Buscar

Concurso de Crimes no Direito Penal Brasileiro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

GRUPO IBMEC EDUCACIONAL DO RIO DE JANEIRO 
Programa de Graduação em Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CONCURSO DE CRIMES NO DIREITO PENAL BRASILEIRO 
Carolina Sampaio Ribeiro Queiroz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2021 
INTRODUÇÃO 
O presente trabalho tem como principal objetivo analisar as possibilidades de concurso no Direito Penal. Inicialmente, convém explicar que há concurso de crimes sempre que um agente pratica dois ou mais crimes, por meio de uma ou mais ações ou omissões perpetradas no mesmo ato criminoso. Nas palavras de Cezar Roberto Bittencourt:
“O concurso pode ocorrer entre crimes de qualquer espécie, comissivos ou omissivos, dolosos ou culposos, consumados ou tentados, simples ou qualificados e ainda entre crimes e contravenções. Logicamente a pena a ser aplicada a quem pratica mais de um crime não pode ser a mesma pena aplicável a quem comete um único crime. Por isso, foram previstos critérios especiais de aplicação de pena às diferentes espécies de concursos de crimes”.1
Observa-se, então, sempre que ocorrer um concurso de crimes o autor será responsabilizado por todos eles, de acordo com as normas de aplicação de pena estabelecidos pela sanção penal2. Nesse contexto, o trabalho discorre sobre o funcionamento dos institutos do concurso de pessoas e do concurso de crimes. O estudo teve embasamento em doutrinas, livros, códigos, jurisprudências, pareceres técnicos, artigos, opiniões de profissionais do direito, além do uso de materiais disponibilizados em plataformas acadêmicas digitais. 
CONCURSO DE CRIMES
 Preliminarmente, o conceito de concurso de crimes é simples: O concurso de crimes ocorre quando o autor, mediante uma ou várias ações ou omissões, prática dois ou mais crimes. Nesse contexto, não podemos confundir ação com ato. “A ação (ou conduta) pode conter vários atos, sem perder a unidade [delitiva]”3. Em outras palavras, “as expressões empregadas no dispositivo – ação ou omissão – devem ser entendidas como comportamentos. Assim, por exemplo, se em uma única ocasião o agente subtrai dez relógios de uma vitrina, houve uma única conduta e não dez ações de subtração”4. 
Desse modo, o Código penal apresenta três modalidades de concurso de crimes: O concurso material – quando o autor por intermédio de mais de uma ação ou omissão prática dois ou mais crimes, idênticos ou não; concurso formal – quando o autor por meio de somente uma ação ou omissão pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não e crime continuado – quando o autor, através de mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes de mesmo tipo penal e, pelas mesmas condições de tempo, modo de elaboração e local, devem os crimes subsequentes ser uma continuação do primeiro5. Dessa forma, sempre que houver concurso entre duas ou mais delitos, haverá, por conseguinte, concurso de penas. Nesse sentido, a doutrina brasileira adota três sistemas que podem ser utilizados para a aplicação da pena no concurso de crimes: o sistema de cúmulo material, o sistema da exasperação e o sistema da absorção. 
Posto isso, logo, surge uma dúvida: Para que criar vários institutos para se punir quem cometeu mais de um crime? Não seria mais simples promover o somatório das penas de cada crime praticado? Certamente seria mais simples, mas não seria razoável. Se, por exemplo, uma funcionária de uma loja, que almejando determinada quantia de dinheiro, toda sexta-feira retira do caixa da loja determinado valor e consegue repetir a conduta por 15 semanas até ser flagrada, se condenada por furto, acaso somada as penas de cada um dos 15 furtos, está pessoa receberia uma pena de no mínimo 30 anos, enquanto se ela tivesse entrado na mesma loja com uma arma de fogo, assassinado o gerente e levado um fortuna em dinheiro, receberia uma pena de no máximo 30 anos. Nesse sentido, os institutos do concurso de crimes, como política de Estado, atendem o princípio da razoabilidade6. Afinal, a desproporcionalidade do valor agregado a cada conduta exemplificada justifica a criação destes institutos de concurso de crimes. 
