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GRUPO 13 Outubro de 2019 RESUMO Os elementos do grupo 13, ou como são mais conhecidos, a família do boro, contém características próprias do grupo. Dessa forma, esta prática buscou observar tais características, com ênfase no boro e alumínio, a fim de compreendê-las. Dessa forma, algumas reações foram reproduzidas, sendo estas, ligadas a esses elementos buscando observá-las a fim de analisar suas características. Para que isso pudesse ser realizado, algumas vidrarias foram utilizadas para esse fim. Assim sendo, as observações feitas serão discutidas neste relatório científico. 1. INTRODUÇÃO Em geral, a maneira como a química é abordada pode ter contribuído para a difusão de concepções distorcidas dessa ciência, uma vez que os conceitos são apresentados de forma puramente teórica, como algo que se deve memorizar e que não se aplica a diferentes aspectos da vida cotidiana (Honório, et al, 2006). Essas palavras mostram que é preciso vencer essa barreira aliando a teoria com a experimentação prática. Desse modo, esse relatório técnico-científico irá abordar a experimentação prática de forma a demonstrar a teoria por trás das propriedades dos elementos do grupo 13 da tabela periódica. Os elementos presentes nesse grupo são geralmente conhecidos como família do boro, são eles o próprio boro, o alumínio, gálio, índio, e telúrio cujos símbolos são, respectivamente, B, Al, Ga, In e Tl. Esse grupo apresenta uma grande variação em suas propriedades, visto que o boro é um não metal e o alumínio é um metal, mas apresenta diversas características semelhantes ao boro. E para os demais membros da família, esses apresentam propriedades puramente de metais, sendo que o tálio apresenta semelhanças com os metais alcalinos Ag, Hg e Pb (HOUSECROFT, 2013). Os elementos desse grupo tem tendência a formar tanto compostos monovalentes como trivalentes, exceto o boro que não forma compostos monovalentes e também possui um deficiência de par de elétrons nos compostos trivalentes o que possibilida a doação desse par de elétrons por outro átomo. Outro aspecto desse grupo diz respeito raridade desses elementos sendo que o boro é o mais raro entre eles seguido do índio, tálio e gálio sendo que o alumínio é o terceiro elemento mais abundante, em peso (LEE, 2013). Esse grupo apresenta três elétrons em seu nível mais externo os quais utilizam para formar três ligações com outros elementos, no entanto isso não ocorre com o tálio, essas ligações são do tipo covalente evidenciadas pelo tamanho de seus íons e sua carga 3+ além do alto valor no somatório de suas três primeiras energias de ionização e sua alta eletronegatividade. No entanto, em solução, o Al, Ga, Tl e In formam íons onde o tipo de ligação vai estar direcionada aquela que estiver mais favorável energeticamente (LEE, 2013). A informação inicial do parágrafo anterior nos leva a crer que esses elementos podem apresentar apenas estados de oxidação 3+, contudo isso não é de toda verdade. Isso deve-se uma característica singular desse grupo, mas que não é exclusiva dele, o efeito do par inerte. Este efeito possibilita um estado de oxidação 1+ por conta da sua distribuição eletrônica, figura 01, que possui terminação s2p1 onde o subnível s2 permanece emparelhado. O efeito do par inerte acontece quando a energia necessária para desemparelhar o subnível s2 é insuficiente e seus elétrons permanece emparelhados (LEE, 2013). Figura 01: Distribuição eletrônicas dos elementos do grupo 13. Fonte: Adaptado de LEE, 2013. Por fim uma propriedade que deve ser discutida, mas que não seque sozinha, é a energia de ionização, tabela 02, a qual não se comporta de maneira regular pois a primeira energia de ionização do índio é menor que a do gálio. Isso se da ineficiência da blindagem oferecida pelos elétrons do subnível d, e a irregularidade de sua estrutura cristalina que influencia no raio do átomo (LEE, 2013). Tabela 02: Energias de ionização do grupo 13. Fonte: LEE, 2013. 2. OBJETIVOS 1. Geral: ● Observar a ocorrência das reações de compostos provenientes do boro e alumínio, grupo 13. 2. Específicos: ● Analisar reações com ácido bórico. ● Compreender a síntese de compostos inorgânicos. ● Produzir alúmen. ● Aprender a efetuar cálculos de rendimentos de processos químicos. 