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PTG-7-SEMESTRE

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
CURSO: BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL
KEYLA CRISTIANE FEITOSA MONTEIRO
PÂMELA FERREIRA DE CASTRO
SERVIÇO SOCIAL EM TEMPOS DE PANDEMIA: DIREITOS SOCIAIS E POLÍTICAS SOCIAIS.
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Ananindeua-Pará
2021
PÂMELA FERREIRA DE CASTRO
SERVIÇO SOCIAL EM TEMPOS DE PANDEMIA: DIREITOS SOCIAIS E POLÍTICAS SOCIAIS.
Trabalho apresentado ao Curso SERVIÇO SOCIAL da Universidade ANHANGUERA-UNIDERP, para a disciplina de ATIVIDADES INTERCIDIPLINARES.
Professor da disciplina: Liliane Miranda.
Ananindeua/Pará
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	4
DESENVOLVIMENTO	5
SAÚDE E SERVIÇO SOCIAL.	5
A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS E SEUS REBATIMENTOS À PROFISSÃO DO SERVIÇO SOCIAL.	7
IMPACTOS DA CRISE DA COVID-19 NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO.	12
AS MEDIDAS DO GOVERNO RELATIVAS AO EMPREGO E À RENDA E SEUS IMPACTOS SOBRE OS TRABALHADORES	14
IMPACTOS DA COVID-19 NO MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL SEGUNDO A PNAD CONTÍNUA DE ABRIL DE 2020	16
CONSIDERAÇÕES FINAIS.	17
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA	19
INTRODUÇÃO	
O trabalho profissional do Serviço Social, assim como dos demais trabalhadores e trabalhadoras da área da saúde, em tempos de pandemia do novo coronavírus, vem tomando uma dimensão exponencial ante o dado atípico da realidade contemporânea manifestado na COVID-19. Vencer a doença tem sido um desafio coletivo presente no cotidiano profissional.
Este estudo refere-se ao trabalho coletivo, à solidariedade da equipe técnica na confluência da atenção. As limitações envolvem a necessidade de cuidado redobrado quanto à segurança em saúde dada a apreensão dos profissionais por temerem serem infectados e da probabilidade de transmissão a familiares que apresentam comorbidades ou estão no grupo de risco; envolvem ainda a necessidade de ampliação do corpo técnico e de equipamentos em razão da crescente demanda por atenção aos casos suspeitos e confirmados de COVID-19.
DESENVOLVIMENTO
O vasto campo onde se encontra inserido o Serviço Social tendo em vista sua gênese atrelada a figura caritativa e dogmática da igreja católica dispõe de um legado imerso na caridade ensejando entre a filantropia e assistencialismo. Atualmente vários são os campos ao qual o Serviço Social se propõe a direcionar sua atuação intrinsicamente vinculada a luta de classe vagando entre a dicotomia capital versus trabalho. 
Diante disso, considera-se a saúde um dos mais vastos campos de empregabilidade do Serviço Social, entrelaçando o desvelar dos processos sociais que interferem na dinâmica saúde doença vindo a impulsionar o trabalho do Assistente Social permitindo a reflexão profissional de inserção e materialização da profissão nas mais diversas entranhas estatais. Nisso o profissional percebe-se como mediador diante da tenção causada pela dicotomia capitalista tendo que trabalhar neste processo interventivo ao passo em que se reafirmar dentro deste ambiente visto a grande falha de se entender de fato o trabalho do mesmo dentro deste espaço.
 Hoje o profissional Assistente Social diante da Pandemia do novo Corona Vírus (COVID-19) é convidado a assim como os demais profissionais atuantes na linha de frente a reinventar-se quer seja este inserido na atenção básica, média ou alta complexidade atuando nos determinantes que reconfiguram as expressões da “Questão Social” somando-se as já existentes, um processo contínuo de reafirmação que vem chamando o profissional a recompor-se diante de um Sistema Único de Saúde – SUS até então fragilizado impermeado de cortes vindo de um Estado neoliberal.
 SAÚDE E SERVIÇO SOCIAL.
