifica-se com frequência em fêmeas multíparas no 
final da gestação.
Por ter causas ainda não muito esclarecidas, suspeita-se que a etiologia dessa 
enfermidade ocorra devido ao movimento fetal, frouxidão do ligamento largo do útero, 
devido aos movimentos de contração uterina, queda dos fluídos fetais e ao excesso de 
atividade física durante a gestação.
A torção geralmente ocorre ao redor do mesométrio e acontece na junção entre os cornos 
e o corpo uterino. Em consequência, há infarto venoso, congestão e edema da parede 
uterina e da placenta. Essa torção pode ocorrer em animais com prenhes confirmada ou 
consequência de piometra e hidrometra. 
Figura 6. Torção uterina contendo líquido estéril.
Fonte: BANDARRAVET, 2018.
31
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Os sinais clínicos não são específicos e, normalmente, refletem no abdômen do animal 
causando: 
 » anorexia; 
 » letargia; 
 » distensão ou tensão abdominal; 
 » choque; 
 » hipotermia; 
 » vômitos; 
 » inquietação;
 » desidratação;
 » descarga vaginal.
Para um diagnóstico, podemos requerer exames de imagem como raio x abdominal 
e ultrassom. Como diagnóstico definitivo, é necessário realizar exploração cirúrgica e 
correção da situação.
Nesses casos de torção uterina, se faz imprescindível uma terapêutica de suporte para 
ter uma estabilização da fêmea antes do procedimento cirúrgico. E ainda recomenda-se 
a administração intravenosa de fluídos e de antibiótico de largo espectro antes e após 
a cirurgia.
A torção uterina não deve ser corrigida antes da remoção do útero por OVH, de modo 
a evitar a libertação de endotoxinas e mediadores da inflamação contidos nos tecidos 
comprometidos. O prognóstico de casos de torção uterina tende a ser favorável se a 
correção do choque e a realização da cirurgia forem realizadas a tempo. 
Prolapso uterino 
O prolapso uterino é quando ocorre um deslocamento ou a eversão e protrusão de uma 
porção do útero pela cérvice, passando pelo interior da vagina. Podemos classificar o 
prolapso em unilateral ou bilateral, sendo o unilateral mais comum. 
O prolapso uterino é uma circunstância que é pouco frequente. Quando ocorre em 
cadelas, pode acontecer a chamada “urgência reprodutiva na cadela”, situação em que 
são encontrados fetos viáveis no corno uterino oposta à eversão. 
32
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
Já em felinos, essa alteração do sistema reprodutivo acontece com mais frequência. 
E pode surgir principalmente em animais com idade entre dois e sete anos que 
normalmente, já tiveram dois ou mais partos. Em ambas as espécies, felinas e caninas, 
essa enfermidade ocorre durante um parto prolongado, normalmente após 48 horas ou 
quando a cérvix encontra-se dilatada.
Outros fatores que predispõem essa ocorrência são partos onde ocorrem contrações 
excessivas (distócicos e gemelares), hipocalcemia, retenção de placenta e infecção 
uterina.
Embora as causas envolvidas no processo sejam obscuras, alterações que possam 
envolver o relaxamento da musculatura pélvica, atonia uterina, separação incompleta 
das membranas placentárias, flacidez mesovariana, tenesmo e contrações uterinas 
excessivas são consideras causas potenciais.
Figura 7. Prolapso uterino em gata.
Fonte: SLIDESHARE, 2018.
Normalmente, a forma do tecido evertido é de uma rosquinha e sua coloração é pálida 
devido à congestão venosa ao traumatismo e algumas sujidades que possam aparecer 
no local exposto. Uma outra ocorrência que aparece com o prolapso de útero é a 
possibilidade do rompimento do ligamento largo e a artéria uterina. Podendo levar a 
uma hemorragia que levará o animal a sofrer choque hipovolêmico, se não for controlado 
a tempo.
Na maioria das vezes, o animal com prolapso uterino encontra-se clinicamente bem. 
Podendo apresentar alguns desequilíbrios metabólicos. Com isso, antes mesmo de se 
fazer o tratamento do prolapso, deve-se tratar esses distúrbios para diminuir o risco de 
qualquer outro problema no animal.
