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Aula 10
Direito Penal p/ PC-PA (Delegado) -
Pós-Edital
Autor:
Michael Procopio
Aula 10
30 de Novembro de 2020
 
 
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AULA 10 
CONCURSO DE CRIMES E MEDIDAS DE SEGURANÇA 
 
SUMÁRIO 
CONCURSO DE CRIMES E MEDIDAS DE SEGURANÇA ................................................................................... 1 
SUMÁRIO ....................................................................................................................................... 1 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................. 3 
2. CONCURSO DE CRIMES ................................................................................................................ 3 
2.1 CONCURSO MATERIAL ................................................................................................................... 6 
2.2 CONCURSO FORMAL ..................................................................................................................... 9 
2.3 CRIME CONTINUADO ................................................................................................................... 15 
2.4 CONCURSO DE CRIMES E PENA DE MULTA ...................................................................................... 22 
3. MEDIDAS DE SEGURANÇA .......................................................................................................... 23 
3.1 SISTEMAS DE IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA ......................................................................... 24 
3.2 ESPÉCIES DE MEDIDA DE SEGURANÇA ............................................................................................. 24 
3.3 APLICAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA ......................................................................................... 25 
3.4 LIMITE DA MEDIDA DE SEGURANÇA ............................................................................................... 26 
3.5 LIBERAÇÃO OU DESINTERNAÇÃO CONDICIONAL ................................................................................. 27 
3.6 REINTERNAÇÃO E INTERNAÇÃO DO SUBMETIDO A TRATAMENTO ........................................................... 28 
3.7 SEMI-IMPUTABILIDADE ................................................................................................................ 28 
3.8 CONVERSÃO DA PENA EM MEDIDA DE SEGURANÇA ............................................................................ 28 
3.9 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ......................................................................................................... 29 
3.10 PRESCRIÇÃO .......................................................................................................................... 30 
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4. QUESTÕES OBJETIVAS............................................................................................................... 32 
4.1 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ......................................................................................... 32 
4.2 GABARITO ................................................................................................................................ 49 
4.3 LISTA DE QUESTÕES COM COMENTÁRIOS ........................................................................................ 50 
4.4 QUESTÃO DISSERTATIVA .............................................................................................................. 93 
5. DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA .......................................................................... 94 
6. RESUMO ..............................................................................................................................122 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................135 
 
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Adentraremos, nesta aula, no assunto do concurso de crimes. Estudaremos o concurso formal, o concurso 
material e o crime continuado. Veremos, ainda, as suas modalidades, como o concurso formal próprio e 
impróprio, além de analisarmos o chamado concurso material benéfico. Quanto ao crime continuado, 
abordaremos o comum e o específico, sendo este último o que se refere aos crimes dolosos cometidos com 
violência ou grave ameaça, contra vítimas diferentes. 
Na sequência, nosso assunto será a medida de segurança, espécie de sanção penal ainda não estudada. 
Sobre as medidas de segurança, é necessário saber suas modalidades, seu cabimento, sua aplicação pelo 
juiz, sua execução e sua extinção. 
Esta aula será composta pelos seguintes capítulos: 
 
 
 
Espero que esta aula, elaborada com cuidado e dedicação, seja proveitosa, didática e que lhe prenda a 
atenção. Para que a prova seja leve, nosso treino deve ser pesado, no sentido de ser suficientemente 
profundo. Então, sigamos com convicção e motivação, pois o que nos leva a nossos objetivos é a nossa 
dedicação. Espero que gostem desta aula e compreendam bem o concurso de crimes e as medidas de 
segurança. 
E relembro: SIGA O PERFIL PROFESSOR.PROCOPIO NO INSTAGRAM. Lá, haverá informações relevantes de 
aprovação de novas súmulas, alterações legislativas e tudo o que houver de atualização, de forma ágil e com 
contato direto. Use as redes sociais a favor dos seus estudos. 
2. CONCURSO DE CRIMES 
Concurso de crimes consiste no cometimento, pelo agente, de mais de uma infração penal, mediante a 
prática de uma ou mais condutas. Portanto, quando o agente pratica mais de um delito, há o que chamamos 
de concurso de crimes. Pode ser que o cometimento de dois ou mais delitos decorre de uma só conduta, 
seja omissiva ou comissiva. Pode ocorrer, ainda, de o agente praticar mais de uma conduta (ação ou 
omissão), acarretando a configuração de dois ou menos crimes. 
A grande relevância do estudo do tema é a aplicação das penas no caso de concurso de crimes. Caso o 
agente pratique mais de um crime, é preciso verificar como será a individualização da pena neste caso. Para 
isso, há mais de um sistema de aplicação de penas em caso de concurso de crimes: 
 
Concurso de 
Crimes
Medidas de 
Segurança
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Vejamos como funciona cada um deles: 
 
 Cúmulo material: é o sistema pelo qual as penas de cada um dos crimes praticados pelo agente, em 
concurso, são somadas. Cuida-se, portanto, de mera adição das penas. O juiz aplica a pena a cada 
um dos crimes praticados pelo agente e, ao final, soma todas elas. O agente deverá cumprir a soma 
total das sanções penais. 
Como veremos, é o sistema utilizado para o concurso material, o concurso formal impróprio e, em 
todos os casos de concurso de crimes, para as penas de multa. 
 
 Exasperação: é o sistema pelo qual se aplica a pena de apenas um dos crimes, caso os delitos 
praticados sejam iguais, ou do crime mais grave, se os delitos forem diversos, com uma causa de 
aumento de pena. A exasperação se refere a um aumento da pena de um dos delitos, com a utilização 
da fração estabelecida por lei. 
A aplicação do sistema da exasperação é reservada para o concurso formal próprio e a continuidade 
delitiva. 
 
 Absorção: é o sistema pelo qual se aplica somente a pena do delito mais grave, desconsiderando-se 
a pena dos demais. 
Referido sistema não tem sido aplicado atualmente pela jurisprudência, sendo que sua utilização 
se reservava ao concurso de crimes falimentares, durante a vigência da antiga Lei de Falências, 
Decreto-Lei nº 7.661, de 21 de junho de 1945. Referido diploma legal foi revogado com a entrada 
em vigor da Lei 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, a Lei de Falências atualmenteem vigor. 
 
 Cúmulo Jurídico: preconiza que se deve aplicar uma pena maior do que a referente a apenas um 
delito, mas não a soma das penas de cada um dos delitos praticados. A pena deve corresponder à 
gravidade dos crimes. Não adotada no Brasil. 
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Sobre a utilização do chamado sistema de absorção ou princípio da unidade dos crimes falimentares, sua 
instituição é creditada à doutrina, com aceitação jurisprudencial durante a vigência da antiga Lei de 
Falências. Podemos verificar a menção ao sistema no seguinte precedente, que – frise-se – foi julgado antes 
da vigência da Lei 11.101/2005. 
“HABEAS CORPUS. CRIMES FALIMENTARES. CONCURSO MATERIAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO 
PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA UNICIDADE. INAPLICABILIDADE ANTES DA SENTENÇA. 
INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 243 DO STJ. (...) 2. A unidade dos crimes falimentares, ressalte-se, 
fictícia, de criação doutrinária, e altamente questionável, já caracterizaria uma benesse ao agente, 
aplicável somente ao final da instrução criminal, por ocasião da prolação da sentença. Não pode 
servir, também, para, contornando o comando legal (art. 89 da Lei n.º 9.099/95), vencer uma restrição 
objetiva à suspensão condicional do processo, outro benefício instituído pela lei. (...)” (HC 26126/SP, 
Rel. Min. Laurita Vaz, DJ 15/12/2003). 
Não há julgados com reconhecimento do referido sistema após o início de vigência da atual lei de falências. 
Quanto às espécies de concurso de crimes, temos o concurso material, o concurso formal e o crime 
continuado. Ademais, veremos as subespécies de cada um deles, como o concurso formal próprio, o 
concurso formal impróprio, o concurso material comum, o concurso material benéfico, o crime continuado 
comum e o crime continuado específico. 
Estudaremos cada um dos institutos, sendo que, neste momento, cumpre visualizar as modalidades de 
concurso de crimes, conforme a classificação doutrinária e o tratamento dado pelo Código Penal: 
 
 
 
