Buscar

Avaliação Clínica do Sistema Cardiovascular

Prévia do material em texto

Avaliação Clínica do Sistema Cardiovascular
Avaliação Clínica do Sistema Cardiovascular
O exame clínico é método fundamental e imprescindível para a 
avaliação do sistema cardiovascular.
Na maioria dos pacientes, esse exame é suficiente para atender às
necessidades diagnósticas.
Apenas em uma minoria, estão indicados outros métodos 
propedêuticos complementares para complementar o diagnóstico.
A seleção racional dos exames complementares a serem realizados
em determinado paciente e sua correta interpretação somente são
possíveis com o auxílio de um exame clínico adequado.
Anamnese
Idade
Nas crianças e jovens, predominam as anomalias congênitas e os
episódios iniciais da moléstia reumática;
A doença de Chagas e a hipertensão arterial são mais frequentes
dos 20 aos 50 anos de idade;
A doença arterial coronariana – angina de peito e infarto agudo do
miocárdio – é mais comum acima da quinta década de vida, apesar de
aparecer cada vez mais precocemente.
2. Sexo
As lesões mitrais, especialmente a estenose e o prolapso da valva
mitral, ocorrem mais em mulheres jovens.
A aterosclerose coronária predomina no sexo masculino até os 45
anos de idade; a partir desta idade, a incidência vai se tornando igual
em ambos os sexos.
A incidência de doença coronariana eleva-se no sexo feminino 
após a menopausa.
3. Raça
A raça negra está associada à maior prevalência de anemia 
falciforme.
A hipertensão arterial, além de ser mais frequente nos negros, 
aparece em faixas etárias mais baixas e apresenta evolução mais grave
nestes indivíduos.
4. Profissão
Profissões de maior tensão emocional aumentam a probabilidade
de ocorrência de doenças degenerativas (cardiopatia isquêmica) e de
hipertensão arterial sistêmica.
5. Procedência
Local de nascimento e de residência relacionam-se com as doenças
endêmicas, salientando-se em determinadas regiões a alta incidência
da doença de Chagas.
6. Antecedentes pessoais
Relação entre as infecções estreptocócicas, principalmente da
bucofaringe, e as lesões valvares de etiologia reumática.
Relação entre alimentação rica em lipídios e aterosclerose.
Relação entre lesões renais e hipertensão arterial.
Relação entre perturbações emocionais e manifestações 
cardiovasculares de ansiedade e/ou depressão.
7. Antecedentes Familiares
História de cardiopatia, hipertensão arterial e diabetes mellitus em
ascendentes de primeiro grau constituem informação útil como 
importante fator de risco.
Ascendente com cardiopatia congênita associa-se com incidência
aumentada de cardiopatia desse tipo.
8. Hábitos de vida
O tabagismo, o alcoolismo e o sedentarismo estão relacionados com
o aparecimento de aterosclerose e hipertensão arterial.
9. Antecedentes psicossociais (importante investigar).
Queixa Principal e História da Moléstia Atual: 
Principais sinais e sintomas
Sempre devemos pesquisar a relação dos sintomas relatados pelo
paciente com o exercício.
O coração tem uma grande capacidade de adaptação às lesões 
(reserva miocárdica) e um longo período pode transcorrer do início da
doença, até o paciente se tornar sintomático.
O exercício determina aumento no trabalho miocárdico e consumo
de oxigênio e é valioso para avaliar a reserva miocárdica, pois os
mecanismos de reserva podem não ser suficientes para manter o 
paciente assintomático durante o esforço.
Dessa forma, detectamos lesões que são assintomáticas no repouso.
Dor ou Desconforto Torácico
É encontrada em várias condições, cardíacas e não cardíacas, de 
prognóstico e tratamento muito diferentes.
Dor precordial não é sinônimo de dor cardíaca, pois pode ter origem
no coração e em outros órgãos ou estruturas como pleura, esôfago,
aorta, mediastino, estômago e na própria parede torácica.
A identificação da real causa da dor – se isquêmica
ou não isquêmica - é essencial para orientar a 
conduta.
A anamnese é o método fundamental para 
classificar adequadamente a dor torácica e 
estabelecer a conduta.
