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FARMACOLOGIA – EDUARDO AULA 3 CAROL LESSA 5º PERÍODO Fármacos na Insuficiência Cardíaca CASO CLÍNICO INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Definição: Débito cardíaco inadequado ao provimento do oxigênio necessário para o corpo; A sociedade brasileira de cardiologia define como uma síndrome complexa na qual o coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender as necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê- lo somente com elevadas pressões de enchimento. Tal síndrome pode ser causada por alterações funcionais e estruturais cardíacas e caracteriza-se por sinais e intomas típicos, que resultam da redução no débito cardíaco e ou das elevadas pressões de enchimento no repouso ou no esforço. IC alto X baixo DC Causas mais comuns: Doença arterial coronariana + Hipertensão arterial sistêmica de longa data Fármacos como IECA, BRA, alguns BB e antagonistas do receptor de aldosterona (poupadores de potássio), combinados com hidralazina-nitrato, são os únicos agentes em uso hoje em dia que realmente prolongam a vida de pacientes com ICC. CONTROLE DA CONTRATILIDADE CARDÍACA Esse controle resulda da interação do ativador cálcio (durante a sístole) com o sistema actina- troponina-tropomiosina. Essa interação libera a actina para que haja interação entre a actina e miosina. Esse cálcio ativador é liberado do retículo sarcoplasmático (RS). A quantidade liberada depende da quantidade de cálcio armazenada no RS, e da quantidade de ativador cálcio que penetra na célula durante o platô do potencial de ação. Precisamos de cálcio para ocorrer a contração muscular, o coração demanda muito cálcio! SENSIBILIZADORES DE CÁLCIO LEVOSIMEDANO Exemplo mais recente Aumenta a sensibilidade ao cálcio e inibe a fosfodiesterase) Reduz os sintomas na insuficiência cardíaca RIANODINA Não é farmaco Potente alcaloide vegetal ianotrópico negativo Interfere na liberação de cálcio por meio dos canais dos RS cardíacos Estimula os canais de cálcio rianodínicos (RyR – são sensíveis a rianodina) na membrana do RS a liberarem rapidamente grande quantidade deste íon nas proximidades do complexo actina- troponina-tropomiosina, para que ocorra a interação actina-miosina, para que ocorra a contração muscular QUANTIDADE DE CÁLCIO ARMAZENADA NO RETÍCULO SAROPLASMÁTICO Calcio Atpase do retículo esndoplamático sarcoplasmático (ou SERCA) é um transportador de captação de cálcio na membrana do RS Essa bomba mantém o cálcio libre em níveis reduzidos durante a sístole – porque ele capta o cálcio livre para dentro do RS FARMACOLOGIA – EDUARDO AULA 3 CAROL LESSA 5º PERÍODO A SERCA é inibida pelo fosfolambano (uma proteína) O fosfolambano sofre fosforilação pela proteína- cinase (que é ativada pelo AMPc) Proteína-cinase quando fosforila o fosfolambano, remove a inibição que ele fazia na SERCA Consequentemente, quanto mais a proteína cinase fosforilar, mais SERCA colocando o cálcio para dentro do RS vai ter, ou seja, aumento do cálcio dentro do RS e diminuição do cálcio livre. O cálcio livre (dispensado pelo RS) é usado para contração muscular A QUANTIDADE DE CÁLCIO SEQUESTRADA PELO RS É DETERMINADA POR Quantidade de cálcio acessível ao transportador Atividade do sistema nervoso simpático Isso depende do equilíbrio do influxo de cálcio (principalmente pelos canais de cálcio do tipo L regulados por voltagem na membrana) e do efluxo de cálcio (a quantidade removida da célula – por meio de permutador de sódio e cálcio, que é um transportador na membrana) A quantidade de cálcio liberada do RS depende da respostas dos canais RyR (rianodínicos) ao ativador cálcio QUANTIDADE DE CÁLCIO ATIVADOR Que penetra na célula, depende da disponibilidade dos canais de cálcio e da duração de sua abertura. ATIVIDADE DO PERMUTADOR SÓDIO-CÁLCIO É um antitransportador (NCX) Utiliza o gradiente de sódio para movimentar o cálcio contra seu gradiente de concentração Cálcio vai do citoplasma para o espaço extracelular Normalmente, o cálcio extracelular tem concentrações menos lábeis do que o intracelular A capacidade do permutador de realizar o transporte depende das concentrações intracelulares de ambos os íons, mas principalmente do sódio. CONCENTRAÇÃO INTRACELULAR DE SÓDIO E ATIVIDADE DA NA/K ATPASE A bomba de sódio e potássio remove o sódio intracelular É a principal determinante da concentração de sódio da célula O influxo de sódio pelos canais regulados