O reconhecimento da espécie de concurso de crimes e aplicação do sistema de imposição de penas 
adequado devem ser feitos pelo juiz do processo de conhecimento, ao sentenciar o caso. Entretanto, se os 
crimes forem tratados em autos diversos, ou seja, em processos diferentes, caberá, após as condenações, 
ao juiz da execução o reconhecimento da modalidade de concurso de crimes aplicável ao caso e a adequação 
das penas ao sistema previsto em lei. 
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A Lei de Execução Penal, no artigo 66, prevê, dentre o rol de assuntos da competência do Juízo da Execução, 
o seguinte: 
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: 
(...) 
III - decidir sobre: 
a) soma ou unificação de penas; (...) 
Deste modo, como compete ao Juízo da Execução a soma ou unificação de penas, está inserida em sua 
competência a atribuição de reconhecer o concurso formal, o concurso material e a continuidade delitiva. 
Se houver o reconhecimento de alguma das modalidades de concurso de crimes pelo juiz, deverá haver a 
unificação ou a soma das penas, a depender do sistema que for aplicável ao caso. 
Sendo o sistema o da exasperação, deve haver a unificação das penas, com a aplicação de uma das penas, 
se os crimes forem iguais, ou a do crime mais grave, se forem diferentes, com o aumento de pena. Cuidando-
se de caso de cúmulo material, o juiz da execução procederá à soma das penas. 
Quanto à prescrição no caso de concurso de crimes, a incidência dos prazos prescricionais deve ser feita de 
forma isolada, como vimos na aula de prescrição. Isto é, o prazo prescricional deve ser calculado em relação 
a cada um dos delitos, de forma individual, como se não houvesse o concurso de crimes, nos termos do que 
dispõe o artigo 119 do Código Penal: 
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, 
isoladamente. 
A súmula 497 do Supremo Tribunal Federal explicita a regra no que se refere especificamente aos crimes 
continuados: 
Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se 
computando o acréscimo decorrente da continuação. 
Portanto, no caso de crime continuado, procede-se ao cálculo do prazo prescricional em relação à pena de 
um dos crimes, sem o aumento referente ao crime continuado. 
 
2.1 CONCURSO MATERIAL 
O concurso material ou real ocorre quando o agente pratica, mediante duas ou mais condutas, dois ou mais 
crimes, idênticos ou não. Portanto, temos uma pluralidade de condutas e uma pluralidade de infrações 
penais. 
Neste caso, a consequência é a aplicação das penas de forma cumulativa, ou seja, procede-se à simples 
operação de adição com todas as sanções penais aplicadas a cada um dos delitos. Este método de aplicação 
das penas é denominado de sistema do cúmulo material. 
Ao sentenciar o caso, o juiz deve aplicar as penas de cada um dos delitos de forma isolada, conforme o 
sistema trifásico. Ao final, as penas devem ser somadas. Isto é relevante, por exemplo, para o cálculo da 
prescrição, que é feito para cada um dos crimes, separadamente. Demais disso, o juiz deve fundamentar 
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cada uma das penas, considerando as circunstâncias de cada um dos delitos, o que a realização em conjunto 
não possibilitaria. 
O concurso material de crimes está previsto no artigo 69 do Código Penal, que possui o seguinte teor: 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, 
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. 
No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não 
suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste 
Código. 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente 
as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
O Código Penal também prevê que se houver a aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, a 
pena de reclusão deve ser executada primeiro. Além disso, se uma das penas privativas de liberdade não 
comportar a medida de suspensão condicional da pena, as outras penas não poderão ser substituídas por 
restritivas de direitos. 
No caso das penas restritivas de direitos, se forem compatíveis entre si, podem ser cumpridas de forma 
concomitante. Caso haja incompatibilidade de cumprimento simultâneo, deve haver o cumprimento 
sucessivo de cada uma delas. 
O concurso material pode ser classificado como homogêneo ou heterogêneo. Chama-se homogêneo o 
concurso que envolve pluralidade de crimes da mesma espécie, enquanto a doutrina denomina de 
heterogêneo se os delitos cometidos forem de espécies diferentes. 
O esquema a seguir demonstra a classificação doutrinária: 
 
 
 
O concurso material deve ser considerado quando da análise dos requisitos da suspensão condicional do 
processo, benefício previsto no artigo 99 da Lei 9.099/95. É o que prevê a Súmula 243 do STJ: 
O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em 
concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja 
pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. 
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De igual forma, é o resultado da soma das penas que deverá ser considerado para se averiguar a 
possibilidade de substituição da pena privativa de liberdadepor penas restritivas de direitos. Ademais, com 
relação aos demais requisitos, deve-se analisar se cada um dos crimes praticados permite a substituição, 
sendo que somente o cumprimento deles pelo conjunto dos delitos praticados permitirá a substituição. 
Assim já decidiu o STJ: 
“3. No exame do cumprimento dos requisitos para a concessão do benefício da substituição da prisão 
por penas alternativas, em casos de concurso material de crimes, devem as reprimendas ser 
consideradas em conjunto. Precedentes. 4. Na hipótese, resulta patente que a medida esbarra no 
óbice do art. 44, inciso I, do Código Penal, uma vez que um dos delitos pelos quais o paciente resultou 
condenado - lesão corporal – envolve violência contra a pessoa. Habeas corpus não conhecido.” (STJ, 
425038/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 01/06/2018). 
Como um exemplo de aplicação do concurso material, por não incidir o princípio da consunção, há o caso 
de porte de munição de uso permitido e de munição de uso restrito, que caracterizam os delitos previstos 
nos artigos 12 e 16 da Lei 10.826/2003: 
“(...) 2. A posse de munições de uso permitido e de uso restrito caracteriza os delitos previstos nos arts. 
12 e 16 da Lei n. 10.8.26/2003, em concurso material, ainda que apreendidas no mesmo contexto. 
Ressalta-se que o afastamento da consunção entre esses crimes também partiu apenas da valoração 
dos fatos reputados como provados na origem, pois restou assentado que os agentes tinham a posse 
de munições de uso permitido, bem como de uso restrito. 3. Agravo regimental improvido.” (STJ, AgRg 
no REsp 1724649/MG, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe 11/05/2018). 
O Superior Tribunal de Justiça entende que há concurso material entre roubo e extorsão se o agente, após 
subtrair os bens da vítima com violência ou grave ameaça, exige que ela lhe forneça a senha do cartão 
subtraído. Configurados ambos os delitos, as penas devem ser somadas. É o que se nota do seguinte 
precedente: 
“PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CRIMES DE EXTORSÃO E ROUBO. 
RECONHECIMENTO DO CRIME CONTINUADO. IMPOSSIBILIDADE.PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO 
IMPROVIDO. 1. É firme o entendimento desta Corte Superior de que Ficam configurados os crimes 
de roubo e extorsão, em concurso material, se o agente, após subtrair bens da vítima, mediante 
emprego de violência ou grave ameaça, a constrange a entregar ocartão bancário e a respectiva 
senha, para sacar dinheiro de sua conta corrente (HC 127.320/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI 
CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 07/05/2015, DJe 15/05/2015) 2. Agravo Regimental improvido.” 
(STJ, AgRg no REsp 1702185/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/03/2018). 
O Supremo Tribunal Federal também já considerou que o roubo e a extorsão configuram o concurso 
material, já que são condutas distintas e autônomas, ou seja, há pluralidade de condutas e pluralidade de 
crimes: 
“EMENTA Habeas corpus. Penal. Roubo e extorsão qualificados. Artigos 157, § 2º, I, II e V; e 158, § 1º, 
do Código Penal. Concurso formal. Reconhecimento pretendido. Inadmissibilidade. Subtração violenta 
de bens. Posterior constrangimento da vítima a fornecer a senha de cartão bancário. Manutenção 
do ofendido, por várias horas, em poder dos agentes. Pluralidade de condutas e autonomia de 
desígnios. Inexistência de contexto fático único. Ordem denegada. 1. Tratando-se de duas condutas 
distintas, praticadas com desígnios autônomos, deve ser reconhecido o concurso material entre 
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roubo qualificado (art. 157, § 2º, I, II e V, CP) e extorsão qualificada (art. 158, § 1º, CP). 2. Ordem de 
habeas corpus denegada.” (HC 121395, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, Julgamento 21/10/2014) 
Nos casos de o preceito secundário do delito prever uma pena, ressalvando a aplicação da pena resultante 
da violência, o caso será de soma das penas, pelo sistema do cúmulo material, se configurada também a 
violência. É o que decidiu o STJ no seguinte caso, que serve de ilustração para tais hipóteses: 
“(...) 3. Hipótese em que o Tribunal de origem acolheu a insurgência ministerial contra a sentença 
condenatória, reconhecendo a prática pelo paciente do delito de lesão corporal gravíssima, impondo-
se pena acrescida ao do crime do art. 344 do CP, em concurso material. 4. A determinação contida no 
preceito secundário do art. 344 do CP ("reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena 
correspondente à violência") refere-se tão-somente à incidência da regra do cúmulo material entre 
os crimes, é dizer, se reconhecida a prática do crime de coação no curso do processo, existindo 
violência, o juiz, por expressão da vontade do legislador, deverá somar sua pena ao do delito resultante 
daquela violência. 5. No caso, o paciente agrediu com pedaço de madeira e foice a vítima, visando a 
coagi-la, porquanto testemunha de acusação em processo no qual responde por homicídio. 6. Embora 
elementar do delito do art. 344 do Código Penal, não haveria como o resultado advindo da violência 
se exaurir tão-somente no tipo penal em questão, isto é, ser por ele absorvido, de modo que, a 
depender das consequências da conduta violenta, como resposta penal, o somatório das penas. Na 
hipótese em questão, a violência empregada causou lesões de natureza gravíssima, crime pelo qual 
restou corretamente condenado em segundo grau. (...)” (HC 388983, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª 
Turma, DJe 27/09/2017) 
Entretanto, o STJ não entende configurar o concurso material de delitos o caso de porte ou posse ilegal de 
arma, quando esta conduta se volta para a finalidade da prática de tráfico ilícito de entorpecentes. A Corte 
entende que cabe o reconhecimento de absorção do crime meio pelo crime fim, com aplicação do princípio 
da consunção: 
“(...) III - Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a absorção do crime de porte ou 
posse ilegal de arma pelo delito de tráfico de drogas, em detrimento do concurso material, deve 
ocorrer quando o uso da arma está ligado diretamente ao comércio ilícito de entorpecentes, ou seja, 
para assegurar o sucesso da mercancia ilícita. Nesse caso, trata-se de crime meio para se atingir o 
crime fim que é o tráfico de drogas, exige-se o nexo finalístico entre as condutas de portar ou possuir 
arma de fogo e aquelas relativas ao tráfico (HC n. 181.400/RJ, Quinta Turma, Ministro Marco Aurélio 
Bellizze, DJe 29/6/2012). (...)” (STJ, HC 395762/RJ, Rel. Min. Félix Fischer, Quinta Turma, DJe 
21/11/2017). 
 