3. METODOLOGIA Para o desenvolvimento do experimento foram utilizados os seguintes materiais e reagentes: ❖ Materiais: Quadro 01: Materiais utilizados no experimento. Aquecedor THELGA Erlenmeyer Pêra Balança analitica Espátula pH-Fit Bastão de vidro Funil de Buchner Pipeta graduada Béquer Filtro de papel Pisseta Bico de Bunsen Kitasato Suporte e tubos ensaio Bomba de vácuo Prismatec Lata de alumínio Tela de amianto Capela PH METER Tripé de ferro Cápsula de porcelana Vidro de relógio Fonte: O autor, 2019. ❖ Reagentes: ● Ácido bórico (H3BO3); ● Ácido sulfúrico (H3SO4); ● Água destilada; ● Álcool etílico absoluto; ● HNO3 6 mol/L; ● KOH 1,5 mol/L; ● NaOH 1 mol/L; ● NaOH 6 mol/L; ● Solução de HCl 6 mol/L; Para a realização do experimento, o procedimento experimental foi realizado da seguinte forma: Parte 1: Boro. Parte 1.0: Solubilidade do boro em água quente e fria. utilizando dois tubos de ensaio recolheu-se duas pitadas de ácido bórico para cada tubo. Em seguida foi preparado um sistema para aquecer água destilada por meio de um bico de Bunsen que, logo depois de aquecida, foi colocado, com uma pipeta, cerca de 10 a 20 mL da mesma em um dos tubos contendo o ácido bórico. No tubo restante adicionou-se o mesmo volume de água, só desta vez foi adicionado água fria. Checou-se também o pH da solução de ácido bórico e água fria. Parte 1.1: Teste de chama Foram Adicionadas três espátulas de ácido bórico a uma cápsula de porcelana. Em seguida Acrescentou-se também 3 gotas de ácido sulfúrico concentrado, assim misturando tudo com um bastão de vidro e em seguida foi adicionado 5 mL de etanol. O sistema foi levado a capela e com um palito de fósforo iniciou-se a ignição da solução. Parte 2: Alumínio. Parte 2.1: Reatividade do alumínio. Posicionou-se 3 tubos de ensaio no suporte e em cada um deles foi colocado uma amostra de alumínio metálico, previamente cortado de uma lata. Em um dos tubos adicionou-se 3 mL de HCl 6 M, no outro 3 mL de NaOH 6M e no terceiro tubo 3 mL de HNO3 6M, Observando cada alteração. Por conseguinte, em um quarto tubo de ensaio, colocou-se outra amostra de Alumínio sólido, o qual foram adicionados 2 mL de NaOH 1M, o mesmo foi deixado em repouso durante um minuto e acrescentou-se água destilada, o sobrenadante foi descartado o alumínio lavado com água destilada no mínimo 6 vezes. Por fim, outra amostra de alumínio metálico foi Colocada em outro tubo de ensaio e o alumínio que foi lavado foi colocado no tubo de ensaio o qual já estava. Em seguida, em ambos os tubos foram acrescentados 3 mL de HCl 6M. Parte 2.2: Síntese do sulfato de alumínio e potássio. Primeiramente, foram pesados 1,0084 g de alumínio sólido proveniente da lata trazida pelo grupo. Após pesado, o pedaço de alumínio foi cortado em partes menores. O alumínio cortado foi posto em um béquer de 80 mL e adicionados 50 mL de KOH 1,5 mol/L e, em seguida, posto sobre uma chapa aquecedora dentro da capela onde permaneceu por 20 minutos. Após o passar do tempo, o sistema foi levado para ser filtrado em um funil de Buchner com um filtro de papel e onde o filtrado foi recolhido em um kitasato, sendo que o processo de filtração ocorreu a vácuo com um bomba de vácuo ligada ao kitasato. Por conseguinte, o filtrado que deveria apresentar uma coloração neutra, ou seja, incolor, foi transferido para um béquer onde foi adicionado H2SO4, à solução. O sistema foi guardado para que a prática fosse retomada em um outro dia. Ao retomar a prática, o béquer com a solução foi posto em um banho de gelo e agitado com um bastão para que ocorresse a precipitação dos cristais de alúmen. A solução com os cristais precipitados foi filtrada em um funil de buchner com um papel de filtro nofundo e o filtrado recolhido em um kitasato. Em seguida, uma solução contendo 15 mL de etanol e 15 mL de água foi posta para esfriar no banho de gelo. Essa solução foi utilizada para lavar os cristais retidos no papel de filtro. Os cristais foram deixados sob sucção por alguns minutos para secar, enquanto isso um béquer foi pesado para servir de recipiente de armazenamento. Por fim os cristais foram transferidos para o béquer e depois pesado para que pudesse ser feito o cálculo de rendimento. