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Gramática Histórica da Língua Inglesa

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Prévia do material em texto

Gramática histórica da 
língua inglesa
Organizador
Thomas Daniel Finbow
Doutorado (D.Phil.) e Mestrado (M.Phil.) em Filologia Comparativa e 
Linguística Geral pela Universidade de Oxford
Professor Doutor de Linguística Histórica
Departamento de Linguística (FFLCH) na Universidade de São Paulo
Book 1.indb 1 17/11/16 19:14
© 2017 by Pearson Education do Brasil
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá 
ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro 
meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer 
outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem 
prévia autorização, por escrito, da Pearson Education do Brasil.
Diretora de produtos: Gabriela Diuana
Supervisora de produção editorial: Silvana Afonso
Coordenador de produtos: Vinícius Souza
Editor: Casa de Ideias
Redação: Julia Coachman e Thomas Daniel Finbow
Projeto gráfico e diagramação: Casa de Ideias
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Nononononononono-- São Paulo : Pearson Education do Brasil, 2016.
ISBN 978-85-xxx-xxx-x
1. Nonono
 CDD-000.0
00-00000 -000.00
Índice para catálogo sistemático:
1. Nononononononon 0000000
2016
Direitos exclusivos para a língua portuguesa cedidos à
Pearson Education do Brasil Ltda.,
uma empresa do grupo Pearson Education
Avenida Santa Marina, 1193
CEP 05036-001 – São Paulo – SP – Brasil
Fone: 11 3821-3542
universidades.atendimento@pearson.com
Book 1.indb 2 17/11/16 19:14
sumário
Apresentação ..........................................................................................VII
Prefácio ....................................................................................................... IX
Unidade 1 Inglês antigo .......................................................................1
Linguística histórica ..................................................................................3
Famílias linguísticas ................................................................................3
Método de reconstrução comparada ..............................................7
A família indo-europeia ..................................................................... 21
A família germânica ............................................................................. 26
Mudança linguística ............................................................................... 29
História interna versus história externa ........................................ 29
Mudança fônica..................................................................................... 30
Mudança gramatical ............................................................................ 31
O inglês antigo ......................................................................................... 34
História externa: as migrações germânicas à Grã -Bretanha .... 34
História interna: a estrutura do inglês antigo ............................ 37
Os dialetos anglo-saxões ................................................................... 45
Inglês antigo em contato com outras línguas ............................ 50
História externa: os reinos anglo-saxões ..................................... 50
Contato com as línguas celtas ......................................................... 52
Contato com o latim ............................................................................ 53
Contato com o norreno ...................................................................... 54
História externa: os séculos IX e X .................................................. 56
Fontes textuais ......................................................................................... 59
Beowulf ..................................................................................................... 59
The Dream of the Rood ......................................................................... 60
The Anglo-Saxon Chronicle ................................................................. 60
Beda, Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum ................................ 61
Unidade 2 O inglês médio ................................................................ 67
História externa da Inglaterra medieval ....................................... 71
A conquista normanda e o século XII ............................................ 71
O século XIII: o império angevino ................................................... 78
O século XIV: a Guerra dos Cem Anos e a Peste Negra ........... 83
O século XV e a Guerra das Rosas ................................................... 98
Book 1.indb 3 17/11/16 19:14
IV
Influências estrangeiras .....................................................................100
Contato com o francês normando e o francês de Paris ........100
Contato com outras línguas ...........................................................108
História interna: mudanças estruturais .......................................109
Fonologia...............................................................................................109
Morfologia e sintaxe ..........................................................................115
Diversidade dialetal .............................................................................120
Os dialetos medievais do inglês e do escocês .........................122
Literatura medieval ..............................................................................130
Peterborough Chronicle ..................................................................131
Sir Gawain and the Green Knight .................................................... 133
Geoffrey Chaucer ................................................................................135
The Paston letters ................................................................................. 137
Unidade 3 O inglês pré-moderno ................................................147
História externa: a Renascença, a Reforma, a Guerra Civil 
Inglesa, a Restauração da monarquia e a “Revolução 
Gloriosa” ...............................................................................................151
Henry VII .................................................................................................153
Henry VIII ...............................................................................................156
Edward VI ...............................................................................................161
Mary I ......................................................................................................163
Elizabeth I ..............................................................................................164
James I ....................................................................................................168
Charles I ..................................................................................................170
Charles II ................................................................................................176
James II ...................................................................................................177
História interna: mudanças estruturais .......................................178
Fonologia...............................................................................................178
Morfossintaxe ......................................................................................191
Léxico ......................................................................................................207
Ortografia, gramáticas e dicionários ............................................217
Ortografia ..............................................................................................217
Gramáticas e dicionários .................................................................221Textos pré-modernos ..........................................................................227
Poesia e teatro elizabetanos ...........................................................228
Shakespeare e a Bíblia King James ...............................................238
Ben Jonson e os poetas metafísicos ............................................243
John Milton e John Bunyan ............................................................246
Daniel Defoe e Jonathon Swift ......................................................252
Unidade 4 O inglês moderno ........................................................269
Variação e mudança na América do Norte .................................274
Gramática histórica da língua inglesa
Book 1.indb 4 17/11/16 19:14
Sumário V
A constituição do inglês americano ............................................274
Inglês no Canadá ................................................................................278
Diferenças entre o inglês americano e o inglês britânico ...280
Variação global ......................................................................................285
Inglês no Caribe ..................................................................................285
Inglês na África ....................................................................................290
Inglês na Ásia .......................................................................................298
Austrália e Nova Zelândia ................................................................301
Variação nas ilhas britânicas e na Irlanda ..................................305
Inglaterra ...............................................................................................305
Escócia ....................................................................................................310
País de Gales .........................................................................................313
Irlanda .....................................................................................................315
Referências .............................................................................................323
Book 1.indb 5 17/11/16 19:14
Book 1.indb 6 17/11/16 19:14
apresentação
Nos catálogos de livros universitários há vários títulos cuja pri-
meira edição saiu há 40, 50 anos, ou mais. São livros que, graças à 
identificação da edição na capa (e somente a ela), têm sua idade re-
velada. E, ao contrário do que muitos podem imaginar, isso não é um 
problema. Pelo contrário, são obras conhecidas, adotadas em diversas 
instituições de ensino, usadas por estudantes dos mais diferentes per-
fis e reverenciadas pelo que representam para o ensino. 
Qual o segredo de sucesso desses livros? O que eles têm de 
diferente de vários outros que, embora tenham tido boa aceita-
ção em um primeiro momento, não foram tão longe? Em poucas 
palavras, esses livros se adaptaram às novas realidades ao longo 
do tempo, entendendo as mudanças pelas quais a sociedade – e, 
consequentemente, as pessoas – passava e as novas necessidades 
que se apresentavam.
Para que isso fique mais claro, vamos pensar no seguinte: a 
maneira como as pessoas aprendiam matemática na década de 
1990 é igual ao modo como elas aprendem hoje? Embora os ali-
cerces da disciplina permaneçam os mesmos, a resposta é: não! 
Nesse intervalo de tempo, ocorreram mudanças significativas – a 
Internet se consolidou, os celulares se popularizaram, as redes so-
ciais surgiram etc. E todas essas mudanças repercutiram no modo 
de vida das pessoas, que se tornou mais rápido e desafiador, trans-
formando os fundamentos do processo de ensino/aprendizagem. 
Foi com base nisso que nasceu a Bibliografia Universitária 
Pear son (BUP). Concisos sem serem rasos e simples sem serem 
simplistas, os livros que compõem esta série são baseados na 
premissa de que, para atender sob medida às necessidades tan-
to dos alunos de graduação como das instituições de ensino – 
independente mente de eles estarem envolvidos com ensino presen-
cial ou a distância –, é preciso um processo amplo e flexível de 
construção do saber, que leve em conta a realidade em que vivemos. 
Assim, as obras apresentam de maneira clara os principais 
conceitos dos temas propostos, trazendo exatamente aquilo que 
o estudante precisa saber, complementado com aprofundamentos 
Book 1.indb 7 17/11/16 19:14
VIII
e discussões para reflexão. Além disso, possuem uma estrutura didática que propõe uma 
dinâmica única, a qual convida o leitor a levar para seu dia a dia os aspectos teóricos apre-
sentados. Veja como isso funciona na prática: 
A seção “Panorama” aprofunda os tópicos abordados ao mostrar como eles funcionam 
na prática, promovendo interessantes reflexões.
Inglês antigo 57
Os avanços vikings e a ascensão do reino de Wessex
As invasões dos vikings, principalmente do grande exército 
dinamarquês, desestruturaram a geografi a social e política da Grã-
-Bretanha e da Irlanda. No entanto, em 878, a famosa vitória do 
rei Alfredo sobre os vikings, em Edington, freou a investida di-
namarquesa. Porém, a Nortúmbria já se tornara um reino viking, 
enquanto a Mércia foi partida ao meio e a Ânglia Oriental já não 
mais era um território político anglo-saxão. Os reinos pictos, es-
coceses (imigrantes do norte da Irlanda que fundaram um reino na 
costa sudoeste da futura Escócia – em latim, os irlandeses eram 
chamados Scotti) e galeses também foram abalados pelos ataques 
vikings, que certamente também contribuíram para a constituição 
do Reino de Alba, que mais tarde formaria a Escócia.
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OCEANO
ATLÂNTICO
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Norte
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Irlanda
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York
Carlisle
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Ilha de Man
Ilha de Wight
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ÂNGLIA
ORIENTAL
MÉRCIA
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Cambridge
Lincoln Fronteira inglesa, 917
Fronteira inglesa, 920
English Frontier, 927
Cedido à Escócia c. 975
Thetford
Bedford
London
Cricklade
Buckingham
Gloucester
Tamworth
Chester
Manchester
Dublin
Thelwall
Eddisburg
Runcorn
Stafford
Davenport
Bakewell
Bath
Malmesbury
Wallingfdord
Winchester
Porchester
WarehamExeterLydford
Southhampton
Chichester
Canterbury
Hastings
Maldon
Hertford
Bamburgh
STRATHCLYDE
NORTH
U
M
B
R
IA
LOTHIAN
TERRA DOS
CINCO BURGOS
REINO
DE YORK
Assentamento norueguês
Assentamento dinamarquês
Fronteira do reino de
Guthrum
Figura 1.10 Divisão da Inglaterra no século X.
