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05 Psicologia Forense

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Aula 05
Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado)
2021 Pré-Edital
Autores:
Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo
Bilynskyj
Aula 05
2 de Fevereiro de 2021
.
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
1 – Introdução ao Estudo da Psicologia Forense ............................................................................................... 3 
2 – Limitadores e modificadores da capacidade civil e da responsabilidade penal .......................................... 4 
Quadro sinóptico dos limitadores e modificadores da capacidade civil e da imputabilidade penal ............................... 6 
2.1 – Limitadores ou modificadores biológicos .............................................................................................. 8 
2.1.1 – Idade ..................................................................................................................................................................... 8 
2.1.2 – Sexo ..................................................................................................................................................................... 13 
2.1.3 – Emoção e Paixão ................................................................................................................................................. 15 
2.1.4 – Agonia ................................................................................................................................................................. 17 
2.2 – Limitadores ou modificadores psicopatológicos ................................................................................. 18 
2.2.1 – Sono patológico .................................................................................................................................................. 22 
2.2.2 – Surdismo ............................................................................................................................................................. 25 
2.2.3 – Afasia .................................................................................................................................................................. 25 
2.2.4 – Prodigalidade ...................................................................................................................................................... 26 
2.2.5 – Embriaguez ......................................................................................................................................................... 26 
2.2.6 – Toxicomanias ...................................................................................................................................................... 27 
2.3 – Limitadores ou modificadores psiquiátricos ....................................................................................... 34 
2.3.1 – Das personalidades psicopáticas ........................................................................................................................ 35 
2.4 – Limitadores ou modificadores mesológicos ........................................................................................ 38 
2.4.1 – Civilização: silvícolas ........................................................................................................................................... 38 
2.4.2 – Psicologia das multidões ..................................................................................................................................... 39 
2.5 – Limitadores ou modificadores legais ................................................................................................... 40 
2.5.1 – Reincidência penal .............................................................................................................................................. 40 
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3 – Psicologia judiciária .................................................................................................................................... 41 
3.1 – Classificação das provas ...................................................................................................................... 41 
3.1.1 – Confissão verbal .................................................................................................................................................. 42 
3.1.2 – Acareação ........................................................................................................................................................... 42 
3.1.3 – Provas documental ou escrita ............................................................................................................................ 42 
3.1.4 – Presunções .......................................................................................................................................................... 43 
3.1.5 – Prova testemunhal .............................................................................................................................................. 43 
3.1.6 – Indícios ................................................................................................................................................................ 43 
3.1.7 - Depoimento de crianças ...................................................................................................................................... 43 
3.1.8 – Depoimento dos velhos ...................................................................................................................................... 44 
Resumo ............................................................................................................................................................. 46 
Destaques à legislação e jurisprudência ......................................................................................................... 62 
Considerações finais ......................................................................................................................................... 69 
Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 70 
Lista de questões .............................................................................................................................................. 83 
Gabarito ....................................................................................................................................................... 90 
 
 
 
 
 
 
 
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1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA FORENSE 
Guerreiros, 
Há três disciplinas importantes para o tema da nossa aula de hoje, inclusive, com conceitos bem parecidos, 
porém que não podem ser confundidos em provas. São as disciplinas; PSICOLOGIA FORENSE, A 
PSIQUIATRIA FORENSE e a PSICOPATOLOGIA FORENSE. 
A PSICOLOGIA FORENSE estuda limites, quais sejam: 
✓ Normais; 
✓ Biológicos; 
✓ Mesológicos e; 
✓ Legais (da CAPACIDADE CIVIL e da RESPONSABILIDADE PENAL). 
Contudo, não se pode confundir, pois, se falamos em limites modificadores ANORMAIS de qualquer uma 
dessas espécies ou ainda: 
✓ Doenças mentais; 
✓ Oligofrenias (doença que provoca o retardo no desenvolvimento mental de um indivíduo) e; 
✓ Personalidades psicopáticas 
Então, nesses casos, a disciplina pertinente será a PSIQUIATRIA FORENSE e não a Psicologia. 
 
Psicologia forense Psiquiatria forense 
Limites da normalidade Limites e modificadores ANORMAIS 
Limites biológicos Doenças mentais 
Limites mesológicos Oligofrenias 
Limites Legais da capacidade civil e da 
responsabilidade penal 
Personalidades psicopáticas 
 
Por fim, temos também a PSICOPATOLOGIA FORENSE, que é a disciplina chamada para esclarecer 
desordensmentais, relacionadas com a capacidade civil e a responsabilidade penal, subsidiando, 
portanto, esclarecimentos por parte do psicopatologista à autoridade judiciária – a quem não cabe fazer 
diagnóstico, tampouco prognóstico, de ordem médica. 
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Esta é a única perícia que NÃO PODE ser determinada pela autoridade policial, só o órgão jurisdicional tem 
poder para determiná-la (cláusula de reserva de jurisdição), seja de ofício, a requerimento do Ministério 
Público, do defensor, curador, ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do réu. 
 
2 – LIMITADORES E MODIFICADORES DA CAPACIDADE CIVIL 
E DA RESPONSABILIDADE PENAL 
A nossa legislação, civil e penal, indica os institutos que modificam a capacidade civil ou a responsabilidade 
penal do indivíduo. Vale esclarecer que, por vezes, esses institutos são trabalhados de forma expressa, 
outras vezes, implícita. 
 
A. CAPACIDADE CIVIL 
Na forma do art. 1º do Código Civil “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Isso quer 
dizer que qualquer ser humano, sem distinção, tem total possibilidade de adquirir direitos e obrigações. 
Contudo, para o exercício desses direitos e obrigações, é necessário que haja aptidão para adquirir direitos 
e exercer, por si só ou por intermédio de outrem, atos da vida civil. Isso é CAPACIDADE CIVIL. 
 
B. IMPUTABILIDADE PENAL 
Imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser 
juridicamente imputada a prática de fato punível. É a capacidade para ser culpável. 
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A nossa legislação, acompanhando a tendência da maioria das legislações, optou por não defini-la. Limitou-
se a apontar as hipóteses em que a imputabilidade está ausente, falamos então em inimputabilidade 
penal (art. 26, caput, art. 27 e art. 28 do todos do Código Penal). 
Contudo, a doutrina já se posicionou, no sentido de definir as caraterísticas da imputabilidade penal, sob 
argumento de que, indiretamente, o conceito de imputabilidade é: a capacidade mental, inerente ao ser 
humano, no ato (tempo) da ação ou omissão, de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. 1 
Assim, a doutrina majoritária penalista, classifica a imputabilidade penal em 02 (dois) elementos. 
(1) Intelectivo: refere-se à integridade biopsíquica, consistindo na saúde mental que permite ao indivíduo 
o entendimento do caráter ilícito do fato. 
(2) Volitivo: analisa o domínio de vontade. Afirma-se que o agente controla e comanda seus impulsos 
relativos à compreensão do caráter ilícito do fato, determinando-se de acordo com esse entendimento. 
Obviamente, para nós, interessa o primeiro elemento que veremos no decorrer no curso. 
Lado outro, fala-se também em capacidade penal da imputabilidade penal. 
Segundo Petrocelli, “capacidade penal é o conjunto das condições exigidas para que um sujeito possa 
tornar-se titular de direitos ou obrigações no campo de Direito Penal”. 
Contudo, para parte da doutrina a capacidade penal não se confunde com a imputabilidade penal. 
 
CAPACIDADE PENAL IMPUTABILIDADE PENAL 
É fato da competência judicial e se refere a 
momento anterior ao crime. 
Imputabilidade é condição de indicação 
diagnóstica pericial que deve existir no momento 
da infração. 
 
 
1 MASSON, Cleber, Direito Penal Parte Geral. 11ª. Edição. Rio de janeiro: Editora Forense, São 
Paulo: Método, 2017, p.509. 
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Obviamente, parcela da doutrina critica tal diferenciação considerando-a despida de utilidade. Isso porque, 
imputabilidade, contemporânea ao delito, pode não ser sujeito de Direito Penal, por incapacidade surgida 
durante a fase de relação processual, como na superveniência de doença mental, conforme preceitua o art. 
152 do Código de Processo Penal: “Se verificar-se que a doença mental sobreveio à infração, o processo 
continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2o do art. 149. ”2 
Noutra ponta, note que, no tocante à responsabilidade, ensina a doutrina que as trata da “obrigação que 
alguém tem de arcar com as consequências jurídicas do crime.” Certamente ela depende da imputabilidade 
do indivíduo, isso porque, não pode ser responsabilizado senão o que tem consciência de fato antijurídico e 
ainda sim decide executá-lo. 
Dito isso, cumpre-nos apresentar o quadro sinóptico dos limitadores e modificadores da capacidade civil e 
da imputabilidade penal, que interessa à Medicina Legal, a partir das legislações civil e penal brasileiras. 
 