Historicamente a saúde tem sido o maior empregador de assistentes sociais. Desde os primórdios da profissão até o final da década de 1980, sua atuação neste campo se deu no âmbito curativo e por meio de abordagem individual. Após a redemocratização do país e, com a consolidação da Constituição Federal em 1988, a saúde foi uma das áreas onde houve avanços constitucionais mais significativos até então. O Sistema Único de Saúde, regulamentado em 1990, pela Lei Orgânica de Saúde (LOS), abriu novos espaços de atuação para os assistentes sociais na saúde, proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e da repressão. Revisão de Literatura principalmente no âmbito da gestão e planejamento da política, onde o profissional, juntamente com demais profissionais pode pensar em estratégias de melhoria do SUS. 
Segundo Costa (2000), a inserção da categoria nos serviços de saúde é dada pelo reconhecimento social da profissão e pelo conjunto de necessidades que são redefinidas a partir das condições históricas que a saúde pública se desenvolveu no Brasil ao longo do tempo. Renomados autores vêm contribuindo nas últimas décadas com interessantes debates sobre o Serviço Social na saúde, dentre os quais destacam-se Maria Inês Bravo, Regina Célia Tamaso Mioto, Maria Dalva Horácio da Costa e o documento lançado pelo CFESS, sobre os Parâmetros para Atuação do Assistente Social na Saúde (2009), onde condensa o debate sobre Reforma Sanitária, o projeto ético-político profissional e sugestões de eixos para a prática do Serviço Social neste espaço. 
Algumas resoluções são um marco para a inserção do profissional de Serviço Social na saúde. A exemplo disso, temos a resolução nº 218, de 06 de março de 1997 do Ministério da Saúde, que reconhece a categoria de assistentes sociais como profissionais da saúde, e a resolução do CFESS, de nº 393 de 29 de março de 1999, que também caracteriza o assistente social como profissional de saúde. 
As atribuições e competências dos assistentes sociais, sejam elas realizadas na saúde ou em qualquer outro espaço sócio ocupacional são norteadas pelos direitos e deveres pré-estabelecidos no Código de ética e na lei de regulamentação da profissão, e que devem ser respeitados, tanto pelos profissionais quanto pelas instituições empregatícias. 
De acordo com o documento feito pelo CFESS, com o objetivo de direcionar as intervenções dos assistentes sociais na saúde, a atuação dos mesmos, se faz diante de quatro eixos: “atendimento direto aos usuários; mobilização, participação e controle social; investigação, planejamento e gestão; assessoria, qualificação e formação profissional” (CFESS, 2009, p. 41). 
Sobre o atendimento direto aos usuários, o texto ressalta que está atuação se dá em todos os espaços sócio ocupacionais de trabalho do assistente social, e se tratando da saúde, em especifico, este se concretiza desde atendimentos em unidades básicas, até a média e alta complexidade. 
As ações que devem ser desenvolvidas pelos assistentes sociais precisam ultrapassar o caráter emergencial e burocrático, característico dos serviços de saúde. Cabe ao profissional ter clareza das suas atribuições e competências estabelecidas nas normativas que norteiam o fazer profissional, afim de construir e estabelecer ações e estratégias, a partir das demandas apresentadas pelos usuários. 
A avaliação econômica, assim como as visitas domiciliares, são importantes instrumentos utilizados por assistentes sociais, pois favorecem uma melhor compreensão da realidade social em que está inserido o sujeito, também não cabe ao profissional de Serviço Social utilizar no exercício de suas funções, as terapias individuais, de grupo, de família ou comunitárias, mas sim potencializar a orientação social com a finalidade de ampliação do acesso dos indivíduos e da coletividade aos direitos sociais.
A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS E SEUS REBATIMENTOS À PROFISSÃO DO SERVIÇO SOCIAL.
 O final do ano de 2019 para início de 2020 foi marcado por um intenso agravamento das desigualdades sociais no Brasil. Esse fator é decorrente devido ao surgimento de um novo vírus causador de uma doença altamente contagiosa. Essa desigualdade vem aprofundando as expressões da “Questão Social” e demandandoforte intervenção do Assistente Social na viabilização de diretos da população. O novo Corona Vírus recebeu a denominação SARS-COV-2 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a doença que ele provoca tem a denominação COVID-19.
 Esta é uma doença respiratória identificada pela primeira vez em Wuhan, na China. Seus primeiros registros foram constados em 2019, mas a detecção do agente causador e as consequências dele ocorreram em 2020. A transmissão ocorre de uma pessoa para outra por meio do contato de gotículas respiratórias com muita facilidade (SANTOS, 2020). Rapidamente esse vírus se espalhou pelo mundo e a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 30 de janeiro de 2020, que o surto da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) constitui uma emergência de saúde pública de importância internacional – o mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no regulamento sanitário internacional. Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia.