2.2 CONCURSO FORMAL 
O concurso formal ou ideal ocorre quando o agente pratica, mediante uma só conduta, dois ou mais 
crimes, idênticos ou não. O concurso formal, deste modo, envolve a unidade da conduta, que gera uma 
pluralidade de infrações penais. 
Esta previsão legal atende a razões de política criminal, em razão da qual se adota uma pena diferente da 
que seria aplicável se fossem considerados todos os crimes configurados com a conduta do agente. 
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Com relação à unidade da conduta, admite-se o chamado desdobramento da ação única. É o que ocorre 
quando o agente ingressa em um estabelecimento e assalta o caixa e subtrai bens dos dois clientes. A ação 
única foi desdobrada, mas não deixa de ser uma conduta única de ameaça a todos para a subtração dos 
bens dos envolvidos. Deste modo, o fato de a conduta única ser desdobrada não impede a configuração do 
concurso formal. Há, deste modo, três roubos em concurso formal. 
O concurso formal, tal qual o material, pode ser classificado em homogêneo e heterogêneo. Será 
homogêneo o concurso de delitos da mesma espécie, enquanto o concurso de crimes de espécies diversas 
será denominado de heterogêneo. 
O esquema a seguir ilustra a classificação quanto às espécies de crimes cometidos:O concurso formal está previsto no artigo 70 do Código Penal: 
 Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos 
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, 
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
 Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
Da leitura do caput do artigo 70 do Código Penal, podemos notar que é possível a configuração do concurso 
formal tanto no caso de existirem desígnios autônomos em crimes dolosos, quanto se não houver essa 
pluralidade de desígnios do agente. Decorre de tal diferenciação a classificação do concurso formal em 
próprio e impróprio, conforme o esquema a seguir ilustra: 
 
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 Concurso formal próprio 
Concurso formal próprio é o que decorre de uma só ação ou omissão, ou seja, de uma única conduta, que 
enseja o cometimento de mais de um crime, sem que o agente tenha agido com desígnios autônomos. 
Há, portanto, uma unidade de conduta que gera uma pluralidade de delitos, sem que o agente tenha 
desejado todos os resultados ou assumido o risco em relação a cada um deles. Isto é, não há intenção de 
praticar cada um dos crimes de forma autônoma ou independente. 
O concurso formal próprio está previsto na primeira parte do caput do artigo 70, do Código Penal: 
 Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos 
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. (...) 
Configurado o concurso formal, as penas devem ser aplicadas pelo sistema da exasperação. A fração de 
aumento de pena será de um sexto até metade. 
Isto é, havendo concurso formal homogêneo, aplica-se a pena de apenas um dos delitos, que deve ser 
aumentada de um sexto até metade. Se o concurso for heterogêneo, aplica-se ao agente a pena do delito 
mais grave, com a causa de aumento de um sexto até metade. 
Com relação ao critério para escolha da fração de aumento, o juiz deve estipular dentre um sexto até 
metade com base no número de delitos cometidos pelo agente. É o que vemos do seguinte precedente do 
STJ: 
“(...) 7. Nos termos da jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, o aumento decorrente do 
concurso formal tem como parâmetro o número de delitos perpetrados, devendo ser a pena de um 
dos crimes exasperada de 1/6 até 1/2. Por certo, o acréscimo correspondente ao número de quatro 
infrações é a fração de 1/4. 8. Writ não conhecido.” (STJ, HC 317709/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 
Quinta Turma, DJe 01/12/2017). 
 
 Concurso formal impróprio 
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Concurso formal impróprio é o que decorre de uma só ação ou omissão, ou seja, de uma única conduta, 
que enseja o cometimento de mais de um crime, de forma dolosa, em que o agente tenha desígnios 
autônomos em relação a cada um deles. 
Há, portanto, uma unidade de conduta que gera uma pluralidade de delitos, desde que o agente possua 
dolo, de forma independente, para cada um deles. O concurso formal impróprio, portanto, só tem 
cabimento no caso de crimes dolosos. 
Configurado o concurso formal impróprio, o sistema de aplicação das penas será o do cúmulo material. Ou 
seja, as penas de cada uma das infrações penais praticadas devem ser somadas. 
O concurso formal impróprio está previsto na segunda parte do caput do artigo 70, do Código Penal, em 
destaque: 
 Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos 
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, 
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
A grande diferença, portanto, entre o concurso formal próprio e o concurso formal impróprio é a existência 
ou não de desígnios autônomos, ou seja, o elemento subjetivo. Referido elemento subjetivo é comprovado 
pelas circunstâncias do delito. Neste sentido, segue um didático julgado do STJ: 
“1. É assente neste Superior Tribunal de Justiça que a "A distinção entre o concurso formal próprio e 
o impróprio relaciona-se com o elemento subjetivo do agente, ou seja, a existência ou não de 
desígnios autônomos. Precedente" (AgRg no REsp 1.299.942/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS 
JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe 21/06/2013).” (STJ, AgRg no AREsp 1131742/BA, Rel. Min. Maria Thereza 
de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 04/10/2017). 
Como exemplo, tomemos o caso de furto e corrupção de menores. A prática de um furto por um sujeito 
imputável, em concurso com um menor, cuja idade seja da ciência do agente, configura, em tese, o delito 
de corrupção de menores, previsto no artigo 244-B. Se o sujeito não tiver a intenção autônoma e 
independente de corromper o menor de idade, haverá o concurso formal próprio. Caso haja desígnios 
autônomos, configurar-se-á o concurso formal impróprio. É o que destacou o STJ nos seguintes julgados: 
“(...) 3. A fim de se caracterizar o concurso formal impróprio entre os crimes de furto tentado e 
corrupção de menores, faz-se necessário elucidar a intenção do agente de corromper o menor, 
demonstrando-se, com isso, a existência de desígnios autônomos, sem o que se aplica a regra do 
concurso formal próprio. (...)” (STJ, HC 163427/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 
19/10/2015). 
 
“(...) Deve ser reconhecido o concurso formal de crimes quando a corrupção de menores ocorre em 
razão da prática de delito de roubo majorado na companhia do adolescente. (...)” (STJ, AgRg no AREsp 
1665758/RO, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 05/06/2020). 
 