Quadro sinóptico dos limitadores e modificadores da capacidade civil e da imputabilidade 
penal 
Os modificadores e limitadores do sistema biológico são classificados em: 
 
 
2 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1277. 
 
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Veremos a partir de agora cada instituto. 
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M
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A
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ES
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O
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ES
 
Biológicos
Idade 
Sexo
Emoção e paixão
Agonia
Psicopatológicos 
Sono patológico
Sonambulismo
Hipnotismo
Surdimutismo
Afasia
Prodigalidade
Embriaguez
Toxicomanias
Psiquiátricos
Doenças mentais 
Oligofrenias 
Debilidade mental
Imbecialidade 
Idiotia 
Personalidades 
psicopatas
Neuroses
Mesológicos 
Civilização 
silvícolas 
Psicologia das 
multidões 
Legais 
Reincidência 
penal
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2.1 – LIMITADORES OU MODIFICADORES BIOLÓGICOS 
2.1.1 – Idade 
Guerreiros, a idade é importante fator de limitação e modificação de capacidade que está intrinsecamente 
ligada à responsabilidade penal e capacidade civil. Contudo, é necessário estar atento e saber diferenciar 
os impactos sobre aspecto criminal e civil. 
Preliminarmente, destaco os aspectos criminais, pois muito nos interessa. 
 
I) ASPECTO CRIMINAL 
A Idade no Direito Penal pode revelar a imaturidade psíquica ou a incompleta fixação do esqueleto. 
Em relação à imaturidade psíquica, não é demais lembrá-los que se trata de uma atenuante, (18 aos 21 
anos). Já a incompleta fixação do esqueleto ocorre a partir dos 70 (setenta anos). Importante esclarecer 
que a lei possui dificuldades biológicas na classificação dos idosos, uma vez que a idade avançada provoca 
neles, constantemente, alterações fisiológicas da lucidez, atitude, tendências, afetividade e vitalidade, 
tendendo o criminoso senil a tornar-se menos perigoso, chamamos então, de senilidade. 
Importante destacar que, há outros comandos legislativos que define menores como inimputáveis, 
inclusive a orientação constitucional é nesse sentido. Veja o que dispõe o art. 228 da CR: 
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. 
 
 No mesmo interim, o art. 27 do Código Penal: 
TÍTULO III 
DA IMPUTABILIDADE PENAL 
(...) 
Menores de dezoito anos 
 Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas 
estabelecidas na legislação especial. 
Não obstante serem penalmente inimputáveis, estão contudo sujeitos aos preceitos definidos por 
legislação especial. 
Assim, inimputáveis de 14 a 18 anos, porém, delituosos, são cuidados em processos com procedimentos 
diferenciados, como ensina Delton Croce: 
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(...) o juiz determinará sua internação para orientação educacional, ou, se o fato previsto como crime for 
punível com detenção, poderá a autoridade submeter o menor a tratamento ambulatorial por tempo 
indeterminado, em prazo mínimo de 1 a 3 anos, até que perito médico confirme a cessação da periculosidade. 
Ao juiz é dado converter o tratamento ambulatorial em internação do agente menor de 18 e maior de 14 anos, 
em estabelecimento dotado de características hospitalares, se essa providência for necessária, para fins 
curativos. O internando jamais poderá ultrapassar a idade de 21 anos. Nenhum menor de 18 anos irá para 
prisão comum, ficando sempre amparado pelo juízo especial. O menor de 14 anos ficou excluído do direito 
repressivo, sendo vedado, portanto, submetê-lo a processo penal de qualquer espécie (art. 110 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente), mas, também, receberá tratamento médico e educacional adequado às suas 
necessidades, por determinação do juiz de menores. Acertou o legislador pátrio assim agindo, pois o menor 
delinquente, que deveria ser preocupação maior do Estado e retirado das ruas, é um infeliz que, pela boa 
orientação e trabalho, pode ser reeducado e tornar-se útil à sociedade. Somos dos que pensam e propugnam 
que, embora útil a assistência tardia, a profilaxia da delinquência juvenil melhor se faria pela assistência real e 
precoce do Estado aos menores desvalidos da sorte, enteados da incultura e da miséria, pela sua reeducação e 
trabalho nas fazendas-escola e nas indústrias-escola e não nas escolas do crime, como, por exemplo, a antiga 
Febem. Aqui se aplica sabiamente o refrão: antes tarde do que nunca. 
Sabemos que hoje, na forma do Estatuto da criança e do Adolescente (Lei 8069/90), adolescente não 
comete crime, mas ato infracional – condutas declaradas como crime ou contravenção penal, no entanto, 
praticadas por menores. 
Por isso, respondem de forma diferenciada apesar de se submeterem a uma instrução criminal, com oitiva 
de testemunhas, vítimas, objetivando a busca do princípio da verdade real do adolescente e o 
recolhimento das provas pertinentes, aplicando o Juiz competente, medidas socioeducativas, se for o caso. 
Sabemos que o Estatuto da criança e do adolescente não é direito repressivo, ao contrário, visa o bem 
estar das crianças e adolescentes, assegurando por intermédio de leis e outros mecanismos, oportunidades 
e facilidades que contribuíam para o desenvolvimento físico e mental, moral, espiritual e social à cultura, à 
dignidade e lazer. Por isso é que há previsão de inúmeras medidas, conforme demonstra o art. 112, do 
referido diploma. Vejamos: 
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as 
seguintes medidas: 
I - Advertência; 
II - Obrigação de reparar o dano; 
III - Prestação de serviços à comunidade; 
IV - Liberdade assistida; 
V - Inserção em regime de semiliberdade; 
VI - Internação em estabelecimento educacional; 
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a 
gravidade da infração. 
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§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. 
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e 
especializado, em local adequado às suas condições. 
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100. 
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas 
suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 
127. 
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios 
suficientes da autoria. 
Note que há uma série de medidas, como acompanhamento por assistentes sociais e outras e, na forma do 
§ 2º, nenhuma hipótese de internação será aplicada havendo outra medida adequada. 
Noutro giro, às crianças – pessoa com até 12 anos incompletos – cabe a aplicação das medidas específicas 
de proteção elencadas no art. 101, vejamos: 
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, 
dentre outras, as seguintes medidas: 
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; 
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; 
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da 
criança e do adolescente; 
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; 
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e 
toxicômanos; 
VII - acolhimento institucional; 
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; 
IX - colocação em família substituta. 
(...) 
Por outro lado, aos que detém a guarda da criança ou adolescente, as medidas pertinentes aos pais e 
responsáveis, estão elencadas no art. 129 e 130 do estatuto. 
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: 
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da 
família; 
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II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e 
toxicômanos; 
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar; 
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; 
VII - advertência; 
VIII - perda da guarda; 
IX - destituição da tutela; 
X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder familiar. 
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto 
nos arts. 23 e 24. 
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a 
autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia 
comum. 
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a 
criança ou o adolescente dependentes do agressor. 
 
II) ASPECTO CIVIL 
O Código Civil fala em absolutamente incapazes e relativamente incapazes. 
 A partir das alterações legislativas de 2015, somente são considerados absolutamente incapazes os 
menores de 16 (dezesseis anos). 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 
(dezesseis) anos. 
Porém, é importante observar que os menores de 16 anos são absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil, sendo-lhes, portanto, proibido testar, testemunhar em testamentos etc. 
Na outra via, são relativamente incapazes: 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
 III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos. 
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Aqui, importante anotar que são relativamente incapazes a certos atos (art. 171, I), ou a maneira de 
exercê-los (art. 4.º, I, do CC). 
Pessoas com 16 anos podem, por exemplo, casar-se, contudo, exige-se autorização de ambos os pais, ou de 
seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 
 
✓ A menoridade cessa aos 18 anos completos, idade em que o indivíduo, dotado de personalidade 
sadia e íntegra, é responsável pelos seus atos e capaz diante da vida civil. 
✓ A plenitude da capacidade ocorre aos 18 anos, nos termos do art. 5.º do Código Civil. 
 
