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CONCURSO DE CRIMES

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2
CONCURSO DE CRIMES
1 CONCEITO
- Concurso de crimes é o instituto que se verifica quando o agente, mediante uma ou várias condutas, pratica duas ou mais infrações penais. Pode haver, portanto, unidade ou pluralidade de condutas. Sempre serão cometidas, contudo, duas ou mais infrações penais.
2 ESPÉCIES
O concurso de crimes pode se manifestar sob três formas:
1. CONCURSO MATERIAL
2. CONCURSO FORMAL
3. CRIME CONTINUADO
4 SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA NO CONCURSO DE CRIMES
Destacam-se, no Brasil, três sistemas de aplicação da pena no concurso de infrações penais, cúmulo material, exasperação e absorção.
4.1 SISTEMA DO CÚMULO MATERIAL
Aplica-se ao réu o somatório das penas de cada uma das infrações penais pelas quais foi condenado. Esse sistema foi adotado em relação ao concurso material (Art.69/CP), ao concurso formal imperfeito ou improprio (Art.70, caput, 2ª parte), e, pelo texto da lei, ao concurso das penas de multa (Art.72/CP).
4.2 SISTEMA DA EXASPERAÇÃO
Aplica-se somente a pena da infração penal mais grave praticada pelo agente, aumentada de determinado percentual. É o sistema acolhido em relação ao concurso forma próprio ou perfeito (Art.70, caput, 1ª parte/CP) e ao crime continuado (Art.71/CP).
4.3 SISTEMA DA ABSORÇÃO
Aplica-se exclusivamente a pena da infração penal mais grave, dentre as diversas praticadas pelo agente, sem qualquer aumento.
Esse sistema foi consagrado pela jurisprudência em relação aos crimes falimentares praticados pelo falido, sob a égide do Decreto-lei 7.661.45, em virtude do princípio da unidade ou unicidade dos crimes falimentares. Isso, porém, não impedia o concurso material ou formal entre um crime falimentar e outro delito comum.
Com a entrada em vigor da Lei 11.101/05 (nova Lei de Falências), a situação deve ser mantida, mas ainda não há jurisprudência consolidada sobre o assunto.
5 CONCURSO MATERIAL
5.1 CONCEITO E DISPOSITIVO LEGAL
O concurso material, também chamado de real, está disciplinado pelo Art.69/CP.
Concurso material
        Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Há pluralidade de condutas e pluralidade de resultados. O agente, por meio de duas ou mais condutas, pratica dois ou mais crimes, pouco importando se os fatos ocorrerem ou não no mesmo contexto fático. 
5.2 ESPÉCIES
- HOMOGÊNEO: quando os crimes são idênticos;
- HETEROGÊNEO: quando os crimes são diversos.
5.3 MOMENTO ADEQUADO PARA A SOMA DAS PENAS
Se houver conexão entre as infrações penais, com a consequente unidade processual, a regra do concurso material é aplicada pelo juiz que profere a sentença condenatória.
O magistrado, em respeito ao princípio constitucional da individualização da pena, deve fixar, separadamente, a pena de cada uma das infrações penais. Em seguida, na própria sentença, procede à soma de todas elas.
Caso, porém, não exista conexão entre as diversas infrações penais, sendo elas, consequentemente, objeto de ações penais diversas, as disposições inerentes ao concurso material serão aplicadas pelo juízo da execução. Com o trânsito em julgado das sentenças, todas as condenações são reunidas na mesma execução, e aí se procederá à soma das penas, na forma prevista no Art.66, III, ‘a”, da LEP.
5.4 IMPOSIÇÃO CUMULATIVA DE PENAS DE RECLUSÃO E DETENÇÃO
Se for imposta pena de reclusão para um dos crimes e de detenção para o outro, executa-se inicialmente a de reclusão (Art.69, caput, 2ª parte/CP).
5.5 CUMULAÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE COM RESTRITIVA DE DIREITOS
O §1º do Art.69/CP, revela a possiblidade de se cumular na aplicação das penas de crimes em concurso material, uma pena privativa de liberdade, desde que tenha sido concedido sursis, com uma restritiva de direitos.
Por logica, também será admissível a aplicação de pena restritiva de direitos quando o agente tiver sido imposta pena privativa de liberdade com regime aberto para seu cumprimento, eis que será possível o cumprimento simultâneo de ambas.
5.6 CUMPRIMENTO SUCESSIVO OU SIMULTÂNEO DE PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Conforme o Art.69, §2º/CP, o condenado cumprirá simultaneamente as penas restritivas de direitos que forem compatíveis entre si, e sucessivamente as demais.