 Concurso material benéfico 
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Concurso material benéfico é o aplicável quando, a despeito de configurado o concurso formal próprio, a 
regra do cúmulo material for mais favorável ao agente. 
O concurso formal próprio foi instituído, como visto, por razões de política criminal, para beneficiar o agente 
cuja conduta única causou mais de um crime, sem que ele tenha apresentado desígnios autônomos para a 
prática de cada um dos delitos. Portanto, o sistema da exasperação tem como finalidade beneficiar o agente 
em tais casos. 
Como decorrência lógica, a adoção do sistema da exasperação não pode ensejar a aplicação de pena mais 
elevada ao agente do que aquela aplicável com a simples adição das penas de cada um dos crimes. Caso a 
exasperação leve a uma pena mais elevada, a regra aplicável será a do cúmulo material, por ser mais 
benéfica ao agente. 
É o que prevê o parágrafo único do artigo 70 do Código Penal: 
 Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos 
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas 
aumentada, em qualquer c aso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, 
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
 Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
O artigo 69 do Código Penal cuida do concurso material e, portanto, do sistema de cúmulo material de 
penas. 
Portanto, configurado o concurso formal próprio de crimes, haverá aadoção do sistema da exasperação, 
salvo se o resultado da soma das penas for mais benéfico para o agente, caso em que se adotará o sistema 
do cúmulo material. 
Como exemplo de concurso material benéfico, temos o seguinte precedente do STJ, em que se constatou a 
configuração do concurso formal próprio, mas o resultado do cúmulo material das penas foi mais benigno 
para o agente, por resultar em pena menor: 
“(...) 8. O concurso formal próprio ou perfeito (CP, art. 70, primeira parte), cuja regra para a 
aplicação da pena é a da exasperação, foi criado com intuito de favorecer o réu nas hipóteses de 
pluralidade de resultados não derivados de desígnios autônomos, afastando-se, pois, os rigores do 
concurso material (CP, art. 69). Por esse motivo, o parágrafo único do art. 70 do Código Penal 
impõe o afastamento da regra da exasperação, se esta se mostrar prejudicial ao réu, em comparação 
com o cúmulo material. Trata-se, portanto, da regra do concurso material benéfico, como teto do 
produto da exasperação da pena. 9. No caso, o Tribunal de origem condenou o paciente pela prática 
de três crimes de corrupção de menores, em concurso formal, à pena de 1 ano de reclusão e de três 
crimes de roubo majorado, igualmente em concurso formal, à pena de 7 anos e 1 mês de reclusão. As 
instâncias ordinárias aplicaram a exasperação da pena de 1/6 por outro concurso formal entre os 
crimes de corrupção de menores e os de roubo, o que revelaria a pena final de 8 anos e 3 meses de 
reclusão. Há, pois, manifesta violação da regra do concurso material benéfico, porquanto a pena 
final resultante do concurso material entre os crimes de roubo, em concurso formal, e corrupção 
de menores, igualmente em concurso formal, seria de 8 anos e 1 mês. Por conseguinte, de rigor a 
redução da pena final do paciente para 8 anos e 1 mês de reclusão. (...)” (HC 401764/SP, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 14/12/2007). 
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Verifiquemos este caso do precedente acima, usado como exemplo: foi reconhecido concurso formal entre 
três crimes de corrupção de menos e três crimes de roubo. Para os três crimes de corrupção de menores, 
foi aplicada a pena de 1 ano de reclusão. Para os três crimes de roubo majorado, a dosimetria resultou em 
7 anos e 1 mês de reclusão. Vejamos então as penas do exemplo: 
 
Reconhecido o concurso formal 
Crimes de corrupção de menores 1 ano de reclusão 
Crimes de roubo 7 anos e 1 mês de reclusão 
 
Percebe-se que é possível o concurso formal de delitos que também foram cometidos em concurso formal. 
Os três crimes de corrupção de menores, por envolver uma só conduta e três adolescentes, levou ao 
reconhecimento de concurso formal entre eles. Os crimes de roubo, praticados com a mesma conduta 
(mesmo que a ação seja desdobrada), configuraram também um concurso formal. Por fim, cabe analisar o 
concurso formal entre os crimes de roubo e de corrupção de menores: 
 
Concurso Sistema Pena 
Formal próprio Exasperação (pena mais grave, 
de 7 anos e 1 mês de reclusão, 
com aumento de um sexto até 
metade) 
8 anos, 3 meses e 5 dias 
(com uso da fração menor 
de aumento, de 1/6) 
Material Benéfico Sistema do cúmulo material 
(soma das penas) 
8 anos e 1 mês 
 
Notem que a pena resultante da simples soma da pena é menor do que a resultante da exasperação, o que 
leva à adoção do chamado concurso material benéfico, por não poder um sistema que veio beneficiar o 
agente tornar sua situação mais gravosa. 
Segue outro precedente do STJ em que foi aplicado o chamado concurso material benéfico: 
“(...) 5. In casu, o Magistrado processante, ao condenar o réu pela prática do crime de extorsão 
mediante sequestro qualificado, estabeleceu a pena de 18 (dezoito) anos de reclusão, tendo a 
exasperação pelo concurso formal com o crime do art. 244-B do ECA culminado na pena de 21 (vinte 
e um) anos de reclusão. Há, pois, manifesta violação da regra do concurso material benéfico, 
considerando que, mesmo se a pena-base do crime de corrupção de menores fosse exasperada de 1/2 
(metade), nos moldes do reconhecido para o crime de extorsão mediante sequestro qualificado, 
e tendo em vista a incidência da atenuante da confissão espontânea, chegaria-se-ia à sanção corporal 
inferior a 3 (três) anos de reclusão e, por consectário, revela-se mais favorável ao réu a somatória 
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das penas individualmente estabelecidas para os crimes. (...)” (HC 383691, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 
5ª Turma, DJe 04/05/2017) 
 
2.3 CRIME CONTINUADO 
Crime continuado ou continuidade delitiva ocorre quando o agente pratica, mediante pluralidade de 
condutas, dois ou mais crimes da mesma espécie, tidos como continuação um do outro (semelhantes 
condições de tempo, lugar, modo de execução, etc.). 
É a ficção jurídica em virtude da qual, por razões de política criminal, considera-se, na aplicação da pena, 
que o agente praticou um único delito para fins de aplicação de pena, com a incidência de causa de aumento. 
O crime continuado está previsto no artigo 71 do Código Penal: 
 Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da 
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem 
os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, 
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave 
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único 
do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
O crime continuado se classifica em comum e específico, sendo a última hipótese aplicável aos casos de 
crimes dolosos, cometidos contra vítimas diferentes, em que há violência ou grave ameaça à pessoa. O crime 
continuado comum está previsto no caput do artigo 70 do Código Penal, enquanto o parágrafo único trata 
do crime continuado específico: 
 
 
 
 Crime continuado comum 
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O crime continuado comum é aquele aplicável aos crimes em geral, estando previsto no caput do artigo 71: 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da 
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem 
os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, 
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Configura-se quando o agente, mediante uma pluralidade de condutas, pratica mais de um crime da mesma 
espécie, sendo um considerado como continuação do outro, em razão das condições de tempo, lugar, 
maneira de execução e outras semelhantes. 
O professor Cezar Roberto Bitencourt1 resume os requisitos nos seguintes elementos: homogeneidade de 
bens jurídicos e homogeneidade de processos executórios. 
É o caso da funcionária de uma empresa que, trabalhando no seu caixa, se apropria de R$ 300,00 por dia de 
trabalho, durante um mês. Se fosse aplicada a pena de cada um dos delitos, com sua posterior soma, ela 
receberia uma sanção penal de grande monta, maior que a da prática de muitos delitos gravíssimos. Então, 
por razões de política criminal, a lei prevê a configuração do chamado crime continuado,com uma 
determinação específica de aplicação da pena de um dos delitos, com incidência de uma causa de aumento. 
Também podemos exemplificar com vários estelionatos praticados, em continuação, contra diversas 
pessoas, durante o mesmo mês, com a mesma forma de execução, ou seja, o mesmo modus operandi, e na 
mesma cidade, pelos mesmos três comparsas. 
Os requisitos para a configuração do crime continuado comum são as seguintes: 
 Pluralidade de condutas; 
 Crimes da mesma espécie; 
 Vínculo de continuidade: mesmas condições de tempo, mesmas condições de lugar, mesma forma 
de execução (modus operandi) e demais circunstâncias semelhantes; 
 Unidade de desígnios (segundo o STJ e a doutrina majoritária). 
Configurada a continuidade delitiva, deve-se aplicar ao agente a pena do crime mais grave, se forem 
diferentes, ou de um dos crimes, se as penas forem iguais, com a causa de aumento de pena de um sexto a 
dois terços. 
O critério para fixação, pelo juiz, da fração de aumento, cujo limite mínimo é de um terço, e o limite máximo, 
de dois terços, deve ser o número de infrações penais praticadas. A jurisprudência, inclusive, fixou a fração 
de aumento aplicável a cada número de crimes: 
 