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a solubilidade do ácido bórico em água fria e quente foram encontrados os resultados descritos no quadro 01 e o pH encontrado no pH-Fit e PH METER foi de 5 e 5,53, respectivamente. Esses resultado para o pH condiz com a literatura pois segundo LEE, 2013 o ácido bórico pertence a categoria dos ácidos fracos. Quadro 01: Solubilidade do ácido bórico. Água fria Pouco solúvel Água quente Solúvel Fonte: O autor, 2019. A pouca solubilidade do ácido bórico em água fria deve-se ao fato dele ser pouco reativo com a água e no momento em que a temperatura de água é elevada essa solubilidade aumenta pois o calor a favorece facilitando a formação do [B(OH)4]- assim como mostra a reação abaixo. B(OH)3 + H2O → H3O+ + [B(OH)4]- eq 1 Fonte: Adaptado de LEE, 2013. Ao final da mistura dos reagentes obteve-se como produto o B(OCH2CH3)3. desta forma, no teste da chama a cor esverdeada é proveniente da energia emitida nas transições eletrônicas correspondentes aos comprimentos de onda na faixa visível da luz (LEE, 2013). Isso ocorreu pois a energia fornecida pela chama excitou o elétron da camada mais exterior que ao voltar para sua camada de origem liberou energia na forma de luz. Partido para as reações com o alumínio sólido, teremos primeiramente a reação de Al e HCl. Nesta reação, eq 2, houve a liberação de gás hidrogênio, evidenciado pela liberação de bolhas na solução e liberação de calor caracterizando uma reação exotérmica. 2Al(s) + 6HCl(l) → 2AlCl3(l) + 3H2(g) eq 2 Fonte: O autor, 2019. Com a adição de HNO3, a reação com o alumínio não demonstrou nenhuma reação visível mas sabe-se que a mesma ocorreu pois o Al interage com o HNO3 formando 2Al(NO3)3 que pode ser visto na equação 3 logo abaixo. 2Al(s) + 6HNO3(l) → 2Al(NO3)3(l) + 3H2(g) eq 3 Fonte: O autor, 2019. Já na adição de NaOH, a reação não demonstrou liberação de calor mas foi possível observar a liberação de bolhas no sistema. Essas bolhas são indícios da formação de H2, gás que é liberado durante a reação que é descrita na equação 3 logo abaixo. 2AL + 6NaOH → 2Na3ALO3 + 3H2 A produção do alúmen, o qual é obtido a partir do Al(OH)3 tem diminuído nos últimos anos sendo produzido agora apenas para fins históricos. A produção desse composto nesta prático se deu a partir do alumínio sólido reagindo com o KOH seguido da adição de ácido sulfúrico e resfriamento do precipitado. No processo de obtenção do alúmen foram observadas várias reações até a obtenção do produto final, essas reações estão descritas abaixo (Constantino et al, 2002). Resfriando a solução o alúmen: Neste processo a adição de KOH foi necessária pois o metal alumínio tem baixa reatividade com soluções ácidas diluídas, já que a superficie do aluminio é protegida pelo óxido de alumínio (Al2O3), sendo necessário um solvente para dissolver a camada de óxido, e atacar o metal. As equações acima foram disponibilizadas do roteiro de prática e evidenciadas durante a prática. O alúmen obtido ao final teve uma massa de 8.9824 g a partir de apenas 1 g de alumínio sólido. 5. CONCLUSÃO A análise das características dos compostos do grupo 13 foi feita através da observação de suas respectivas reações tendo em vista sua solubilidade e seu pH assim como a síntese de compostos inorgânicos como o alúmen. Partindo disso, é inegável o sucesso da prática com a certeza do ótimo procedimento aplicado para a realização das reações e o alto rendimento na produção do alúmen. Em síntese, é inquestionável a necessidade da experimentação prática para a internalização de conceitos tornando-os mais claros e consequentemente deixando de lado a mera decoração. REFERÊNCIAS Constantino, V. R. L.; Araki, K.; Silva, D. O.; Oliveira, W. PREPARAÇÃO DE COMPOSTOS DE ALUMÍNIO A PARTIR DA BAUXITA: CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS ASPECTOS ENVOLVIDOS EM UM EXPERIMENTO DIDÁTICO. Química Nova, Vol. 25, No. 3, 490-498, 2002. Honório, M. K.; Weber, C. K.; Paula Homem-de-Mello.; Maria, T. P. G.; Silva, B. F.A. O Show da Química: Motivando o interesse científico. Quim. Nova, Vol. 29, No. 1, 173-178, 2006. Housecroft, C. E.; Sharpe, A. G. Química inorgânica. Tradução: Edilson Clemente, Carlos Afonso e Oswaldo Esteves Barcia. 4. ed. V. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Lee, J. D. Química inorgânica não tão concisa. Tradução da 5a ed. inglesa: Henrique E. Toma, Koiti Araki, Reginaldo C. Rocha - São Paulo: Edgard Blücher, 1999.
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