 
ATENÇÃO!! Se o indivíduo nasceu num ano bissexto, a 29 de fevereiro, a maioridade se dará no 
décimo oitavo ano, a 1.º de março. Se ignorada a data do nascimento, invocar-se-á perícia 
médico-legal para determinação da idade; persistindo a dúvida, pender-se-á pela capacidade 
(in dubio pro capacitate) de exercício ou de fato, ou seja, a autoridade reconhecerá ao 
indivíduo aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, e exercer, por si ou por outrem, atos 
da vida civil. 
✓ A incapacidade do menor também cessará pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do 
outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por 
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos; pelo casamento; pelo 
exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau em curso de ensino superior; pelo 
estabelecimento civil ou comercial; ou pela existência de relação de emprego, desde que, em 
função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria (art. 5.º, parágrafo único, 
do CC). 
 
Por fim, faço duas considerações importantes, que merecem especial atenção. 
(1) Embora civilmente emancipado pelo casamento, continua o menor de 18 anos sujeito à jurisdição 
especial de menores, uma vez que a menoridade criminal não se confunde com a emancipação ou 
maioridade civil resultante da convolação matrimonial ou de outros fatos. 
(2) Capacidade civil pressuposta pela emancipação que ocorre aos 18 anos não pode ser confundida 
com a idade-limite para alistamento militar, nem com a eleitoral. Isso porque, na forma da 
legislação específica, para efeito do alistamento militar, cessará a incapacidade do menor na data 
em que ele completar 17 anos. Na forma do art. 14 da Constituição de 1988, são eleitores 
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obrigatoriamente todos os brasileiros maiores de 18 anos, e facultativamente os maiores de 16 e 
menores de 18 anos. 
 
2.1.2 – Sexo 
De acordo com a doutrina majoritária, a Lei admite o sexo como limitador e modificador da capacidade 
civil, mas não da responsabilidade penal. 
Veja que na esfera do Direito Civil, por exemplo, o homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, 
exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a 
maioridade civil (art. 1517cc). 
Por outro lado, o mesmo diploma legal, art. 1523cc, estabelece causa suspensiva recomendando que não 
devem casar a viúva ou mulher, na seguinte hipótese: 
 
Art. 1.523. Não devem casar: 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do 
começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; 
 
Para evitar a chamada “mistura de sangues” (turbatio sanguinis), salvo se antes de findo esse prazo sofrer 
aborto ou der à luz algum filho. 
É valido saber que, no passado, enquanto existisse vínculo conjugal, eram as mulheres consideradas 
relativamente incapazes pelo nosso diploma legal, porém atualmente, devido ao movimento feminista, as 
restrições civis foram progressivamente deixando de embaraçar. 
Também importante, foi a Convenção Interamericana de Bogotá, em 1948, da qual o Brasil participou. Ela 
incumbiu de excluir-lhes a incapacitação relativa expandindo atos que elas podem exercer sem autorização 
do marido. O Objetivo, obviamente, fora estabelecer uma equiparação relativa dos direitos e dos deveres 
dos cônjuges, outorgando-lhes os mesmos direitos civis de que goza o homem. 
Delton Croce3 nos ensina que a constituição morfofisiopsíquica da mulher é diferente da do homem. 
Ademais, todos os períodos críticos da idade feminina (puberdade, gestação, parto, puerpério, lactação, 
 
 
3 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1283. 
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climatério) e anomalias menstruais (amenorreia, dismenorreia, hipomenorreia, hipermenorreia, 
metrorragia) atuam em graus distintos no psiquismo em algumas mulheres, determinando modificações 
variáveis do humor, da consciência, a emotividade exaltada despersonalizando-as, muitas vezes. 
Essas alterações orgânicas desencadeiam, comprovadamente, perturbações psíquicas e/ou da saúde 
mental apenas em mulheres predispostas por sua natureza fisiológica. 
Por outro lado, na esfera penal não temos nenhuma diferenciação pelo Código Penal em relação à feminae 
(??) delituosa, a qual, da mesma forma do criminoso masculino, portador de doença mental ou 
mentalmente perturbado, será considerada pelo magistrado inimputável ou semi-imputável, nos termos 
do art. 26 e seu parágrafo do mesmo diploma legal, conforme apontar o diagnóstico psiquiátrico--pericial. 
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou 
de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de 
saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Note que, importa o estado mais grave ou menos grave e substancial do fluir mental do agente delituoso 
na ocasião em que comete o delito. Perceba então que, não se admite o sexo, portanto, como 
modificador da imputabilidade penal. 
 
A excepcionalidade apontada no infanticídio não é vista em relação à condição da mãe 
criminosa ser mulher, mas, sim, por encontrar-se mentalmente perturbada durante o parto 
ou logo após. 
Nesse diapasão, é de se lembrar o art. 134 do Código Penal: “Expor ou abandonar recém-
nascido para ocultar desonra própria”, pois, não é apenas a mãe que concebeu ilicitamente 
que pode cometer o delito, mas “também o pai incestuoso ou adúltero” ou “ainda outros 
parentes próximos”4. 
 
 
 
 
4 Andrés A. Balestra, Abandono e exposição de incapaz, Enciclopédia Saraiva do Direito, v. 1, p. 236 
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2.1.3 – Emoção e Paixão 
Nossas emoções e paixões são geradas na região cerebral constituída pelo tálamo, hipotálamo, amígdala, 
hipófise e hipocampo sistema límbico (arquipallium). 
Dessa forma, descargas elétricas no sistema límbico podem desencadear inúmeros sintomas, como por 
exemplo, os semelhantes aos das psicoses ou aos produzidos por drogas psicodélicas ou alucinógenas. 
• HIPÓFISE5: rege funções das demais glândulas endócrinas do organismo, constitui parte íntima da 
região límbica. O desequilíbrio de suas funções determina mudanças de humor, indicativas da 
ligação do sistema límbico com os estados mentais. 
• AMÍGDALA6: é uma pequena inclusão no sistema límbico, em forma de amêndoa, que está 
profundamente implicada, tanto na agressividade quanto no medo. A estimulaçãoelétrica da 
amígdala de animais domésticos tranquilos pode desencadear-lhes estados incríveis de terror ou de 
agitação frenética. Lado outro, a extirpação experimental da amígdala do sistema límbico torna os 
animais de natureza feroz, como o lince, o tigre, o leopardo, extremamente dóceis e suscetíveis de 
se deixarem acariciar, à semelhança de animais domésticos. 
Estes, contudo, não são os únicos sistemas envolvidos. Existe, ainda, no hipotálamo, o sistema 
hipotalâmico ventral. 
Este está associado às formas de comportamento, além de luta ou fuga, reações que frequentemente só 
ocorrem em situações de emergência. 
Para a doutrina, é este o sistema que permite a possibilidade ao indivíduo de aprender a controlar seu 
comportamento de modo a evitar a estimulação desagradável do sistema límbico, objetivando evitar 
conflitos. Parte da doutrina expande esse conceito ao afirmar que hipotalâmico ventral também regula o 
comportamento submissivo dos indivíduos. 
Frise-se que uma parte, pelo menos, do papel determinador da emoção e da paixão nos sistemas 
endócrinos límbicos, como a hipófise, a amígdala, o hipotálamo, é harmonizada através de pequenas 
proteínas hormonais — das quais a mais conhecida é o ACTH (hormônio adenocorticotrópico) —, que 
afetam diversas funções mentais, como a retenção visual, a ansiedade e o prazo da atenção. 
 
 
5 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1284. 
6 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1283. 
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Delton Croce, conta-nos em sua obra que já foram fotografadas e isoladas, com auxílio do microscópio 
eletrônico, pequenas proteínas hipotalâmicas no terceiro ventrículo cerebral, que liga o hipotálamo ao 
tálamo, região também compreendida no sistema límbico. E que também fora recentemente descoberto 
que substâncias idênticas ou similares às liberadas nas sinapses do sistema nervoso vegetativo e periférico 
estão no cerebrum. 
Como exemplos: 
✓ NORADRENALINA, importante transmissor sináptico no cérebro, nas terminações nervosas, parece 
ser o transmissor do sistema ativador límbico; 
✓ ACETILCOLINA, que, além de transmissor sináptico em determinadas áreas do cérebro, atua no 
sistema hipotalâmico ventral mediano, que, sabe-se hodiernamente, está associado ao 
“comportamento preventivo de traumatismos”; 
✓ DOPAMINA, transmissor sináptico da mímica involuntária de comunicação. 
Outros aspectos também determinados em grande parte pelo sistema límbico são os altruísticos, 
emocionais e religiosos. 
Por fim, é valido esclarecer que o mau funcionamento do sistema límbico, tanto por hipo quanto por 
hiperestimulação natural ou artificial, pode produzir 
✓ Raiva, 
✓ Medo ou 
✓ Excesso de sentimentalismo, 
Nesses casos, indivíduos afetados podem ser tomados erroneamente por loucos, mas que, também, é 
neles que se forma a violenta emoção a que se refere a lei. 
Bem, fato é que, tanto a emoção como a paixão trabalham no organismo, podendo alterar a frequência do 
pulso, o débito dos batimentos cardíacos, movimentos respiratórios, sudorese, diurese chegando a 
possibilidade de influenciar no aumento da glicemia e acidose sanguínea, frequentemente, dos ácidos 
graxos livre. Também podem influenciar funções psíquicas, bloqueando voluntariamente a inteligência e 
determinando o automatismo. 
Contudo, é importante esclarecer que somente a emoção patológica tem condão de causar inconsciência 
completa, consequência da perda de memória nos predispostos. Por esta razão, o código penal não 
considera emoção ou paixão como excludentes de culpabilidade penal, mas tão somente as reconhece 
como atenuantes da pena ao agente. 
Dessa forma, pode-se concluir que, a emoção e a paixão não anulam crimes, porém, embora não excluam a 
responsabilidade penal, podem, atendidas determinadas circunstâncias, justificar redução da pena. 
 