Diante disso, torna-se de extrema importância debater acerca dos rebatimentos que essa pandemia vem causando no Brasil. Ainda segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU), a população pobre é a mais atingida por esse vírus, pois não possuem as condições necessárias indicadas como forma de prevenção, deixando em evidencia a desigualdade diante da pandemia. 
Os dados que vem sendo divulgados pela OMS mostram que a doença tem um índice de mortalidade relativamente baixo com relação ao número de casos, entretanto, esses dados recaem sobre aqueles indivíduos que estão em maior situação de vulnerabilidade econômica e social. Com objetivo de prevenir a proliferação mais aguda, foi orientado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) as seguintes ações de combate ao vírus: lavar as mãos com água e sabão ou higienizador à base de álcool para matar vírus, usar máscaras frequentemente caso for sair de casa, limpar bem os objetos de uso continuo, evitar o contato direto com outras pessoas e se resguardar em casa, manter um isolamento social rígido e procurar uma unidade de saúde apenas caso seja extremamente necessário para evitar superlotação nos hospitais (FIOCRUZ, 2020). 
Isso remonta a discussões amplas que contestam essas recomendações ao analisar a desigualdade existente no Brasil. As recomendações de isolamento domésticos e de higienização ocorrem junto com o desemprego e subemprego, a falta de saneamento básico nas comunidades mais carentes, a falta de moradia para milhares de pessoas que vivem em situação de rua; com a falta de água e esgoto não dá a possibilidade necessária para as famílias seguirem as orientações exigidas (CFESS, 2020). 
Vê-se então uma contradição na relação entre medidas recomendadas e possibilidades oferecidas pelo Estado para dar viabilidade a essas ações de proteção. A falta de política pública eficiente acaba deixando a população pobre mais vulnerável e possibilita ainda mais o agravamento da situação, já que no Brasil, maior parte da população vive em situação de pobreza. Partindo para a situação de desigualdade dentro do sistema de saúde que vem sofrendo com as altas demandas devido a essa doença, pode-se analisas as condições que são dadas a população que requisita tais serviços em situação de urgência.
Segundo o Conselho Federal de Medicina, (2018), o Brasil possuía quase 45 mil leitos de UTI, segundo informações do Cadastro 729 Revisão de Literatura Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Pouco menos da metade (49%) estava disponível para o SUS e a outra parte reservada exclusivamente à saúde privada ou suplementar (planos de saúde), que atendia 23% da população. Embora o número de leitos de UTI tenha aumentado nos últimos anos, a quantidade ainda é insuficiente, sobretudo no SUS, onde a demanda é crescente. No contexto “normal” em que o Brasil vivia, isso já se apresentava como um grave problema. Já na situação atual, com a pandemia, isso ultrapassa qualquer possibilidade de efetivação de uma saúde de qualidade, em situação de universalização e democratização que é assegurada pela constituição à toda população. Por dedução analítica, seguindo os dados citados acima de acordo com o Conselho Federal de Medicina, (2018), se 23% da população detinha 51% leitos, as outras 77% da população tinha que se satisfazer com os 49% restantes, ocasionando esgotamento rápido nos equipamentos devido à grande população do país. Vale ressaltar que esses dados foram registrados em 2018, entretanto, de lá para cá não houveram mudanças significativas nesse número até o surgimento da pandemia. Nesse sentido, esses dados recam como consequências no contexto atual. 
Os dados que vem sendo divulgados acerca do Covid-19 pelo “Painel Corona vírus”, atualizado diariamente pelas secretarias estaduais mostram que o primeiro caso da doença foi detectado no Brasil no dia 26 de fevereiro de 2020. A falta de investimentos e de medidas eficientes para o combate fizeram com que no dia 19 de junho de 2020 o país ultrapasse a marca de um milhão de casos, ou seja, em um intervalo de menos de quatro meses foram tomadas proporções drásticas. Enquanto vários países que viveram o colapso já adotam medidas mais flexíveis devido terem conseguido controlar a proliferação da doença a partir de medidas eficientes, o Brasil vem sendo apontado como o novo epicentro da pandemia no referido período mencionado acima (BRASIL, 2020). 