Número de infrações Fração da causa de aumento 
2 1/6 
3 1/5 
4 1/4 
 
1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, volume I, parte geral. 14ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 649. 
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5 1/3 
6 1/2 
7 ou mais 2/3 
 
É assim que tem decidido o Superior Tribunal de Justiça: 
“(...) 6. A exasperação da pena do crime de maior pena, realizado em continuidade delitiva, será 
determinada, basicamente, pelo número de infrações penais cometidas, parâmetro este que 
especificará no caso concreto a fração de aumento, dentro do intervalo legal de 1/6 a 2/3. Nesse 
diapasão, esta Corte Superior de Justiça possui o entendimento consolidado de que, em se tratando 
de aumento de pena referente à continuidade delitiva, aplica-se a fração de aumento de 1/6 pela 
prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5 infrações; 1/2 para 6 
infrações e 2/3 para 7 ou mais infrações. In casu, tratando-se de mais de 10 crimes, deve ser mantido 
o aumento operado pela sentença condenatória. (...)” (HC 401139, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, 
DJe 21/09/2017). 
“(...) 1. O Superior Tribunal de Justiça tem proclamado o entendimento de que o aumento pela 
continuidade delitiva deve obedecer aos seguintes critérios: 1/6 para 2 infrações, 1/5 quando forem 
3, 1/4 para 4, 1/3 para 5, 1/2 para 6 e 2/3 quando forem 7 ou mais. No entanto, não sendo possível 
precisar o número de infrações cometidas, é legítimo impor aumento em patamar acima do mínimo, 
levando-se em consideração o período de duração dos delitos. (...)” (STJ, AgRg no AREsp 1410422/MG, 
Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 21/05/2019). 
A Exposição de Motivos do Código Penal, sobre o crime continuado, traz o seguinte comentário: 
59. O critério da teoria puramente objetiva não se revelou na prática maiores inconvenientes, a 
despeito das objeções formuladas pelos partidários da teoria objetivo-subjetiva. 
Conforme referido apontamento, teria havido a adoção da teoria objetiva pelo Código Penal Brasileiro. 
Entretanto, a Exposição de Motivos pode auxiliar na interpretação, mas não tem natureza de lei. Logo, não 
vincula. 
Apesar de não haver previsão expressa na lei, parte da doutrina estabelece a necessidade de unidade de 
desígnios, ou seja, a prática de todos os delitos parcelares deve fazer parte de um mesmo plano do agente. 
É o que tem entendido o Superior Tribunal de Justiça, com a adoção da chamada teoria objetivo-subjetiva 
ou mista: 
“(...) 5. Adotando a teoria objetivo-subjetiva ou mista, a doutrina e a jurisprudência inferiram 
implicitamente da norma um requisito outro de ordem subjetiva, que é a unidade de desígnios na 
prática dos crimes em continuidade delitiva, exigindo-se, pois, que haja um liame entre os crimes, 
apto a evidenciar, de imediato, terem sido os crimes subsequentes continuação do primeiro, isto 
é, os crimes parcelares devem resultar de um plano previamente elaborado pelo agente. Dessa 
forma, diferenciou-se a situação da continuidade delitiva da delinquência habitual ou profissional, 
incompatível com a benesse. Precedentes. (...)” (HC 377270, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 
09/06/2017). 
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“Conforme a jurisprudência do STJ, para a aplicação da regra do crime continuado, é imprescindível o 
preenchimento de requisitos não apenas de ordem objetiva - mesmas condições de tempo, de lugar e 
de forma de execução - como também de ordem subjetiva - unidade de desígnios ou vínculo subjetivo 
entre os eventos.” (STJ, AgRg no HC 569022/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, DJe 
23/06/2020). 
Se os desígnios forem autônomos, não se pode reconhecer a continuidade delitiva entre os delitos. 
Tradicionalmente, vinham sendo considerados crimes da mesma espécie os delitos previstos no mesmo 
dispositivo legal, inclusive os que estão na forma simples e na forma qualificada, bem como nas modalidades 
tentada e consumada. Ademais, foi fixada a exigência de que os tipos penais tutelem os mesmos bens 
jurídicos. 
Neste sentido, o STJ não reconhece a continuidade delitiva entre roubo e latrocínio, em razão de o primeiro 
tutelar o patrimônio e a integridade física ou a liberdade individual, enquanto o último tutela o patrimônio 
e a vida: 
“9. No caso dos crimes de roubo majorado e latrocínio, sequer é necessário avaliar o requisito subjetivo 
supracitado ou o lapso temporal entre os crimes, como fizeram as instâncias ordinárias, porquanto 
não há adimplemento do requisito objetivo da pluralidade de crimes da mesma espécie. São assim 
considerados aqueles crimes tipificados no mesmo dispositivo legal, consumados ou tentada, na 
forma simples, privilegiada ou tentada, e além disso, devem tutelar os mesmos bens jurídicos, tendo, 
pois, a mesma estrutura jurídica. Perceba que o roubo tutela o patrimônio e a integridade física 
(violência) ou o patrimônio e a liberdade individual (grave ameaça); por outro lado, o latrocínio, o 
patrimônio e a vida.” (HC 189134, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 12/08/2016). 
 Entretanto, vale registrar que mais recentemente a Sexta Turma do STJ tem dispensado o requisito de 
previsão no mesmo dispositivo legal: 
“Exige-se, ainda, que os delitos sejam da mesma espécie. Para tanto, não é necessário que os fatos 
sejam capitulados no mesmo tipo penal, sendo suficiente que tutelem o mesmo bem jurídico e sejam 
perpetrados pelo mesmo modo de execução.” (STJ, REsp 1767902/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 
Sexta Turma, DJe 04/02/2019). 
Assim, tem sido reconhecido o crime continuado, pela Quinta Turma do STJ, entre estupro e estupro de 
vulnerável: 
“Nos termos da jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior, "para fins da aplicação do instituto 
do crime continuado, art. 71 do Código Penal, pode-se afirmar que os delitos de estupro de vulnerável 
e estupro, descritos nos arts. 217-A e 213 do CP, respectivamente, são crimes da mesma espécie"(REsp 
1767902/RJ, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe 
04/02/2019). Precedentes.” (STJ, AgRg no REsp 1797986/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 
24/09/2019. 
Entretanto, não tem reconhecido a continuidade delitiva entre roubo e extorsão, o que, com todo o 
respeito, traduz-se em falta de critério preciso pela Corte2: 
 
2 No mesmo sentido, Rogério Sanches Cunha, em seu Manual de Direito Penal, 8ª edição, 2020, p. 632, observa que o STJ não 
reconhece o crime continuado entre os seguintes crimes, embora tutelemo mesmo bem jurídico: roubo e extorsão; extorsão 
mediante sequestro e roubo e roubo e latrocínio. 
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“4. Não é possível o reconhecimento da continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, 
pois embora sejam delitos do mesmo gênero, são de espécies distintas, o que inviabiliza a aplicação 
da regra contida no art. 71 do Código Penal. Precedentes.” (STJ, HC 461794/SC, Rel. Min. Reynaldo da 
Fonseca, 5ª Turma, DJe 14/02/2019) 
“3. Conforme a orientação jurisprudencial deste Superior Tribunal de Justiça é inviável o 
reconhecimento da continuidade delitiva entre os crimes de roubo e de extorsão, por se tratarem de 
delitos de espécies distintas, ainda que cometidos no mesmo contexto temporal. Precedentes.” (STJ, 
HC 552281/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe 02/03/2020). 
Segue um esquema para tentar ajudar a compreender a jurisprudência do STJ: 
 
 
Com relação ao requisito do mesmo lugar, não se exige que se trate da mesma cidade. É possível a 
configuração, por exemplo, no caso de comarcas contíguas. É o entendimento adotado pelo STJ nos 
seguintes precedentes: 
“1. O fato de os crimes terem sido praticados em lugares diversos não pode ser utilizado, isoladada e 
objetivamente, como empeço ao reconhecimento da continuidade, mormente quando, como no caso, 
cuidam-se de comarcas vizinhas. 2. O art. 71 do Código Penal não exige, para o reconhecimento do 
crime continuado, que as práticas delitivas tenham ocorrido na mesma comarca, mas nas mesmas 
condições de "tempo e lugar", demonstrando uma necessidade de avaliação das circunstâncias que 
envolveram o atuar do criminoso e as características dos ilícitos por ele praticados. (STJ, HC 
174612/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 16/06/2011). 
1. Este Superior já decidiu que o reconhecimento da continuidade delitiva não exige que as condutas 
tenham sido praticadas no mesmo município, "podendo ser admitida quando se tratarem de delitos 
ocorridos em comarcas limítrofes ou próximas" (HC 206.227/RS, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA 
TURMA, julgado em 06/10/2011, DJe 14/10/2011). (STJ, AgRg no REsp 1849857/RS, Rel. Min. Ribeiro 
Dantas, Quinta Turma, DJe 28/02/2020). 
 