Fonte: adaptada de Blair (1984, p. 89).
Ao longo do livro, o leitor se depara com 
vários hipertextos. Classificados como “Saiba 
mais”, “Exem plo”, “Fique atento” e “Link”, 
esses hipertextos permitem ao aluno ir além em 
suas pesquisas, oferecendo-lhe amplas possibi-
lidades de aprofundamento. 
A linguagem dialógica aproxima o es-
tudante dos temas abordados, eliminando 
qualquer obstáculo para seu entendimento 
e incentivando o estudo.
A diagramação contribui para que o estu-
dante registre ideias e faça anotações, intera-
gindo com o conteúdo.
Todas essas características deixam claro 
que os livros da Bibliografia Universitária 
Pearson constituem um importante aliado 
para estudantes conectados e professores ob-
jetivos – ou seja, para o mundo de hoje – e 
certamente serão lembrados (e usados) por 
muito tempo.
Boa leitura!
Inglês antigo 63
Diferenças entre linguagem, línguas e dialetos
Em português, há distinção entre linguagem, lín-
guas e dialetos. Possivelmente você já deve ter ouvi-
do falar sobre os três termos, não é mesmo? São três 
palavras distintas que cumprem uma mesma fi na-
lidade: promover a comunicação entre os falantes.Contudo, embora linguagem, língua, idioma e dia-
leto sejam termos corriqueiros, os sociolinguistas, 
aqueles que estudam a relação entre a língua e 
a sociedade, tendem a evitá-los, já que, especial-
mente linguagem, língua e dialeto, pressupõem 
algumas relações hierárquicas que carecem de 
bons fundamentos científi cos, e seu uso quotidia-
no pode causar mal-entendidos. 
Linguagem
Para os linguistas, a linguagem é a faculdade ge-
nérica e inata que todo ser humano possui para 
aprender alguma língua ou algumas línguas nati-
vamente. Tal capacidade é específi ca à nossa espé-
cie, uma herança genética que possibilita qualquer 
criança a adquirir qualquer língua natural apenas 
por exposição a pessoas falando-a, sem nenhuma 
instrução formal. Por mais que um fi lhote de gato, 
cachorro ou papagaio conviva com seres huma-
nos, embora possa aprender a reconhecer diversas 
palavras e expressões (e até enunciar algumas, no 
caso do papagaio), ele nunca aprenderá a dominar 
a língua dos donos da mesma maneira que uma 
criança se tornar um falante nativo, capaz de pro-
duzir sentenças inteiramente originais, nunca an-
tes ouvidas, e de interpretá-las.
Língua 
Uma língua é uma manifestação da Linguagem. Não 
podemos acessar a Linguagem, nossa capacidade 
linguística geral, de forma direta, pois ela sempre é 
veiculada em alguma língua específi ca, adquirida 
pelos indivíduos no processo de aquisição da língua 
materna. A língua é, sobretudo, um instrumento re-
lacional que estrutura o sistema de comunicação 
de algum grupo e possibilita a formação de signos 
linguísticos (morfemas, palavras, frases e sentenças), 
e permite a transmissão de mensagens entre indiví-
duos (codifi cação e descodifi cação de signifi cado), 
que é a sua maior fi nalidade. Ou seja, uma língua é 
um “princípio estruturador” ou, em outras palavras, 
é uma certa organização de conceitos, do sistema 
sonoro e dos elementos gramaticais que é com-
partilhada pelos membros de determinado grupo 
social por terem-na aprendido. Os falantes de uma 
língua servem-se dela para estabelecer interações 
com a sociedade em que vivem.
Quando dizemos que a língua é um instrumento 
do povo, dizemos que, embora existam normas 
gramaticais, de signifi cado e de pronúncia (as 
normas reais reveladas nas práticas linguísticas 
cotidianas da comunidade de falantes nativos, 
não as normas prescritivas da gramática tradi-
cional), cada falante desenvolve uma forma de 
expressão própria, originando aquilo que cha-
mamos de fala. No entanto, qualquer fala, em-
bora possa ser individual, distintiva e criativa, é 
regida sempre por regras maiores e mais gerais 
(as normas da língua). Caso contrário, cada um 
de nós acabaria criando sua própria língua, o 
que impossibilitaria a comunicação, porque nin-
guém compartilharia as normas para decifrar as 
mensagens transmitidas. Na fala encontramos 
muitas variações linguísticas, que jamais devem 
ser vistas como transgressões, mas como prova 
de que a língua é viva e dinâmica, a não ser que as 
variantes consideradas “erradas” ocorram na boca 
Panorama
2
Temas
 1 – Linguística histórica
Neste tema, conheceremos o conceito de família linguística, as 
aplicações da reconstrução comparada e as mudanças sonoras 
que ocorreram na família indo-europeia. Exploraremos tam-
bém as línguas germânicas, aprendendo quais são suas raízes 
e classifi cações.
 2 – Mudança linguística
No segundo tema, aprenderemos as diferenças entre história 
interna e história externa, conhecendo os aspectos sonoros 
das línguas e as principais alterações linguísticas em relação a 
morfologia, sintaxe, léxico e semântica.
 3 – O inglês antigo
Em seguida, estudaremos a história externa da estruturação do 
inglês, avaliando o contexto histórico das migrações germâni-
cas na Grã-Bretanha. Analisaremos também os principais diale-
tos anglo-saxões: Northumbrian, West Saxon, Mercian e Kentish.
 4 – Inglês antigo em contato com outras línguas
Aprenderemos, neste tema, o que foi a heptarquia, relacionan-
do os aspectos particulares de cada um dos sete grande reinos 
anglo-saxões: Sussex, Kent, Wessex, East Anglia, Essex, Mercia e 
Northumbria.
 5 – Fontes textuais
Por fi m, avaliaremos algumas das mais relevantes obras do in-
glês antigo, reconhecendo seu enorme valor para as pesquisas 
linguísticas e sua importância para a literatura inglesa.
Introdução
Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras.
(William Shakespeare)
Nesta unidade trataremos da linguística histórica. Iniciaremos nossos 
estudos aprendendo o conceito de família linguística e como funciona 
o método da reconstrução comparada de linguagens. Conheceremos 
também as modifi cações sonoras ocorridas na família indo-europeia, 
além de investigar as origens e classifi cações das línguas germânicas.
Gramática histórica da língua inglesa
Fique atento Link
Saiba mais Exemplo
Gramática histórica da língua inglesa
Book 1.indb 8 17/11/16 19:14
prefácio
Este livro não pretende oferecer aos leitores não especialistas ape-
nas uma introdução ao percurso histórico do inglês traçada em termos 
das modificações das estruturas linguísticas. Também buscamos, no 
entanto, fornecer aos interessados os fundamentos da linguística his-
tórica descritiva e comparada, além de um embasamento em aspectos 
da sociolinguística variacionista, além de determinados elementos da 
filologia e noções da história dos povos anglófonos. Nosso objetivo é, 
portanto, ambicioso, motivado pelo desejo de proporcionar aos estu-
dantes uma base geral em linguística, por meio da linguística histórica 
do inglês. Por conseguinte, visamos ir além do tratamento oferecido 
nos compêndios clássicos de “gramática histórica”, juntando à história 
interna e à história externa da língua inglesa diversas reflexões acerca de 
várias questões teórico-práticas ligadas à pesquisa linguística em uma 
capacidade mais genérica, para enfatizar a importância de se enxergar 
a situação linguística em qualquer momento da perspectiva mais ampla 
possível. Esperamos que o aluno conclua seus estudos com uma noção 
de quão multifacetado é o trabalho do linguista na hora de lidar com a 
fantástica diversidade e a riqueza da linguagem humana, apresentada 
sob o viés de uma das línguas mais faladas no mundo.
É inegável que o inglês é uma língua importantíssima ao redor do 
mundo. Por isso, ela merece o interesse dos cientistas e das pessoas de 
modo geral. Por outro lado, jamais podemos perder de vista a maneira 
pela qual a língua inglesa chegou a tal posição: mais por casualidade his-
tórica que por qualquer outro mérito próprio. Ninguém que contemplasse 
os dialetos germânicos migrantes no leste da Grã-Bretanha no século VI 
d.C. apostaria que alguns de seus descendentes se tornariam uma força 
global. Em outras palavras, toda e qualquer língua é um objeto de análise 
interessante e que vale a pena conhecer e investigar, pois todas elas são 
incrivelmente ricas e é muito difícil deduzir como as coisas vão se desen-
volver no futuro!
Iniciamos a Unidade 1 com a identificação das relações de parentes-
co na família indo-europeia. Depois, apresentamos os diferentes tipos de 
mudança que impactam as estruturas linguísticas. Descrevemos o ramo 
germânico do indo-europeu, ao qual o inglês pertence e as características 
Book 1.indb 9 17/11/16 19:14
X
do inglês antigo, como o contexto histórico que levou os povos litorâneos do 
noroeste europeu a se deslocar para a ilha da Grã-Bretanha e se estabelecer por 
lá. Abordamos como o contato com os povos e as línguas dessa ilha influen-
ciou na evolução e diversificação do inglês antigo. Finalmente, oferecemos 
uma breve amostra literária (em prosa e em verso) doinglês antigo.