É diante desse contexto de agravamento das desigualdades sociais que se vê a necessidade de intervenção do Assistente Social. No artigo 3º do Código de Ética profissional consta que é dever do/a Assistente Social, na relação com a população usuária, “participar do programa de socorro a população em situação de calamidade pública, no atendimento e defesa de seus interesses e necessidades” (BRASIL, 1993). Tendo ciência da necessidade de intervenção profissional nesse senário, faz-se necessário destacar também as possibilidades e os desafios que estão intrínsecos à prática da categoria do Serviço Social. 
Esses desafios não são problemas recentes. Eles estão presentes desde a institucionalização da profissão e vem se modificando de acordo com o contexto histórico. Todos esses problemas que se apresentam como demandas para o Serviço Social são denominados de “expressões da questão social” e essas expressões são os objetos de intervenção da categoria, ou seja, o Serviço Social existe na medida em que há problemas sociais. IAMAMOTO, (1983) define “Questão Social” como o conjunto de expressões que surgem na sociedade capitalista e são contestadas pela classe trabalhadora. 
Vale ressaltar que essas expressões se modificam com o período histórico na qual estamos inseridos, dessa forma, os profissionais devem sempre estar atentos para conseguir identifica-las e atuar de forma crítica frente as mesmas, não retrocedendo a uma prática conservadora nem realizar atribuições que não são próprias da profissão.
Com o surgimento da pandemia causada pelo Corona Vírus, as relações sociais sofreram grandes mudanças pelo aumento da desigualdade social. Com isso, novas demandas passaram a surgir e isso vem sendo pauta de várias discussões dentro da categoria para que os profissionais possam identificar as novas expressões e atuar de forma crítica e frente aos usuários que demandam dos seus serviços. 
Um grave problema que vem sendo notado nesse contexto é a atribuição por parte do Estado e das instituições empregadoras de funções que não fazem parte das atribuições e competências profissionais instituídas na lei que regulamenta a profissão. De acordo com o que está estabelecido na lei 8.662/1993 nos artigos 4º e 5º das competências e atribuições privativas o profissional deve elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública; prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos;planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; entre outras (BRASIL, 1993). 
Contrariando o que está posto nessa lei, o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) que é o órgão máximo responsável por orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício da profissão em conjunto com os CRESS, lançou uma Orientação Normativa n. 3/2020, declarando que que estavam sendo atribuídas aos Assistentes Sociais o papel de comunicação de boletins de saúde e óbitos. 
Ainda segundo esse órgão, essas ações vão contra as condições éticas e técnicas para o exercício profissional que devem estar em consonância com a Resolução CFESS n. 730 Revisão de Literatura 493/2006 (CFESS, 2020). 
Visto isso, torna-se necessários que a categoria reafirme o seu verdadeiro papel na divisão sócio-técnica do trabalho para não retroceder ao tradicionalismo. Além dessas práticas reduzirem a papel político da profissão na sociedade, ela também viola os direitos dos cidadãos. A família tem o direito de receberem informações precisas acerca do estado de saúde de seus parentes, bem como, em caso de óbito, saberem as reais causas (BRASIL, 1990). 
Nesse sentido, a comunicação de óbitos deve ser realizada por um profissional qualificado que tenha conhecimentos específicos acerca do caso clinico do paciente. Ao Assistente Social é dado o papel de trabalhar na garantia e efetivação de direito, socializando informações acerca de benefícios sociais e procedimentos legais que a família deve tomar em determinadas situações, atuar para que os direitos dos pacientes e das famílias não sejam violados e buscar o fortalecimento dos vínculos familiares. 
Outro grande desafio que vem sendo notado é a falta de equipamentos apropriados para os Assistentes Sociais trabalharem garantindo a sua segurança. Por ter um trabalho que requer contato direto com os usuários, torna-se necessário a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) seguros, entretanto, vários profissionais que estão atuando nessa linha de frente no combate a pandemia vêm afirmando que não estão sendo assegurados com tais equipamentos, colocando a sua saúde em risco pela falta de viabilização de direitos da própria categoria. Esse desrespeito do Estado com os trabalhadores vai em consonância com o pensamento de IAMAMOTO, (2007) a autora afirma que os Assistentes Sociais são desafiados duplamente. Tanto como profissional que deve atuar para garantir os direitos dos cidadãos mesmo com a falta de políticas sociais e de recursos apropriados que garantam a emancipação dos sujeitos, como também, um profissional assalariado que tem os seus próprios direitos negligenciados. Vale ressaltar que no artigo 7º do código de ética profissional é colocado que as instituições públicas ou privadas devem promover condições adequadas para garantia de um trabalho de qualidade no exercício profissional (BRASIL, 1993). 