 Crime continuado específico 
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Crime continuado específico é a modalidade de continuidade delitiva aplicável aos casos em que os crimes 
são cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, envolvendo vítima diferentes. 
O crime continuado específico está previsto no artigo 71, parágrafo único, do Código Penal: 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave 
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único 
do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
São requisitos do concurso continuado específico: 
 Pluralidade de condutas; 
 Crimes da mesma espécie; 
 Vínculo de continuidade: mesmas condições de tempo, mesmas condições de lugar, mesma forma 
de execução (modus operandi) e demais circunstâncias semelhantes; 
 Unidade de desígnios (segundo o STJ e a doutrina majoritária). 
 Crimes dolosos; 
 Violência ou grave ameaça contra a pessoa; 
 Vítimas diferentes. 
No concurso continuado específico, o juiz deve aplicar a pena de um só dos crimes, se elas forem idênticas, 
ou a mais grave delas, se forem diferentes, aumentada até três vezes. 
O critério para estabelecimento do quantum de aumento de pena se baseia em elemento objetivo, 
consistente no número de infrações cometidas, e em elemento subjetivo, consistente na valoração da 
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, além dos motivos e as 
circunstâncias do crime. Perceba que os aspectos subjetivos são quase os mesmos analisados na primeira 
fase da dosimetria, previstos no artigo 59 do Código Penal. 
É o que entende o Superior Tribunal de Justiça: 
“(...) 1. Segundo entendimento firmado por esta Corte Superior, estabelecido o espectro de 
exasperação entre 1/6 (um sexto) e o triplo, infere-se da norma que a fração de aumento da 
continuidade delitiva específica, descrita no art. 71, parágrafo único, do Código Penal, é determinada 
pela combinação de elementos objetivos - quantidade de crimes dolosos praticados contra vítimas 
diferentes, com violência ou grave ameaça à pessoa - e subjetivos, consistentes na análise da 
culpabilidade, dos antecedentes, da conduta social, da personalidade do agente, dos motivos e das 
circunstâncias do crime (HC n. 293.130/SP, Quinta Turma, Rel. Min. RIBEIRO DANTAS, DJe de 
12/12/2016). 
O crime continuado específico foi previsto pela Lei 7.209/1984, que alterou a redação do artigo 71, do 
parágrafo único, do CP. Com isso, ficou superada a Súmula nº 605 do STF, do seguinte teor: 
Não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida”. [SUPERADA!] 
O STF já consignou a superação do enunciado nº 605 no seguinte precedente: 
"Com a reforma do Código Penal de 1984, ficou suplantada a jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal predominante até então, segundo a qual 'não se admite continuidade delitiva nos crimes 
contra a vida' - Verbete nº 605 da Súmula. A regra normativa do § 2º do artigo 58 do Código Penal veio 
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a ser aditada por referência expressa aos crimes dolosos, alterando-se a numeração do artigo e 
inserindo-se parágrafo - artigo 71 e parágrafo único do citado Código." (HC 77786, Relator Ministro 
Marco Aurélio, Segunda Turma, julgamento em 27.10.1998, DJ de 2.2.2001) 
Com relação aos demais pressupostos do crime continuado específico, são aplicáveis os mesmos 
comentários do crime continuado comum. Deste modo, os crimes devem ser da mesma espécie. 
Com isso, o STJ já decidiu não ser aplicável a continuidade delitiva no caso de terem sido praticados os crimes 
de estupro e do artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente: 
“(...) 7. Para que haja crime continuado os delitos devem ser da mesma espécie, conforme dicção 
expressa do art. 71 do Código Penal. Sendo assim, inviável o reconhecimento dessa figura entre os 
crimes de estupro e o do art. 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 8. As instâncias ordinárias 
reconheceram a ocorrência de três crimes do art. 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
praticados em continuidade delitiva. Para se afastar a conclusão e entender pela existência de delito 
único, seria necessário o reexame de matéria fático-probatória, inviável em recurso especial, nos 
termos da já mencionada Súmula 7/STJ. 9. Mostra-se equivocada a invocação pelo acórdão recorrido 
da regra especial do art. 71, parágrafo único, do Código Penal, tendo em vista que a sua incidência, 
requer, expressamente, que os crimes tenham sido praticados contra vítimas diferentes. No caso, o 
estupro e o crime do art. 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente foram praticados, cada qual em 
continuidade delitiva, contra a mesma vítima, motivo pelo qual deve ser aplicado o caput do art. 71 do 
Estatuto Criminal..(...)” (REsp 1334405, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª Turma, DJe 15/10/2015). 
 
 Crime continuado e concurso formal de crimes 
Pode ocorrer a configuração simultânea de concurso formal de crimes e de continuidade delitiva. Para 
exemplificar, imaginemos um indivíduo que entra em um ônibus e, mediante grave ameaça exercida por 
meio de arma de fogo, subtrai bens de dez passageiros e da pessoa jurídica dona do veículo. Teremos onze 
crimes de roubo cometidos em concurso formal. No diaseguinte, nas mesmas condições, ele para outro 
ônibus e neste subtrai bens de cinco passageiros. Portanto, cometeu cinco crimes de roubo em concurso 
formal. Entre os dez roubos em concurso formal e os outros cinco, também em concurso formal, podemos 
pensar na ocorrência de continuidade delitiva. 
 Como proceder quando houver continuidade delitiva entre crimes praticados em concurso formal? 
O STF já entendeu aplicáveis ambos os acréscimos, os do concurso formal e da continuidade delitiva. 
Entretanto, o precedente, da Primeira Turma, não é recente: 
“(...) 1. Correto o acórdão impugnado, ao admitir, sucessivamente, os acréscimos de pena, pelo 
concurso formal, e pela continuidade delitiva (artigos 70, "caput", e 71 do Código Penal), pois o que 
houve, no caso, foi, primeiramente, um crime de estelionato consumado contra três pessoas e, dias 
após, um crime de estelionato tentado contra duas pessoas inteiramente distintas. Assim, sobre a 
pena-base deve incidir o acréscimo pelo concurso formal, de modo a ficar a pena do delito mais grave 
(estelionato consumado) acrescida de, pelo menos, um sexto até metade, pela co-existência do crime 
menos grave (art. 70). E como os delitos foram praticados em situação que configura a continuidade 
delitiva, também o acréscimo respectivo (art. 71) é de ser considerado. 2. Rejeita-se, pois, com base, 
inclusive, em precedentes do S.T.F., a alegação de que os acréscimos pelo concurso formal e pela 
continuidade delitiva são inacumuláveis, em face das circunstâncias referidas.(...)” (HC 73821, Rel. Min. 
Sydney Sanches, 1ª Turma, 25/06/1996) 
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Já o STJ vem entendendo que se deve reconhecer apenas a continuidade delitiva em relação a todos crimes, 
sem se utilizar o acréscimo do concurso formal, em regra. Contabilizam-se, para a escolha da fração de 
aumento do crime continuado, todos os delitos cometidos: 
“(...) 1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, em sintonia com a do STF, havendo concurso formal 
entre dois delitos cometidos em continuidade delitiva, somente incidirá um aumento de pena, qual 
seja, a relativa ao crime continuado. Todavia, tal regra não tem aplicabilidade nas hipóteses em que 
um dos crimes não faça parte do nexo da continuidade delitiva do outro delito, embora cometidos em 
concurso formal, tal como ocorre com o delito de corrupção de menores - de espécie diversa -, o qual 
não integra a continuidade delitiva relativa ao outro delito - de roubo majorado. (HC 165.224/DF, Rel. 
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 25/8/2015, DJe 15/9/2015) (...).” (STJ, AgRg no 
HC 396946/SC, Rel. Min. Joel IlanPaciornik, 5ª Turma, DJe14/02/2019) 
A exceção apontada no seguinte precedente é o caso de o crime cometido em concurso formal não fazer 
parte do vínculo ou nexo do crime continuado. Em referida situação, a regra de não cumulação dos 
aumentos não se aplica. 
 