Ante a todo exposto, uma síntese esclarecedora da conceituação do concurso de crimes encontra-se na obra de Dias7:
“[...] traduz-se numa unidade ou pluralidade de ações – preenche mais que tipo legal do crime previsto em mais que uma norma concretamente aplicável, ou preenche várias vezes o mesmo tipo legal de crime previsto pela mesma norma concretamente aplicável: art. 30.o-1. [...] esta figura doo concurso de crimes, à primeira impressão, unitária, se divide em duas categorias: a do concurso efetivo, puro ou próprio, em que se verifica uma pluralidade de sentidos de ilícito do comportamento global; e a do concurso aparente, imputo ou impróprio, em que, no comportamento global, se verifica uma absoluta dominância ou prevalência de sentido de ilícito sobre outro ou outros sentidos de ilícito concorrentes, mas assim dominados, subordinados, dependentes ou acessórios. [...].”
APLICAÇÃO DA PENA NO CONCURSO DE CRIMES 
Independentemente da espécie de concurso de crimes, a multa é aplicada, sempre, de forma integral, distintamente para cada crime, conforme art. 72 do Código Penal8. Masson9 ressalta que no Brasil existem três sistema de aplicação da pena: cúmulo material, exasperação e absorção. Ele afirma que: 
“No cúmulo material aplica-se ao réu o somatório das penas de cada uma das infrações penais, sendo que este sistema será utilizado no concurso material, no concurso formal imperfeito ou impróprio e no concurso das penas de multa. No sistema da exasperação aplica-se apenas a pena mais grave aumentada de percentual em relação ao concurso formal próprio ou perfeito e ao continuado. Já na absorção aplica-se exclusivamente a pena mais grave, sem qualquer aumento, encontra-se na jurisprudência brasileira em relação aos crimes falimentares.”
Ademais, é importante destacar que no sistema da exasperação não há aplicação da pena de multa. Assim sendo, pena de multa é sempre aplicada de forma cumulativa, ou seja, não se aplica o sistema de exasperação. Entretanto, há aqueles que afirmam que esta regra não deve ser imposta ao crime continuado, pois este seria crime único. Neste sentido: “reconhecida a continuidade entre os delitos praticados pelo agravante, deve ocorrer a unificação das penas de multa, aplicando-se a regra do art. 71 do CP. Agravo em execução provido”10. Dessa forma, a exasperação será aplicada ao concurso formal perfeito11 e crime continuado. Já o Cúmulo material se aplica no concurso formal imperfeito e ao concurso material de crimes12
Como exposto, no cúmulo material, soma-se todas as penas que compõem o concurso. Nesse sentido, vale ressaltar que, esse sistema é alvo de diversas críticas uma vez que penas exorbitantes podem não atingir a finalidade ressocializadora. Por sua vez, a exasperação promove a aplicação da pena mais grave dentre as possíveis para os crimes do concurso acrescidos de um quantitativo. 
ESPÉCIES DE CONCURSO DE CRIMES 
Vigora no Brasil três espécies de concursos de penas: o material, o formal e o crime continuado. A primeira espécie de concurso de crimes estabelecida pelo Código Penal em seu art. 69, é o concurso material: “quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, prática dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido”. Dessa forma, qualificara-se como concurso material quando o autor praticar duas ou mais ações que resultam a mais de um crime, sejam estes idênticos ou não. Nesse sentido, crimes idênticos são denominados homogêneos – no qual as duas ou mais ações ou omissões dão origem em crimes idênticos – e, os crimes considerados não idênticos são chamados de heterogêneos – caracterizam-se pela prática de duas ou mais ações ou omissões que resultam em crimes distintos13.  Dessa forma, distingue-se o concurso material homogêneo do heterogêneo pelo fato que, respectivamente, no primeiro há dois ou mais crimes de mesmo tipo penal e no segundo há dois ou mais crimes de naturezadistinta. Entretanto, ambos têm mesmo resultado: o somatório das penas previstas para as condutas delitivas.