Dor na isquemia miocárdica
Admite-se que a dor de origem isquêmica seja em razão de hipóxia
celular (desequilíbrio entre a oferta e consumo de oxigênio).
A causa mais comum de isquemia miocárdica é a aterosclerose
coronária, assumindo características especiais na angina de peito e no
infarto agudo do miocárdio.
Angina de peito é a dor ou desconforto decorrente de isquemia
miocárdica transitória, não associada com evidências de necrose
miocárdica. 
Localização e irradiação da dor
A dor de isquemia miocárdica usualmente é localizada na região
retroesternal ou um pouco à esquerda do esterno e na parte ulnar 
do braço esquerdo.
- Mais raramente, pode ser sentida à direita da linha esternal.
É mais difusa (dor visceral)e não restrita a uma pequena área como a 
correspondente a ponta de um dedo (sugere mais dor osteomuscular).
Se a dor for percebida na pele ou em outras estruturas superficiais,
é possível afirmar que se origine na parede torácica.
A dor perimamilar ou por debaixo do mamilo quase nunca é de causa
cardíaca, podendo ser de origem emocional ou provocada por 
osteoartrite, distensão do estômago ou do ângulo esplênico.
Dor nas articulações condroesternais que piora à palpação caracteriza
a osteocondrite.
A irradiação da dor está relacionada com sua intensidade; quanto 
mais intensa, maior a probabilidade de irradiar-se.
Quando a dor é muito intensa, costuma estender-se a outras regiões
como a parte anterior do pescoço e do hemitórax direito, ombros e
braços, sobretudo braço esquerdo.
A irradiação para os dois braços é mais comum do que para o braço 
direito isolado.
Quando envolve os membros, geralmente situa-se na face medial do
braço, antebraços e dedos.
Outros locais de irradiação: pavilhões auriculares, maxilar inferior, 
nuca, região epigástrica e região interescapulovertebral.
2. Caráter ou qualidade
A dor anginosa é quase sempre do tipo constritiva, tendo o paciente
a sensação de que algo aperta o tórax ou a região retroesternal.
Para caracterizá-la, o paciente leva a mão fechada ao peito (sinal de 
Levine – altamente sugestivo de dor precordial de origem isquêmica).
Costuma ser descrita como aperto, opressão, peso, queimação e 
sufocação.
Pode ter também a sensação de nó na garganta, como se estivesse
sendo estrangulado.
Tal sensação pode ser percebida nas áreas de irradiação da dor
(impressão de aperto ou de um bracelete no braço). 
Observação: dor em pontada, aguda, notadamente se não relacionada
com atividade física ou que dura apenas alguns segundos, geralmente
não decorre de isquemia miocárdica.
3. Duração
A dor da angina de peito tem duração curta, em geral de 2 a 3 min,
raramente ultrapassando 10 min (hipóxia sem necrose).
Na angina instável, a dor é mais prolongada, chegando a durar 
20 min.
No infarto agudo do miocárdio, quando ocorrem alterações 
necróticas, a dor dura mais de 20 min, podendo chegar a algumas 
horas.
Angina estável: a dor do peito é desencadeada sempre por esforços
de mesma intensidade.
Angina instável: há mudança súbita dos fatores desencadeantes da
dor, ou seja, desencadeada a esforços muito menores que os habituais
ou ao repouso (angina progressiva ou em crescendo), angina de início 
recente.
4. Intensidade
A intensidade da dor varia de acordo com o grau de 
comprometimento isquêmico, podendo ser classificada em leve,
moderada e intensa.
5. Fatores desencadeantes ou agravantes
A dor da angina de peito ocorre quase invariavelmente após esforço
físico, mas pode ser desencadeada por todas as condições que 
aumentam o trabalho cardíaco, tais como emoções, taquicardia, 
pesadelos, relações sexuais, frio ou após refeição copiosa.
No infarto agudo do miocárdio, a dor costuma ter início com o 
paciente em repouso.
A angina de peito pode ocorrer em repouso e sem evidências de 
atuação de fatores que elevem o consumo de oxigênio. Nesses casos, 
suspeita- de espasmo das artérias coronárias.