33
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Uma outra ocorrência que deve ser bem investigada é a redução ou o comprometimento 
total da micção devido à compressão da uretra que pode apresentar-se distendida ou 
até mesmo obstruída.
Para realização dodiagnóstico de prolapso uterino, o médico veterinário deve 
basear-se no exame físico e sinais clínicos. Dando atenção especial tanto à observação 
do animal como à idade e fase do ciclo estral. Esse último deve ser confirmado por meio 
da citologia vaginal.
Nos casos de prolapso parcial, a palpação da vagina ou vaginoscopia podem ser 
necessárias ao diagnóstico.
O tratamento de escolha é o cirúrgico, onde será feita a reposição anatômica do útero, 
com amputação da massa prolapsada e ovariossalpingohisterectomia imediata, para 
que evite recidivas.
O prognóstico após a castração é excelente quando o choque e a hemorragia no 
pré-operatório são tratados de maneira apropriada. Entretanto, quando há envolvimento 
e comprometimento da uretra, o prognóstico se torna mais reservado, requerendo um 
acompanhamento mais minucioso.
Tetania puerperal
A tetania puerperal ou hipocalcemia pós-parto é uma condição que se desenvolve no 
periparto como resultado da diminuição da concentração plasmática de cálcio devido 
às exigências da mineralização do esqueleto fetal e da lactação. 
O aleitamento é um dreno enorme em reservas de cálcio do corpo. As cadelas não podem 
mobilizar cálcio suficiente através do trato gastrintestinal para suprir a produção de 
leite. Por isso, as reservas de cálcio do osso devem se capturadas através da ação do 
hormônio da paratireoide. 
A hipocalcemia puerperal clínica é, de longe, a mais comum em pequenas raças com 
grandes ninhadas que se encontram na segunda/terceira semana de lactação, embora 
possa surgir em uma fase avançada da gestação. Qualquer raça pode ser afetada e os 
sinais clínicos de hipocalcemia podem ocorrer durante o parto.
A hipocalcemia tem um efeito excitatório nas células nervosas e está presente quando 
a concentração sérica de cálcio for menor que 9 mg/dl em cães e gatos com menos de 6 
meses de idade. Uma vez alterados os seus potenciais de ação, descargas espontâneas 
ocorrem e irão induzir as contrações das fibras musculares. 
34
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
A inadequada manutenção do cálcio total do corpo se manifesta inicialmente por 
inquietação, fraqueza muscular ou tremores, prurido facial e abandono dos filhotes. 
Evoluindo para os sinais clínicos mais comumente observados, como postura rígida 
associada com:
 » tremores; 
 » contrações musculares;
 » convulsões; 
 » taquicardia; 
 » taquipneia; 
 » hipertermia;
 » poliúria; 
 » polidipsia; 
 » vômitos; 
 » alterações comportamentais (agressividade, hipersensibilidade e 
desorientação).
Figura 8. Tetania puerperal em cadela da raça Pinscher.
Fonte: VIDA DE VETERINÁRIO, 2018.
Com o avanço do quadro clínico, a taquicardia ou bradicardia e, ainda, dilatação da 
pupila podem ser observados. Por fim, têm-se convulsões e posterior hipertermia. 
Os sinais clínicos mais comuns são diretamente atribuídos ao aumento na excitabilidade 
neuronal induzido por hipocalcemia e incluem: 
35
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
 » nervosismo; 
 » fasciculação muscular focal (especialmente dos músculos facial e 
auricular);
 » locomoção rígida; 
 » tetania e convulsões. 
Essas últimas não estão associadas à perda de consciência ou incontinência urinária. 
Os indicadores precoces de hipocalcemia, especialmente em gatos, incluem letargia, 
anorexia, irritação facial intensa e respiração ofegante. Exercícios, excitação e estresse 
podem induzir ou agravar os sinais clínicos. Os achados adicionais no exame físico 
podem incluir febre, abdômen “tenso”, anormalidades cardíacas (pulso femoral fraco, 
sons cardíacos abafados, taquiarritmias) e catarata.
