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Intoxicação por Medicamentos MSc Pillar Gomide do Valle Antipirético e Anti-inflamatórios Não Esteroides • Paracetamol:entre os medicamentos mais usados na medicina humana. • Devido ao uso frequente, a ingestão por cães e gatos é bastante comum. • Trata-se de um sintético, não opiáceo derivado de p-aminofenol que é rapidamente absorvido pelo TGI. • Gatos são mais sensíveis enzimas hepáticas glucoronil transferase e glutationa < capacidade de metabolizar o paracetamol. • Doses tão pequenas como 10mg/kg provocaram sinais de toxicidade. Não há dose segura!!! • Vômito, inapetência, letargia e ptialismo 4 horas após a ingestão. • De 24 a 72 horas após ingestão, alguns desenvolvem edema facial e dos membros. • Podem ainda apresentar taquipneia, dor abdominal, coloração acastanhada das mucosas (derivado da metahemoglobinemia), urina de cor acastanhada e choque. • Na bioquímica há um aumento da aspartato transaminase (AST). • São também reportadas situações de coma, convulsões e edema pulmonar nos casos de pior prognóstico. Paracetamol Intoxicação - 24 horas após • Sinais Clínicos: Anorexia Vomito Ptialismo Edema subcutâneo Icterícia Cianose Taquipneia Hipotermia • Paracetamol/Acetaminofen –fenacetina • Tratamento: • Oxigenoterapia • Transfusões sanguíneas • Aparecimento dos efeitos tóxicos: • Metemoglobinemia: 2 a 4 hs • Corpúsculos de Heinz logo depois • Enzimas hepáticas: 24 a 36 hs • Objetivos do tratamento: • Repor glutatião • Metemoglobina → hemoglobina • Prevenir necrose hepática Paracetamol/Acetaminofen –fenacetina • Indução do vomito (‐4h) • Carvão ativado: 2g/kg orogástrico (4--‐6h) • Fluidoterapia de suporte • N--‐acetilcisteina (Fluimucil): 140 – 280 mg/kg (0,7 mL a 20%) depois 70 – 140 mg/kg q. 4 hs IV lento (diluído dextrose 5%) ‐ 3 a 5 ttos ou PO (evitar com carvão ativado) se liga ao paracetamol: ↑ eliminação precursor de glutatião (cisteína). • Paracetamol/Acetaminofen –fenacetina • S--‐Adenosil--‐Metionina (SAMe) “nutracêutico” • Essencial em + de 40 reações • Ação anti-inflamatória/antioxidante - Reparação celular • Integridade de membranas celulares (física & funcional). • Indicações: – Intoxicação por paracetamol – Injurias necro‐inflamatórias – Prevenção ou tratamento de hepatotoxicose (farmacos, cobre) – Processos inflamatórios – Anemia decorrente de doença hepática • Doses: – Gatos: 180mg PO SID ou BID – Manipular capsulas entéricas – Administrar em jejum – Toxicidade: sem efeitos adversos Tratamento Êmese Carvão ativado. N-acetilcisteína: administrada o mais rápido possível. Caso o animal esteja consciente é preferível a VO, já que a N- acetilcisteína é absorvida rapidamente - não aprovada para uso IV, mas pode ser administrada a se a substância for manuseada de forma estéril. O carvão ativado e a acetilcisteína oral, devem ser administrados com 2 horas de diferença visto que o carvão ativado absorve a acetilcisteína • A administração de corticosteroides e anti- histamínicos são contraindicados!! • É fundamental que o animal seja monitorado para a ocorrência de metahemoglobinemia, formação de corpos de Heinz, anemia e hemólise. • Se necessário deve-se fazer transfusão sanguínea. • Ácido ascórbico; 30mg/kg PO ou IV BID ou TID, pode ajudar na redução dos níveis de metahemoglobinemia • Cimetidina - 5 a 10mg/kg PO, IM ou IV, pode ajudar na redução da formação de metabolitos tóxicos e prevenir os danos hepáticos. Inibe oxidação citocromo p‐450 fígado. Forma metabolitos não tóxicos Tratamento • S-adenosilmetionina tem sido sugerido como protetor da ocorrência de oxidação eritrocitária na dose de 180mg PO BID durante 3 dias, seguido de 90mg BID durante 14 dias. • Silimarina - 30mg/kg PO como alternativa à N-acetilcisteína tem bons resultados. Tratamento AINEs: • Mais frequentemente envolvidos em intoxicações são: ibuprofeno, aspirina, naproxeno e nimesulida . • Analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios, que atuam através da inibição da enzima COX, bloqueando a produção de PG2α. • Em geral, os AINEs têm uma estreita margem de segurança em cães e gatos, Ibuprofeno • O ibuprofeno, ácido 2-(4-isobutilfenil) propiônico é rapidamente absorvido em cães por VO. • Metabolizado no fígado e transforma-se em diversos 45 metabolitos que são majoritariamente excretados pela urina no espaço de 24horas. • Tem sido