Abrimos a Unidade 2 com uma apresentação panorâmica da história da In-
glaterra medieval com foco em quatro períodos: a primeira dinastia normanda; 
a constituição do Império angevino sob Henrique II e Eleonora de Aquitânia; a 
Guerra dos Cem Anos entre a Inglaterra e a França; e a guerra civil conhecida 
como a “Guerra das Rosas”. Além dos acontecimentos políticos, destacamos 
as diferentes contribuições socioculturais de cada período histórico e o im-
pacto nas questões linguísticas. A segunda parte da Unidade 2 se concentra 
na enorme contribuição da língua francesa à formação do léxico inglês. O 
terceiro tema explica as mudanças que afetaram as demais estruturas da língua 
inglesa (os sons e a gramática) durante o período medieval. E o quarto tema 
segue exemplificando a grande diversidade dialetal que caracteriza o inglês 
médio. Encerramos com alguns monumentos literários medievais.
A Unidade 3 apresenta o período pré-moderno e começa com a aci-
dentada história externa, fundamental à construção da identidade britânica 
moderna. A seguir, apresentamos as mudanças estruturais que converteram 
os dialetos medievais em algo que nos é reconhecível como inglês. A ter-
ceira parte proporciona um panorama dos debates sobre a melhor maneira 
de regular e codificar a língua em dicionários, gramáticas e tratados de 
ortografia. Novamente, fechamos a unidade com uma passagem pelos mais 
conceituados autores da língua inglesa do período: Shakespeare, John 
Milton, Daniel Defoe e Jonathan Swift.
A Unidade 4 fala da diversidade do inglês como um idioma global. Co-
meçamos com o estabelecimento do inglês em territórios norte-americanos 
e a evolução dos vários tipos de inglês falados nos Estados Unidos e no Ca-
nadá. Seguimos em frente, comparando o padrão britânico ao padrão ame-
ricano. No terceiro tema descrevemos as variedades do inglês pelo mundo. 
Por fim, voltamos às origens para tratar da diversidade dialetal nas Ilhas 
Britânicas e na Irlanda.
Concluindo, nosso objetivo é fundamentar os principais aspectos da lin-
guística geral, linguística histórica e sociolinguística para o leitor não espe-
cialista e sem conhecimentos prévios por intermédio da evolução da língua 
inglesa. Esperamos que o presente livro tenha algo a oferecer para qualquer 
pessoa que deseja se iniciar no instigante mundo da linguística sócio-históri-
ca e da fascinante história do inglês.
Bons estudos!
Thomas Finbow
Gramática histórica da língua inglesa
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u n i d a d e 1
Objetivos de aprendizagem
 Explorar o campo da linguística histórica, compreendendo o caráter 
mutável das línguas e as relações existentes entre elas.
 Descobrir as chamadas famílias linguísticas, aprendendo como fun-
ciona o método de reconstrução comparada e analisando os pa-
drões de alterações sonoras na família indo-europeia.
 Conhecer as origens e a classificação tradicional das línguas 
germânicas.
 Diferenciar história interna e história externa e aprender como a fo-
nética e a fonologia formam o panorama sonoro das diversas línguas.
 Investigar as transformações linguísticas possíveis nos contextos 
morfológico, sintático, lexical e semântico-pragmático.
 Conhecer a história externa da formação da língua inglesa, abordan-
do principalmente as migrações germânicas às ilhas britânicas.
 Analisar a estrutura do inglês antigo e explorar os quatro principais 
dialetos anglo-saxões da época: Northumbrian, West Saxon, Kentish e 
Mercian.
 Estudar a chamada heptarquia, conhecendo os sete maiores rei-
nos anglo-saxões: Kent, Sussex, Wessex, East Anglia, Essex, Mercia e 
Northumbria.
 Reconhecer a influência das línguas celtas, do latim e do norreno na 
formação da língua inglesa.
 Pesquisar a história externa do inglês antigo, analisando a trajetória 
das invasões vikings e a unificação do reino da Inglaterra.
 Conhecer as principais fontes textuais do inglês antigo, descobrindo 
a importância dessas obras para o estudo da linguística.
Inglês antigo
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2
Temas
 1 – Linguística histórica
Neste tema, conheceremos o conceito de família linguística, as 
aplicações da reconstrução comparada e as mudanças sonoras 
que ocorreram na família indo-europeia. Exploraremos tam-
bém as línguas germânicas, aprendendo quais são suas raízes 
e classificações.
 2 – Mudança linguística
No segundo tema, aprenderemos as diferenças entre história 
interna e história externa, conhecendo os aspectos sonoros 
das línguas e as principais alterações linguísticas em relação a 
morfologia, sintaxe, léxico e semântica.
 3 – O inglês antigo
Em seguida, estudaremos a história externa da estruturação do 
inglês, avaliando o contexto histórico das migrações germâni-
cas na Grã-Bretanha. Analisaremos também os principais diale-
tos anglo-saxões: Northumbrian, West Saxon, Mercian e Kentish.
 4 – Inglês antigo em contato com outras línguas
Aprenderemos, neste tema, o que foi a heptarquia, relacionan-
do os aspectos particulares de cada um dos sete grande reinos 
anglo-saxões: Sussex, Kent, Wessex, East Anglia, Essex, Mercia e 
Northumbria.
 5 – Fontes textuais
Por fim, avaliaremos algumas das mais relevantes obras do in-
glês antigo, reconhecendo seu enorme valor para as pesquisas 
linguísticas e sua importância para a literatura inglesa.
Introdução
Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras.
(William Shakespeare)
Nesta unidade trataremos da linguística histórica. Iniciaremos nossos 
estudos aprendendo o conceito de família linguística e como funciona 
o método da reconstrução comparada de linguagens. Conheceremos 
também as modificações sonoras ocorridas na família indo-europeia, 
além de investigar as origens e classificações das línguas germânicas.
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 3
Em seguida, definiremos os conceitos de história interna e história 
externa, compreendendo como o padrão sonoro de uma língua é 
formado a partir da fonologia e da fonética. Abordaremos também 
as mudanças linguísticas que podem ocorrer nos campos sintático, 
morfológico, semântico-pragmático e lexical.
Além disso, analisaremos a história externa da construção da língua 
inglesa, estudando a chegada germânica ao território britânico e co-
nhecendo os quatro principais dialetos anglo-saxões. Aprenderemos 
ainda o que foi a famosa heptarquia, descobrindo como as línguas 
celtas, latim e norreno contribuíram com a formação do inglês antigo.
Por fim, examinaremos o contexto histórico das invasões vikings, que 
acompanhou o processo de consolidação do reino inglês, além de 
explorarmos as mais importantes fontes textuais do inglês antigo.
Linguística histórica
Famílias linguísticas
Ao explorarmos o vasto campo da linguística histórica, deve-
mos ter em mente uma de suas características fundamentais: a na-
tureza dinâmica e mutável das línguas humanas. Essas mudanças 
que as línguas sofrem ao longo do tempo, contudo, não descarac-
terizam seu potencial semiótico ou sua plenitude estrutural. Ou 
seja, apesar das variações geográficas, socioculturais, cronológi-
cas e de uso, as línguas mantêm sempre uma organização básica, 
viabilizando seu uso contínuo e desimpedido pelos falantes e pre-
servando, assim, sua funcionalidade social. 
O fim do século XVIII foi marcado por diversas pesquisas 
científicas dedicadas a investigar a história das línguas ao redor 
do mundo. Nessa época, foram realizadas análises pioneiras dos 
diversos grupos de línguas, em um padrão sistemático e específico, 
visando fundamentalmente descobrir correlações entre eles que pu-
dessem demonstrar relações de parentesco entre as línguas. A espe-
rança dos estudiosos era que, caso fossem encontradas evidências 
contundentes nesse sentido, seria possível comprovar a existênciade uma fonte comum, uma língua-mãe global que teria originado 
todas as demais, tal como narra a história bíblica da torre de Babel.
No continente europeu, já se sabia da evidente origem latina 
das línguas italiana, francesa e espanhola, entre outras. Contudo, 
a principal dificuldade para os estudiosos que se interessavam pe-
las relações de parentesco entre as línguas era metodológica: eles 
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4
não tinham desenvolvido nenhum método sistemático para deci-
dir quais semelhanças eram relevantes e quais não tinham impor-
tância. Além disso, não houve consenso sobre a regularidade da 
mudança estrutural ou, inclusive, se as línguas podiam mudar de 
forma independente, por gerar inovações, ou se as diferenças eram 
o resultado da “mistura” de línguas de tipos diferentes.
Porém, com o emprego de novas técnicas capazes de solucio-
nar parte desses problemas em grupos mais extensos de línguas, 
foram encontrados fortes indícios da existência de uma língua 
pré-histórica que teria gerado a maioria das línguas da Eurásia. 
Essa língua passaria a ser conhecida como protoindo-europeu e, 
a partir de então, vários outros grupos de línguas passaram a ser 
estudados com base no mesmo método de pesquisa. 
Fique atento
Por meio da comparação entre várias línguas, os pesquisadores conseguiram 
identificar relações sistemáticas entre sua estrutura linguística (os sons, os pa-
radigmas flexionais de declinação de caso nos nomes e adjetivos e na conju-
gação dos verbos), deduzindo que, por existir tantos paralelos repetidos com 
tanta frequência, elas devem ser originadas de uma fonte em comum. O pa-
norama linguístico da Europa teve grande importância nesse processo, com 
a percepção de importantes similaridades e diferenças, por exemplo, entre 
palavras nas línguas italiana, francesa, espanhola e portuguesa. Um exemplo 
disso são as expressões para “caro” e “campo” em algumas línguas neolatinas: 
Francês Italiano Espanhol Português
cher caro caro caro
champ campo campo campo
Nestas palavras, o fonema francês /ʃ/, representado por ch, apresenta clara 
relação de correspondência com o fonema /k/, simbolizado por c em vocá-
bulos italianos, espanhóis e portugueses. 
