UNIVERSIDADE PAULISTA VARLEI ANÁLISE CRÍTICA Supervisor (a) Acadêmico (a) Supervisor (a) de Campo Assinatura e carimbo Assinatura e carimbo FRANCA/SP 2021 POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA Introdução No atual cenário contemporâneo de pandemia do Covid-19, com o desenvolvimento do capitalismo, a internacionalização da economia, a urbanização acelerada, a hegemonia neoliberal, entre outros que representam a nova ordem mundial, tem produzido, entre outros efeitos, um aumento volumoso da exclusão social o que causa possíveis rupturas sociais capazes de comprometer anseio de uma sociedade democrática justa. Neste contexto, há um número cada vez maior de pessoas excluídas dos direitos sociais básicos como educação, saúde, trabalho, habitação, alimentação e outros. E até mesmo dos direitos humanos, alguns grupos desprezados e invisibilizados. É nessa classificação que encontramos a População em Situação de Rua (PSR). Diante deste cenário há um crescimento visível da PSR, o que de tempos em tempos eclodem em ações de violência e repressão contra esta população, alicerçada no preconceito levando a "limpeza das cidades" em nome da ordem, que expulsa esta população para espaços invisíveis. Nessa situação o Estado tem utilizado de forças opressoras para punir as pessoas que não se enquadram na lógica do capital-mercado e estão à margem da sociedade, com ações de fiscalização e abordagem nas áreas públicas de forma violenta e autoritária, levando os poucos pertences desse público, documentos, dificultando a existência da PSR, e intensificando mais ainda a situação de vulnerabilidade. Transcende-se assim, de um “Estado Social” para um “Estado Penal”. Na década de 1980 a mudança de regime político ocorrido no Brasil seguido por recessões econômicas, aumento do desemprego, intensificação do processo de globalização contribuiu para que a miséria rompesse com os limites espaciais, transbordando vilas, favelas e cortiços, para as ruas e praças das cidades. Hoje a PSR é um desdobramento da questão social, e requer do Estado intervenções que levem em conta como ela se constitui e as formas de sobrevivências ali desenvolvidas. Conhecer os que vivem na rua, identificar suas necessidades sociais e a complexidade de seu processo saúde-doença assim como os motivos que os levaram às ruas, se faz necessário para a construção de um modelo de atenção universal, equânime e integral. Existem algumas ações presentes que apresentam possibilidades de transformação da realidade em que se encontram a PSR. Destaca-se o I e II Encontros Nacionais da População em Situação de Rua que representam espaços de vocalização desse grupo, Política Nacional de Assistência Social- PNAS – (2005) que incluiu a PSR no âmbito da proteção social e especial, a Política Nacional para a População em Situação de Rua- PNPSR (2009) que representou a primeira iniciativa nacional de reconhecimento de direitos desse grupo e as perspectivas anunciadas pelo consultório na rua. Trata-se de iniciativas recentes e que ainda necessitam de mais investigações e ainda não foram efetivadas em algumas realidades locais. No campo das práxis, a PSR ainda vivencia inúmeras privações, violência, miséria, inutilidade social e constitui, portanto, um desafio para as políticas públicas sociais em particular a da saúde. O fenômeno PSR é a definição introduzida pelo Decreto 7.053, 23 de dezembro de 2009 a que institui PNPSR, na busca de uma definição legalmente amparada. Considera-se população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo, que possui em comum a pobreza extrema os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional ou regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória. (Brasil, 2009) Como podemos perceber a situação de vulnerabilidade desse grupo e a necessidade de proteção se torna ampla devido as inúmeras expressões da questão social provenientes a essas pessoas, dada a amplitude que este fenômeno apresenta na sociedade capitalista. O fenômeno social população em situação de rua constitui uma síntese de múltiplas determinações, cujas características, mesmo com variações históricas, tornam –se um elemento extraordinário relevância na composição da pobreza nas sociedades capitalistas. (Silva, p.91, 2009) Proteção social e à saúde para a população em situação de rua e o Serviço Social. A política de assistência social tem como objetivo prestar atendimento aos indivíduos em necessidades extremas, como a pobreza, quebra de vínculos familiares, ausência de moradias e trabalho. Esta população fica à mercê da intervenção Estado como meio de subsistência. Por este motivo, esta política é compreendida como uma das bases fundamentais do sistema de proteção social no Brasil. De acordo com o artigo I da Lei Orgânica de Assistência Social: A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado é a política de seguridade social não contributiva, que prove os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado, de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento as necessidades básicas da população usuária. (BRASIL, p.1, 1993) A assistência social é de quem dela necessitar, mas ao mesmo tempo não consegue atender todos que dela necessita, e sim aos mais necessitados que se encontram em uma situação de vulnerabilidade social. Sendo assim, a política pública voltada para PSR em Franca, é composta pelo Centro De Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), casa de passagem, abrigo provisório, abordagem social, esses serviços visam atender as demandas de subsistência dessa população, porém se faz necessário voltar o olhar para as demandas de saúde que são muito complexas, principalmente no âmbito da saúde mental. A população em situação de rua, na área da saúde conta com o acompanhamento do consultório na rua que é uma Unidade Básica de Saúde (UBS) itinerante que presta atendimento às pessoas que estão em Situação de rua. O Consultório na Rua (eCR) é composto por uma equipe multiprofissional, que trabalha com as diferentes demandas e necessidades de saúde dessas pessoas, todos os dias o consultório itinerante realiza busca ativa desses usuários e desenvolve suas atividades in-loco, a assistente social desenvolve ações integrais de saúde frente as necessidades dessa população e promove o acesso e articulação a rede e encaminha para a resolução das demandas apresentadas. As demandas mais frequentes são boletins de ocorrência, segunda via de documentos, encaminhamentos para o Abrigo Provisório e outras. A assistente social realiza o acolhimento, a escuta qualificada, assim criando vínculos com os seus usuários que a procura no espaço físico e também no consultório itinerante e assim são atendidos. O usuário tem atendimento médico, psicológico e a equipe conta com a assistente social, enfermeiro, uma técnica de enfermagem, uma auxiliar de saúde e o motorista. O maior desafio da equipe é quando há o afastamento de um ou mais integrantes da equipe o que sobrecarrega os demais, pois os gestores não complementam a equipe, e no espaço físico onde são realizados cadastros dos usuários, relatórios sociais, as evoluções nos prontuários dentre outros. A um déficit, na quantidade de equipamentos disponíveis para a equipe, que conta somente com dois computadores em que os profissionais se revezam causando prejuízos ao trabalho. A equipe do consultório na rua em seu cotidiano realiza o seu trabalho dentro das possibilidades