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2.1.4 – Agonia 
A agonia é espécie usada pela Medicina Legal para informar à justiça sobre a presunção da capacidade civil 
de pessoas que apresentam enfraquecimento geral das funções, também conhecido como caquéticos e 
ainda, dos moribundos lúcidos, intitulados como aqueles que não estão em estado de delírio ou de 
sonolência. Anote que, neste último caso, a lei permite o indivíduo testar, casar in extremis, doar e 
testemunhar. 
 Assim, moribundo é toda pessoa que vive nas proximidades da morte. 
 
 
Importante lembrar que a legislação exige lucidez, ou seja, que o indivíduo para realizar certos 
atos da vida civil, esteja em juízo perfeito e condições de expressar a sua vontade. 
 
Por outro lado, não se pode confundir a enfermidade grave ou idade avançada com o exposto acima, isso 
porque elas, por si só, não são impedientes da realização desses atos da vida civil, desde que a mente não 
esteja afetada, óbvio, tampouco haja efetiva involução senil. Significa que, mesmo na proximidade da 
morte, esses atos civis terão validade ainda que elaborados momentos antes do óbito se o indivíduo, são 
de espírito, manifestar consciência, discernimento e perfeito juízo. 
Obviamente, é direito dos herdeiros, pós a morte do moribundo questionar sobre a validade do 
ato de última vontade, por isso, na lavratura de documentos públicos de agonizante lúcido, é devido a 
presença de médico, se possível especialista, e de testemunhas idôneas (art. 1.864, II, do CC), para 
ajuizarem, de comum acordo, das plenas faculdades psíquicas, e a atuação voluntária (voluntatis nostrae) 
sem influência estranha, pressuposta no Código. 
 
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2.2 – LIMITADORES OU MODIFICADORES PSICOPATOLÓGICOS 
Como vimos no nosso quadro sinóptico, são limitadores ou modificadores psicopatológicos: 
 
Passaremos à análise de cada um deles. 
De acordo com a neurofisiologia, há três estados mentais nos seres humanos, comprovados pelo 
eletroencefalograma – que registra padrões distintos das ondas cerebrais –, são eles: 
I. Vigília 
II. Sono 
III. Sonho 
A partir desses estados, classifica-se eletroencefalograficamente o sono em dois tipos: 
• Sono sem sonhos (sono de onda lenta) e; 
• Sono com sonhos (sono paradoxal) 
No organismo acordado, durante um prolongado espaço de tempo, o sono é desencadeado pela produção 
de substâncias neuroquímicas, que, atuando no tronco cerebral ou ponte rombencefálica, literalmente 
forçam-no a dormir. Tem sido demonstrado experimentalmente que os animais privados de sono geram 
D
O
S 
LI
M
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A
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O
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M
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A
D
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Psicopatológicos 
Sono patológico
Sonambulismo
Hipnotismo
Surdimutismo
Afasia
Prodigalidade
Embriaguez
Toxicomanias
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essas moléculas neuropsíquicas no líquido cefalorraquidiano, o qual, injetado em animais perfeitamente 
despertos, provocam o sono7. 
 
Michael Jouvet8 Penfield9 William Dement10 
Indica o tronco cerebral ou ponte 
rombencefálica como o centro 
do sono. 
Desencadeou um estado de 
vigília semelhante ao dos sonhos 
destituídos de seus aspectos 
simbólicos e fantasiosos pela 
estimulação elétrica do lobo 
temporal, e, abaixo deste, no 
neocórtex e na amígdala do 
complexo límbico, nos 
epilépticos. 
Inversamente, descargas 
elétricas sobre a amígdala de 
indivíduo sadio podem provocar 
crises epileptiformes. A 
estimulação elétrica pode, ainda, 
desencadear grande partedo 
conteúdo afetivo dos sonhos, 
inclusive o medo. 
Estudando o estado onírico 
detectado por eletrodos fixados 
às pálpebras durante o sono, 
observou que, nos sonhos, 
ocorrem movimentos oculares 
rápidos (MOR) e um padrão 
peculiar de ondas cerebrais no 
eletroencefalograma. Esse autor 
descobriu, ainda, observando o 
MOR e o eletroencefalograma, 
que todos os indivíduos, mesmo 
os que não se recordam de ter 
sonhado, sonham; e, quando 
despertados no período inicial da 
manifestação do MOR, admitem, 
surpresos, que sonharam. Por 
último, afirma que os homens e 
os mamíferos sonham 
frequentes vezes durante o 
mesmo sono. 
 
 
7 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1288. 
8 Neurologista da Universidade Lyon 
9 Um dos maiores neurocirurgiões canadense 
10 Psiquiatra da universidade de Stanford 
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Já o sono paradoxal é fundamental para a sobrevivência do ser humano, pois como explica Delton11, 
quando seres humanos ou outros mamíferos são acordados assim que surgem os padrões característicos 
do MOR e do EEG, a frequência de sonhos se eleva por noite e, persistindo ininterruptamente o período de 
privação do sono por alguns dias, ocorrem alucinações, quer dizer, sonos acordados, perturbações mentais 
e mesmo morte. 
Vale dizer que, em regra, o sono não é modificador da capacidade de imputação. 
 
Porém, há casos de indivíduos extremamente nervosos e, portanto, sugestionáveis que, na influência de 
sono e sonhos anormais comentem de forma inconscientemente os mais diversificados atos. Nestes casos, 
observando o caso in concreto e a depender da situação o sono anormal pode ser invocado como 
atenuante, dirimente ou agravante. 
Neste sentido, será: 
• Atenuante ou dirimente: se for possível alegar a favor do agente as circunstâncias previstas no art. 
26 e seu parágrafo do Código Penal, sic: “art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença 
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da 
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo 
com esse entendimento”. 
• Agravante: se o fato criminoso (lesão corporal, homicídio, estupro) ocorreu aproveitando-se o 
agente do sono natural da vítima, por exemplo. 
Não obstante a teoria fornecer elementos, a perícia ainda encontra dificuldades, no sentido de constatar se 
o sono e os sonhos anormais são constantes. Veja algumas das dificuldades periciais ainda existentes: 
Dificuldades para constatar sonhos anormais: 
 
 
11 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1289. 
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➢ No agente e/ou 
➢ Em pessoas da mesma família, 
➢ O tempo de duração e as características do sonho, 
➢ Se o fato ocorreu durante o sono, 
➢ Se a atitude de consciência do indivíduo, 
➢ Acordado, diante do fato, sem esquecer que muitos sonhos são seguidos de amnésia. 
Apurará, ainda, possível histeria ou epilepsia. 
 