A partir dessa comparação, é possível dizer que ao menos alguns termos 
com o fonema francês /ʃ/ são derivados do fonema mais antigo /k/, passan-
do por mudanças fonéticas e fonológicas até estabelecer-se em sua forma 
atual /ʃ/. Essa teoria pode ser confirmada por outros exemplos, tais como: 
Francês Italiano Espanhol Português Latim
chandelle candela candela candeia candela
chez casa casa casa casa
Fonte: adaptado de Lehmann (1992, p. 6-7).
Saiba mais
O prefixo “proto” 
significa que a língua 
não está atestada 
em nenhum livro 
ou inscrição, pois 
existia muito antes da 
invenção da escrita 
(ou, após a invenção 
da escrita, significa 
que os falantes não 
a conheciam), mas 
sua estrutura fônica, 
gramatical e seu 
vocabulário foram 
reconstruídos por 
meio do método 
comparativo aplicado 
às descendentes dessa 
língua ancestral, das 
quais temos registros 
escritos.
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 5
É frequente a alusão a árvores genealógicas ou famílias lin-
guísticas nesse processo de análise de laços históricos entre as 
línguas. No caso das línguas românicas, como o espanhol, o fran-
cês, o italiano etc., elas são consideradas línguas “filhas” da língua 
“mãe”, o latim. Assim, o italiano pode ser entendido como uma 
língua “irmã” do francês e do espanhol. De modo similar, a língua 
protoindo-europeia (PIE) representa a língua-mãe na família indo-
-europeia, tendo o latim, o grego, o sânscrito e muitas outras como 
línguas-filhas (CRYSTAL, 1992). 
Saiba mais
Teoria da árvore genealógica ou família linguística
A teoria da árvore genealógica ou família linguística (Stammbaumtheorie) foi 
desenvolvida pelo linguista austríaco August Schleicher. Embora Schleicher 
utilizasse o conceito da evolução, sua interpretação dessa noção ainda in-
cluía muitos princípios da ciência natural pré-Darwiniana. Ele introduziu o 
conceito de linguagem como um organismo que pode nascer, evoluir, en-
trar em decadência e morrer, sujeito a transformações que podemos analisar 
por meio de métodos do campo da biologia. Por esse motivo, em meados 
do século XIX os linguistas consideravam apropriado descrever as relações 
entre línguas com a terminologia do parentesco biológico. Para cada “ramo” 
ou “galho” que se separa dos demais na árvore genealógica, a bifurcação cor-
responde a uma ou várias mudanças que separa as filhas de determinada 
língua-mãe entre si e da sua antecessora comum.
Embora a metáfora das famílias linguísticas seja útil para 
a compreensão do fenômeno das relações de parentesco entre 
línguas e para a cronologia da formação de novas línguas, é 
importante reconhecer que essa abordagem não corresponde a 
uma sequência linear e padronizada. Ou seja, uma língua-mãe 
pode deixar de existir após o “nascimento” de línguas-filhas, 
pode coexistir com suas filhas e até sobrevivê-las, pode inte-
ragir com suas filhas, ou pode desenvolver-se de modo relati-
vamente autônomo. A trajetória de constituição de uma nova 
língua, portanto, é repleta de pequenas e constantes transfor-
mações, influenciadas pelas diferentes reações dos diversos 
grupos sociais e pelas inovações que surgem constantemente 
entre seus membros. 
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6
Exemplo
Não são apenas as línguas indo-europeias que podem ser agrupadas em fa-
mílias e subfamílias. Aproximadamente 7.000 famílias linguísticas vivas já fo-
ram identificadas (ainda há outras muitas já extintas). As línguas urálicas são 
um exemplo típico do conceito de família linguística. Elas formam uma família 
de línguas euroasiáticas oriundas dos Montes Urais e faladas por aproximada-
mente 20 milhões de pessoas. O estoniano, o finlandês e o húngaro são as 
três línguas dessa família com maior quantidade de falantes. No caso brasileiro, 
podemos citar o tupi, que é composto por 10 famílias, algumas delas, como o 
tupi-guarani, com até 40 línguas.
 Figura 1.1 Família de línguas urálicas. 
Fonte: Anttila (1972, p. 301).
Finlandês Lude Ingriano Estoniano Livônio
Carélio Vepsa Votiano Estoniano meridional
Urálico 
(c. 4000 a.C.)
Fino-úgrico 
(c. 3000 a.C.)
Fínico
(c. 1500 a.C.)
Fínico
báltico
(c. 500 a.C.)
(Divisão 
c. 1 d.C.)
 Norte
 Samoieda
 Sul
 Ob-úgrico
 Úgrico
 Permiano
 Fínico volgaico
Lapão (Divisão c. 750 d.C.)
Samoieda yurak
Samoieda do Yenisei
Tavgi
Selcupe
(Camassiano)
(etc.)
Ostíaco
Vógul
Montes Urais
Húngaro
Votiáco
Ziriano
Mordoviano
Cheremise
Lapão oriental
Lapão setentrional
Lapão meridional
O século XX trouxe novas nomenclaturas e classificações 
para esse processo. O termo “família” ainda é utilizado como uma 
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 7
designação genérica para grupos de línguas que apresentam correla-
ções históricas, porém em algumas classificações é estabelecida uma 
diferenciação quanto à intensidade dessas relações. Assim, o termo 
“família” geralmente é empregado para nomear línguas muito próxi-
mas, enquanto a expressão “filo” ou “tronco” diz respeito a línguas 
com conexões mais superficiais. O termo “macrofilo” ou “superfamí-
lia”, por sua vez, é utilizado para descrever grupos de línguas com li-
gações ainda mais indefinidas e fracas do que as observadas nos filos.
As línguas aborígenes da Austrália, por exemplo, embora se-
jam claramente relacionadas entre si, não apresentam evidências 
históricas de conexões claras acimado nível da família – diferente 
do indo-europeu, em que os ramos podem ser agrupados em fa-
mílias sucessivamente maiores –, razão pela qual costumam ser 
classificadas como filo ou macrofilo australiano, em vez de fa-
mília australiana, pois algumas famílias menores não se deixam 
aglomerar no bloco maior chamado “pama-nyungano”. Portanto, 
embora os linguistas suspeitem que a relação genealógica entre 
essas famílias linguísticas exista, ainda não foi possível compro-
vá-la definitivamente pelo método comparativo e fala-se de “filo” 
ou “macrofilo”, já que esses termos apontam para uma relação 
possível, porém, menos segura. No Brasil, as línguas indígenas do 
grupo macro-jê apresentam uma situação parecida.
Na classificação genética das línguas, as relações linguísticas são 
determinadas quanto ao grau de “parentesco”; assim, temos as cha-
madas “línguas-mães”, “línguas-filhas”, “línguas-irmãs” e “famílias 
de línguas”. Desse modo, se o processo de reconstrução obtiver êxito, 
serão comprovadas as relações existentes entre as línguas abordadas.
Método de reconstrução comparada
No ano de 1808, foi publicada a obra Über die Sprache und die 
Weisheit der Indier, do alemão Friedrich Schlegel, reconhecida 
como marco inicial das pesquisas comparativistas. Nela, Schlegel 
realiza comparações sistemáticas entre línguas antigas europeias 
e o sânscrito, e propõe métodos de classificação entre as diversas 
línguas, buscando determinar seu parentesco e descobrir sua as-
cendência comum. 
De acordo com Crystal (1992), o método comparativo é um 
modo de comparar sistematicamente uma série de línguas, visando 
provar relações históricas entre elas. Primeiro, partindo do nível 
dos sons, os pesquisadores descobrem uma série de similaridades 
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8
e divergências entre as línguas, buscando em seguida reconstruir 
uma fase inicial de evolução comum a todas elas. Essa prática é 
chamada de reconstrução comparada. Nela, línguas que provam 
ter a mesma ancestral são conhecidas como cognatas. 
Essa relação é mais facilmente constatada quando a existência 
da língua-mãe é comprovada, como no exemplo das várias pala-
vras para pai nas línguas indo-europeias: 
Protoindo- 
-europeu
Latim
Grego 
clássico
Sânscrito Gótico
Irlandês 
antigo
Esquimó
pǝtér páter patḗr pitā fádar áthir ataataq
Como podemos ver, todas as formas acima, exceto a palavra 
esquimó, podem ser derivadas regularmente da palavra em PIE 
*pǝtér. O esquimó se deixa excluir por não ser possível estabelecer 
correspondências sistemáticas entre os fonemas que compõem a 
palavra /ata:taq/ e as formas fonológicas dos demais vocábulos. 
Assim, mesmo que o PIE não existisse mais, seria viável recons-
truir sua estrutura a partir desse tipo de comparação entre várias 
palavras. Essa técnica comparativa é empregada de modo análogo 
quando a língua-mãe foi extinta, como no caso da língua indo-
-europeia. Nesse caso, as formas em latim, grego, sânscrito, eslavo 
antigo, armênio etc. para pai, por exemplo, são comparadas visan-
do a reconstrução do termo original indo-europeu, *pǝter. Cabe 
ressaltar que, no estudo de linguística histórica, o uso de asterisco 
precedendo uma palavra significa que esse termo é uma reconstru-
ção, não apresentando comprovação escrita em registros históricos.
A pronúncia dos termos reconstruídos é um tema extensamente 
debatido entre os linguistas; enquanto alguns atribuem característi-
cas fonéticas a eles e os pronunciam dessa forma, outros defendem 
que isso não é adequado, dado o grau de abstração de tais termos e 
a natureza hipotética e probabilística das formas propostas.
Abordagem genética das linguagens
Podemos dizer que duas línguas de uma mesma família de 
línguas são geneticamente relacionadas, ou seja, são cognatas, 
quando elas se originam ou “descendem” da mesma língua origi-
nal; e quando essa língua-mãe é reconstruída, ela é então chama-
da de protolíngua. Quer dizer, o latim e o inglês antigo não são 
protolínguas, apesar de serem a mãe do português e do inglês, 
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 9
respectivamente, por serem línguas atestadas em manuscritos e 
inscrições, mas o PIE ou o protogermânico são protolínguas, por 
serem fruto de reconstrução. 