2.4 CONCURSO DE CRIMES E PENA DE MULTA 
Quando houver concurso formal ou concurso material de crimes, vimos que cada um deles possui um 
sistema de aplicação da pena privativa de liberdade, seja com a soma de todas ou com a incidência de 
aumento de uma das penas. Com relação à pena de multa, o artigo 72 do Código Penal possui previsão 
específica: 
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. 
Deste modo, qualquer que seja a modalidade de concurso de crimes, as penas de multa devem ser aplicadas 
de modo autônomo e integral. Portanto, ao final, as penas de multa sempre devem ser somadas. 
Entretanto, no caso de continuidade delitiva, o STJ afasta a aplicação da norma prevista no artigo 72 do CP, 
acima transcrito, para considerar que deve haver a imposição de uma única pena de multa, já que as 
infrações são tratadas como crime único: 
“(...) 3. Quanto ao recurso defensivo, impende considerar que, reconhecida a hipótese de crime 
continuado, não incide a regra do art. 72 do Código Penal para a fixação da pena de multa, devendo 
ser aplicado os critérios do art. 71 desse Codex. (...)” (STJ, REsp 858741/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, 
Quinta Turma, DJe 13/09/2010). 
“(...) 1. A jurisprudência desta Corte assentou compreensão no sentido de que o art. 72 do Código 
Penal é restrito às hipóteses de concursos formal ou material, não sendo aplicável aos casos em 
que há reconhecimento da continuidade delitiva. Desse modo, a pena pecuniária deve ser aplicada 
conforme o regramento estabelecido para o crime continuado, e não cumulativamente, como 
procedeu a Corte de origem. (...)” (STJ, AgRg no AREsp 484057/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, 
DJe 09/03/2018). 
 
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3. MEDIDAS DE SEGURANÇA 
Medida de segurança é a espécie de sanção penal que é imposta pelo Estado com finalidade exclusivamente 
preventiva, nos casos de inimputáveis e semi-imputáveis. Portanto, a medida de segurança é a sanção penal 
reservada para os casos de o sujeito ser considerado inimputável, ou seja, sem culpabilidade, além de poder 
substituir a pena nos casos dos semi-imputáveis, chamados de fronteiriços. 
Majoritariamente, aponta-se como sua finalidade a prevenção especial, que é aquele entendimento que 
reconhece que se busca um objetivo específico com a sanção penal, voltando especificamente ao agente 
que cometeu a infração penal (por isso, chamada de prevenção especial). Com a aplicação da medida de 
segurança, evita-se que o sujeito volte a delinquir, se estiver internado, bem como se busca que seja tratado 
para não voltar a violar a lei penal, com o tratamento a que é submetido. 
No caso de o indivíduo não ser imputável, o juiz deverá absolvê-lo ao final do processo, determinando a 
imposição de medida de segurança. Referida sentença, por absolver o agente e ao mesmo tempo prever a 
aplicação de uma sanção penal, é denominada de absolutória imprópria. 
Diferentemente das penas, as medidas de segurança não se fundam na ideia de culpabilidade, que não existe 
no caso dos inimputáveis. Seu fundamento é a periculosidade do agente, que praticou um delito sem 
capacidade de compreender o caráter ilícito da sua conduta ou de se determinar de acordo com este 
entendimento. Além disso, pode ser aplicável também aos fronteiriços, em substituição à pena privativa de 
liberdade para os casos em que o agente não era plenamente capaz de compreender o caráter ilícito do fato 
ou de se determinar de acordo com tal entendimento. 
Relembrando, a sanção penal é gênero, do qual são espécies a pena e a medida de segurança: 
 
 
 
São pressupostos para imposição de medida de segurança: 
 Prática de ilícito penal; seja uma infração penal, seja um injusto penal (fato típico e ilícito), conforme 
a teoria adotada; 
 Periculosidade do agente: consiste na potencialidade de prática de novos crimes pelo indivíduo, o 
que justifica a necessidade de aplicação de tratamento ambulatorial ou internação. 
 
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3.1 SISTEMAS DE IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA 
Para imposição das medidas de segurança, há dois sistemas, os quais se diferenciam conforme a 
possibilidade de aplicação concomitante com pena. São eles: 
 
 Sistema vicariante: ou se aplica pena ou se aplica medida de segurança. Não é possível a imposição 
simultânea de pena e de medida de segurança, de modo que, se o agente for imputável, apenas 
receberá pena. Se for inimputável, deverá ser-lhe imposta medida de segurança. Por fim, no caso 
dos fronteiriços, ou o juiz aplica a pena reduzida ou a substitui por medida de segurança. 
É o sistema atualmente adotado pelo Código Penal. 
 
 Sistema do duplo binário ou de dois trilhos: podem ser aplicadas, de forma cumulativa, pena e 
medida de segurança. Destemodo, o agente poderia receber uma medida de segurança detentiva e 
restritiva, sem prejuízo de ter que cumprir pena. 
 
3.2 ESPÉCIES DE MEDIDA DE SEGURANÇA 
A medida de segurança pode ser de duas espécies, a detentiva e a restritiva, conforme o esquema abaixo: 
 
 
 
Medida de segurança detentiva: internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. 
Medida de segurança restritiva: sujeição a tratamento ambulatorial. 
O critério de escolha está previsto no artigo 97 do Código Penal: 
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato 
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 
Deste modo, de acordo com a disposição legal, deve-se aplicar a medida de segurança detentiva no caso 
de crimes puníveis com reclusão. Se o delito for punível com pena de detenção, será possível ao juiz 
submeter o agente à internação ou ao tratamento ambulatorial. 
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Parte da doutrina questiona referido critério, já que a escolha pela cominação de reclusão ou detenção às 
infrações penais se refere à sua gravidade, enquanto a medida de segurança se fundamenta na 
periculosidade do agente. 
Nestes termos, o Supremo Tribunal Federal já admitiu a flexibilização da regra, com a possibilidade de 
imposição de tratamento ambulatorial em caso de crime punível com reclusão: 
“EMENTA: AÇÃO PENAL. Execução. Condenação a pena de reclusão, em regime aberto. Semi-
imputabilidade. Medida de segurança. Internação. Alteração para tratamento ambulatorial. 
Possibilidade. Recomendação do laudo médico. Inteligência do art. 26, caput e § 1º do Código Penal. 
Necessidade de consideração do propósito terapêutico da medida no contexto da reforma psiquiátrica. 
Ordem concedida. Em casos excepcionais, admite-se a substituição da internação por medida de 
tratamento ambulatorial quando a pena estabelecida para o tipo é a reclusão, notadamente quando 
manifesta a desnecessidade da internação.” (STF, HC 85401/RS, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda 
Turma, Julgamento: 04/12/2009). 
O Superior Tribunal de Justiça, entretanto, vinha entendido válida a regra, aplicando-a em sua literalidade: 
“1. Com relação à imposição de medida de segurança para inimputável (caput do art. 97 do CP), "esta 
Corte de Justiça firmou entendimento de que o tratamento ambulatorial é exceção, possível 
apenas nos casos de crimes punidos com detenção, desde que observadas as condições de 
periculosidade do agente, à luz do livre convencimento motivado do magistrado" (HC n. 313.907/SP, 
Quinta Turma, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 28/4/2015, DJe de 18/5/2015).”(STJ, AgRg no HC 
512766/MS, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 25/09/2019). 
Entretanto, mais recentemente, o STJ tem adotado entendimento diverso, também flexibilizando a regra 
legal: 
“5. A doutrina brasileira majoritariamente tem se manifestado acerca da injustiça da referida norma, 
por padronizar a aplicação da sanção penal, impondo ao condenado, independentemente de sua 
periculosidade, medida de segurança de internação em hospital de custódia, em razão de o fato 
previsto como crime ser punível com reclusão.6. Para uma melhor exegese do art. 97 do CP, à luz dos 
princípios da adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade, não deve ser considerada a 
natureza da pena privativa de liberdade aplicável, mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao 
julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável.”(STJ, EREsp 
998128/MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, DJe 18/12/2019). 
“2. Nos termos do entendimento desta Sexta Turma, na definição da medida de segurança, a qual não 
se vincula à gravidade do delito, mas à periculosidade do agente, é facultado ao magistrado a escolha 
do tratamento mais adequado ao inimputável, ainda que a ele imputado delito punível com reclusão, 
em observância aos princípios da adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade.”(STJ, AgRg no 
REsp 1804414/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 21/02/2020). 
 