Outra fase que merece destaque é a “embriaguez do sono”. Isso porque, é esta a fase que antecede ou 
subsegue o sono. Aqui, a percepção do mundo exterior não está ainda completamente restabelecida pelo 
retorno da vigília. Falamos então que o indivíduo se encontra no estado da semi-vigilia (dormiveglia), uma 
vez que a pessoa vê, entende, porém os sentidos da visão e audição, em vez de objetos reais, traduzem 
apenas impressões ilusórias e aparições produzidas pela própria fantasia. 
Nestes casos, é possível que o acordar abrupto, pode originar reação confusa duradoura, podendo gerar 
reações confusas que duram desde alguns segundos, até poucos minutos, desconhecimento delirante ou 
ilusório da realidade, angústia afetivo-impulsiva, capazes de levar o sonolento a cometer graves delitos, 
voltando-se, às vezes, contra os que dele estiverem mais próximos, pôr os julgar seus inimigos 
imaginários. Posteriormente, ocorre o completo restabelecimento da consciência. O Professor Delton 
Croce, cita em suas obras, a título de exemplo, o conhecido caso de Bernardo Schidmaidzig que, 
despertado repentinamente, vislumbra uma figura espectral dirigindo-se em sua direção; aterrorizado, 
como que dotado de uma mola, levanta-se de inóspito e, antes ainda de ter recobrado a claridade da 
consciência e de orientação, assim “embriagado pelo sono”, toma de um machadinho e mata sua mulher, 
adormecida a seu lado. Outro exemplo é o do soldado, adormecido em estado de alerta, que, ouvindo o 
toque de clarim anunciando a alvorada, supôs um inesperado ataque do inimigo, sacou sua arma e atingiu 
os que se achavam em derredor de si. 
Nesse sentido, para Carrara, descartada a possibilidade de tratar de um estado de sono alcoólico, um 
estado crepuscular epiléptico ou um estado crepuscular psicógeno, restando demonstrado ter o delito sido 
cometido estando o agente “embriagado de sono”, será ele considerado como irresponsável, posto que 
seus atos são “puramente maquinais e não estão dirigidos por uma vontade racional nem pela consciência 
das próprias operações”. 
 
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2.2.1 – Sono patológico 
Para Delton Croce, o sono é um estado fisiológico normal, periódico, caracterizado pela redução da 
atividade corporal, relaxamento natural dos órgãos dos sentidos e do tono muscular, postura horizontal e, 
muitas vezes, semi-sentada, e suspensão do estado consciente.12 
Nesse sentido, o sono patológico é classificado em sonambulismo e hipnotismo. 
 
A) Sonambulismo 
O sonambulismo é classificado como um sintoma de perturbação mental, mais frequente na infância que 
na idade adulta. Noutras palavras, é um sonho que se executa durante o sono. Dessa forma, o 
sonambulismo é uma fase inconsciente que se estabelece entre o sono natural e o patológico, implicando, 
consequentemente, em verdadeiro estado de dissociação mental similar ao transe histérico, com 
ofuscamento de alguns sentidos. Porém, neste período, a atividade locomotora do indivíduo é mantida. 
Obs.: Por isso, nestes casos, é comum o indivíduo levantar do lugar onde dorme, e, com os olhos abertos, - 
já que somos guiados pelo sentido da visão-, vagueando e desviando de objetos em seu caminho. 
Da mesma forma, o sonâmbulo também tem o sentido táctil exaltado, vendo, ouvindo e 
entendendo apenas o que se refere ao sonho, por isso é que, - quando parado, não responde -, em geral 
reconhecendo inconsciência na prática dos atos, pois na manhã seguinte, acordado, não guarda lembrança 
do ocorrido. 
Mas cuidado, não se pode confundir sonambulismo e semissonambulismo. 
 
 
 
12 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1290. 
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Semissonambulismo é automatismo do sono no qual o indivíduo adulto, meio desperto, 
influenciado por rotina bastante complexa, pratica atos simples como abrir janelas e olhar para 
fora, recordando a posteriori, apenas uma parte do episódio. 
É muito raro, quase inadmissível, que o noctambulismo se produza como fato isolado e que um 
indivíduo que nunca o apresentou, quer na sua infância, quer em sua mocidade, se torne 
sonâmbulo, de um momento para o outro, sem mais aquelas, ou apenas sob a forte impressão 
fugaz de um momento.13 
 
Foderè14 conta o caso de um monge sonâmbulo que, em se inimizando com um seu confrade, armou-se de 
uma facae adentrou-lhe o quarto desferindo vários golpes contra o leito, só não se consumando o intento 
assassino porque seu desafeto lá não se encontrava; após, saiu, fechou a porta e retornou, ainda 
sonambulando a seu quarto, consoante testemunha ocular. 
Perceba, então, que em situação de noctambulismo podem ser cometidos atos delituosos; in casu, porque 
o sonambulismo modifica a capacidade de imputação, por isso, não é exagero julgadores optar pela 
irresponsabilidade, e pela inexistência de culpabilidade subsequentes mesmo que haja ratificação do 
agente. 
Vale destacar que o perito não deve descartar a possibilidade de simulação, atendo-se aos antecedentes 
do examinando, sua idade, estados mórbidos (neuroses, epilepsias, disritmia) e aos informes 
circunstanciais auxiliares na elucidação da ocorrência. 
 
B) Hipnotismo 
Por outro lado, o hipnotismo é o processo para produzir estado de transe que submete o indivíduo 
hipnotizado – de forma limitada – à influência do hipnotizador. Delton Croce, em sua obra de manual sobre 
o tema, traz o conceito de importantes figuras sobre o tema: 
• Para Schneck, hipnotismo é um fenômeno regressivo, conduzindo o indivíduo 
ao mais primitivo nível de funcionamento psicofisiológico. 
 
 
13 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva. 2011, p. 1291. 
14 Traitè de medicine legale, 1813, v. 1, p. 250 
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• Já Solovey de Milechnin, diz tratar-se de uma forma de proteção psíquica que ativa, 
regressivamente, padrões iniciais de comportamento. Cuida-se de um desdobramento da 
personalidade obtido sob influência de sugestões verbais, sons monótonos prolongados 
ritmicamente, compressão de zonas histerógenas, fixação de objeto em movimento pendular, 
fixação de objeto luminoso (reflexo de Braid), com variados estados de sono. É o sonambulismo 
provocado. 
 
 
C) Estados do Hipnotismo 
Psiquiatras Franceses, como Charcot, psiquiatra da Escola de Salpêtrière, fala em 03 (três) estados de 
hipnose: 
 
Porém, para doutrinadores brasileiros, essa classificação não é admitida. Nesse sentido, Delton Croce traz 
severas críticas à divisão e explica que “essas famosas fases hipnóticas de Charcot não existem ou, então, 
mesclam-se sem delimitação e foram inventadas por ele, aplicadas aos seus indivíduos histéricos, e aceitas 
pelos discípulos graças à potente influência sugestiva do Mestre.”15 
Bem, é certo que o tema ainda não é pacificado. Se para muitos a hipnose só é possível em histéricos e 
neuróticos, negando ser o hipnotizado autômato nas mãos do hipnotizador, para outros, a hipnose é fato 
fisiológico; é um sono que pode ser provocado em indivíduos sãos. 
Além disso, também há quem pretenda harmonizar as divergências doutrinárias. Neste caso, prevalece que 
o hipnotizado só fará o que for capaz de fazer no estado normal. Nesse sentido, a prática tem demonstrado 
que o hipnotizado, mentalmente sadio, reage e acorda mediante sugestões e ordens verbais contrárias aos 
seus princípios éticos e morais. 
Vale esclarecer que não consta registrado, nem mesmo nas crônicas policiais, crimes cometidos 
insofismavelmente por indução hipnótica. Daí porque, essa tese ainda não pode ser aceita como atenuante 
ou dirimente alegação de estado hipnótico ao indigitado autor de crime. Por outro lado, certamente, 
poderá ser agravante na hipótese em que a vítima do atentado criminoso se encontrar hipnotizada. 
 
 
15 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1291. 
h
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n
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se Letargia
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Catalepsia 
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se Sonambulismo
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2.2.2 – Surdismo 
O surdimutismo, como a afasia, resulta de uma parada de desenvolvimento ou de lesão grave de área 
cerebral, o que confere ao mouco-mudo deficiência mental limitadora e modificadora da capacidade civil e 
da responsabilidade penal.16 
Contudo, é válido observar que a surdo-mudez, todavia, só por si não é suficiente para determinar a 
incapacidade, obrigando-se para tal que não possa o deficiente, por modo algum, manifestar a sua 
vontade. 
 
2.2.3 – Afasia 
A afasia resulta de parada de desenvolvimento ou de grave lesão congênita ou adquirida, podendo ainda, 
ser dependente de patologias nervosas ou mentais17. 
Noutras palavras, a afasia é a impossibilidade de falar. Pode ser a perda total ou parcial da fala. 
Importante esclarecer que o afásico é o indivíduo que não se confunde com demente, não possui nenhuma 
alteração do órgão fonador – por isso, não há que ser falar em áfono, nem disártrico, nem cego, nem 
surdo, porém é incapaz de exprimir-se por meio de palavras ou da escrita, ou incapaz de compreender a 
palavra falada ou escrita. 
Para Delton Croce, embora as legislações vigentes não façam referência expressa aos afásicos, 
evidentemente eles são enquadráveis no art. 26, no âmbito criminal, e nos arts. 3.º, II, 228, 1.767, II, 1.772 
e 1.776, do Código Civil, sendo a afasia um estado mórbido modificador da capacidade civil e da capacidade 
imputatio poenalis. 
 A partir disso, pode-se concluir que há, no entanto, casos raros de afásicos, civilmente capazes, que 
podem exprimir conscientemente a sua vontade. 
 