Diante das desigualdades e dos problemas que vem surgindo nesse cotidiano, o trabalho do Assistente Social torna-se tão essencial como os dos demais profissionais da saúde. Junto com a situação de calamidade na saúde, também se intensifica a violação de direitos, exigindo forte intervenção dessa categoria. A saúde não se desenvolve apenas no âmbito da cura, ela está principalmente na linha da prevenção, sendo que esta é influenciada por vários determinantes sociais. 
É nessa perspectiva que entra o papel do Assistente Social dentro dessa política. Para isso, ele deve ser capaz de decifrar toda essa realidade para não atuar apenas em correntes acríticas. Segundo Iamamoto, (2000) é necessário atuar articulando as três dimensões da profissão: Teóricometodológica, ético-política e técnico-operativa. A não articulação dessas dimensões pode levar os profissionais a extremismos.
IMPACTOS DA CRISE DA COVID-19 NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO. 
 
A pandemia decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020, em função do descontrole da disseminação do novo coronavírus, expôs a fragilidade dos que defendem o mercado como capaz de tudo prover a uma sociedade: segurança, saúde, educação e trabalho.
A grande maioria dos governos de países centrais e periféricos, entre eles o Brasil, está sendo obrigado a deixar de lado o discurso do mercado como o salvador da pátria. E estão recorrendo aos cofres do Estado. Depois de décadas de uso do fundo público majoritariamente para socorrer e proteger o capital, o mundo capitalista se ve obrigado a rever sua trajetória de desumanização do mundo. 
A SITUAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO ÀS VÉSPERAS DA PANDEMIA
A segunda década do século XXI apresenta os piores índices de desemprego da história recente do Brasil. Nesse quesito, a crise que atingiu o país ao final de 2014 superou inclusive a acelerada ascensão do desemprego observada na década de 1990. A taxa de desocupação, que flutuava ao redor de 7% no início de 2014, atingiu seu ápice nos primeiros meses de 2017, quando ultrapassou a marca dos 13%.
 Nesse período, o número de desempregados no Brasil mais que dobrou, atingindo 13 milhões de pessoas no auge da crise. Após três anos desse ápice, verifica-se que a situação pouco se alterou. Isso porque, no trimestre que se encerrou em fevereiro de 2020, a taxa de desocupação no país ainda era de 11,6%, ou seja, apenas 1,6 ponto percentual abaixo da registrada no mesmo trimestre de 2017. Nesse contexto, nem sequer a pequena redução no desemprego observada ao final de 2019 poderia ser considerada uma boa notícia, uma vez que se explica mais pela saída de pessoas do mercado de trabalho do que pelo aumento sustentado de vagas de emprego.
Além disso, devemos considerar também a perspectiva de avanço do desemprego oculto. Nesse caso, a subocupação por insuficiência de horas trabalhadas é uma medida que merece atenção especial, uma vez que indica o grau de insuficiência da renda vigente para atender às necessidades dos trabalhadores. Ao longo dos últimos anos o mercado de trabalho nacional conviveu com elevados índices de subocupação. Com isso, no trimestre encerrado em fevereiro de 2020 sua taxa era de 7%, percentual muito acima dos 5% da média verificada em 2014. A queda na utilização da capacidade instalada e das horas trabalhadas deverão incidir fortemente sobre esse índice, ao estimular as pessoas a trabalhar mais para retomar seu nível prévio de renda.
Independentemente dos níveis que o desemprego aberto ou oculto possa assumir, é possível aproximar os cenários anteriormente mencionados sobre a realidade dos trabalhadores fazendo algumas conjecturas sobre os impactos mais imediatos da nova crise nos principais grupos de atividade econômica do país, observando o volume da força de trabalho ocupada em cada um deles.