Nas gatas, a ocorrência de hipocalcemia é menos frequente, podendo ser verificada em 
fêmeas lactantes que amamentam ninhadas grandes ou no final da gestação, de 3 a 17 
dias antes do parto. Os sinais clínicos mais frequentemente apresentados incluem: 
 » letargia aguda; 
 » anorexia; 
 » fasciculações musculares; 
 » desidratação; 
 » fraqueza; 
 » palidez; 
 » hipotermia; 
 » bradicardia; 
 » dispneia e/ou taquipneia. 
Tal como nas cadelas, o diagnóstico é feito conjugando a história e sinais clínicos com 
níveis plasmáticos de cálcio total inferiores a 6,0 mg/dl (9 – 10,9 mg/dl).
A tetania puerperal é considerada uma situação grave que, não sendo tratada 
adequadamente, pode levar à morte, normalmente por depressão respiratória grave 
ou por hipertermia associada a edema cerebral. Dessa forma, a terapêutica deve 
ser rapidamente instituída, iniciando-se pela correção das situações mais graves. 
O primeiro passo consiste na administração de fluídos por via intravenosa, com vista à 
correção da hipertermia, desidratação e taquicardia.
36
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
O tratamento consiste na administração intravenosa lenta de uma solução de 
gluconato de cálcio a 10% até a obtenção de efeito. A dose é geralmente de 0,2 a 0,5 
mg/kg, dependendo do tamanho da fêmea. Como todo cálcio é cardiotóxico, deve ser 
realizada auscultação cardíaca do animal, junto com administração do cálcio, para a 
detecção de bradicardia ou arritmias.
Caso ocorram bradicardias ou arritmias, a administração de cálcio deve ser 
interrompida imediatamente. Se for necessário cálcio adicional, ele deve ser 
administrado após a normatização do ritmo cardíaco, mas em velocidade bem menor. 
A resposta ao tratamento é notável e os sinais clínicos se resolvem, em geral, durante 
a administração intravenosa de cálcio.
Pseudogestação
A pseudogestação, conhecida também pelo nome de pseudociese ou falsa gestação, 
pode ser considerada como uma síndrome que ocorre em animais não gestantes. 
É muito comum sua ocorrência em cadelas, geralmente entre 6 a 14 semanas após 
a cadela entrar no estro (cio). É um fenômeno clínico em que a fêmea que não se 
encontra prenhe apresenta comportamento maternal e lactação. Essa situação não 
está associada a qualquer anormalidade reprodutiva.
Figura 9. Fêmea apresentando pseudogestação.
Fonte: BLUPET, 2018.
37
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Existem algumas teorias que explicam o aparecimento dessa síndrome. Uma delas é 
que, o aumento da concentração plasmática de prolactina após o metaestro (período 
de ovulação), irá levar à uma produção de leite pelas glândulas mamárias e também 
à manutenção do corpo lúteo. Esse, por sua vez, secreta progesterona, hormônio 
responsável por manter a gestação, cerca de 60 dias após a ovulação. 
Como não há a presença de nenhum hormônio que lise (destrua) o corpo lúteo, no caso 
de ausência de fertilização, o nível hormonal em animais gestantes e não gestantes é o 
mesmo.
A pseudociese é de ocorrência comum, embora de incidência e distribuição 
desconhecidas. Estima-se entre 50 a 70%, aproximadamente, a frequência dessa 
síndrome nas cadelas. 
A literatura não descreve uma relação entre a predisposição entre as faixas etárias, 
raças ou entre portes físicos. E também, não aponta que haja interferências quando 
se trata de fêmea nulípara ou fêmea plurípara. O aparecimento dessa síndrome não 
apresenta relação com taxas de fertilidade ou ocorrência de doenças reprodutivas. 
Outros fatores como ambientais e nutricionais, ainda estão sob investigação.
Além do período pós-ovulação, existem outras situações onde o animal pode 
desenvolver a pseudociese. Entretanto, em todos esses casos, há uma exposição à 
progesterona e, um posterior decréscimo no nível desse hormônio:
 » durante e após o término de um tratamento com progestágenos 
(hormônios similares à progesterona);
 » após um tratamento com prostaglandina (estrógeno e progesterona);
 » cerca de 3 a 4 dias após a castração total da fêmea 
(ováriosalpingohisterectomia) durante o período de diestro.
