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Excludentes de Ilicitude

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Ilicitude é a contrariedade entre o fato praticado e o ordenamento jurídico. O juízo de ilicitude é feito posteriormente e depende do juízo de tipicidade.
A doutrina identifica que a tipicidade é indiciária da ilicitude, isto é, um fato típico é um indício, um indicativo, de uma conduta que afronta o ordenamento.
Se o juiz tiver uma fundada dúvida sobre a existência de uma excludente de ilicitude, deve ele absolver o indivíduo, aplicando-se o in dubio pro reo.
Sendo assim, a defesa não precisar provar categoricamente que o sujeito agiu acobertado por uma excludente de ilicitude, basta que ela produza prova suficiente e capaz de deixar dúvida razoável no magistrado.
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I – em estado de necessidade.
II – em legítima defesa.
III – em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito.
A lei somente explicita os conceitos do estado de necessidade e da legítima defesa. As demais definições ficaram a cargo da doutrina.
Esse rol não é taxativo, existem causas supralegais de exclusão de ilicitude. O consentimento do ofendido é uma causa supralegal que afasta a ilicitude de um comportamento.
As causas de justificação implicam sempre um processo de ponderação, para determinar o direito prevalente na situação. Há o conflito de situações e, dentro desse conflito, verifica-se qual é o direito prevalente.
As causas de justificação possuem elementos objetivos e subjetivos. Ou seja, tanto o indivíduo deve preencher os requisitos legais, aqueles expressamente previstos no corpo da lei, como também deve atuar sabendo que está no abrigo de uma excludente de ilicitude. O agente deve atuar com consciência de que está se salvando, se defendendo, defendendo ou salvando direito alheio.
Causas supralegais de exclusão da ilicitude 
Consentimento do ofendido 
O consentimento do ofendido como tipo penal permissivo tem aplicação restrita aos delitos em que o único titular do bem ou interesse protegido é aquele que consente e que, portanto, pode dele dispor. Só se fala em consentimento da vítima, do ofendido, nos casos de crimes que tratam de bens jurídicos disponíveis, como o patrimônio, por exemplo.
Não se aplica em casos de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. Nesses crimes, há pluriofensividade. Não se trata somente de patrimônios, fala-se em integridade física. Pode-se falar em prática de furto, violação de domicílio.
Requisitos do consentimento: expresso, livre, respeito à moralidade e bons costumes, prévio à consumação do delito, ofendido deve ser plenamente capaz.
Estado de necessidade 
Verifica-se a necessidade de ponderação entre dois direitos, interesse, em princípio, lícitos, igualmente relevantes. Mas, diante de uma situação de perigo, não criada dolosamente pelo agente, ele vai ser obrigado a se salvar ou salvar a terceiro, em detrimento de um de outrem.
Situação de perigo, em que há conflito entre interesses lícitos. A situação de perigo pode ter sido causada por conduta humana, de um animal ou fato da natureza.
Quem tem o dever legal de enfrentar o perigo, responderá pela omissão. Ex: bombeiro não pode alegar que não enfrentou um incêndio por estado de necessidade.
O perigo não pode ter sido causado pelo agente e também tem que ter sido efetivado para salvar direito próprio ou alheio. Não pode criar a situação dolosamente, mas se criou a situação culposamente, ele pode usar o estado de necessidade.
Também deve ser inevitável que se faça o comportamento lesivo. 
Mas não pode você matar alguém para salvar o seu patrimônio, pois o bem vida tem um valor maior.
Estado de necessidade e erro na execução 
O erro na execução, caso da aberratio ictus, é quando o indivíduo tem uma falha operacional. Ele representa bem a realidade, mas erra a pontaria e atinge outra pessoa. Pode acontecer estado de necessidade conjugado com erro na execução.
Erro de pontaria. Supondo que o indivíduo esteja de frente com o cachorro do vizinho, não havendo como fugir. Nesse caso, se o indivíduo estivesse com uma arma e matasse o cachorro, incidiria em estado de necessidade. Contudo, um dos disparos atravessa o cachorro e atinge a perna de uma criança, causando lesões. Nesse caso, deverá ser considerada apenas a vítima pretendida, que era o cachorro, em razão do estado de necessidade. O disparo que atingiu a criança não configurará crime, salvo se tiver agido culposamente. O disparo não vai ser punido criminalmente. Porém, eventualmente, poderá haver responsabilização no âmbito cível.
Legítima defesa
CP Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Requisitos cumulativos: agressão injusta, atual ou iminente, contra direito próprio ou alheio, reação com os meios necessários, uso moderado dos meios necessários.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.
Agressão só pode ser feita por ser humano. Deve estar presente o dolo de se defender.
Agressão atual é a que está acontecendo, iminente é aquela que está prestes a acontecer.
Pode agir com legitima defesa por ação de inimputável. Porém, deve haver proporcionalidade.
O agente que agir com legitima defesa, deve saber que está amparado por ela;
Legitima defesa recíproca 
Não é possível legítima defesa contra legítima defesa (recíproca), pois não é possível que duas pessoas ajam uma contra outra em legítima defesa. Para que haja legítima defesa, uma das agressões deve ser injusta.
Legítima defesa sucessiva 
É o caso em que um sujeito, em legítima defesa, agride outro que havia provocado a agressão injusta, porém age com excesso, dando aporte à legítima defesa sucessiva. Portanto, é possível legítima defesa sucessiva.
O sujeito agredido repele a agressão injusta e se excede. Se o sujeito se excede, a agressão passa a ser injusta, isto é, aquele que era inicialmente o agressor passa a ser o agredido, podendo agir em legítima defesa.
Estado de necessidade x legitima defesa 
Quando ataque de animal for espontâneo, será estado de necessidade. quando animal for usado como instrumento para ataque, será legitima defesa.
São causas legais que afastam a ilicitude.
Na legitima defesa, o perigo provem do homem e a reação dirige-se contra o autor. No estado de necessidade, tem-se o estado de necessidade agressivo, quando se volta contra o perigo causado por seres irracionais, pela natureza, ou por outro homem. O agente sacrifica bem jurídico que não pertence a quem deu casa ao perigo.
Estrito cumprimento do dever legal
Não há crime quando o agente pratica o fato em estrito cumprimento do dever legal.
O agente, que está cumprindo uma obrigação imposta por lei, não pratica crime, simultaneamente. Seria absolutamente incoerente.
Exercício regular de direito 
O ordenamento é uno e harmônico. O exercício de um direito não pode ser, ao mesmo tempo, lícito e ilícito.
Diferenças em relação ao estrito cumprimento do dever legal:
O estrito cumprimento do dever legal tem natureza compulsória (o agente está obrigado a cumprir a determinação legal) e tem origem na lei, de forma direta ou indireta. O oficial de justiça não tem opção, tem que cumprir a ordem judicial.
Já o exercício regular de um direito tem natureza facultativa (pode exercitar o direito ou não), podendo advir da lei, normas administrativas e, para alguns, dos costumes. Ele vai trazer uma hipótese em que o indivíduo pode optar por agir ou não. Se ele agir, está agindo conforme o direito.
Exemplos de exercício regular de direito: atividades físicas das quais resultem lesões (boxe, artes marciais), intervenções cirúrgicas.

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