Admite-se por exemplo, o cumprimento simultâneo de prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária. Se forem, todavia, duas penas de limitação de final de semana, serão cumpridas sucessivamente.
5.7 CONCURSO MATERIAL E SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (ART.89, LEI 9.099/95)
A suspensão condicional do processo somente é admissível quando, no concurso material, a somatória das penas impostas ao acusado preencha os pressupostos do Art.89 da citada lei. O total das penas mínimas, portanto, deve ser igual ou inferior a 1 (um) ano.
CONCURSO FORMAL
1 CONCEITO E DISPOSITIVO LEGAL
Concurso formal ou ideal, é aquele em que o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Como dispõe o Art.70/CP:
Concurso formal
        Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Destacam-se dois requisitos: 
1. Unidade de conduta
2. Pluralidade de resultados
A unidade de conduta somente se concretiza quando os atos são realizados no mesmo contexto temporal e espacial. A unidade de conduta não importa, obrigatoriamente, em ato único, pois há condutas fracionáveis em diversos atos, como no caso daquele que mata alguém (conduta) mediante diversos golpes de punhal (atos). Confira-se, a propósito, o seguinte julgado do STF:
Roubo qualificado consistente na subtração de dois aparelhos celulares, pertencentes a duas pessoas distintas, no mesmo instante. A jurisprudência deste STF é firme no sentido de configurar-se concurso forma a ação única que tenha como resultado a lesão ao patrimônio de vítimas diversas, e não crime único. (HC 91.615/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, j.11.09.2007).
2 ESPÉCIES
2.1 HOMOGÊNEO E HETEROGÊNEO
 O concurso formal, inicialmente, pode ser homogêneo ou heterogêneo.
Homogêneo: quando os crimes são idênticos. Ex: três homicídios culposos praticados na direção de veículo automotor.
Heterogêneo: quando os delitos são diversos. Ex: “A” dolosamente, efetuar disparos de arma de fogo contra “B” seu desafeto, matando-o. O projetil, entretanto, perfura o corpo da vítima, resultando em lesões culposas em terceira pessoa.
2.2 PERFEITO E IMPERFEITO
Perfeito ou próprio, é a espécie de concurso formal em que ao agente realiza a conduta típica, que produz dois ou mais resultados, sem agir com desígnios autônomos.
Desígnio autônomo, ou pluralidade de desígnios, é o propósito de produzir, com uma única conduta, mais de um crime. É fácil concluir, portanto, que o concurso formal perfeito ou próprio ocorre entre crimes culposos, ou então entre um crime doloso e um crimeculposo.
Imperfeito ou improprio é a modalidade de concurso formal que se verifica quando a conduta dolosa do agente e os crimes concorrentes derivam de desígnios autônomos. Portanto, envolve crimes dolosos, qualquer que seja sua espécie (dolo direito ou eventual).
3 APLICAÇÃO DA PENA NO CONCURSO FORMAL
Em relação ao concurso formal perfeito ou próprio, o CP acolheu o sistema da exasperação. 
Aplica-se a pena de qualquer dos crimes, se idênticos, ou então a mais grave, aumentada, em qualquer caso, de um sexto (1/6) até a metade. O critério que norteia o juiz para fixar o aumento da pena entre os patamares legalmente previstos é, exclusivamente, o número de crimes cometidos pelo agente. Essa é a orientação do STJ.
A melhor técnica para dosimetria da pena privativa de liberdade, em se tratando de crimes em concurso formal, é a fixação da pena de cada uma das infrações isoladamente e, sobre a maior penal, referente à conduta mais grave, apurada concretamente, ou, sendo iguais, sobre qualquer delas, fazer-se o devido aumento, considerando-se nessa última etapa o número de infrações que a integram.
Essa regra permite a construção da seguinte tabela:
	NÚMERO DE CRIMES
	AUMENTO DA PENA
	2
	1/6
	3
	1/5
	4
	1/4
	5
	1/3
	6 ou mais
	1/2
No caso de serem perpetrados sete ou mais crimes, deve-se aplicar o montante máximo de aumento, a metade, relativamente a seis crimes, ao passo que os demais devem ser considerados como circunstâncias judiciais desfavoráveis para a dosimetria d apena-base, nos moldes do Art. 59, caput/CP.
O concurso formal perfeito é causa de aumento de pena, e incide, por corolário, na terceira fase de aplicação da pena. E na aplicação da pena privativa de liberdade, esse aumento não incide sobre a pena-base, mas sobre a pena acrescida por circunstância qualificadora ou causa especial de aumento.