Os sinais clínicos mais comuns são: 
 » desenvolvimento da glândula mamária; 
 » secreção uterina; 
 » construção de ninho, adoção de objetos inanimados ou de filhotes de 
outras fêmeas; atenção, proteção e defesa;
 » lambedura do abdômen; 
 » agressividade,entre outras alterações comportamentais. 
38
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
O diagnóstico da pseudogestação baseia-se na história, nos sinais clínicos e 
comportamentais e na fase do ciclo estral em que essa fêmea se encontra. Deve-se 
atentar que essa condição pode coexistir com situações fisiológicas e outras doenças 
inerentes ao diestro.
Por se tratar de uma condição autolimitante, muitas vezes pode não requerer 
tratamento, ou ainda, o tratamento poderá ser apenas conservativo. Técnicas como: 
fazer uso de um colar elisabetano (para evitar que o animal estimule a secreção láctea 
pela lambedura das mamas) e a simples privação de água por três ou quatro noites 
consecutivas com uso concomitante de furosemida (2mg/kg) via oral duas a três vezes 
ao dia são metodologias aparentemente eficazes. 
Nos casos de comportamentos maternos exacerbados, a atenção do animal deve 
ser desviada com estímulo à atividade física. Entretanto, em cadelas ou gatas com 
subsequentes quadros de pseudociese, é indicada a castração, quando essas não forem 
destinadas à reprodução.
39
CAPÍTULO 4
Lesões inflamatórias e infecciosas
Metrite
Metrite é um termo utilizado na clínica veterinária para descrever uma inflamação 
aguda no útero de cães. Essa condição é causada, principalmente, por infecções 
bacterianas do útero. 
Normalmente, a metrite ocorre em condições de pós-parto, por volta de uma semana 
após a cadela dar à luz. Além dessa condição, pode também se desenvolver após um 
aborto natural ou médico. 
A metrite é muitas vezes associada com a retenção de placenta ou do feto, após a 
entrega de uma ninhada de filhotes. O colo do útero aberto facilita a entrada das 
bactérias no útero dos cães.
As bactérias mais frequentemente encontradas nas infecções do útero são: bactérias 
gram-negativas, como Escherichia coli que na maioria das vezes pode causar uma 
infecção sistêmica na cadela. Quando não tratada a tempo e corretamente, essa infecção 
pode levar o animal à esterilidade, bem como levá-lo a choque séptico, que é uma 
condição letal.
Quando o animal apresenta uma infecção aguda, ela pode apresentar a serosa 
escurecida, com hemorragia petequial finamente granular e com feixes de fibrina 
aderidos. E ainda, observa-se espessamento na parede uterina e consequente 
edema.
40
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
Figura 10. Metrite observada em útero de cadela.
Fonte: EMFORMA, 2018.
Os sintomas podem variar de leves a graves. Normalmente, o proprietário leva o 
animal ao veterinário pelo fato de o animal apresentar o cheiro desagradável devido 
à descarga de líquido malcheiroso da vulva. A descarga a partir da vulva aparece, 
geralmente, de cor verde escura e é uma combinação de sangue e pus. Outros sintomas 
da metrite canina incluem: febre, aumento da frequência cardíaca, desidratação, 
vômitos, falta de apetite, diarreia, gengivas vermelhas escuras, abdômen inchado e 
redução na produção de leite. 
Para o diagnóstico, o médico veterinário deverá realizar um exame físico completo, 
incluindo: um perfil químico, um hemograma completo, um painel de eletrólito e 
um exame de urina. Com esses testes, é possível confirmar a presença da doença 
e o tipo de bactéria que está causando a infecção. Pode, ainda, ser determinado o 
tipo de bactéria através da análise de uma amostra de corrimento vaginal da cadela 
infectada.
As ferramentas utilizadas para o diagnóstico, como imagens de radiografia e 
ultrassom, permitirão que o veterinário possa examinar visualmente o interior do 
útero, identificando o tecido retido ou a presença de líquido no útero.
41
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Em caso de infecção leve do útero, o veterinário poderá prescrever certos 
antibióticos para tratar a doença. No entanto, o tratamento médico imediato é 
necessário se a condição for grave.