 
 
16 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1293. 
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Saraiva. 2011, p. 1293. 
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2.2.4 – Prodigalidade 
O pródigo é previsto legalmente, especificamente no Código Civil e considera-se pródigo aquele que, sem 
justificativa, esbanja insensatamente. Entende-se por insensato aquele que dilapida seus bens e haveres, 
comprometendo a estabilidade econômica de seu patrimônio ou fortuna. 
Para o código civil, esses são os incapacitados relativos: 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
IV - os pródigos. 
Isso significa que a incapacidade é em relação a certos atos ou ainda a maneira de exercê-los. Nesses casos 
não há proibição, por exemplo, de atos de mera administração, ou ainda de casar-se e exercitar outros 
direitos. 
Porém, é necessário estar atento, pois se a prodigalidade for de protótipo a comprometer os haveres do 
psicopata, a curatela é medida que se impõe como forma acauteladora. 
Por fim, é válido lembrar que em casos de interdição do pródigo, esta pode privá-lo de, sem curador, 
emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado e praticar, em geral, os 
atos que não sejam de mera administração. 
 
2.2.5 – Embriaguez 
Tratamos deste tema na aula de Toxicologia Forense. Lá explicamos que o álcool, uma vez ingerido, age no 
organismo, especialmente no sistema nervoso e poderá produzir desde embriaguez até psicose alcoólica. 
A intoxicação alcoólica compreende: EMBRIAGUEZ e EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA. 
 
• EMBRIAGUEZ 
EMBRIAGUEZ: é intoxicação alcoólica, ou por substância de efeitos análogos, aguda, imediata e passageira. 
Divide-se a embriaguez, nas seguintes fases: 
• De excitação, ou subaguda (fase do macaco) - é a ebriedade incompleta, em que o indivíduo se 
torna irrequieto, agitado, falador, eufórico, a consciência ainda impede alguns atos e determina o 
comportamento social. O indivíduo possui, ainda, consciência do que faz, sendo, portanto, 
penalmente responsável pelos atos que vier a cometer; 
• De confusão ou aguda (fase do leão) - é a que constitui periculosidade, tornando-se o ébrio 
insolentee agressivo, apresenta fala desconexa, delírios, apetite desordenado, vaidade, 
perversidade, fanatismo. É a embriaguez completa; e 
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• Do sono, comatosa ou superagudo (fase do porco) – também é embriaguez completa em que o 
ébrio fica inconsciente, em sono profundo. 
 
• EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA 
Por outro lado, a EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA: comumente se manifesta nos descendentes de alcoólatras, 
nos predispostos e tarados e em personalidades psicopatas, desencadeando acessos furiosos e atos de 
extrema violência, mesmo sob ingestão de pequenas doses de álcool. 
É uma forma especial de intoxicação alcoólica aguda, que causa transtornos psíquicos manifestados desde 
a excitação eufórica até o coma alcoólico. 
A embriaguez patológica apresenta quatro tipos: 
1) Embriaguez agressiva e violenta — o ébrio torna-se agressivo e violento. 
2) Embriaguez excitomotora — o ébrio, inquieto, é acometido de raiva destrutiva seguida de 
amnésia lacunar. 
3) Embriaguez convulsiva — impulsos destruidores seguidos de crises epileptiformes. 
4) Embriaguez delirante — delírios com ideias de autoacusação e de autodestruição, 
sobrevindo tendência ao suicídio. 
 
 
2.2.6 – Toxicomanias 
Falamos sobre este tema também na aula de Toxicologia Forense, dessa forma, convém nos lembrar 
algumas definições importantes que são exploradas em provas. Vamos a elas: 
 
• Tóxico 
É qualquer substância de origem animal, vegetal ou mineral que, introduzida em quantidade 
suficiente num organismo vivo, produz efeitos maléficos, podendo ocasionar a morte. 
• Drogas tóxicas 
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São substâncias químicas naturais ou sintéticas, que têm a faculdade de agir sobre o sistema 
nervoso central, com tendência ao tropismo pelo cérebro que comanda o corpo, alterando a 
normalidade mental ou psíquica, desequilibrando a conduta e a personalidade. 
• Toxicomania ou toxicofilia 
Designa o hábito ao uso de narcóticos e/ou de psicotrópicos. Segundo o Comitê dos Peritos da 
Organização Mundial de Saúde (OMS), “é um estado de intoxicação crônica ou periódica, 
prejudicial ao indivíduo e nociva à sociedade, pelo consumo repetido de determinada droga, 
seja ela natural ou sintética”. 
• Dependência psíquica 
Dependência psíquica é o estado manifestado por compulsio psykhikos. Incontida de consumir 
a droga, periódica ou continuamente, para obter prazer ou alívio de desconforto ou evitar um 
mal-estar. 
• Dependência Física 
Dependência física é o estado de adaptação que se manifesta pelo surgimento de intensos 
transtornos físicos ou síndrome de abstinência quando, seja por qual motivo for, a ministração 
da droga é suspensa. 
• Viciado 
Viciado é o dependente da droga que não a comercia nem a distribui a outros viciados. 
Importante observar que: 
(1) nos termos da orientação exarada pela OMS, o termo viciado caiu em desuso, tendo sido 
substituído pela palavra dependente, que melhor se adapta à legislação quando esta se refere 
“às substâncias entorpecentes, ou que determinem dependência física ou psíquica”. 
(2) Na nossa legislação sobre tóxicos não existe ainda e não há previsão de semi-dependência. 
 
São as características que sobressaltam aos indivíduos com hábito ao uso de narcóticos; 
✓ Invencível desejo ou necessidade (obrigação) de continuar a consumir a droga ou de procurá-la por 
todos os meios; 
✓ Tendência a aumentar a dose; 
✓ Dependência de ordem psíquica (psicológica) e física em face dos efeitos da droga. 
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Dessa forma, quando o dependente sofre supressão da substância tóxica, sofre a síndrome ou reação de 
abstinência. 
São importantes exemplos de toxicomania frequente no Brasil: 
➢ Morfinomania 
➢ Heroinísmo 
➢ Cocainomania 
➢ Canabismo 
➢ Drogas psicotrópicas em geral (Psicolépticos, Psicanalépticos, Psicodislépticos e Panpsicotrópicos). 
Guerreiros, como já estudamos o assunto, farei breves lembretes acerca dos temas, contudo, sugiro que, 
se ainda assim, você tiver dúvidas, remeta-se à respectiva aula. 
 
1. MORFINOMANIA 
Tem uso bastante comum para tratamento da dor. Age, principalmente, sobre o sistema nervoso central, 
por uma combinação de efeitos depressores e estimulantes, e sobre a musculatura lisa, provocando 
contração. Dessa forma, dependendo da dose, exerce a morfina uma ação narcótica manifestada por 
analgesia, sonolência eufórica, incapacidade de concentração, raciocínio dificultoso, apatia, abulia, 
diminuição sensível dos movimentos respiratórios. Quando usada de forma crônica, o dependente 
apresenta anorexia, broncopneumonia, distúrbios vasculares, hiporreflexia, pupilas puntiformes, apatia e, 
às vezes, amoralidade, impudicícia e ausência de afetividade. 
Quando há envenenamento agudo pela morfina, ocorre cianose, por intensa depressão respiratória, miose 
bilateral, hipotensão arterial, anormalidade cardiovascular e coma profundo. 
Obs.: Coma é a síndrome caracterizada pela perda de consciência, da sensibilidade e da motilidade 
voluntária, com permanência da função cardiorrespiratória. 
 
2. HEROINÍSMO 
Inicialmente era usada como xarope. Geralmente é administrada por via hipodérmica. Produz maior 
euforia e excitação, com doses menores do que as da morfina. Produz maior excitação do sistema nervoso 
central. Tem a forma de pó branco e cristalino que é diluído e injetado no usuário. 
SINTOMAS DO USO 
- Euforia; 
- Disposição; 
- Alegria; 
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Obs.: O uso contínuo pode causar náuseas, vômitos, delírios, convulsões, bloqueio do sistema respiratório 
e morte de forma fugaz. 
 