3.3 APLICAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA 
No âmbito da aplicação da medida de segurança, precisamos saber sua duração e as hipóteses de imposição. 
O artigo 97, §§ 1º e 2º, cuida da aplicação da medida de segurança: 
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§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto 
não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá 
ser de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em 
ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. 
Portanto, a previsão é de que o prazo da medida de segurança seja indeterminado, até que perícia médica 
averigue a cessação da periculosidade. O prazo mínimo, entretanto, deve ser fixado pelo juiz, de um a três 
anos. Quanto ao limite máximo, estudaremos no próximo tópico. 
As medidas de segurança são impostas, como já visto, no caso dos sujeitos inimputáveis. Além disso, é 
possível que elas substituam as penas no caso de semi-imputabilidade. Por fim, a superveniência de doença 
mental pode levar à conversão da pena em medida de segurança, como veremos adiante. 
 
3.4 LIMITE DA MEDIDA DE SEGURANÇA 
Como visto no item anterior, o Código Penal não estipulou limite máximo de duração da medida de 
segurança, estipulando que seu prazo deve ser indeterminado. Surgiram, então, diversos entendimentos a 
respeito: 
a) As medidas de segurança não devem ter limite máximo, devendo durar até que cesse a 
periculosidade do agente. 
b) O limite máximo é o de 40 anos, como o das penas. 
c) O limite é o máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. 
O Superior Tribunal de Justiça adota a corrente segundo a qual o limite de duração das medidas de segurança 
deve ser o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. É o teor do enunciado nº 
527 da sua Súmula: 
O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena 
abstratamente cominada ao delito praticado.” 
O Supremo Tribunal Federal tem entendido de forma diferente, acolhendo o entendimento de que o limite 
máximo de duração da medida de segurança é o mesmo das penas privativas de liberdade. Deste modo, o 
máximo que uma medida de segurança pode durar é por 40 anos. Neste sentido, o seguinte julgado, que foi 
prolatado antes da Lei 13.964/2019 (que alterou o limite de 30 para 40 anos): 
“1. A prescrição da medida de segurança deve ser calculada pelo máximo da pena cominada ao delito 
cometido pelo agente, ocorrendo o marco interruptivo do prazo pelo início do cumprimento daquela, 
sendo certo que deve perdurar enquanto não haja cessado a periculosidade do agente, limitada, 
contudo, ao período máximo de 30 (trinta) anos, conforme a jurisprudência pacificada do STF. 
Precedentes: HC 107.432/RS, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, Julgamento em 
24/5/2011; HC 97.621/RS, Relator Min. Cezar Peluso, Julgamento em 2/6/2009.” (STF, RHC 100383, 
Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, Julgamento em 18/10/2011) 
 E se, atingido o limite da medida de segurança, o agente ainda apresentar periculosidade? 
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Neste caso, a única solução é a propositura de ação civil de interdição, com pedido liminar de internação 
compulsória do indivíduo. Como a medida de segurança, segundo os tribunais superiores, possui prazo 
máximo de duração, caso a periculosidade ainda não tenha cessado, o Ministério Público deve buscar sua 
internação na esfera cível. 
A este respeito, cumpre registraro que prevê o artigo 6º da Lei 10.216/2001, que trata da proteção e dos 
direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde 
mental: 
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que 
caracterize os seus motivos. 
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica: 
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário; 
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; 
e 
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. 
Por fim, cumpre registrar que a internação deve ocorrer apenas quando absolutamente necessária, nos 
termos do que prevê o artigo 1777 do Código Civil: 
Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio necessário para ter 
preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o seu recolhimento em 
estabelecimento que os afaste desse convívio. 
O inciso I do artigo 1.767 prevê que, dentre os que estão sujeitos à curatela, incluem-se “aqueles que, por 
causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade”. 
 
3.5 LIBERAÇÃO OU DESINTERNAÇÃO CONDICIONAL 
Quando cessada a periculosidade do agente, ocorre a desinternação ou liberação condicional. Isto porque, 
ao se constatar, por meio de perícia médica, que não subsiste a periculosidade do agente, a internação ou 
o tratamento médico são suspensos. 
Entretanto, o indivíduo fica sujeito a um período de prova, durante o qual se verifica se ele realmente não 
apresenta mais periculosidade, sendo sua duração de 1 ano. Caso ele volte a praticar fato que demonstre 
que ainda apresenta periculosidade, a medida de segurança deve ser restabelecida. 
A liberação ou desinternação condicional está prevista no artigo 97, § 3º, do Código Penal: 
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação 
anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua 
periculosidade. 
A lei civil também prevê hipótese de desinternação progressiva. A Lei 10.216/2001, em seu artigo 5º, trata 
do tema: 
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave 
dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será 
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objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob 
responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo 
Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário. 
 
3.6 REINTERNAÇÃO E INTERNAÇÃO DO SUBMETIDO A TRATAMENTO 
Reinternação é a possibilidade de restabelecimento da medida de segurança detentiva, no caso de o 
indivíduo, no período de prova de 1 ano, praticar algum fato que demonstre a persistência de sua 
periculosidade. Como já estudado, a hipótese está prevista no artigo 97, § 3º, do Código Penal. 
Além disso, pode haver a internação daquele que estava submetido a tratamento ambulatorial, caso a 
providência se mostre imprescindível para o progresso psiquiátrico do agente, conforme o artigo 97, § 4º, 
do CP: 
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, 
se essa providência for necessária para fins curativos. 
 
3.7 SEMI-IMPUTABILIDADE 
 
Os semi-imputáveis ou fronteiriços são aqueles que, à época do cometimento da infração penal, não eram 
inteiramente capazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. Sua previsão está no artigo 26, parágrafo único, do Código Penal: 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação 
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz 
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Nestes casos, o juiz, em vez de impor ao agente a pena cominada com a causa de diminuição de um a dois 
terços, pode substituí-la por medida de segurança, detentiva ou restritiva: 
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de 
especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou 
tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e 
respectivos §§ 1º a 4º. 
 
3.8 CONVERSÃO DA PENA EM MEDIDA DE SEGURANÇA 
No caso de superveniência de doença mental ao condenado, haverá a conversão da sua pena em medida 
de segurança. Neste caso, o indivíduo era imputável ao tempo da prática da infração penal (momento da 
ação ou da omissão do sujeito), sendo condenado pelo juiz ao cumprimento de determinada pena. 
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Entretanto, no momento de execução da pena, sobrevém ao agente doença mental, tornando necessário 
seu tratamento. Neste caso, sua pena deve ser convertida em medida de segurança. 
O artigo 41 do Código Penal prevê, de início, a internação do agente em hospital de custódia e tratamento 
psiquiátrico: 
Superveniência de doença mental 
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e 
tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. 
O artigo 108 da Lei de Execução Penal possui teor semelhante: 
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de Custódia e 
Tratamento Psiquiátrico. 
Já o artigo 183 do mesmo diploma legal trata da conversão da pena em medida de segurança: 
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou 
perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria 
Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de 
segurança. 
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que o prazo máximo de duração da medida de segurança 
decorrente de conversão da pena, por superveniência de doença mental, é diferente. Neste caso, o máximo 
de duração da medida de segurança seria o tempo que restava da pena que o agente estava cumprindo: 
“Consolidou-se nesta Superior Corte de Justiça entendimento no sentido de que a medida de segurança 
prevista no art. 183 da Lei de Execução Penal é aplicada quando, no curso da execução da pena 
privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, ocasião em que a 
sanção é substituída pela medida de segurança, que deve perdurar pelo período de cumprimento da 
reprimenda imposta na sentença penal condenatória, sob pena de ofensa à coisa julgada.” (STJ, AgRg 
no HC 531438/GO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 18/05/2020). 
 “PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO. SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL. 
CONVERSÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM MEDIDA DE SEGURANÇA. INTERNAÇÃO. 
MANUTENÇÃO. TEMPO DE CUMPRIMENTO DA PENA EXTRAPOLADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 
ORDEM CONCEDIDA. 1. Em se tratando de medida de segurança aplicada em substituição à pena 
corporal, prevista no art. 183 da Lei de Execução Penal, sua duração está adstrita ao tempo que resta 
para o cumprimento da pena privativa de liberdade estabelecida na sentença condenatória. 
Precedentes desta Corte. 2. Ordem concedida.” (STJ, HC 373405, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, 6ª Turma, DJe 21/10/2016). 
 
3.9 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
A extinção da punibilidade, já estudada, impede a imposição ou a execução da pena ao agente. De igual 
modo, no que se refere às medidas de segurança, não é possível a sua imposição

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