Além do fechamento de praticamente todos os estabelecimentos de serviços pessoais, lazer e cultura, o isolamento social para minimizar o risco de contágio também afetou os trabalhadores que vivem dos famosos “bicos”, que compõem parcela importante dos 5,4% da força de trabalho que estava ocupada no grupamento de Outros serviços. No mesmo sentido, também ficam sob risco de perder suas fontes de renda os trabalhadores domésticos, que representavam 6,7% dos ocupados em 2020.
Outro fator que agrava os efeitos da Covid-19 sobre o mercado de trabalho é seu reduzido grau de formalização. Notamos que o grau de formalização das ocupações no Brasil era de 55,2% em 2014 e manteve-se próximo a esse nível até 2016. Desde então, a formalização passou a cair aceleradamente, atingindo seu menor patamar em 2020, quando apenas 52,1% dos brasileiros encontravam-se em ocupações formais.
AS MEDIDAS DO GOVERNO RELATIVAS AO EMPREGO E À RENDA E SEUS IMPACTOS SOBRE OS TRABALHADORES
Conforme indicamos em outro trabalho, o Governo Federal não possui um plano de ações devidamente organizado e articulado para amenizar os efeitos da pandemia sobre as atividades econômicas. No que se refereao mercado de trabalho, além de desarticuladas, as medidas adotadas podem ser consideradas também prejudiciais, pois invés de buscar preservar os empregos e os salários dos trabalhadores, elas operam exatamente no sentido oposto, ou seja, para estimular o desemprego e rebaixar os salários.
As intenções do governo nesse sentido já ficaram claras pelo menos desde 22 de março deste ano, quando o governo editou a Medida Provisória (MP) nº 927, que além de desconfigurar o que restou da CLT, passava a permitir a suspensão dos contratos de trabalho por quatro meses sem pagamento dos salários. Tal MP foi cancelada, em parte, no dia seguinte, em ato no qual o Ministro da Economia confessou que “assinou a MP sem ler”, enquanto o Presidente da República tentou se explicar afirmando que “houve um erro na redação”.
Guardando as mesmas pretensões, essa medida foi reeditada no dia 1º de abril de 2020 como MP nº 936, mas agora com a pomposa nomeação de Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda. A principal alteração promovida pela nova MP em relação à medida anterior foi a permissão da redução da jornada de trabalho com percentuais que podem ser, a princípio, de 25%, 50% ou 70%, com correspondente desconto nos salários, além da autorização para a suspensão do contrato de trabalho (redução de 100% da jornada e do salário).
No caso da redução das jornadas a medida vale por até 90 dias, sendo que o consequente corte nos salários é proporcionalmente compensado de acordo com o valor do seguro-desemprego ao qual o trabalhador teria direito caso fosse demitido. Particularmente no caso em que esse acordo for firmado em negociação coletiva, o percentual poderá ser diferente dos mencionados acima, todavia o benefício ainda será limitado a essas frações estabelecidas3. Caso a opção seja pela suspensão do contrato, a medida é válida por até 60 dias, sendo que o trabalhador deverá receber o valor integral previsto pelo seguro-desemprego. Em ambos os casos, a MP prevê estabilidade no emprego até o dobro do período de redução, ou seja, se a redução/suspensão perdurar por dois meses, o empregado não poderá ser demitido sem justa causa nos dois meses seguintes. O texto também prevê um valor fixo de R$ 600,00 aos trabalhadores intermitentes formalizados, de forma semelhante ao auxílio emergencial aos informais.
As regras de funcionamento do programa são distintas em função do faturamento das empresas. Aquelas que adotarem suspensão de contratos ou redução de jornadas e tiverem faturamento de até R$ 4,8 milhões não precisam fornecer nenhuma compensação ao salário, que será coberto com 100% do valor do seguro-desemprego, de acordo com o salário-hora contratual. Já para empresas com faturamento acima de R$ 4,8 milhões, o seguro cobrirá 70% do valor previsto.
Os acordos poderão ser firmados entre empregadores e empregados, obedecendo aos seguintes critérios: quando a redução de jornada e de salário for de até 25%, o acordo pode ser individual entre as partes, independentemente do nível salarial. Nos demais casos (redução de 50%, 70% ou suspensão de contrato), acordos individuais somente poderão ser celebrados com trabalhadores que recebem menos de R$ 3.135,00 ou mais de R$ 12.202,12. Trabalhadores com salários entre esses dois valores somente poderão fazer acordos de redução de jornada e de salário mediante convenção coletiva com participação do sindicato da categoria.