3. COCAINOMANIA 
Conforme ensina o Mestre Genival Veloso18, é um alcaloide de ação estimulante, extraído das folhas da 
coca. Esse vegetal é um arbusto sul-americano. 
É um poderoso estimulante do sistema nervoso central. 
É utilizada geralmente por meio de aspiração nasal, mas pode ser injetada (endovenosa) e; raramente 
ingerida. 
Não é demais lembrá-los, que a cocaína se apresenta na forma de pó branco para ser aspirado como: 
✓ Rapé, por fricção da mucosa gengival ou; 
✓ Diluído e aplicado como injeção. 
✓ “Poeira divina”, de uso mais largo entre os rufiões e elegantes prostitutas, ou, como mais 
recentemente, entre os membros da fina flor da sociedade burguesa. 
Colocado na mucosa nasal por aspiração, é esse alcaloide absorvido rapidamente para o organismo. A 
continuação do uso da cocaína por via nasal termina perfurando o septo nasal, lesão esta muito 
significativa para o diagnóstico da cocainomania. 
 
CARACTERÍSTICAS DO USUÁRIO 
Um dos fatos que mais chama a atenção em um viciado por essa droga é o contraste arrasador 
entre uma decadência física lamentável e um humor imoderado e injustificável. Os olhos do 
drogado por cocaína são fundos, brilhantes, de pupilas dilatadas. Há um tremor quase 
generalizado, mais predominante nos lábios e nas extremidades dos membros. Tiques nervosos 
e excitações repentinas. 
 
Na intoxicação aguda pela cocaína o paciente apresenta uma série de sintomas, quais sejam: 
 
 
18 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.2015 p. 856 
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a. Psíquicos: excitação motora, agitação, ansiedade, confusão mental e loquacidade; 
b. Neurológicos: afasia, paralisias, tremores e, às vezes, convulsão; 
c. Circulatórios:taquicardia, aumento da pressão arterial e dor precordial; 
d. Respiratórios: polipneia e até síncope respiratória; secundários: náuseas, vômitos e oligúria. 
É tão grave a nocividade dessa droga que, mesmo depois da cura pela desintoxicação, o viciado não se 
recupera das lesões mais graves do sistema nervoso. Tem estados depressivos e de angústia, alucinações 
visuais e tácteis, delírios de perseguição e complexo de culpa. Envelhece muito precocemente, e a morte é 
quase sempre por perturbações cardíacas. 
A cocaína (benzoilmetilecgonina ou éster do ácido benzoico) é extraída da planta erytroxylon coca, 
originária da América Central e América do Sul. 
 
SINTOMAS DO USUÁRIO 
- Vive o presente; 
- Euforia; 
- Bem-estar; 
- Dificuldade de demonstrar emoções; 
- Delírios de perseguição; 
- Excitação; 
- Insônia; 
- Emagrecimento; 
- Impotência; e 
- Frigidez. 
Quando utilizada dosagens frequentes e excessivas, provoca alucinações táteis, visuais e auditivas, 
ansiedade, delírios, agressividade e paranoia. 
É uma droga que causa dependência física e química. 
A falta da droga (efeito rebote ou rebordose) provoca quadro de tristeza, ansiedade e pânico. 
Embora o dependente com o passar do tempo perca o prazer de usar a droga ele continua a consumi-la 
para evitar os efeitos do não uso (síndrome de abstinência). 
O uso da cocaína aumenta a pressão arterial, desencadeando arritmias, enfarte do miocárdio, podendo 
provocar AVC, problemas respiratórios e convulsões. A morte por overdose geralmente ocorre em 
decorrência de complicações cardíacas. 
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Obs.: Nariz de rato é o nome dado à perfuração do septo nasal apresentada em usuários crônicos de 
cocaína inalada. 
Se mulheres grávidas fizerem uso de cocaína esta atravessa a placenta e atinge o feto causando 
retardamento no desenvolvimento, cardiomiopatias, distúrbios no comportamento, microcefalia e morte 
intrauterina. 
É possível detectar a presença de cocaína por meio da urina, do sangue, da saliva e do conteúdo intestinal 
do feto (mecônio). 
 
- Na urina permanece até 3 (três) dias do consumo. 
- No cabelo até 03 meses do consumo. 
 
São derivados da cocaína que merecem destaque: 
A. CRACK 
O crack tem um efeito muito semelhante ao da cocaína, entretanto, percebido mais rapidamente e com 
poder maior de viciar e produzir danos. Praticamente ele é constituído da pasta base da cocaína, como um 
subproduto, e por isso é muito mais usado entre os viciados de poder aquisitivo reduzido. Seu uso é 
através da aspiração em cachimbos improvisados e é apontado como a droga mais usada nas cidades do 
Sul e Sudeste do Brasil19. 
 
 
19 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.2015 p. 856 
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 EFEITOS TÓXICOS 
Os efeitos sobre o cérebro são muito parecidos com os da cocaína: 
Dilatação das pupilas; 
Irritabilidade, 
Agressividade, 
Delírios e; 
Alucinações. 
Com o tempo, o usuário de crack começa a apresentar uma sensação de profundo cansaço e de 
grande ansiedade. 
 
B. MERLA 
A Merla é contraída da pasta crua da coca sendo complementada por ácido sulfúrico, ou querosene, ainda 
pode ser por cal virgem. Note, portanto, que o nível de impureza é altíssimo. 
Vale dizer que a soma do ácido sulfúrico gera o sulfato de cocaína. 
Importante o destaque de que a merla pode ser fumada pura, misturada ao cigarro ou ainda à maconha, 
neste caso, vulgarmente conhecido como bazuca. 
 
C. OXI ou OXIDATO 
O Oxi é uma variedade do crack (droga sintética) mais potente e letal (pode matar em duas semanas se 
consumida todos os dias). É obtido da mistura da pasta base da cocaína com querosene, gasolina, cal 
virgem ou solvente. 
Geralmente é consumida em uma mistura com o cigarro comum ou com o cigarro de maconha ou, ainda 
fumada em cachimbos de fabricação caseira, assim como o crack. O nome oxi é uma abreviação de óxido 
ou oxidado e, se deve ao fato da droga liberar uma fumaça escura ao ser usada, deixando um resíduo 
marrom, de cor semelhante ao da ferrugem (oxidação dos metais). O oxi age no sistema nervoso central e 
proporciona sensações de prazer, alívio, angústia ou paranoia, essas sensações dependerão das 
características do usuário. O uso prolongado aumenta as chances de doenças como cirrose e o acúmulo de 
gordura no fígado. 
O usuário introduz a droga no organismo por duas vias: hipodérmica subcutânea e aspiração nasal do pó de 
cocaína chamado “neve”. 
 
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D. FREEBASING 
É o resulto da transformação do cloridrato de cocaína em cristais de cocaína, que são esmagados e 
fumados em tudo de vidro especial. 
Para visualizar os demais tipos, acesse a aula de Toxicologia. 
 
2.3 – LIMITADORES OU MODIFICADORES PSIQUIÁTRICOS 
A personalidade normal ainda não obteve uma definição certa e precisa. Doutores, Mestres, Psicólogos, 
Psicopatologistas e Psiquiatras ainda não chegaram a um consenso sobre uma definição. 
Psicólogos e psicopatologistas vão dizer que a personalidade humana é uma individualidade psíquica 
compreendida e limitada por suas características morfológicas e biológicas em contínuo evolver sobre as 
bases de fatores hereditários e ambientais20. 
Vejamos as principais tendências sobre o tema: 
 
Boll e Baud Ribot 
A personalidade de um indivíduo 
“é o conjunto de suas atitudes e 
de seus modos de reagir ao 
ambiente, distinguível das 
pulsões biológicas, 
manifestações das necessidades 
e das tendências no amplo 
sentido da palavra, e na 
organização da conduta que 
Adotava teorias orgânicas e 
fisiológicas da personalidade no 
axioma 
“O problema da unidade do eu é, 
em sua última expressão, um 
problema biológico”, passando 
desse modo do dualismo 
cartesiano ao monismo 
 
 
20 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora 
Saraiva., 2011, p. 1307. 
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tende a satisfazer estas 
necessidades”. 
materialista. 
Popularmente, a partir de toda essa abstratividade, consideramos normal da personalidade média 
elementos de atitudes psíquicas, tais como, inteligência, caráter, comportamento e outras estruturas que 
compreendem a soma influenciada por fatores hereditários e mesológicos, capazes de funcionar 
harmoniosamente em uma sociedade. 
Por outro lado, a personalidade humana também pode revelar uma constituição anormal, a partir do modo 
se der e de reagir, no entanto, compreendida nas variantes individuais, nos limites da normalidade e, por 
isso, não se caracteriza como enfermidade. 
 