A segunda espécie, concurso formal, consoante art. 70 do Código Penal, ocorre quando “o agente, mediante uma só ação ou omissão, prática dois ou mais crimes, idênticos ou não”. Nesse caso, embora exista uma conduta única14, está produz uma multiplicidade de resultados. Nesse sentido, dependendo da natureza do elemento subjetivo da conduta praticada e da finalidade em se alcançar ou não os resultados, o Código Penal determina duas consequências para o concurso formal: o sistema de exasperação das penas, ou seja, a aplicação da mais grave delas aumentada de uma fração ou o sistema de cumulação15. À vista disso, a doutrina separa o concurso formal em próprio e impróprio. Desse modo, será impróprio, o concurso formal, quando uma única ação do agente for dolosa e quando todos os resultados forem desejados pelo agente, isto é, se ele tiver a intenção ou assumir o risco de produzir ambos16 Logo, a resolução, nesse caso, será o somatório das penas, assim como no concurso material. 
Em contrapartida, caracteriza-se como concurso formal próprio aquele em que o autor do crime prática somente uma ação que dá origem a dois ou mais resultados não desejados a priori pelo autor. Em outras palavras, há concurso formal próprio tanto quando o agente praticar uma ação ou omissão culposa, não visando os resultados ocorridos, como quando a ação ou omissão for dolosa, mas não for desejo do agente a provocação de mais de um resultado em decorrência do primeiro. Ou seja, o agente quer apenas cometer um crime, porém a conduta causa outro ou outros não desejados. Nesse contexto, utiliza-se o critério da exasperação das penas, quando o juiz adotará a pena mais grave com um aumento legal, pré-fixado17 
E por fim, a última espécie, consoante art. 71 do Código Penal, ocorre o crime continuado quando o agente, através de mais de uma ação ou omissão, prática dois ou mais crimes da mesma espécie, como o mesmo modo de execução18 e nas mesmas condições de tempo19 e local20. Nesse caso, aplica-se aqui, também, o critério da exasperação. Logo, conclui-se que o crime continuado tem pluralidade de condutas e de crimes da mesma espécie, continuação e unidade de desígnio. Faz-se importante destacar que, para que seja reconhecida a continuidade delitiva, o Código Penal aparenta aderir a teoria objetiva pura, pois, faz-se presentes requisitos legais presentes no item 59 da Exposição de Motivos: mesmo modus operandi e proximidade de tempo e local21. Consequentemente, para a doutrina majoritária, o aspecto subjetivo da conduta é dispensável. Neste sentido, de acordo com Luiz Flávio Gomes e Antonio García-Pablos de Molina:
“A unidade de desígnios não faz parte dos requisitos do crime continuado. Para nós, acolheu-se a teoria objetiva pura (embora haja polêmica sobre o assunto). De qualquer modo, considerando-se que este requisito não está expresso na lei, qualquer interpretação em sentido contrário viola a garantia da lex estricta.”22
Entretanto, apesar do que está prescrito no dispositivo legal, para reconhecimento do crime continuado, nossos Tribunais Superiores aparentam adotar a teoria objetivo-subjetiva. Nesse sentido, segundo essa posição partidária, é fundamental, além dos requisitos legais, ter um vínculo entre os fatos, e, sobretudo, uma unidade de desígnios, isto é, o dolo do agente de preconceber todas as condutas23. Em outras palavras, só haverá continuidade se agente, desde um primeiro momento, já planejar a prática das diversas condutas delitivas dentro de um mesmo contexto. Neste sentido, segundo o Superior Tribunal de Justiça: 
“Para o reconhecimento da continuidade delitiva, além de preenchidos os requisitos de natureza objetiva, deve existir um dolo unitário, que torne coesas todas as infrações perpetradas, por meio da execução de um plano preconcebido, adotando, assim, a teoria mista ou objetivo-subjetiva. Precedentes”24
Por fim, também é fundamental levar em consideração a Súmula 711 da nossa Suprema Corte25, a qual determina que, em caso de crime continuado, prevalece a lei posterior mais grave se esta entrar em vigor antes do fim da continuidade. Dessa forma, caso o agente pratique, por exemplo, três delitos na vigência de uma lei e outros quatro na vigência de uma nova lei, mais gravosa, é essa última que será aplicada caso reconhecido o crime continuado
CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE
Segundo o art. 119 do CP26, no caso de concurso formal de crimes, “a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente”. Dessa forma, é irrelevante qual é a espécie de concurso. A extinção da punibilidade atinge separadamente cada um dos delitos. Entretanto, vale ressaltar que, segundo a Súmula 497 STF, “Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação”27. 