É nítida a conclusão de que a regra do concurso formal perfeito constitui-se em flagrante benefício ao réu. Com efeito, trata-se de fórmula destina a lhe favorecer, uma vez que a lógica seria responder normalmente por todos os crimes que praticou. O CP utilizou-se dessa opção, todavia, por se tratar de hipótese em que a pluralidade de resultados não deriva de desígnios autônomos, eis que os crimes são culposos, ou, no máximo, apenas um é doloso e os demais, culposos.
Por outro lado, no que diz respeito ao concurso formal impróprio ou imperfeito, o art.70, caput, 2ª parte do CP consagrou o sistema do cúmulo material. Tal como no concurso material serão somadas as penas de todos os crimes produzidos pelo agente. E, nesse ponto, agiu acertadamente o legislador.
De fato, se há desígnios autônomos, há dolo na conduta que produz a pluralidade de resultados, e o agente deve responder por todos os resultados a que deu causa, sem nenhum tratamento diferenciado. Ora, é clara a inexistência de diferença, exemplificadamente, na conduta daquele que, desejando a morte de todos os membros de uma família, ingressa na residência em que vivem e coloca fogo no corpo de cada uma das pessoas, matando-as , da conduta de atear fogo na residência durante o período de repouso noturno, causando a morte de todos os indivíduos.
Em ambas as situações o agente queria a morte de várias pessoas e as efetivou. Na primeira hipótese, estaria desenhando o concurso material (pluralidade de condutas e pluralidade de resultados), enquanto na segunda restaria delineado o concurso foral (unidade de conduta e pluralidade de resultados).
O tratamento jurídico, por questões de lógica, de bom senso, e, notadamente, de Justiça, deve ser idêntico em ambos os casos.
4 CONCURSO MATERIAL BENÉFICO
Estatui o § único do Art.70/CP: “Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do Art.69/CP”.
O concurso formal próprio ou perfeito, no qual se adota o sistema da exasperação para aplicação da pena, foi criado para favorecer o réu, afastando o rigor do concurso material nas hipóteses em que a pluralidade de resultados, não deriva de desígnios autônomos.
Seria contraditório, portanto, que a sua regra, no caso concreto, prejudicasse o agente. Assim, quando o sistema da exasperação for prejudicial ao acusado, deve ser excluído, para o fim de incidir o sistema do cúmulo material, pois a soma das penas é mais vantajosa do que o aumento de uma delas com determinado percentual, ainda que no patamar mínimo.
Exemplo: “A”, com a intenção de ser promovido na empresa em que trabalha, arremessa, dolosamente, uma pedra contra a cabeça de “B”, com o escopo de tirá-lo da disputa pela vaga (motivo torpe), matando-o. Em face de sua imprudência, uma vez que o local em que foi praticada a conduta está repleto de pessoas, a pedra atinge também a perna de “C”, nele produzindo, culposamente, lesões corporais. 
Após o regular trâmite da ação penal, é condenado pela prática dos dois crimes, em concurso formal perfeito.
Levando-se em conta o mínimo legal de cada um dos crimes, como devem as penas ser aplicadas?
O homicídio qualificado tema pena mínima de 12 anos de reclusão e as lesões corporais culposas, detenção de 2 meses.
De acordo com o sistema da exasperação, o cálculo seria: 12 anos de reclusão (crime mais grave) + 1/6 (aumento mínimo) = 14 anos de reclusão (pena final).
Já para o sistema do cúmulo material, o cálculo seria outro: 12 anos de reclusão (homicídio qualificado) + 2 meses de detenção (lesões culposas) = 12 anos de reclusão e 2 meses de detenção (pena final).
Conclui-se, pois, ser em alguns casos o sistema do cúmulo material melhor do que o da exasperação, prevalecendo sobre este. Fala-se, no caso, em concurso material benéfico ou favorável.
5 TEORIAS SOBRE O CONCURSO FORMAL
Apontam-se em doutrina duas teorias acerca do tema.
TEORIA SUBJETIVA: exige-se a unidade de desígnios na conduta do agente para a configuração do concurso formal.
TEORIA OBJETIVA, bastam a unidade de conduta e a pluralidade de resultados para a caracterização do concurso formal. Pouco importa se o agente agiu ou não com unidade de desígnios. Foi acolhida pelo CPB, uma vez que o Art.70, caput, 2ª parte, admite o concurso formal imperfeito, em que despontam os desígnios autônomos.
6 CRIME CONTINUADO
6.1 Conceito e dispositivo legal
Crime continuado ou continuidade delitiva, é a modalidade de concurso de crimes que se verifica quando o agente, por meio de duas ou mais condutas, comete dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas mesmas condições de tempo, local, modo de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro.