2.3.1 – Das personalidades psicopáticas 
São consideradas personalidades psicopáticas aqueles indivíduos que, sem perturbação da inteligência, 
não tenham sofrido sinais de deterioração, nem de degeneração dos elementos integrantes da psique, 
exibem através de sua vida intensos transtornos dos instintos, podendo ser: 
✓ Da Afetividade, 
✓ Do temperamento 
✓ E do caráter, 
Que se revela como um benefício de uma anormalidade mental definitivamente pré-constituída, sem, 
contudo, assumir a forma de verdadeira enfermidade mental. 
▪ São os oligofrênicos morais de Bleuler: 
 
➔ Degenerados de Magnan, 
➔ Os semiloucos de Grasset, 
➔ A estupidez moral de Baer, 
➔ A loucura moral (moral insanity) dos ingleses, 
➔ Os fronteiriços etc. 
 
Noutras palavras, são todos aqueles que apresentam uma instabilidade mental patológica, sem perda de 
suas funções intelectuais. 
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▪ Classificação de Kraepelin 
Kraepelin classificou as personalidades psicopáticas em: 
 
➔ Irritáveis, 
➔ Instáveis, 
➔ Instintivas, 
➔ Tocadas, 
➔ Mentirosas e fraudadoras, 
➔ Antissociais, 
➔ Disputadoras. 
 
▪ Classificação de Kurt Schneider 
 
Kurt Schneider descreveu-os21 como: 
 
➔ Psicopatas hipertímicos: indivíduos alegres, loquazes, despreocupados, otimistas, 
superficiais em seu trabalho e inclinados aos escândalos e às desavenças conjugais. Há 
 
 
21 José Alves Garcia, Psicopatologia forense, 3. ed., 1979, p. 246. 
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os equilibrados, mas inquietos, e os excitados, nos quais existe um eretismo de 
hiperexcitabilidade que lhes confere instabilidades psíquicas a ponto de alterarem-se 
em fúria incontida, desproporcional ao estímulo. 
➔ Psicopatas depressivos: indivíduos tranquilos, melancólicos, permanentemente 
deprimidos e eternamente descontentes e ressentidos, ligados à uma consideração 
pessimista da vida, iniciada, às vezes, na juventude. Fatigados crônicos, dominados por 
sentimentos de inferioridade, refugiados em uma atitude crítica nas relações 
intercorrentes entre eles e o mundo exterior, dificilmente chegam a vencer na vida. 
Podem atentar contra si próprios. 
➔ Psicopatas anancásticos: inseguros, com ideação especial dominada por uma ação 
coativa ou fóbica que, amiúde, surge de improviso por estímulos desencadeantes 
insignificantes, às vezes, acompanhada por manifestações subjetivas de exaltação, 
produtora de intenso sofrimento ao indivíduo, como, por exemplo, a possibilidade de 
matar o próprio filho. Alguns são sensitivos ou escrupulosos morais. 
➔ Psicopatas fanáticos: indivíduos dominados pelo elemento expansivo e criativo que, por 
certos aspectos, se aproximam da personalidade do paranoico. Caracterizam-se pela 
extrema importância que, às vezes, concedem à uma ideia filosófica, ou religiosa, ou 
política, ou esportiva, passando a defendê-la com parcialidade, sem nenhum espírito de 
justiça, vigorosa e até violentamente, até tornarem-se sectários da mesma. São 
altamente periculosos quando assumem a liderança popular nos períodos de 
instabilidade político-social. Ao lado desses tipos combativos e heréticos, há os 
pacíficos, que se comportam como sectários extravagantes, vivendo um mundo irreal de 
fantasia. 
➔ Psicopatas necessitados de valorização: personalidade em que a ideação se ressente da 
exaltação da fantasia que, junto com o relaxamento de crítica, conduz à pseudologia 
fantástica, ou seja, à mentira sem desígnio utilitário imediato, o indivíduo tornando-se 
gabola e fanfarrão. 
➔ Psicopatas lábeis de estado de ânimo: irritáveis, manifestam episódios chamados 
borrascas depressivas, que surgem e desaparecem inesperadamente. 
➔ Psicopatas explosivos: irritáveis e coléricos, amiúde reagem subitânea e violentamente 
aos menores estímulos externos, podendo cometer homicídio e lesões corporais. Nesse 
estado, são acometidos de amnésia lacunar por obnubilação da consciência no 
momento da contenda. São chamados epileptoides em outras classificações, afirmando 
Di Tullio tratar-se de formas frustradas, não convulsivas, da epilepsia. 
➔ Psicopatas abúlicos: caracterizam-se pelo enfraquecimento da volição. Destituídos de 
vontade própria, são facilmente influenciáveis, absorvendo os bons e os maus exemplos 
de seu meio. 
➔ Psicopatas astênicos: sensitivos, assustadiços, dominados pelo sentimento de 
incapacidade e de inferioridade que, junto à uma deficiência orgânica subjetiva (fadiga 
fácil, cefaleia, insônia, distúrbios circulatórios), são acometidos de difuso sentimento de 
estranheza comparável a alguns estados dissociativos, “e o mundo objetivo e as 
próprias ações lhe parecem distantes e vagos, irreais ou ilusórios (esboço de 
despersonalização). 
Dessa forma, é válido dizer que, portadores de personalidade psicopática são doentes e, quando cometem 
delitos, a eles se aplicam as disposições do parágrafo único do art. 26, CP: 
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Art. 26 (...) 
Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de 
saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Por outro lado, se o agente necessita de tratamento curativo, será recolhido em hospital de custódia e 
tratamento psiquiátrico. Isso porque a anomalia resultante em personalidade psicopática não se inclui na 
categoria das doenças mentais, lato sensu, e, sim, numa modalidade de irregularidade psíquica, que se 
manifestou ao cometer o delito, despida de qualquer formação alucinatória ou delirante, capaz de gestar a 
psicose ou a neurose que torna o indivíduo inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Já no âmbito civil, podem ensejar anulação de casamento, pois muitas vezes, esses psicopatas propiciam 
toda sorte de sevícias e maus-tratos à esposa, não raro sendo dados à prática de sodomia conjugal. 
Por fim, destaco que psicopatas, os toxicômanos e os dependentes em substâncias capazes de determinar 
dependentia physica aut psykhikos estarão sujeitos à curatela (art. 1.767 do CC). 
 
2.4 – LIMITADORES OU MODIFICADORES MESOLÓGICOS 
2.4.1 – Civilização: silvícolas 
Consideram-se silvícolas os habitantes das matas brasileiras, cuja cultura é rudimentar. 
A diferença em relação ao civilizado consiste, basicamente, na inadaptação em nível cultural da vida 
civilizada, bem como as normas complexas que as regulam. 
Na forma do código civil, os silvícolas são incapazes relativamente a certos atos ou maneira de exercê-los e 
determina ainda que a capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
Neste caso, são as legislações pertinentes: 
➔ Lei n. 6.001/73, Estatuto do Índio; 
➔ Decreto n. 5.484, de 27-6-1928; 
➔ Decreto-Lei n. 736, de 6-4-1936; 
➔ Decreto n. 10.652, de 16-10-1942; 
➔ Decreto n. 88.985, de 10-11-1983 etc. 
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Nas eleições de 15 de novembro de 1986, 680 índios da tribo Caiuá, emancipados, 
votaram pela primeira vez. Não falando, nem entendendo a língua portuguesa, foram 
cabalados os seus votos, pelos cabos eleitorais, pelo emprego da frase “Dê-me seu 
voto”. 
 
Parte da doutrina22 entende que embora o Código Penal não faça referência expressa aos silvícolas, 
subentende-se os enquadráveis no art. 26 e seu parágrafo, considerando a ausência de aquisições éticas e 
de integração à vida coletiva, uma vez que, o critério que o legislador adotou para a fixação da 
responsabilidade foi o misto ou biopsicológico. 
Finalmente, destaque-se ainda que pode o silvícola gozar da isenção da pena se ficar pericialmente 
demonstrado que ele, por desenvolvimento mental falho, porta incapacidade psíquica de compreender 
plenamente o que seja ou não ato ilícito, ou que é inadaptado à vida do meio civilizado. Não basta, 
contudo, a só condição de silvícola, obrigando-se à perícia médica que comprove o desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado. 
Desta forma, na cláusula de desenvolvimento mental incompleto ou retardado pode enquadrar-se o 
silvícola inadaptado à vida do ambiente civilizado. 
Cuidado! Se ele já é aculturado e tem desenvolvimento mental completo e não é retardado, 
sendo que compreende a ilicitude de seus atos, neste caso,

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