CONCLUSÃO 
Diante de todo o exposto acima, concluímos que o concurso de crimes é um tema muito importante para o Direito como um todo, e principalmente para os que lidam diretamente com a legislação penal. Existem muitos pontos em comum entre as modalidades de concursos, além da forma de cometimento e resultado da infração penal, ou seja, em todas as modalidades há pluralidade de crimes, sendo mais de um crime praticado pelo sujeito ativo.
Percebemos a relevância do tema, visto que a penalização do agente vai ser de acordo com a espécie de concursos em que ele se enquadrará. Dependendo, ainda, da intenção do sujeito no cometimento do crime, observando-se se ele agiu com desígnios autônomos, buscando saber qual o resultado pretendido pelo infrator, que é o ponto de referência no momento de se utilizar os sistemas de aplicação da pena.
NOTAS
1 BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, v.1, p. 679. 
2 Ibid.
3 JESUS, Damásio Evangelista de. Código Penal Anotado. 10. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 239
4 DELMANTO ET AL, Código Penal Comentado. 7. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 228
5 CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
6 Proporcionalidade, razoabilidade e Direito Penal. Jusbrasil. Disponível em https://jus.com.br/artigos/5328/proporcionalidade-razoabilidade-e-direito-penal Acesso em 2 out. 2021
7DIAS, Jorge Figueiredo. Direito Penal – Parte Geral – Tomo I. 2. Ed., 2. Reimp. Coimbra: Editora Coimbra, 2012, p. 1005
8CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
9 MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. São Paulo: Método, 2014, p. 348
10TJRS, 4ª Câmara Criminal, Agravo 70053119426, rel. Des. Gaspar Marques Batista, DJe 4.4.2013.
11 CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penasaplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
12 CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
13 Legislação comentada: concurso de crimes. Jusbrasil. Disponível em https://leonardocastro2.jusbrasil.com.br/artigos/136366571/legislacao-comentada-concurso-de-crimes Acesso em 3 out. 2021
14 Observar que conduta única não significa necessariamente um único ato. Ora, a conduta única pode ser desdobrada em uma pluralidade de atos dentro de um mesmo contexto, como num homicídio no qual o agente dispara várias vezes contra a vítima, ou num crime de lesão corporal no qual seu autor desfere alguns golpes contra o ofendido. Em ambos os casos, há uma pluralidade de atos sequenciais, porém há conduta única com resultado único (uma morte; uma lesão corporal) e portanto crime único (e não concurso de crimes). Se a conduta única, desdobrada em atos, gerar dois ou mais resultados, teremos então o concurso formal, como no caso de o agente ingressar num ônibus e, mediante grave ameaça, subtrair o patrimônio dos passageiros. Nesta última hipótese, há uma só conduta, desdobrada em vários atos (agente aborda diversas pessoas num mesmo contexto fático), que acarreta em vários resultados (subtrações). Neste sentido: CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal, p. 474. 