por voltagem, ocorre como etapa normal de quase todos os potenciais de ação cardíacos. Outro determinante embora a quantidade de sódio seja que penetra a célula a cada potencial de ação seja muito inferior a 1% do sódio intracelular total GLICOSÍDEOS CARDÍACOS DIGOXINA A bomba Na/K ATPase parece ser o alvo principal da digoxina e de outros glicosídeos cardíacos Na imagem vemos 3 tipos de bombas, A PRIMEIRA É BOMBA DE SÓDIO E POTÁSSIO ATPASE É sítio de ação dos glicosídeos cardíacos Função de bombear K para dentro e Na para fora SEGUNDA É TROCADOR DE SÓDIO-CÁLCIO Sódio para dentro, cálcio para fora TERCEIRA: CANAIS DE CÁLCIO TIPO L Bombeia cálcio para dentro da célula Alvo dos bloqueadores dos canais de cálcio – os BCC bloqueiam essa bomba! Beta-agonisntas (ex: dobutamina) estimulam esse receptor a captar mais cálcio FARMACOLOGIA – EDUARDO AULA 3 CAROL LESSA 5º PERÍODO O CÁLCIO JÁ INTERIORIZADO Vai ser transportado pela SERCA do citoplasma para o interior do Retículo sarcoplasmático (RS) Esse cálcio, dentro do RS, vai estar ligado a calcequestrina Esse complexo (cálcio-calcequestrina) ativa o receptor rianodínico CÁLCIO VAI SER EXTERIORIZADO DO RS Vai seguir para o complexo actina-miosina Que libera o cálcio para a contração cardíaca – aqui vai agir o Levosimedano, sensibilizando o cálcio. FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Pode ocorre em um ou em ambos ventrículos A disfunção sistólica com débito cardíaco reduzido e fração de ejeção (FE) reduzida (menor que 45%) é típica em IC, em especial naquela proveniente de IAM Com frequência ocorre disfunção diastólica, como resultado da hipertrofia e enrijecimento do miocárdio, sendo que, embora o débito cardíaco esteja reduzido, a fração de ejeção pode estar normal. Pode ocorrer IC com alto débito cardíaco, quando a demanda do organismo é tão grande que mesmo com o aumento do DC, este se torna insuficiente. Redução da tolerância aos esforços com fadiga muscular rápida é a principal consequência da redução do débito cardíaco COMPENSAÇÃO NEURO-HORMONAL Hiperestimulação do sistema nervoso simpático Hiper atividade do SRAA BARORRECEPTORES Há redefinição do reflexo, passa a interpretar menor sensibilidade a PA AUMENTO DO EFLUXO SIMPÁTICO Aumento da FC Aumento da Contratilidade Aumento do tônus vascular ( pq aumentou a concentração de angio II + aumento da concentração de endotelina = resulta em vasoconstrição, que por sua vez aumenta a pós carga, diminui o débito cardíaco e a fração de ejeção) É um ciclo vicioso! OS ANTAGONISTAS NEURO-HORMONAIS E VASODILATADORES REDUZEM A MORTALIDADE POR IC AO INTERFERIREM NO CICLO VICIOSO! FARMACOLOGIA BÁSICA DA IC DIGITÁLICOS Glicosídeos cardíacos Dioxina como principal representante FARMACOCINÉTICA VO com absorção de 65-80% Quando no sangue, tem ampla distribuição pelos tecidos, incluindo SNC Não é extensamente metabolizada nos humanos Quase dois terços são secretados pelos rins, inalterados Sua depuração renal é proporcional a depuração de creatinina Quanto melhor a função renal, mais fácil a depuração da dioxina FARMACOLOGIA – EDUARDO AULA 3 CAROL LESSA 5º PERÍODO FARMACODINÂMICA Multiplosefeitos cardiovasculares indiretos Tem consequências tanto terapêuticas como tóxicas Efeitos indesejáveis sobre o SNC e intestino A nível molecular, todos os glicosídeos uteis terapeuticamente inibem a bomba de sódio e potássio ATPase, o transportador ligado a membrana com frequência a bomba de sódio. Essa grande ação inibitória é em grande parte responsável pelo efeito terapêutico (ionotropismo positivo), mas também responsável pela toxidade do mesmo. EFEITOS Aumentam a contração do sarcômero cardíaco – pq elevam a concentração de cálcio livre nas proximidades das proteínas contrateis durante a sístole O aumento da concentração de cálcio resulta em um processo de duas etapas: 1. Aumento da concentração de sódio intracelular em razão da inibição da bomba de sódio e potássio ATPase 2. Relativa redução da expulsão de cálcio da célula pelo transportador de sódio-calcio causado pelo aumento de sódio intracelular Os efeitos elétricos são em razão da mistura de ações diretas e autônomas, há um prolongamento inicial breve do potencial de ação seguido por encurtamento. Aumento na condutância do potássio, por causa do aumento de cálcio intracelular O potencial de membrana em repouso é reduzido por causa da inibição da bomba de Na e K e da regulação do potássio intracelular. Efeitos sobre