A reconstrução de linguagens por meio do método comparati-
vo objetiva recuperar o máximo possível da língua ancestral ou da 
protolíngua, comparando as línguas descendentes e buscando esta-
belecer quais foram as transformações sofridas por elas. A fonologia 
costuma ser o primeiro aspecto analisado nesse processo, que tenta 
inicialmente reconstruir o sistema sonoro. Em seguida, são estudadas 
características inerentes ao vocabulário e à gramática da protolíngua.
Por meio da comparação entre as características herdadas por 
cada língua-irmã românica, por exemplo, almeja-se reconstruir os 
aspectos linguísticos da língua protorromânica – que não é idên-
tica ao latim devido às formas presentes no latim que desaparece-
ram totalmente na passagem às línguas-filhas sem deixar nenhum 
rastro e que, portanto, não podem ser reconstruídas. Um exemplo 
disso é o fato de sabermos que o latim tinha /h/ apenas porque os 
romanos nos contaram, esse som não continuou em nenhuma lín-
gua neolatina. A língua protorromânica apresenta os aspectos mais 
falados do latim na época em que começou a sofrer suas primeiras 
variações e fragmentações, que posteriormente se converteram 
em suas línguas “descendentes”.
O êxito nessa trajetória de pesquisa depende de uma série de 
fatores, como evidências de características originais da língua-
-mãe nas línguas-filhas e a habilidade no emprego de técnicas do 
método comparativo. 
Exemplo
No caso de línguas amplamente documentadas, como o latim, é possível veri-
ficar se as características que descobrimos por meio do método comparativo 
são compatíveis com os registros escritos. Quando pesquisamos muitas famí-
lias de linguagens, porém, esse recurso de conferir as reconstruções não está 
disponível. A língua protogermânica, originadora da família à qual pertence o 
inglês, é um exemplo disso, uma vez que não existe qualquer documentação 
escrita dela, que é reconhecida apenas por meio de reconstrução comparada.
Todas as línguas existentes atualmente que possuem línguas-parentes apre-
sentam um histórico nas famílias de línguas. Por meio da aplicação do méto-
do comparativo às línguas-parentes das quais possuímos registros é possível 
reconstruir a língua-mãe original. 
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10
Assim sendo, é realizado um processo de comparação entre a língua inglesa e 
suas línguas-parentes, tais como o alemão, o sueco, o dinamarquês e o islan-
dês, visando compreender as características da protolíngua protogermânica. 
O inglês, portanto, representa um dialeto do protogermânico que passou 
por grandes e contínuas transformações até se tornar a língua que hoje co-
nhecemos, diferenciando-se assim de suas línguas-irmãs, que tiveram suas 
próprias modificações. É importante observar que todas as protolínguas já 
foram línguas reais, ainda que as pesquisas atuais ainda não sejam capazes 
de reconstrui-las em sua totalidade.
 Figura 1.2 Família de linguagens protorromânica e genealogia 
espanhola. 
Fonte: Campbell (1998, p. 110).
Protorromânico 
(bisavó)
Românico ocidental 
(avó)
Românico oriental
Ibero-românico 
(mãe)
Galo-românico Ítalo-dálmata Românico dos 
Balcãs
Norte
Românico
Francês
Occitano
Ocidental 
(irmã)
Português
Espanhol
Sardo ItalianoReto- 
-românico
DálmataCatalão 
(irmã)
Galego
Padrões de mudanças sonoras na família indo­
­europeia
A família indo-europeia teve grande influência sobre o processo 
evolutivo da linguística histórica. As Leis deGrimm, Grassmann e 
Verner são grandes marcos na história indo-europeia e na das línguas 
em geral, e compreendê-las é fundamental para o entendimento do 
método comparativo e da teoria dos padrões ou regularidade sonora. 
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 11
Como descrever os sons de qualquer língua
Quando os linguistas descrevem os sons de uma língua, eles 
usam um vocabulário técnico especial e representam os sons por 
meio do Alfabeto Fonético Internacional (AFI). O motivo para isso 
é preservar a consistência das descrições e destacar as relações co-
muns que diferentes articulações mantêm. Não podemos confiar nas 
ortografias tradicionais, pois cada língua estabelece suas próprias 
normas de representação na escrita, de modo que as letras indivi-
duais e suas combinações não são iguais. Por exemplo, em inglês, 
a letra a é pronunciada “ei” e tem esse valor fônico de ditongo em 
várias palavras, como name “nome”, que é pronunciada “neim”. 
Em alemão, a letra j representa o som da semivogal i em iogurte em 
português. Em francês, ch soa como em português, mas em espa-
nhol, soa como se fosse escrito tx ou tch em português; e em italia-
no, ch funciona como qu antes de i e e em português, ou seja, para 
expressar o som “duro” como em queijo. Muitas línguas empregam 
letras “mudas”, como o e no final de name, ou o h de homem. Tudo 
muito complicado e confuso, não é? 
Para evitar essas dificuldades, os linguistas desenvolveram 
um alfabeto em que cada símbolo sempre corresponde ao mes-
mo som, independentemente da grafia tradicional da língua em 
questão. Dessa maneira, eles sempre sabem como pronunciar uma 
palavra escrita com esse alfabeto fonético, seja como for a língua. 
Por exemplo, queijo é escrito [′kej.ʒʊ]. Tais transcrições fonéticas 
são sempre escritas entre colchetes. O apóstrofo inicial “ ′ ” mar-
ca qual sílaba é tônica (a articulada com maior força e volume). 
Outro aspecto é que cada sílaba é separada por pontos. Qu- = [k], 
ei = [ej], j = [ʒ] e o o final, que é quase um u, é transcrito como [ʊ]. 
Esse valores fônicos nunca variam, de modo que tchau e ciao – o 
correspondente de tchau em italiano – são transcritas da mesma 
forma, como [′tʃaw]. O AFI contém símbolos para praticamente 
todos os sons possíveis nas línguas humanas. 
Além do uso do AFI, linguistas utilizam uma nomenclatura 
para classificar os sons conforme uma série de traços articulató-
rios (como você configura os órgãos da fala ao pronunciar certo 
som). Por exemplo, [k] é descrito como uma “consoante oclusiva 
velar surda oral”. Isso quer dizer que é, primeiro, uma consoante – 
ou seja, sua produção envolve bastante interferência no fluxo de ar 
que sai dos pulmões, diferentemente de uma vogal, que modifica 
pouco a passagem de ar pulmonar. Segundo, a língua realiza um 
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12
fechamento total da passagem do ar, que depois é solto com uma 
microexplosão. Terceiro, “velar” quer dizer que o fechamento total 
da língua é realizado contra o “véu palatino” (também conhecido 
como palato mole). Quarto, “surda” significa que as cordas vocais 
não vibram durante a articulação; e, finalmente, “oral” significa 
que o palato mole está levantado, de modo que o ar escapa apenas 
pela boca, e não pelo nariz. Cada símbolo no AFI corresponde a 
um som classificado dessa maneira.
Os pontos de articulação (articuladores passivos) discrimina-
dos no AFI são:
 lábios;
 dentes;
 alvéolos;
 região prepalatal ou alveopalatal;
 palato duro;
 palato mole ou véu palatino;
 úvula (a “campainha”);
 faringe;
 laringe.
Os articuladores ativos, que se deslocam no espaço para inte-
ragir com os articuladores passivos, são:
 lábio inferior;
 dentes inferiores;
 língua (a ponta ou ápice, a lâmina e o dorso);
 palato mole;
 cordas vocais.
Além da oclusão (bloqueio total do ar), as maneiras de articu-
lação (a conjunção dos articuladores) são:
 Fricção/Fricativa – o articulador ativo se aproxima muito do 
articulador, mas não fecha a passagem de ar totalmente.
 Africação – uma oclusiva e uma fricativa articuladas suces-
sivamente, como ts, dz, pf, bv etc.
 Nasalização/nasal – o palato mole desce, permitindo o ar 
pulmonar passar pelo nariz.
 Lateralização/lateral – a língua fecha a passagem do ar na 
região central da boca, mas o ar pode escapar livremente pe-
las laterais.
 Vibração/vibrante – os lábios, o ponto ou dorso da língua 
bate muito rapidamente, uma ou várias vezes.
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 13
 Retroflexão/retroflexo – a língua se curva para cima e a par-
te de baixo encosta na região alveolar.
 Vozeamento – as cordas vocais vibram com a passagem do 
ar (vozeado/sonoro), criando um zumbido na laringe, ou as 
cordas vocais são afastadas, de modo que o ar passe livre-
mente pela glote (o espaço entre as cordas vocais), sem ne-
nhuma vibração (desvozeado/surdo). 
As vogais também são descritas da mesma maneira, sendo di-
vididas entre anteriores e posteriores, a depender de qual parte da 
língua, a frente ou o dorso, é a mais elevada. Além disso, podemos 
notar a presença ou ausência de arredondamento dos lábios e a 
posição do véu palatino para cima (vogais orais) ou para baixo 
(vogais nasais). Convencionalmente, distinguimos quatro graus 
de altura da língua:
1. alto [i u]; 
2. médio-alto [e o]; 
3. médio-baixo [ɛ ɔ]; 
4. baixo [a ɑ ɒ]. 
Também existem descrições dessas vogais cardeais em termos 
da abertura da boca, de modo que alto = fechado, médio-alto = 
médio-fechado, médio-baixo = médio-aberto e baixo = aberto. 