Nos termos do Art.71/CP:
Crime continuado
        Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
2 ORIGEM HISTÓRICA
Surgiu como forma de manifestação às leis penais excessivamente severas, originou-se como fenômeno de defesa fundado em sentimento de humanidade, por meio dos glosadores italianos, notadamente Bartolo de Sassoferrato e Baldo de Ubaldi, no século XIV.
3 NATUREZA JURÍDICA
Duas teorias principais buscam explicar o fundamento do crime continuado: a da FICÇÃO JURÍDICA e a da REALIDADE.
TEORIA DA FICÇÃO JURÍDICA: desenvolvida por Francesco Carrara, como seu próprio nome indica, a continuidade delitiva é uma ficção criada pelo Direito.Existem, na verdade, vários crimes, considerados como um único delito para fins de aplicação da pena. Os diversos delitos parcelares formam um crime final. Foi a teoria acolhida pelo Art.71/CP.
A unidade do crime continuado se opera exclusivamente para fins de aplicação da pena. Para as demais finalidades há concurso, tanto que a prescrição, por exemplo, é analisada separadamente em relação a cada delito, como se extrai do Art.119 /CP e da Súmula 497 STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
Por outro lado, a teoria da realidade ou da unidade real, idealizada por Benardino Alimena, vislumbra o crime continuado como um único delito. Para ele, a conduta pode ser composta por um ou vários atos, os quais não necessariamente guardam absoluta correspondência com a unidade ou pluralidade de delitos.
6.1 REQUISITOS DO CRIME CONTINUADO
A análise do Art.71, caput/CP autoriza a ilação de que o reconhecimento do crime continuado depende da existência simultânea de três requisitos? 1. Pluralidade de condutas; 2. Pluralidade de crimes da mesma espécie; 3. Condições semelhantes de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes.
Doutrina e jurisprudência divergem acerca da necessidade de um quarto requisito: Unidade de desígnio.
PLURALIDADE DE CONDUTAS
O CP é taxativo ao exigir seja o crime continuado praticado “mediante mais de uma ação ou omissão”.
Tal como no concurso material, o crime continuado reclama uma pluralidade de condutas o que não se confunde com a mera pluralidade de atos. Repita-se, nada impede que uma conduta possa ser composta de diversos atos.
PLURALIDADE DE CRIMES DA MESMA ESPÉCIE
A pluralidade de condutas é necessária para ensejar a prática de dois ou mais crimes da mesma espécie.
Surge então uma primeira indagação: O que são crimes da mesma espécie?
A doutrina e jurisprudência divergem sobre o assunto.
 Para o STJ, crimes da mesma espécie são aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal, consumados ou tentados, seja na forma simples, privilegiada ou qualificada.
Mas, não basta. Os crimes precisam possuir a mesma estrutura jurídica, ou seja, devem ser idênticos os bens jurídicos tutelados. Nesse sentido, roubo e latrocínio, embora previstos no Art.157/CP (são crimes do mesmo gênero), não são crimes da mesma espécie.
O STF destaca que furto e roubo são crimes da mesma espécie.
A outra posição, sustenta serem crimes da mesma espécie aqueles que tutelam o mesmo bem jurídico, pouco importando se estão ou não previstos no mesmo tipo penal. Exemplo: furto mediante fraude e estelionato, crimes contra o patrimônio, seriam da mesma espécie. OSTJ já se filiou a tal posição.
CONEXÃO TEMPORAL
A lei exige condições de tempo semelhantes, o que importa dizer que não se admite um intervalo excessivo entre um crime e outro. É importante frisar que se trata de conexão temporal, e não de imediatismo cronológico. A jurisprudência consagrou um critério objetivo, pelo qual um crime parcelar e outro não pode transcorrer um hiato superior a 30 dias. Mas, em ação penal pela prática de crime contra a ordem tributária o Pretório Excelso excepcionalmente admitiu a continuidade delitiva com intervalo temporal de até 3meses entre as condutas.
Nessa ótica já decidiu o STF que, se as series delituosas estão separadas por espaço temporal igual a seis meses, não se há de falar em crime continuado, mas em reiteração criminosa, incidindo a regra do concurso material.
CONEXÃO ESPACIAL
Reclama-se sejam os crimes praticados em semelhantes condições de lugar. A jurisprudência firmou o entendimento de que os diversos delitos devem ser praticados na mesma cidade, ou, no máximo, em cidades contíguas, próximas entre si.
Essa posição é simplesmente majoritária, embora existam julgados isolados no sentido de admitir distancias maiores entre as cidades nas quais os crimes são cometidos.
REFERÊNCIAS
CUNHA. Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. 3 ed. Jus Podivm: Salvador, 2015.

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