outros órgãos são 1. Musculatura lisa: TGI é o local mais comum de intoxicação fora do coração, temos náusea, vômitos, anorexia, diarreia 2. SNC Os efeitos no TGI são em parte causados pelos efeitos no SNC e em parte efeito direto INTERAÇÕES COM NA/K/MG K: inibição recíproca na ligação com a bomba de NA e K, portanto, a hiperpotassemia reduz as ações inibitórias enzimáticas dos glicosídeos cardíacos, ao passo que a hipopotassemia facilita essas ações. A automaticidade cardíaca anormal é inibida pela hiperpotassemia. O aumento moderado de potássio extracelular reduz os efeitos tóxicos dos digitálicos Ca: acelera a sobrecarga das reservas intracelulares de cálcio que parecem responsáveis pela automaticidade anormal induzida pelo digitálico Mg: opostos aqueles do cálcio DIURÉTICOS Usados em estados edematosos Visam diminuir o edema periférico ou pulmonar que se acumulou em consequência das doenças cardíacas, renais ou vasculares que reduzem o fluxo sanguíneo para os rins. Retenção de sal e água gera expansão do volume sanguíneo e formação de edema Uso criterioso de diuréticos pode mobilizar esse edema intersticial sem reduzir de modo significativo o volume plasmático MECANISMO EDEMATOSO NA IC DC baixo por causa da insuficiência cardíaca vai gerar uma hipovolemia Com a hipovolemia, o mecanismo de defesa do corpo é reter H2O e NA – pelo SRAA Com uma piora no DC, o rim vai reter mais ainda H2O e Na, gerando um edema intersticial O diurético vai reduzir o edema, o que melhora a oxigenação e função miocárdica AUMENTO DE SAL NO RAMO ASCENDENTE ESPESSO DA ALÇA DE HENLE (RAE) Ativa a mácula densa Reduzindo a TFG – taxa de filtração glomerular (vasoconstrição arteriolar aferente) HIPOCALEMIA Exacerbação de arritmias cardíacas FARMACOLOGIA – EDUARDO AULA 3 CAROL LESSA 5º PERÍODO ALÇA DE HENLE O sistema de transporte do NaCl na membrana do RAE é um cotransportador de Na/K/2Cl (NKCC2) A ação do transportador contribui para o acúmulo excessivo de K no interior da célula DIURÉTICOS São os fármacos de escolha Reduzem retenção de sal e água, edema e sintomas Não tem efeito direto sobre a contratilidade cardíaca Efeito na pré-carga Reduz a PA por reduzir a pós –carga Diuréticos antagonistas da aldosterona – poupadores de potássio (espinolactona + eplerenona) melhoram a mortalidade Aldosterona tem ação na fibrose miocárdica e disfunção de barorreceptor, ação contra remodelamento ventricular. IECA E BRA IECA Captopril, enalapril Diminuem a Resistência vascular periférica Diminuem a pós-carga Diminuem a retenção de sal e H2O – por diminuírem a aldosterona RVP = Pós Carga Aldosterona = Pré Carga BRA Lozartana e valzartana Efeitos similares, porém limitados Considerar BRA quando intolerância à IECA VASODILATADORES Efetivos na IC aguda – devido a sua redução na pré carga Efeito na pré carga por vasodilatação Efeito na pós carga por dilatação arteriolar Evidências sugerem que o uso em longo prazo de hidralazina e dinitrato de isossorbida também pode reduzir a remodelação danosa do coração BETA BLOQUEADORES Bisoprolol, carvediolo, metoprolol, nebivolol Mostram redução na mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca estável Efeitos sugeridos: atenuação dos efeitos colaterais das altas concentrações de catecolaminas (incluindo apoptose), suprarregulação dos receptores Beta, redução de FC e do remodelamento por meio da inibição das atividades mitogênicas das catecolaminas. MANEJO DA IC CRONICA Controlar a pressão Controlar a hiperlipidemia Controlar o diabetes se houver Reduzir a carga de sódio IECA ou BRA Vasodilatadores Beta Bloqueadores Digitálicos IC DIASTÓLICA Nebivolol (beta bloqueador) FARMACOLOGIA – EDUARDO AULA 3 CAROL LESSA 5º PERÍODO Controle da PA Revascularização quando doença arterial cronária IC AGUDA Ocorre com frequência em pacientes com insuficiência crônica Associada a esforço aumentado, emoção, ingestão excessiva de sal, falta de adesão a terapia medicamentosa ou aumentado da demanda metabólica ocasionado por febre, anemia... Causa comum e importante: IAM Pacientes com IAM são mais bem tratados com revascularização de emergência usando angioplastia coronária e stent ou agente trombolítico Mesmo com a revascularização, o paciente com IAM pode evoluir para insuficiência aguda Diurético de alça – furosemida Vasodilatador – Nitroprussiato de sódio – redução da pos carga Dobutamina RESPOSTA DO CASO CLINICO
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