A MP 936 também alterou diversas regras da legislação trabalhista em vigor até então, sempre com o objetivo oficial de “preservar empregos”. Assumindo que acordos individuais celebrados neste período de calamidade pública prevalecerão sobre os instrumentos legais em vigor (acordado se sobrepondo ao legislado), permitiu-se: o trabalho remoto (teletrabalho, home office); a concessão de férias coletivas com aviso antecedente de apenas 48 horas; a antecipação de férias individuais e de feriados; o regime especial de compensação (banco de horas); e a suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde do trabalhador.
A equipe econômica do governo previa que 24,5 milhões trabalhadores com carteira de trabalho assinada firmarão acordos de redução de salário ou suspensão de contratos de trabalho com base na MP 936 até o fim do período de calamidade pública, em 31 de dezembro. Segundo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, até o dia 23 de abril de 2020 já haviam sido registrados 3,5 milhões de acordos. A maior parte desse montante (58,3% ou cerca de 2 milhões de registros) é de trabalhadores que tiveram seus contratos suspensos
IMPACTOS DA COVID-19 NO MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL SEGUNDO A PNAD CONTÍNUA DE ABRIL DE 2020
No dia 29 de maio de 2020 o IBGE divulgou os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) referentes ao trimestre de fevereiro a abril de 2020. Os principais indicadores considerados revelaram um forte processo de degradação do mercado de trabalho a partir da incorporação de um período de dois meses de influências da pandemia causada pelo novo coronavírus no país. O desemprego - mensurado pela taxa de desocupação - atingiu 12,6%, representando um montante de 12,8 milhões de pessoas. Registre-se que esse indicador já vinha se mantendo em percentuais bastante elevados no país desde 2016 até recentemente
A maior parte desses trabalhadores migrou para a força de trabalho potencial (pessoas que desejariam estar trabalhando, mas que não procuraram emprego ou que não poderiam assumir alguma vaga de trabalho), que aumentou em 1,9 milhão de pessoas no trimestre. Levando em consideração essa população (que possivelmente também se encontra sem renda do trabalho, de maneira semelhante aos desocupados), pode-se ter uma aproximação mais precisa dos primeiros efeitos da crise da Covid-19 sobre o mercado de trabalho no Brasil. A taxa combinada de desocupação e força de trabalho potencial atingiu 20,2% no trimestre encerrado em abril de 2020, registrando um crescimento de 1,9 p.p. com relação ao trimestre anterior na série dessazonalizada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.	
 Ao contrário da imagem que o Governo Federal, e mesmo algumas instituições internacionais tentam passar, os efeitos econômicos da Covid-19 não terão curta duração. A pandemia deflagrou uma crise mundial que deve reverberar pelos próximos anos. No Brasil, essa crise será utilizada como bode expiatório pelo governo.
Essa situação seria mais facilmente contornável caso a maioria da população estivesse ocupada em empregos formais. No entanto, o grau de formalização das ocupações no Brasil vem caindo continuamente desde 2015, com destaque para a perda dos empregos no ramo industrial. Sem o dinamismo desse setor, uma massa de trabalhadores foi se deslocando para setores de menor produtividade e menores salários, especialmente no comércio e serviços em geral, os quais serviram como válvula de escape à deterioração e queda do emprego formal.
Com isso, cerca da metade dos postos de trabalho do início de 2020 eram ocupações informais. Essa é a parcela dos trabalhadores brasileiros sob risco de ter ficado imediatamente sem renda na nova conjuntura. Nesse sentido, a paralisação das atividades, a desassistência do Estado e a crise econômica que já está em curso em âmbito global tenderão a acirrar ainda mais os problemas do mercado de trabalho nacional não só pelas condições em que os trabalhadores informais se encontram, mas também porque essas ocupações deixarão de ser uma alternativa àqueles que forem sendo demitidos de empregos formais. Esses são, na essência, os problemas de um mercado de trabalho “flexível”, condição tanto apregoada pelo ideário econômico neoliberal.