recomendado em cães na dose de 5mg/kg, no entanto o uso prolongado nesta dose, pode causar úlceras gástricas e perfurações. • Ulceração e hemorragia do TGI e IRA são os efeitos tóxicos mais comuns. • Também poderá ocorrer depressão do SNC, ataxia, convulsões, hipotensão e sinais cardíacos. • Baixo índice terapêutico em cães e menor ainda em felinos. • Cães com doses < 8mg/kg/dia PO durante 30 dias, apresentaram sinais de IRA como úlceras e hemorragias do TGI. • Doses > 600 mg/kg são potencialmente fatais. • Gatos com a metade 4mg/kg já apresentam sinais de intoxicação! Ácido Acetilsalicílico • A aspirina é usada como anti-inflamatório, analgésica e tem propriedades antitrombóticas. • Atua através da inibição irreversível da COX-1, reduzindo a produção de prostaglandinas e tromboxano. • A diminuição destes compostos, levam a uma diminuição da agregação plaquetária e a uma alteração da hemostasia primária. • É rapidamente absorvido no estômago e a aplicação tópica também leva a absorção sistêmica. • Animais intoxicados por AAS apresentam depressão, taquipneia, convulsões, alcalose respiratória, acidose metabólica, coma, ulceração, necrose hepática e tempo de coagulação aumentado. • Doses de 450 a 500mg/kg podem provocar hipertermia, convulsões e coma. • Gatos x Ac. Glicurônico tempo de excreção maior (cerca de 37,5 horas). • Doses de 325mg BID podem ser fatais em gatos! Naproxeno • Estruturalmente e farmacologicamente semelhante ao carprofeno e ibuprofeno. • Doses de 11,11mg/kg PO durante 3 dias em cães, causaram melena, vômitos, úlceras, fraqueza, anemia regenerativa, aumento da BUN e creatinina e diminuição das proteínas totais. • A toxicidade aguda foi atingida com uma dose de 35mg/kg, com sinais de depressão profunda nas primeiras 24 horas após a ingestão, seguido de hematêmese e melena. • Gatos x Ac. Glicurônico • Existe também o risco de desenvolvimento de IC inerente à exposição a AINEs. Estes são tempo dependente, e o seu uso por curtos períodos é considerado seguro. Nimesulida • AINE relativamente seguro se usado em cães por até no máximo 5 dias na dose de 5mg/kg SID. Tratamento • Hepatoprotetores: – Vitamina E – Ac. Ursodesoxicólico – Silimarina – L-carnitina – Taurina – SAME – N-acetilcisteína Antioxidantes Antioxidantes • Em intoxicações por AINEs, o tratamento envolve a prevenção ou correção da ulceração e perfuração gastrointestinal e monitorização da função renal! • Não há antídoto específico. • Aconselha-se a indução da êmese para ingestões recentes em animais assintomáticos. • A lavagem gástrica deve ser considerada em animais em que a êmese não pode ser provocada. • Após a indução da êmese, deve-se administrar carvão ativado, protetores gastrointestinais e antagonista de receptores de histamina (H2). • O Misoprostol mostrou ser de valor na prevenção de úlceras gástricas, na dose de 2 a 5μg/kg a cada TID PO (apenas em cães!). Misoprostol • Análogo sintético da prostaglandina E1, utilizado para indução de aborto e no tratamento de úlceras gástricas, principalmente aquelas causadas pelos AINES, • Exigência para prescrição: Receituário profissional em 2 vias, com uso permitido somente em ambiente hospitalar cadastrado junto a autoridade sanitária fiscal. • Cães:3µcg/kg q12/VO • Se houver suspeita de dano renal, deve ser instituído o tratamento para IRA Fluidoterapia para aumentar diurese! • Monitorização; hemograma, painel de bioquímicas com creatinina, BUN, fósforo, ALT, AST, FA, GGT e urianálise. • É comum nas intoxicação por AINEs, o aumento das enzimas hepáticas e nestes casos o uso de SAME é indicado. • Em casos de convulsões; diazepam ou barbitúricos. • Desmopressina (Análogo da vassopressina) 1μg/kg SC ou IV diluído em 20ml de solução salina isotônica e administrada lentamente para intoxicações por aspirina (DiMauro & Holowaychuk, 2013).??? Reflitam!!!!!!!!!!!!!! • Aos 30 anos, você tem uma depressãozinha, uma tristeza meio persistente: prescreve-se FLUOXETINA. • A Fluoxetina dificulta seu sono. Então, prescreve-se CLONAZEPAM, o Rivotril da vida. O Clonazepam o deixa meio bobo ao acordar e reduz sua memória. Volta ao doutor. • Ele nota que você aumentou de peso. Aí, prescreve SIBUTRAMINA. • A Sibutramina o faz perder uns quilinhos, mas lhe dá uma taquicardia incômoda. Novo retorno ao doutor. Além da taquicardia, ele nota que você, além da “batedeira” no coração, também