Ainda, pode ser necessária a internação da cadela para iniciar o tratamento com 
fluídos intravenosos de eletrólitos. O tratamento pode também exigir a remoção 
do conteúdo uterino. Isso pode ser feito com a ajuda de medicamentos como: a 
ocitocina ou prostaglandinas. Estes últimos, ajudam a estimular as contrações 
uterinas e, assim, expelem o conteúdo do útero.
Quando a infecção for crônica, o processo cirúrgico para limpeza poderá ser 
imprescindível. Às vezes, se a infecção é muito grave, pode ser necessária a remoção 
de todos os órgãos reprodutores da cadela, a castração da cadela é frequentemente 
recomendada.
Mastite
Mastite é uma doença inflamatória. Ocorre mais comumente em caninos no período 
pós-parto ou como complicação de casos de pseudociese. A mastite é comum em 
cadelas e rara em gatas, podendo acometer uma ou mais glândulas lactantes, sobretudo 
no período pós-parto.
Existem diversas patogenias que acometem as glândulas mamárias que podem 
ser de origem infecciosa ou devido a traumas, alergias e neoplasias, congestão da 
glândula mamária, estase do leite e más condições sanitárias, a mastite geralmente 
está associada ao abandono prematuro dos filhotes, morte das crias ou no desmame 
e em casos de pseudociese (gestação psicológica). A infecção da glândula mamária 
pode levar a uma disseminação sistêmica do patógeno e também acometer outros 
órgãos como, por exemplo, o útero.
Em caso de mastite nas fêmeas em lactação, o leite fica mais viscoso e sua cor se altera 
do amarelado para acastanhado, dependendo da quantidade de sangue e exsudato 
purulento presente. Isso se dá pela presença de patógenos que se disseminam por via 
hematogênica ou através de ascensão pelo canal das tetas. Normalmente é uma afecção 
inespecífica e causada por agentes oportunistas, principalmente a Escherichia coli, 
Streptococcus, Staphilococcus.
42
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
Figura 11. Gata acometida pela mastite.
Fonte: ENTREGATOS, 2018.
Figura 12. Cadela apresentando mastite.
Fonte: BICHO SAUDÁVEL, 2018a.
A cadela lactante sob suspeita de mastite pode perde o apetite, torna-se triste, abatida, 
tem febre, além disso, podem aparecer também sintomas relacionados ao aparelho 
digestivo, como diarreia e vômitos.
A mama torna-se vermelha, fica dura e inchada e deve ser realizado um exame 
de apalpação onde o animal demonstra dor e desconforto. Quando se pressiona a 
mama atingida, sai um líquido seroso ou hemorrágico. O tratamento é feito à base de 
antibióticos, fluidoterapia e aplicação de compressas mornas no local.
43
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Como a saúde dos filhotes depende diretamente da qualidade do leite da mãe, 
observa-se que os filhotes da ninhada apresentam-se debilitados e com perda repentina 
de peso, além de outros sintomas como: choro intenso e constante, apresentação de 
transtornos digestivos ou, ainda, irritações e descamações cutâneas. Eles são afetados 
imediatamente por qualquer processo inflamatório/infeccioso desenvolvido pela cadela. 
Assim, se o leite materno contém agentes patogênicos (síndrome do leite tóxico), os 
filhotes serão afetados rapidamente e podem morrer intoxicados. 
Vaginite
A vaginite é uma afecção rara em cadelas adultas. É uma causa importante de 
subfertilidade ou infertilidade, quando secundária às anomalias do trato reprodutivo. 
A vaginite é caracterizada como uma inflamação da vagina, ocorrendo em cadelas 
sexualmente intactas ou castradas. Pode acometer animais de qualquer idade ou raça, 
durante qualquer estágio do ciclo reprodutivo. Em relação às felinas, trata-se de uma 
afecção rara.
Essa enfermidade não é tão comum em consequência do baixo pH e imunidade da 
mucosa do animal. Porém, pode estar associada à imaturidade no trato reprodutivo, 
estimulação androgênica, irritação química ou mecânica e anormalidades anatômicas 
da vagina ou vestíbulo. 
Também pode ser resultante de infecções virais ou bacterianas, causada por 
agentes inespecíficos e oportunistas. Normalmente, as vaginites são causadas 
por enterobactérias oupela microbiota do sistema urogenital inferior, tais como 
Staphylococcus spp, Streptococcus spp, Escherichia coli, Proteus spp, Pseudomonas 
aeruginosa, Pasteurella entre outras. 