A dor de isquemia miocárdica não costuma ser modificada pela 
respiração.
A dor retroesternal, que ocorre após vômitos intensos,deve-se à
laceração da mucosa do segmento inferior do esôfago.
A dor torácica, em consequência das mudanças de decúbito ou de
movimentos do pescoço, origina-se na coluna cervical ou dorsal 
(osteoartrite, hérnia de disco).
A dor retroesternal e epigástrica durante a deglutição é causada
por espasmo esofágico ou esofagite.
A dor que se agrava com a tosse pode ocorrer em virtude de 
pericardite, pleurite ou compressão de uma raiz nervosa.
6. Fatores atenuantes
- A dor da angina geralmente desaparece rapidamente com a 
interrupção da atividade que a provocou ou o uso de medicação
vasodilatadora por via sublingual.
É muito importante o tempo que a dor leva para desaparecer após 
uso de nitrato sublingual.
Na angina de peito, a dor desaparece 3 ou 4 minutos após; se levar
maior tempo (5 ou 10 minutos), provavelmente não se trata de angina
clássica, podendo ser angina instável.
A dor da pericardite aguda pode ser amenizada ou cessar quando
o paciente inclina o tórax para frente ou o comprime com um
travesseiro.
7. Manifestações concomitantes
Precordialgia intensa, acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese
fria, sugere infarto agudo do miocárdio.
8. Circunstâncias
Existem indícios de que a isquemia miocárdica possui um ritmo 
circadiano, com maior incidência dos episódios de isquemia nas 
primeiras horas da manhã.
A angina variante de Prinzmetal (por vasoespasmo das artérias 
coronárias) costuma evoluir com um padrão cíclico de episódios de dor
em repouso.
- A dor é o principal indicador da isquemia miocárdica sintomática,
porém, como elemento diagnóstico, possui limitações que precisam
ser reconhecidas.
A dor não é um indicador sensível de isquemia miocárdica. 
São frequentes os episódios de isquemia miocárdica que não são 
percebidos pelo paciente (isquemia miocárdica silenciosa – há alteração 
no ECG).
- A dor não é um indicador específico de isquemia miocárdica.
Dor torácica ocorre em muitas cardiopatias primariamente não
isquêmicas, assim como na ausência de cardiopatia.
Equivalentes anginosos: em determinadas circunstâncias, a dor é 
substituída por manifestações como dispneia, fadiga, fraqueza, 
sudorese, eructações, plenitude abdominal, gases e palpitações.
Dor de origem pericárdica
Geralmente, a dor da pericardite é bastante típica, sendo facilmente
reconhecida, devido à concomitância do acometimento pleural que
quase sempre acompanha o quadro.
A dor é descrita como em pontada ou facadas, de intensidade que
varia entre incômoda a lancinante, localizada na região esternal ou
paraesternal ou mesmo difusa, atingindo todo o precórdio, podendo
se estender para o pescoço, ombros, costas e abdome, mas não para 
os braços.
A dor às vezes surge ou é exacerbada pela inspiração, tosse, decúbito 
dorsal, rotação do tronco, elevação dos braços e é aliviada com a 
respiração superficial, posição sentada, posição genupeitoral ou o tórax
inclinado para a frente. 
A dor costuma ser contínua – durante várias horas, e não se relaciona
com os exercícios.
Quando o comprometimento pleural não se exterioriza clinicamente,
a dor assume a qualidade de opressão precordial, tornando-se 
indistinta da que ocorre na isquemia miocárdica.
Geralmente, a pericardite ocorre após quadros virais, cardite 
reumática, doenças do colágeno, como lúpus eritematoso sistêmico,
quadros infecciosos como tuberculose, neoplasias (geralmente 
metastáticas).
Dor de origem aórtica
Os aneurismas da aorta geralmente não provocam dor, mas a 
dissecção aguda da aorta determina quadro doloroso importante, com
início súbito, muito intensa, lancinante e persistente, com a sensação
de rasgar ou lacerar.
A localização da dor sugere a posição onde a dissecção se iniciou.