está com a pressão alta. Então, prescreve-lhe LOSARTANA e ATENOLOL, este último para reduzir sua taquicardia. • Você já está com 35 anos e toma: Fluoxetina, Clonazepam, Sibutramina, Losartana e Atenolol. E, aparentemente adequado, um “polivitamínicos” é prescrito. Como o doutor não entende nada de vitaminas e minerais, manda que você compre um “Polivitamínico de A a Z” da vida, que pra muito pouca coisa serve. Mas, na mídia, Luciano Huck disse que esse é ótimo. Você acreditou, e comprou. Lamento! • Já se vão R$ 350,00 por mês. Pode pesar no orçamento. O dinheiro a ser gasto em investimentos e lazer, escorre para o ralo da indústria farmacêutica. Você começa a ficar nervoso, preocupado e ansioso (apesar da Fluoxetina e do Clonazepam), pois as contas não batem no fim do mês. Começa a sentir dor de estômago e azia. Seu intestino fica “preso”. Vai a outro doutor. Prescrição: OMEPRAZOL + DOMPERIDONA + LAXANTE “NATURAL”. • Os sintomas somem, mas só os sintomas, apesar da “escangalhação” que virou sua flora intestinal. Outras queixas aparecem. Dentre elas, uma é particularmente perturbadora: aos 37 anos, apenas, você não tem mais potência sexual. Além de estar “brochando” com frequência, tem pouquíssimo esperma e a libido está embaixo dos pés. • Para o doutor da medicina da doença, isso não é problema. Até manda você escolher o remédio: SILDANAFIL, TADALAFIL, LODENAFIL ou VARDENAFIL, escolha por pim-pam-pum. Sua potência melhora, mas, como consequência, esses remédios dão uma tremenda dor de cabeça, palpitação, vermelhidão e coriza. Não há problema, o doutor aumenta a dose do ATENOLOL e passa uma NEOSALDINA para você tomar antes do sexo. Se precisar, instila um “remedinho” para seu corrimento nasal, que sobrecarrega seu coração. • Quando tudo parecia solucionado, aos 40 anos, você percebe que seus dentes estão apodrecendo e caindo. (Entre nós, é o antidepressivo). Tome grana pra gastar com o dentista. Nessa mesma época, outra constatação: sua memória está falhando bem mais que o habitual. Mais uma vez, para seu doutor, isso não é problema: GINKGO BILOBA é prescrito. • Nos exames de rotina, sua glicose está em 110 e seu colesterol em 220. Nas costas da folha de receituário, o doutor prescreve METFORMINA + SINVASTATINA. “É para evitar Diabetes e Infarto”, diz o cuidador de sua saúde(?!). • Aos 40 e poucos anos, você já toma: FLUOXETINA, CLONAZEPAM, LOSARTANA, ATENOLOL, POLIVITAMÍNICO de A a Z, OMEPRAZOL, DOMPERIDONA, LAXANTE “NATURAL”, SILDENAFIL, VARDENAFIL, LODENAFIL ou TADALAFIL, NEOSALDINA (ou “Neusa”, como chamam), GINKGO BILOBA, METFORMINA e SINVASTATINA (convenhamos, isso está muito longe de ser saudável!). Mil reais por mês! E sem saúde!!! • Entretanto, você ainda continua deprimido, cansado e engordando. O doutor, de novo. Troca a Fluoxetina por DULOXETINA, um antidepressivo “mais moderno”. Após dois meses você se sente melhor (ou um pouco “menos ruim”). Porém, outro contratempo surge: o novo antidepressivo o faz urinar demoradamente e com jato fraco. Passa a ser necessário levantar duas vezes à noite para mijar. Lá se foi seu sono, seu descanso extremamente necessário para sua saúde. Mas isso é fácil para seu doutor: ele prescreve TANSULOSINA, para ajudar na micção, o ato de urinar. Você melhora, realmente, contudo… não ejacula mais. Não sai nada! • Vou parar por aqui. É deprimente. Isso não é medicina. Isso não é saúde. • Essa história termina com uma situação cada vez mais comum: a DERROCADA EM BLOCO da sua saúde. Você está obeso, sem disposição, com sofrível ereção e memória e concentração deficientes. Diabético, hipertenso e com suspeita de câncer. Dentes: nem vou falar. O peso elevado arrebentou seu joelho (um doutor cogitou até colocar uma prótese). Surge na sua cabeça a ideia maluca de procurar um CIRURGIÃO BARIÁTRICO, para “reduzir seu estômago” e um PSICOTERAPEUTA para cuidar de seu juízo destrambelhado é aconselhado. • Sem grana, triste, ansioso, deprimido, pensando em dar fim à sua minguada vida e… DOENTE, muito doente! Apesar dos “remédios” (ou por causa deles!!). • A indústria farmacêutica? “Vai bem, obrigado!”, mais ainda com sua valiosa contribuição por anos ou décadas. E o seu doutor? “Bem, obrigado!”, graças à sua doença (ou à doença plantada passo-a-passo em sua vida). • Dr. Carlos Bayma Nunca se esqueçam da redação que fizeram. O que é remédio para você? Obrigada!!!