Para realização do diagnóstico, o histórico clínico e os achados no exame físico são 
essenciais, como hiperemia da mucosa e corrimento vulvar mucoide, mucopurulento 
ou purulento. Também são uteis no diagnóstico os exames de citologia vaginal e 
vaginoscopia.
Para definir a terapêutica, deve-se primeiramente descobrir a causa, principalmente 
se estiver relacionada a anormalidades anatômicas. Antibioticoterapia associada à 
limpeza perineal é o tratamento mais eficaz.
44
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
Piometra 
Dentre as alterações proliferativas não neoplásicas do útero, a piometra é a alteração 
mais comum. Dentre as enfermidades que acometem o trato reprodutivo da cadela, a 
piometra é uma patologia comum em cadelas não castradas com prevalência na meia 
idade, prevalecendo em animais com mais de 6 anos de idade dentro de 8 semanas após 
o último estro. 
Estudos mostram que a piometra pode ocorrer depois do primeiro estro, variando de 6 
meses até 16 anos em cadelas, podendo estar relacionada geralmente à administração 
exógena de hormônios estrogênicos ou progestágenos.
A piometra pode ser definida como uma infecção aguda ou crônica do útero, pode 
ser classificada em aberta ou fechada, a depender da existência de corrimento vulvar. 
Nos casos de piometra aberta, há corrimento vulvar purulento, mucopurulento ou 
sanguinolento. Fêmeas portadoras de piometra fechada apresentam um pior prognóstico 
devido a um maior risco de septicemia ou endotoxemia. Além disso, uma compressão 
ou distensão uterina podem permitir que o conteúdo uterino infectado extravase dos 
ovidutos e cause peritonite.
Figura 13. À esquerda é ilustrada uma cadela sem piometra enquanto que à direita, a cadela apresenta a 
enfermidade.
Fonte: PORTAL DO DOG, 2018a.
Em algumas situações, a obstrução da cérvix é mecânica, mas, em grande parte, envolve 
obstrução funcional sob influência de progesterona produzida por um corpo lúteo 
persistente. Na fêmea canina, a maioria dos casos ocorre como resultado de infecção 
bacteriana secundária, e durante a pseudogestação (ou pseudociese).
45
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Figura 14. Cadela acometida pela piometra e recém operada.
Fonte: UPAT, 2018.
A Escherichia coli constitui o microrganismo mais comumente identificado em 
piometras caninas e felinas. Essa possui afinidade por endométrio e miométrio.
Figura 15. Pieometra em gata.
Fonte: FALANDO DE PETS, 2018. 
Em cadelas, o risco de desenvolvimento da piometra aumenta com a idade, 
provavelmente devido à repetida estimulação hormonal no útero. Já a piometra 
felina é menos frequente quando comparada com a canina, pois o desenvolvimento 
46
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
do tecido luteal exige cópula ou ovulação induzida artificialmente. No entanto, 
gatas tratadas com progestágenos contra dermatopatias apresentam incidência 
aumentada de piometra.
O diagnóstico é baseado no histórico clínico reprodutivo, exame físico, exames 
laboratoriais, hemograma, bioquímica sérica, urinálise, citologia vaginal e 
ultrassonografia abdominal para ver se o útero está aumentado ou com espessura maior 
que o normal, devido à presença de acúmulo de líquido dentro do lúmen e em alguns 
casos a natureza do líquido (serosa versus viscosa).
O tratamento medicamentoso é imprescindível logo após a detecção da patologia, 
pois a endotoxemia e a septicemia podem aparecer a qualquer momento. 
A fluidoterapia intravenosa adequada e manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico 
promovem a perfusão renal adequada, além da antibioticoterapia de amplo espectro 
para controle ou prevenção de sepse. Após a estabilização do paciente, o tratamento 
de eleição para essa enfermidade é a ováriosalpingohisterectomia.
47
CAPÍTULO 5
Neoplasias 
A palavra “neoplasia” tem origem do grego onde “neo” significa novo e “plasis” significa 
crescimento. Trata-se de um crescimento anormal das células, onde o organismo não 
consegue controlar, multiplicando de maneira desordenada e descontrolada. Esse 
crescimento persiste, mesmo quando cessado, o estímulo que a provocou. 