15 CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
16 Para parte da doutrina, somente se pode falar em desígnios autônomos se houver dolo direto de se produzir ambos os resultados. Neste sentido o entendimento de Nei Moura Teles, para quem desígnio significa desejo, vontade, fim, portanto dolo direto, de maneira que somente este justificaria um tratamento penal mais gravoso, equivalente ao concurso material (TELES, Nei Moura. Direito penal, v. 1, pp. 442-443). Discordamos deste entendimento. Pensamos que a expressão desígnios autônomo representa uma desvinculação de um resultado com o outro; o agente tem um ou mais desígnios para agir ou se omitir e o tratamento será o mesmo se ele efetivamente quiser todos os resultados ou se ele assumir o risco de produzi-los. Nosso entendimento é partilhado por Paulo Cesar Busato, o qual interpreta desígnios autônomos como “planos independentes de vinculação de compromisso para cada resultado, de modo independente do outro” (...) “se há uma antevisão do resultado plúrimo como possível, ainda que também possível a ocorrência de um resultado único ou de nenhum resultado, e o agente insiste em atuar, verifica-se claramente um desígnio de atuar, a despeito de que o resultado – único ou múltiplo – se produza” (BUSATO, Paulo Cesar. Direito penal, p. 931). 
17 CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
18Consoante lições de Bittencourt, a lei exige semelhança e não identidade, isto é, um mesmo modus operandi de realizar a conduta delitiva (BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, v.1, p. 685). 
19A Jurisprudência tem admitido um intervalo temporal de até 30 dias entre a primeira e a última das condutas. Neste sentido: “Segundo entendimento desta Corte Superior, o lapso de tempo superior a 30 dias entre o cometimento dos delitos impossibilita o reconhecimento da continuidade delitiva, porquanto descaracteriza o requisito temporal, que impõe a existência de uma certa periodicidade entre as ações sucessivas.” (STJ, 6ª Turma, RHC 47.274/RS, rel. Min. Sebastião Reis Junior, DJe 16.02.2017). 
20A Jurisprudência tem considerado que mesmas condições de lugar estão presentes para crimes cometidos no mesmo bairro, mesmo município ou até mesmo municípios contíguos. Neste trilhar: “O fato de os crimes terem sido praticados em lugares diversos não pode ser utilizado, isolada e objetivamente, como empeço ao reconhecimento da continuidade, mormente quando, como no caso, cuidam-se de comarcas vizinhas.” (STJ, 5ª Turma, HC 174.612/RS, rel. Min. Laurita Vaz, DJe 16.06.2011). 
21 Legislação Informatizada - DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 - Exposição de Motivos. Câmara dos Deputados. Disponível em https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-2848-7-dezembro-1940-412868-exposicaodemotivos-148972-pe.html Acesso em 3 out. 2021
22 GOMES, Luiz Flávio; MOLINA, Antonio García-Pablos de. Direito penal, v. 2, p. 385.
23 CRIME CONTINUADO – TEORIA OBJETIVO-SUBJETIVA. TJDFT: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Disponível em https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/informativos/2016/informativo-de-jurisprudencia-no-325/crime-continuado-2013-teoria-objetivo-subjetiva Acesso em 3 out. 2021
24 Superior Tribunal de Justiça. 6ª Turma. AgInt no HC 182365/RJ, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, DJE 9.2.2017
25 Nº 711 STF
SÚMULA 711-
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.
Data de Aprovação - Sessão Plenária de 24/9 /2003. COAD. Disponível em http://www.coad.com.br/busca/detalhe_16/1333/Sumulas_e_enunciados Acesso em 3 out. 2021
26 CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
27 Nº 497 STF
SÚMULA 497 -
QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRIÇÃO REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA SENTENÇA, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO DECORRENTE DA CONTINUAÇÃO.
Data de Aprovação - Sessão Plenária de 03/12/1969. COAD. Disponível em http://www.coad.com.br/busca/detalhe_16/120/Sumulas_e_enunciados Acesso em 3 out. 2021

Continue navegando