Para que você se familiarize com esse alfabeto, segue um qua-
dro com seus principais aspectos:
Consoantes (mecanismo de corrente de ar pulmonar)
Em pares de símbolos, tem-se que o símbolo da direita representa uma consoante vozeada. Acredita-se serem 
impossíveis as articulações nas áreas sombreadas.
bilabial
labio-
dental
dental alveolar pós-alveolar retroflexa palatal velar uvular faringal glotal
Oclusiva p b t d ʈ ɖ c ɟ k g q G ʔ
Nasal m ɱ n ɳ ɲ ŋ N
Vibrante B r R
Tepe (ou 
flepe)
ɾ ɽ
Fricativa Φ β f v θ ð s z ʃ ʒ ʂ ʐ ç ʝ X ɣ χ ʁ ħ ʕ h ɦ
Fricat. lateral ɫ ɮ
Aproximante ʋ ɹ ɻ j ɰ
Aprox. 
lateral
l ɭ ʎ ʟ
 Quadro 1.1 Alfabeto Fonético Internacional. 
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14
Consoantes (mecanismo de corrente de ar não pulmonar)
Cliques Implosivas 
vozeantes
Ejetivas
ʘ bilabial ɓ bilabial ʼ como em
ǀ dental ɗ dental/
alveolar
pʼ bilabial
ǃ pós-alveolar ʄ dental tʼ dental/
alveolar
ǂ palatoalveolar ɠ velar kʼ velar
ǁ lateral-alveolar Ƹ uvular sʼ fricativa 
alveolar
Suprassegmentos Tons e acentos nas palavras
' acento primário 'foʋnɘ'tiʃɘn Nível Contorno
' acento secundário ou ˥ ě ou � 
ascendente
ː Longa eː é alta
ê � 
descendente
ˑ Semilonga eˑ ē ˧ média ĕ � alto 
ascendente
˘ muito breve ĕ è ˨ baixa 
ě � baixo 
ascendente
. divisão silábica ɹi.ækt ȅ ˩ muito baixa
ẽ � ascendente-
-descendente 
etc. 
ǀ grupo acentual 
menor ↓ downstep 
(quebra brusca)
 ascendência 
global
ǁ grupo entonativo 
principal
 descendência 
global
̮ ligação (ausência 
de divisão)
↑ upstep 
(subida brusca)
Quando os símbolos aparecem em pares, aquele da direita representa uma vogal arredondada. 
anterior
Fechada 
(ou alta)
Meia-fechada 
(ou média-alta)
Meia-aberta 
(ou média-baixa)
Aberta (ou baixa)
i ɨ ʉ m n
i y
e e ϴø
ε ε ɞ
æ
œ
œ ɑ
ɑ
cv
ɤ
ʊ
o
a
y
central posterior
a
e
Diacríticos Pode-se colocar um diacrítico acima de símbolos cuja representação seja prolongada na 
parte inferior, por exemplo: ŋ ̇ . 
. desvozeado ṇ ḍ ̤ voz. sussurrado ̪ dental t̪ d̪
˯ vozeada̰ voz. tremulante ̺ apical t̺ d̺
h aspirada th dh ̪ ̪ linguolabial ̻ laminal t̻ d̻
 mais arred. w labializado tw dw ͂ nasalizado e͂
 menos arred. j palatalizado tj dj n soltura nasal dn
̟ avançado u̟ ɤ velarizado tɤ dɤ l soltura lateral dl
̠ retraído ҁ faringalizado tҁ dҁ ̚ soltura não audível d ̚
̈ centralizada ë ̴ velarizada ou faringalizada ɫ
̇ centraliz. média ė ̝ levantada e (ɹ̝ = fricativa bilabial vozeada)
̣silábica ṇ ̞ abaixada e̞ (β̝ = aproximante alveolar vozeada)
̭ não silábica ḙ ̘ raiz da língua avançada e̘
 roticização ɚ a ̙ raiz da língua retraída e̙
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 15
Outros símbolos
ʍ fricativa 
labiovelar desvozeada
ɕʑ fricativas 
vozeadas epiglotal
w aproximadamente 
labiovelar vozeada
ɹ flepe 
alveolar lateral
ɥ aproximadamente 
labiopalatal vozeada
ɧ articulação simultânea 
de ʃ e X
ʜ fricativa epiglotal 
desvozeada
 Para representar consoantes 
africadas e uma articulação 
dupla, utiliza-se um elo ligando 
os dois símbolos em questão.
ʢ fricativa epiglotal 
vozeada
ʡ oclusiva epiglotal k͡p t͜ s
Fonte: Egelbert (2011, p. 44-45 apud GUIMARÃES, 2015, p. 26-27).
Lei de Grimm
A Lei de Grimm promove “deslocamentos de sons” pautados 
basicamente nas consoantes, que Grimm separa em três grupos ou 
ordens. Cada grupo, por sua vez, é composto por três séries (uma 
de consoantes labiais, uma de dentais e uma de velares). O cha-
mado grupo das “tênues”, na terminologia de Grimm, correspon-
deria às atuais consoantes oclusivas surdas (p, t, k), enquanto as 
“médias” seriam as oclusivas sonoras (b, d, g) e fricativas sonoras 
(v, ð), e as “aspiratæ” seriam as oclusivas surdas aspiradas (pʰ, tʰ, 
kʰ), as fricativas surdas (f, θ <þ>, x <h>) e as africadas (pf, ts <z>). 
Estabelecendo comparações entre o grego, o gótico e o alto 
alemão, Grimm indica um movimento “descendente”, defen-
dendo uma visão romântica de uma contínua decadência das 
línguas ao separarem-se da língua-mãe. Do grego, que represen-
ta os sons originais, Grimm parte para o gótico, que representa 
o germânico ancestral (a língua germânica mais antiga de que 
temos registros escritos), e do gótico para o alto alemão antigo. 
Os itens abaixo representam uma série de alterações nas pau-
sas da língua protoindo-europeia para a protogermânica seguindo 
a Lei de Grimm: 
 Oclusivas sem som (p, t, k) > fricativos sem som (f, θ, x).
 Oclusivas sonoras (b, d, g) > oclusivas surdas (p, t, k).
 Oclusivas sonoras aspiradas (bʰ, dʰ, gʰ) > oclusivas sonoras 
simples (b, d, g).
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16
No Quadro 1.2, a seguir, as formas inglesa e gótica de palavras 
demonstram os efeitos dessas mudanças na língua germânica. As 
versões em sânscrito, latim e grego, por outro lado, apresentam as 
oclusivas da língua indo-europeia inalteradas, sem passar pelas 
transformações da Lei de Grimm presentes nas formas germânicas. 
Quadro 1.2 Efeitos da Lei de Grimm sobre cognatas indo-europeias. 
Sânscrito Grego Latim Gótico Inglês
Set Ia: *p > f
pad- (pé) pod- ped- fōtus foot
páńča (cinco)
[páɲča]
pénte [quinque]
[kwinkwe]
fimf five
pra- pro- pro- fra- fro
pū- (clarear, fazer 
brilhar)
pur pūrus
(puro)
[OE fȳr] fire (fogo)
pitár- (pai) patér pater fadar [faðar] father [OE fæder]
nápāt- 
(descendente)
nepōs (sobrinho, 
neto)
[OHG nefo] nephew 
[OE nefa]
Set Ib: *t > θ
trī-/tráyas (três) treĩs/tría trēs þrija three
tv-am (tu) tū (Dório) tv-am þu thou
-ti- (sufixo 
nominalizador, -te, 
mor-te ‘morte’)
-ti- -tis/-sis -th
gátis (passo, jeito 
de andar)
mor-tis básis (indo) health, truth, birth, 
death (saúde, 
verdade, nascimento, 
morte)
Set Ic: *k > h (or [x])
śván-
[ʃvən-]
kúōn canis
[kanis]
hunds hound (cão)
śatám (cento/cem)
[ʃətə´m]
(he-)katón centum
[kentum]
hunda (pl.) hundred
kravís (carne crua) kré(w)as (carne 
crua, carne)
cruor (cru, 
sangue, espesso/
consistente/
grosso)
raw [OE hrāw] 
(cadáver)
dáśa (dez)
[də´ʃə ]
déka decem
[dekem]
taíhun
[tɛxun]
ten
Set IIa: *b > p (*b era um som bem raro no protoindo-europeu, e muitos duvidam que ele realmente fazia 
parte do sistema fonético dessa língua)
(Lituânia)
dubùs
diups deep [OE dēop] 
(profundo)
kánnabis (Lituânia)
[kanapẽs]
hemp (cânabis, 
(empréstimo?))
Latim
lūbricus
sliupan slip
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 17
Set IIb: *d > t
d(u)vá
-- dúo/dúō duo twái
[twɛ-]
two (dois)
dánt- odónt- dent- tunƿus tooth (dente)
dáśa
[də´ʃə]
déka decem
[dekem]
taíhun
[tɛxun]
ten (dez)
pad- pod- ped- fōtus foot (pé)
ad-
(comer)
édō
(eu como)
edō 
(eu como)
eat [OE etan] (< com 
+ ed + e + re)
véda woīda videō wáit [wɛt] wit (saber, conhecer)
Set IIb: *g > k
ǰánás génos genus kun-i (raça, tribo) kin
ǰánu- gónu genū kniu knee
ǰnātá gnōtós (g)nōtos kunnan know
áǰra-
(país)
agrós ager akrs acre (medida de 
área)
mr̥ǰ-
(ordenhar)
(a-)mélgō
(espremer)
mulgeō
(ordenho)
miluk-s
(leite)
milk (leite)
Set IIIa: *bh > b
bhar- phér- fer- baír-an [bɛran] bear (levar, carregar)
bhrátar phrátēr fráter brōƿar brother (irmão (cf. 
fraternal))
a-bhū-t (ele foi) é-phu (geri, 
produzi)
fu-ti
(ele foi)
bau-an
[bō-an]
(morar, habitar)
be (ser)
Set IIIb: *dh > d
dhā-
(colocar, pôr)
ti-thē-mi
(eu coloquei, pus)
fē-cī
(fiz, fabriquei)
do [OE dō-n]
dhr̥aṣṇóti
(ele se atreve)
thrasús
(atrevido)
(fest-) (ga-)dars
(ele se atreve)
dare [OE dear(r)]
(ele se atreve)
dvār- thú-r-a for-ēs daúr- [dor-] door (porta)
vidhávā ē-wíthewos’
(jovem solteiro)
vidua widuwo widow (viúva)
mádhu méthu mead (hidromel)
madhya- mésos medius midjis mid (meio)
Set IIIc: *gh > g 
haṁs-á-
(cisne, ganso)
khēn āns-er, Gans [German] goose
stigh-
(passo largo)
steíkhō
(ando a passo)
steigan
[stīgan] (escalar)
vah-
(levar, carregar)
wókh-os 
(carruagem, biga)
veh-ō
(levo, carrego)
ga-wig-an
(mexer, sacudir)
weigh/wain (pesar/
carro, carreta)
* OE = Old English ou inglês antigo. OHG = Old High German ou alto alemão antigo.