Sabe-se que todas as células do corpo estão constantemente se multiplicando (exceto 
as células nervosas) com o intuito de fabricar, desenvolver ou recuperar tecidos 
saudáveis do corpo. Porém, essas mesmas células possuem mecanismos de defesa 
que impõem um limite sobre sua multiplicação. Por diversos fatores, como genéticos 
ou adquiridos, esse mecanismo de defesa pode ser comprometido, surgindo, assim, 
as neoplasias ou tumores.
Podem ser benignas ou malignas, essa classificação dependerá do potencial de danos 
que poderá causar ao enfermo. As neoplasias benignas são caracterizadas por células 
muito semelhantes às células de replicação original. São caracterizadas por terem um 
crescimento lento, podendo ser removida. O paciente, na maioria dos casos, tem sua 
cura, não havendo risco de uma “metástase”.
Já as neoplasias malignas, caracterizam-se pela sua multiplicação rápida e a facilidade 
de infiltração em outras estruturas próximas ao tumor. Aqui ocorre risco de metástase 
e a cura dependerá de um diagnóstico rápido, pois os órgãos já foram acometidos.
Neoplasia ovariana 
As anormalidades ovarianas primárias são incomuns na espécie canina, incluem 
os cistos e tumores ovarianos. Quanto à formação e desenvolvimento dos diferentes 
tecidos embrionários, podem ter origem nos elementos epiteliais (adenoma, 
adenocarcinoma, cistoadenocarcinoma papilar, cistoadenoma papilar), nas células 
germinais (disgerminoma, teratoma, teratocarcinoma) e, por fim, em células e cordões 
sexuais (tumor das células intersticiais, luteomatecoma, granulosas e luteomas).
A maioria dos tumores ovarianos apresenta-se unilateralmente. A possibilidade de 
ocorrência bilateral aumenta de acordo com o potencial maligno do tumor. 
48
UNIDADE I │ DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO
Em tumores ovarianos acometidos em caninos, observa-se que 40% a 50% são 
tumores epiteliais; 10% são oriundos das células germinais e, finalmente, aqueles 
advindos do estroma e dos cordões sexuais, compreendem a maioria dos demais 
tumores ovarianos.
O tumor de célula da granulosa é uma neoplasia ovariana que leva à síndrome de 
dominância estrogênica. Esse tipo é encontrado com mais frequência em vacas e éguas 
e com menor frequência em cadelas. 
Esses tumores são geralmente unilaterais, grandes e frequentemente palpáveis, 
podendo causar distensão abdominal e produzir sinais de hiperestrogenismo, 
resultando em estro contínuo, tumefação vulvar, alopecia, hiperpigmentação, 
corrimento vaginal, hiperplasia endometrial, piometra, anemia arregenerativa e 
trombocitopenia.
Figura 16. Ilustração de um ovário com tumor de células da granulosa. Na figura à esquerda, observa-se a 
presença de uma massa na arquitetura ovariana. Essa massa tem aproximadamente 25 cm de diâmetro, possui 
múltiplos nódulos amarelos, os quais compreendem, em seu interior, pequenos cistos preenchidos por líquido 
amarelo claro ou coágulos sanguíneos. Na figura à direita, observa-se histologicamente as células da granulosa 
neoplásicas, formando estruturas que lembram folículos ovarianos e estão separadas por finos septos de tecido 
conjuntivo fibroso (coloração brancacenta).
Fonte: Tessele; Barros, 2016.
Normalmente, a ocorrência de tumores epiteliais é descrita em animais com faixa etária 
entre meia idade a idosos, ou seja, entre 4 a 15 anos. Em sua maioria, destacam-se 
aqueles com 10 anos de idade. 
49
DISTÚRBIOS DO SISTEMA REPRODUTIVO │ UNIDADE I
Para o adenoma e adenocarcinoma ou carcinomas indiferenciados, verifica-se que as 
metástases são comuns nessas situações devido à circulação linfática, implantação 
ou invasão circular. Ressalta-se que, as formas papilares ou císticas, transicionais

Continue navegando