Neste cenário de profundas dificuldades, é imperioso afirmar que as medidas anunciadas pelo Governo Federal - como no caso da MP 936, que autorizou acordos individuais (particularmente entre os trabalhadores com menores remunerações e que recebem até R$ 3.135); a suspensão de contratos (com baixos custos ao empregador); e a redução parcial de salários, levando a uma queda deaté 10,7 bilhões na massa salarial - na verdade acabam estimulando e/ou facilitando o desemprego, ao mesmo tempo em que não oferecem nenhum mecanismo efetivo que seja capaz de garantir a estabilidade no emprego por um período mais longo do que alguns meses. Ao lado disso, a própria lei do Auxílio Emergencial, além de ser insuficiente - visto que mal cobre um terço dos rendimentos médios dos trabalhadores informais - não é um mecanismo de renda básica como vendo sendo implementado em outros países.
Em síntese, podemos afirmar que as medidas adotadas até o presente momento não serão capazes de conter a abrupta queda da renda da classe trabalhadora. Ao contrário, tais medidas parecem ir mais no sentido de tornar a degradação do mercado de trabalho nacional permanente do que de garantir um nível de emprego adequado e um patamar de renda suficiente para atender às necessidades básicas da população. Com isso, deverão haver quedas sequenciais na demanda, o que contribuirá para que ao longo do próximo período seja retroalimentado o desemprego e elevada a degradação das condições sociais de reprodução da classe trabalhadora. No sentido inverso das medidas que vêm sendo adotadas, os próximos períodos irão mostrar uma vez mais que o problema crucial não é o custo do trabalho, mas a incapacidade da própria dinâmica econômica em gerar novos empregos com qualidade e em quantidades suficientes para atender todos os trabalhadores do país que atualmente se encontram efetivamente fora do mercado de trabalho organizado.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
CNC. Efeito coronavírus: número de brasileiros endividados bate novo recorde em abril. 13 abr. 2020. Disponível em: <http://cnc.org.br/editorias/economia/noticias/efeito-coronavirus-numero-de-brasileiros-endividados-bate-novo-recorde>. [ Links ]
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MATOS, S. et al. Cenários para a evolução da atividade econômica brasileira em 2020. 2020. Disponível em: <disponível em: www.joserobertoafonso.com.br/cenarios-atividade-economica-brasileira-2020-matos-et-al/ >. Acesso em: 12 abr. 2020. [ Links ]
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SEBRAE. Panorama dos pequenos negócios. 2018. Disponível em: <bit.ly/354mszl>. [ Links ]
1Talvez esses fatos contribuam para se entender as razões que levaram o governo a suspender a divulgação do CAGED a partir de fevereiro de 2020.
2Cf. RBA. Para profissionais da saúde, falta proteção, sobram riscos e angústia. 21 abr. 2020. Disponível em: <www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2020/04/pesquisa-profissionais-saude-riscos-angustias>.
3Para as negociações coletivas, as regras são as seguintes: redução inferior a 25% sem complemento do seguro-desemprego; redução entre 25% e 50% com complemento de 25% do seguro-desemprego; redução entre 50% e 70% com complemento de 50% do seguro-desemprego; redução superior a 70% com complemento de 70% do seguro-desemprego.
4Simulações das perdas individuais em função dos acordos da MP 936 podem ser feitas a partir de calculadora elaborada pelo DIEESE, disponível em: <www.dieese.org.br/calculadoramp936/>.
5ESTADÃO. Guedes anuncia auxílio mensal de R$ 200 a trabalhadores informais. 18 mar. 2020. Disponível em: <economia.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-diz-que-estuda-medidas-para-ajudar-trabalhadores-autonomos-e-socorro-a-aereas,70003238357>.
6Cf., por exemplo, BRASIL DE FATO. Após 40 dias de isolamento, trabalhador informal ainda não consegue obter o auxílio. 22 abr. 2020. Disponível em: <www.brasildefato.com.br/2020/04/22/apos-40-dias-de-isolamento-trabalhador-informal-ainda-nao-consegue-obter-o-auxilio>.
7FOLHA DE S.PAULO. A dificuldade de o auxílio emergencial chegar em quem precisa. 29 mar. 2020. Disponível em: <blogdoibre.fgv.br/rss/posts#_ftnref1>.
8ESTADÃO. “Programa do governo atende princípio da dignidade do trabalhador”, diz presidente do TST. 12 abr. 2020. Disponível em: <economia.estadao.com.br/noticias/geral,reducao-de-salario-nao-fere-dignidade-do-trabalhador-diz-presidente-do-tst,70003267950>.
https://www.jmphc.com.br/jmphc/article/view/1017/962
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