Fonte: Campbell (1998, p. 137-140). 
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18
Como vimos, a Lei de Grimm representa constantes correla-
ções entre línguas germânicas e não germânicas, resultantes de 
regulares mudanças sonoras na língua germânica. Há, contudo, 
exceções à Lei de Grimm, como as oclusivas em agrupamentos de 
consoantes exemplificadas no Quadro 1.3, a seguir. 
Quadro 1.3 Exceções à Lei de Grimm em agrupamentos de consoantes. 
Fonte: Campbell (1998, p. 141). 
Sânscrito Grego Latim Gótico Inglês
1. páś- [skep-] spec- [OHG 
speh-]
spy (?) (ver, enxergar)
2. ṣṭhiv-) pū spu- speiw-an
[spīw-an]
spew (cuspir, vomitar)
3. ạṣtáu
[əʂʈə´u]
oktō octō
[oktō]
ahtáu
[axtau]
eight (oito)
4. nákt- nukt- noct-
[nokt-]
nahts
[naxts]
night (noite)
5. capt(ivus) (captivo) (haft) [OE hæft] (prisioneiro)
6. -ti-
gátis
(andar)
-ti-
mor-tis
(morte)
-tis/sis
básis (indo)
-t (sufixo normalizador) 
thrift, draught, thirst, flight, drift (parsimônia, 
corrente de ar, sede, voo, deriva)
7. piscis
[piskis]
fisks [OE fisc] (peixe)
De acordo com a Lei de Grimm, o /p/ nos termos (1) e (2) do 
sânscrito, grego e latim, por exemplo, deveria corresponder a /f/ 
nas formas em inglês e gótico, e não ao /p/ existente nessas ver-
sões. De modo similar, no intervalo de (3) a (6), seria esperado 
que o inglês e o gótico apresentassem /θ/ (escrito <þ>), e não o 
verificado /t/, correspondendo ao /t/ do sânscrito, grego e latim. 
Já no (7), o /k/ do latim deveriacorresponder ao /x/ germânico, 
não ao /k/ dos termos gótico e inglês nesse grupo de cognatas 
(CAMPBELL, 1998). Vale destacar, ainda, o caso da palavra svan 
em sânscrito, em que o *k do PIE também sofreu mudança:
Sânscrito Grego Latim Gótico Inglês
svan kuon canis hunds hound (cão)
Todas essas exceções podem ser compreendidas quando consi-
derarmos que a Lei de Grimm surgiu antes da emergência de várias 
fricativas e oclusivas. Contudo, se a Lei de Grimm for corretamente 
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Inglês antigo 19
aplicada – excluindo oclusivas após fricativas (/s f θ x/ + oclusiva) 
e outras oclusivas em agrupamentos de consoantes, por exemplo, as 
Leis de Grassmann e de Verner que veremos a seguir – e desde que 
não hajam alterações inerentes a essas circunstâncias, as oclusivas 
em agrupamentos não são de fato exceções às mudanças sonoras.
Lei de Grassmann
A chamada Lei de Grassmann, também conhecida como “lei 
de dissimilação das aspiradas”, elucida outro grupo de formas que 
aparentavam ser exceções à Lei de Grimm. Em grego e sânscrito, 
a Lei de Grassmann promove sistemáticas substituições na pri-
meira de duas oclusivas aspiradas, levando a primeira a perder sua 
aspiração. Como resultado disso, algumas correspondências sono-
ras entre as línguas grega e o sânscrito desobedecem às previsões 
da Lei de Grimm, como é possível observar nas cognatas a seguir: 
Sânscrito Grego Gótico Inglês
bodha peutha biudan bid (despertar, 
tomar 
consciência)
bandha bindan bind (vincular, 
amarrar)
O primeiro deriva do termo protoindo-europeu *bheuda-, en-
quanto o segundo advém da forma *bhendh. Houve subtração do 
primeiro bh por conta da ocorrência de uma segunda oclusiva as-
pirada na mesma palavra (dh, neste caso). A partir daí, temos uma 
correspondência sonora em (1): 
Sânscrito b / Grego p / Gótico b / Inglês b 
Segundo a Lei de Grimm, espera-se que o /b/ do sânscrito cor-
responda ao /p/ germânico (inglês e gótico nesse caso) e que o 
/b/ germânico corresponda ao /bh/ do sânscrito e ao grego /ph/. 
Assim sendo, a relação de correspondência verificada indica uma 
exceção à Lei de Grimm (CAMPBELL, 1998).
Os grupos de cognatas correspondentes ao (1), no entanto, não 
são verdadeiras exceções à Lei de Grimm. Na realidade, as for-
mas germânicas são descendentes regulares das PIE /bh dh gh/ > 
protogermânico /b d g/ de acordo com a Lei de Grimm, sendo 
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20
as formas em sânscrito e grego não correspondentes ao esperado 
em virtude da subtração regular da primeira parada aspirada pela 
Lei de Grassmann, sempre que tal parada precedia outra pausa 
aspirada. Podemos concluir, portanto, que a correspondência so-
nora é motivada por essas modificações sistemáticas da Lei de 
Grimm na língua germânica e da Lei de Grassmann no grego e 
no sânscrito. 
Lei de Verner
A Lei de Verner explica uma série de formas que constituíam o 
último e mais complexo grupo de exceções à Lei de Grimm a serem 
explicadas. Algumas delas são demonstradas no quadro a seguir: 
Quadro 1.4 Exemplos da Lei de Verner.
Fonte: Campbell (1998, p. 143).
Sânscrito Grego Latim Gótico Inglês
1. saptá heptá septem sibun seven
2. pitár- patḗr pater fadar
[faðar]
OE fæder 
‘father’ (pai)
3. śatám
[śətəm]
(he-)katón centum
[kentum]
hunda (pl.) hundred 
(cem, cento)
4. śrutás 
‘heard’
(ouvido)
klutós ‘heard’
(ouvido)
OE hlud ‘loud’ 
(ruidoso, 
[volume] alto)
5. makrós ‘long, 
slender’
(comprido, 
magro, estreito)
macer
[maker]
[OHG 
magar]
meagre 
(pouco)
De acordo com a Lei de Grimm, o /p/ do sânscrito, grego e 
latim deveria corresponder ao /f/ na língua germânica (represen-
tada aqui pelo gótico e pelo inglês); mas em vez disso temos em 
gótico /b/ e em inglês /v/. A partir do gótico /b/, a correspondência 
esperada em sânscrito seria /bh/ e em grego /ph/ (1). Já nos grupos 
cognatos (2-4), o /t/ do sânscrito, do grego e do latim corresponde 
ao /d/ germânico, e não ao /θ/ como previsto pela Lei de Grimm; 
também não correspondem ao esperado o sânscrito /dʰ/ e o grego 
/tʰ/, dado o germânico /d/.
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 21
Ou seja, Verner destacou que a Lei de Grimm se aplicava so-
mente quando a vogal precedente era acentuada. Assim, o /θ/ ger-
mânico no meio de uma palavra, por exemplo, transformava-se 
primeiro em /ð/ e depois em /d/, exceto quando a vogal precedente 
era tônica. Caso a vogal precedente fosse átona, a Lei de Grimm 
funcionava normalmente. 
Quadro 1.5 Exemplos dos efeitos contrastantes da Lei de Grimm e da Lei de Verner nas 
consoantes intermediárias.
Fonte: Campbell (1998, p. 144).
Lei de Grimm Lei de Verner
‘...C... ...C...’
*p > f
1a. Ingl. Ant. hēafod ‘head’ (cabeça)
 Latim caput [káput]
*p > b [β]
1b. Gótico sibun [siβun] ‘seven’ (sete)
 Sânscrito saptá-
*t > θ
2a. Gótico brōþar [brōθar] ‘brother’ (irmão)
 Sânscrito brá-tar-
*t > d [ð]
2b. Ingl. Ant. fæder ‘father’ (pai)
 Sânscrito pitár-
*k > x
3a. Gótico taíhun ‘ten’ (dez)
 Grego déka
*k > g [ɣ]
3b. Gótico tigus ‘decade’ (década)
 Grego dekás
A família indo-europeia
A família indo-europeia, também conhecida como indo-ger-
mânica ou ariana, é constituída por centenas de dialetos e línguas 
que englobam as principais línguas da Europa, do norte da Índia, 
do Paquistão, do Afeganistão, do Irã, e, no passado, da Anatólia 
(hitita) e da Ásia Central (tocário). Embora não existam registros 
históricos da língua indo-europeia original, podemos caracterizar 
sua estrutura por meio das línguas descendentes, reconstruindo 
assim seus aspectos léxicos e inflexões. 
As línguas descendentes do indo-europeu apresentam vários 
graus de semelhança entre si, fator relativamente influenciado 
pela localização geográfica. Essas línguas são divididas nos se-
guintes grupos: indiano, iraniano, armênio, helênico, albanês, itá-
lico, balto-eslavo, germânico, céltico, hitita e tocariano. Vamos 
conhecê-los separadamente a seguir (LEHMANN, 1992):
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 Indiano – os Vedas ou livros sagrados da Índia são os mais 
antigos textos literários preservados em qualquer língua in-
do-europeia. Eles são formados por quatro grupos de livros, 
que juntos fundamentam o brahmanismo – filosofia religiosa 
indiana surgida há aproximadamente três mil anos. O conteú-
do desses livros foi transmitido oralmente por muitos séculos 
até ser registrado por escrito em sânscrito.