Quando esse local é a aorta proximal, a dor é máxima na região 
anterior do tórax, do pescoço, da garganta, mandíbula, dentes.
Se a dissecção principia na aorta distal, a dor se localiza na região
interescapular.
O fato da dor modificar de posição, transferindo-se de seu local de
origem para outros como pescoço, costas, ombros, abdome, sugere a
progressão da dissecção.
A localização torácica pode simular o infarto agudo do miocárdio,
enquanto que a abdominal ser confundida com o abdome agudo.
Durante a crise dolorosa, o paciente fica inquieto.
Ansiedade, sudorese, náuseas, tonturas e dispneia podem 
acompanhar o quadro.
Pode haver assimetria de pulso e presença de insuficiência aórtica.
Radiografia do tórax pode revelar alargamento do mediastino.
Dor de hipertensão pulmonar
Semelhante à da angina.
Entretanto, a irradiação para os braços, pescoço ou dorso é rara.
A duração tende a ser mais prolongada e persistir por mais tempo
após a interrupção do exercício.
Em geral, quando a dor se instala, a dispneia já é proeminente.
Está associada à dilatação do ventrículo direito ou das artérias
pulmonares.
Outras causas de dor cardiogênica
A estenose ou regurgitação aórtica, cardiomiopatias e miocardites
podem desencadear dor torácica semelhante à da isquemia miocárdica.
A dor da cardiomiopatia hipertrófica pode ser indistinguível da que
ocorre na isquemia miocárdica, porém, o habitual é que ocorra em 
repouso ou sem relação com o exercício, tenha duração prolongada,
podendo os nitratos não aliviá-la ou mesmo agravá-la. 
Nessa patologia, em geral, a dor torácica é de instalação tardia e 
precedida por dispneia.
Causas de dor torácica não-cardíaca
Refluxo gastroesofagiano;
Espasmo esofagiano;
Úlcera péptica;
Doença biliar, pancreatite;
Osteoartrose da coluna vertebral;
Dor musculoesquelética;
Dor psicogênica;
Síndrome de hiperventilação;
Síndrome de Da Costa;
Dor pulmonar.
A dor torácica de origem osteomuscular geralmente é bem localizada
e caracteristicamente o paciente aponta com o indicador para um
pequena região em que relata a dor.
É frequentemente acompanhada de dor à palpação dos músculos
intercostais ou articulações costocondrais, piorando na presença de
tosse ou movimentação.
Nessas situações, podemos reproduzir a dor do paciente palpando a
região afetada.
Sua duração é bem mais prolongada que a dor proveniente da 
isquemia miocárdica.
A dor torácica acompanhada de costocondrite (síndrome de Tietze) é
uma variante desse grupo, que se caracteriza por intensa dor à palpação
das articulações costocondrais.
Na dor do herpes zoster, a dor segue o trajeto dos nervos intercostais
e as vesículas características surgem posteriormente.
Dores de duração muito curta, referidas pelo paciente como tendo
segundos de duração, geralmente não têm origem miocárdica, podendo
ter origem osteomuscular, psicogênica ou acompanhar quadros de 
prolapso de valva mitral.
A ansiedade é causa frequente de dor torácica não-cardíaca, condição
chamada de síndrome de Da Costa ou astenia neurocirculatória.
A dor, nessa síndrome, é geralmente localizada no ápice, sendo 
persistente, com horas de duração, acompanhada de episódios de 
pontadas ou agulhadas em região apical e inframamária, com duração
de 1 a 2 segundos.
Ocorre sem relação com exercícios e pode estar associada a 
palpitações, hiperventilação, parestesias em região perioral e 
extremidades, dispneia, fraqueza generalizada e história de ataques de
pânico ou relato de instabilidade emocional ou depressão.
A dor pode melhorar com analgésicos comuns ou com repouso,
benzodiazepínicos ou placebos.
Outras queixas são vertigem, respiração difícil, sufocação, má 
tolerância aos exercícios.
- Ocorre principalmente em jovens do sexo feminino.
Dispneia
Respiração difícil.
Descrita como cansaço, canseira, falta de ar, fôlego curto, fadiga ou
respiração difícil.