 Gradualmente, a língua sânscrita passou a ser empregada em 
outras formas escritas não religiosas, até que gramáticos na-
tivos estabeleceram uma forma literária padronizada para a 
língua, que ficou conhecida como sânscrito clássico. Para-
lelamente, porém, havia um grande número de dialetos de 
uso rotineiro, os quais originariam as línguas indianas atuais, 
como hindu, urdu, bengali e outras. 
 Iraniano – o grupo de línguas conhecido como iraniano é 
encontrado na região do noroeste da Índia e no Irã. Os ocu-
pantes dessas áreas habitaram e viajaram por muito tempo 
com membros da ramificação indiana, fato que explica o con-
siderável número de características linguísticas em comum 
entre eles. Os mais antigos indícios do grupo iraniano são 
divididos em dois ramos, um oriental e um ocidental, respec-
tivamente correspondentes ao avéstico e ao persa antigo. O 
avéstico, também conhecido como zenda, corresponde a uma 
língua iraniana oriental, relacionada ao sânscrito, empregada 
na antiga Pérsia e idioma do livro sagrado do Zoroastrismo – 
o Avesta. Já o persa antigo, encontra-se preservado somente 
em alguns registros cuneiformes que relatam as conquistas 
dos reis Dario (522-486 a.C.) e Xerxes (486-466 a.C.). A for-
ma maismoderna dessa língua, datada dos primeiros séculos 
da era atual, é chamada de Pahlavi ou médio iraniano e era a 
língua oficial do Estado e da igreja ao longo da dinastia dos 
sassânidas (226-652 d.C.). Essa é considerada a língua ances-
tral do persa moderno.
 Armênio – a língua armênia é falada em uma pequena área 
ao sul do Cáucaso e na extremidade oriental do Mar Negro. 
A chegada dos armênios nessa região ocorreu entre os sécu-
los 8 e 6 a.C., vindos dos Balcãs. Suspeita-se que a língua da 
antiga população dessa área tenha influenciado o armênio, 
especialmente em relação ao aspecto fonológico. 
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 23
 A língua armênia apresenta determinadas alterações em algu-
mas de suas consoantes que se assemelham às alterações en-
contradas no germânico e que, como ocorre com esta, podem 
estar relacionadas a interações com outras línguas. Como as 
línguas do sul do Cáucaso, o armênio não possui gênero gra-
matical. Além disso, ao contrário do que se observa entre o 
indiano e o iraniano, o armênio não apresenta característi-
cas em comum com nenhum outro grupo da família indo-
-europeia, razão pela qual é considerada uma língua bastante 
isolada. 
 Helênico – nos primórdios da História, a região do Egeu foi 
habitada por populações diferentes em termos linguísticos e 
raciais dos gregos, que povoariam essa região mais tarde. Por 
volta do ano 2000 a.C., em um contexto de mistura e intera-
ção entre o grego e as línguas pouco conhecidas dessas popu-
lações, o povo grego tomou a região. Sendo assim, a partir da 
análise da língua grega, é possível identificar os cinco prin-
cipais grupos de dialetos: o iônico, do qual o ático é um sub-
dialeto; o eólico, no norte e nordeste; o arcádico-cipriota, no 
Peloponeso e no Chipre; o dórico, que mais tarde substituiu 
o arcádico no Peloponeso; e o grego do noroeste, do centro 
norte e da parte ocidental da região grega. Também existe o 
grego micênico que foi encontrado em listas e inventários de 
produtos na escrita silábica Linear B em tabletes de barro, de-
cifrados pelo inglês Michael Ventris, em 1952; a mais antiga 
variedade do grego (1600-1200 a.C.), aproximadamente 300 
anos mais antigo que o grego clássico. 
 Albanês – o pequeno grupo albanês localiza-se na região da 
costa oriental do Mar Adriático. Supõe-se que a língua al-
banesa seja remanescente da língua ilíria, falada em tempos 
antigos no noroeste dos Balcãs. Além disso, nosso conheci-
mento do albanês é recente, e o vocabulário dessa língua é 
extremamente misturado com noções de latim, turco, grego 
e eslavo; fatos que dificultam uma análise mais específica da 
língua albanesa. Diante disso, um longo tempo se passou até 
que o albanês fosse reconhecido como membro da família 
indo-europeia.
 Itálico – o grupo itálico encontra-se concentrado na re-
gião da Itália e, embora a maioria das pessoas costume 
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24
relacionar a Itália à Roma e Roma ao latim, muitas outras 
línguas atuaram nessa área. A posição geográfica favorável 
e o clima ameno italiano atraíram habitantes de diversas 
culturas e línguas. Como exemplo podemos citar o etrus-
co, língua não aparentada com a família indo-europeia que 
era falada na região oeste; a língua venética, falada na re-
gião do Vêneto; e o messápio, falado no extremo sudeste 
italiano. Além disso, o grego era amplamente empregado 
em muitas colônias gregas do sul da Itália e da região da 
Sicília. Todas essas línguas, contudo, foram sucumbindo 
ao latim conforme Roma conquistava maior poder político 
na região. Assim, a colonização romana na Espanha e na 
Gália – por volta de 51 a.C. –, nas ilhas do Mediterrâneo, 
no norte africano e até mesmo na Grã-Bretanha espalhou o 
latim por todo esse novo território, interagindo com outras 
línguas e locais.
 As diversas línguas que demonstram influência do latim 
em várias partes do antigo Império Romano são conhecidas 
como línguas românicas. Algumas delas inclusive propaga-
ram-se, muitos séculos depois, por outras regiões, especial-
mente no chamado Novo Mundo. Os principais exemplos 
de línguas românicas são o italiano, o francês, o espanhol, 
o português e o romeno. Essas línguas, no entanto, não são 
derivadas do latim clássico, uma variedade literária, mas do 
latim falado pelas classes populares e sujeito a frequentes 
transformações. 
 Balto-eslavo – o ramo balto-eslavo abrange uma ampla re-
gião na parte oriental europeia. Ele é composto por dois sub-
grupos bastante semelhantes entre si: o báltico e o eslavo. 
O báltico é comporto por três línguas: o prussiano, o letão e 
o lituano. O prussiano não existe mais, pois foi substituído 
pelo alemão desde o século XVII. O letão, por sua vez, é uma 
língua falada por aproximadamente três milhões de pessoas 
no território da Letônia. Já o lituano é reconhecido na família 
indo-europeia por seu alto grau de conservadorismo, preser-
vando estruturas e características já extintas em quase todas 
as demais línguas da família. 
 O subgrupo eslavo é formado por três línguas bastante pare-
cidas: o eslavo do leste, o eslavo do oeste e o eslavo do sul. 
O eslavo do leste e o eslavo do oeste ainda abrangem áreas 
Gramática histórica da língua inglesa
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Inglês antigo 25
contíguas, o eslavo do sul, porém, encontra-se separado dos 
outros por uma área habitada por romenos e húngaros. 
 O eslavo do leste abrange três variedades: o russo, princi-
pal variedade e falada como primeira ou segunda língua 
por aproximadamente 220 milhões de pessoas, o ucraniano 
e o bielorrusso. O eslavo do oeste apresenta quatro varia-
ções: o polonês, falado por mais de 40 milhões de pessoas, 
o tcheco, o eslovaco e as línguas sorábias. O eslavo do sul, 
por fim, inclui o búlgaro, o servo e o croata, o esloveno e o 
macedônio moderno.
 Germânico – o germânico ou protogermânico corresponde à 
forma que as línguas do ramo germânico possuíam antes de 
diferenciarem-se entre si. Ou seja, assim como ocorreu com 
o indo-europeu, o germânico antecede os mais antigos regis-
tros históricos encontrados, sendo necessária sua reconstru-
ção pelos filólogos. O germânico do leste, o germânico do 
norte e o germânico do oeste são os três subgrupos de línguas 
descendentes desse grupo. 
 No germânico do leste, o extinto gótico era a principal lín-
gua. O germânico do norte, por seu turno, é predominante 
nas regiões da Escandinávia, Dinamarca, Islândia e Ilhas 
Faroé. Já o germânico ocidental é especialmente interessan-
te, pois trata-se do grupo no qual a língua inglesa se encon-
tra; e apresenta-se em duas ramificações: o alto alemão e o 
baixo alemão. 
 O alto alemão diz respeito a todas as variedades linguísticas 
do Hochdeutsch (alemão padrão) e do iídiche, bem como de 
dialetos locais alemães falados nas regiões sul e central da 
Alemanha, na Áustria, Liechtenstein, Suíça, França (regiões 
do norte de Lorraine e Alsácia), Polónia e Itália. É empregado 
ainda na Romênia, Rússia, Estados Unidos e Namíbia. O bai-
xo alemão, por sua vez, é um conjunto de línguas – atualmente 
tidas como dialetos – que formam o campo dialetal das línguas 
germânicas faladas no leste dos Países Baixos e no norte da 
Alemanha. O baixo alemão apresenta muitos pontos em co-
mum com o frísio e com o próprio inglês. 
 Céltico – as línguas célticas já constituíram um dos maiores 
grupos da família indo-europeia. Nos primeiros anos da era 
cristã, os celtas ocupavam a Espanha, a Gália, a Grã-Breta-
nha, a região ocidental da Alemanha e o norte da Itália. O 
Book 1.indb 25 17/11/16 19:14
26
progresso da civilização celta, alguns séculos antes, levou as 
línguas célticas também à Grécia e à Ásia Menor. 
 Atualmente, no entanto, o grupo de línguas célticas é utiliza-
do somente

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