Dispneia subjetiva: dificuldade respiratória sentida pelo paciente.
Dispneia objetiva: evidenciada pela aceleração dos movimentos
respiratórios (taquipneia) e pela participação ativa da musculatura
acessória da respiração (músculos do pescoço na inspiração e músculos
abdominais na expiração).
São várias as causas de dispneia. É necessário ter mente todas as
principais causas de dispneia para que sejafeito o diagnóstico 
diferencial a partir de suas características semiológicas.
A dispneia em paciente com lesão cardíaca indica congestão 
pulmonar.
A dispneia da insuficiência ventricular esquerda apresenta 
características quanto ao tempo de duração, evolução, relação com 
esforço e posição adotada pelo paciente.
A análise da sua relação com esforços deve levar em conta as 
atividades habitualmente exercidas pelo paciente.
Tipos de dispneia: 
a) Dispneia de esforço;
b) Dispneia de decúbito (ortopneia);
c) Dispneia paroxística noturna;
d) Dispneia periódica (Cheyne-Stokes).
Dispneia de esforço
É o tipo mais comum e geralmente o sintoma mais precoce da
insuficiência ventricular esquerda.
Aparece quando o paciente executa esforço físico.
A diferença fundamental entre a dispneia de esforço de uma pessoa
normal e a de um cardiopata está no grau de atividade física necessário
para produzir a dificuldade respiratória.
Assim, quando um cardiopata relata dispneia aos grandes esforços,
significa que passou a ter dificuldade respiratória ao executar uma
atividade que anteriormente realizava sem qualquer desconforto. 
Classificação da dispneia de acordo com o grau de esforço capaz de
desencadeá-la: dispneia aos grandes, médios e pequenos esforços.
Uma forma mais apropriada de classificação é caracterizar a dispneia
como dispneia aos esforços habituais, aos esforços menores que os
habituais e às atividades mínimas como o ato de alimentar, urinar, tomar
banho, trocar de roupa.
CLASSE FUNCIONAL DOS CARDIOPATAS – NEW YORK HEART 
ASSOCIATION (NYHA)
Classe I: portador de doença cardíaca, assintomático.
Classe II: dispneia (fadiga, palpitação, angina) aos esforços acima do 
	 habitual
Classe III: dispneia a esforços habituais
Classe IV: dispneia em repouso.
O caráter progressivo da dispneia é um dos elementos mais 
característicos quando esse sintoma é devido à insuficiência cardíaca.
À medida que o tempo passa, a reserva cardíaca declina 
progressivamente.
Isso faz com que a dispneia seja percebida com atividades físicas
cada vez menos intensas.
A condição alcança um estágio em que o sintoma está presente
mesmo com atividades mínimas ou o repouso.
A dispneia das enfermidades pulmonares e das anemias agrava-se
lentamente ou é estacionária.
Dispneia de decúbito (ortopneia)
Dispneia que surge na posição deitada, sendo aliviada parcial ou
totalmente, quando o paciente eleva o tronco, apoiando-se em maior
número de travesseiros ou mesmo sentando-se.
Em geral, surge mais tardiamente na evolução da insuficiência
cardíaca, após período variável em que o paciente apresentava apenas
dispneia de esforço.
Constitui, portanto, indício de maior gravidade, pois mostra menor
capacidade de adaptação funcional à sobrecarga de volume causada
pelo deslocamento do líquido represado nas partes pendentes para o
compartimento intratorácico.
A causa da dispneia de decúbito é o aumento da congestão 
pulmonar nesta posição pelo maior afluxo de sangue proveniente dos
membros inferiores e do leito esplâncnico.
Dispneia Paroxística Noturna
Dispneia de início súbito que acorda o paciente durante a noite e é
aliviada quando se senta ou se levanta.
Pode ser acompanhada da sensação de sufocação, tosse seca e
opressão torácica.
Em geral, o paciente, ao deitar-se, não apresenta dispneia; após ter
dormido algumas horas, é acordado pela dispneia.
Esse fato e o intervalo de tempo mais prolongado que decorre entre 
o ato de levantar-se e o alívio do desconforto respiratório distinguem a
DPN da ortopneia.
Na ortopneia, a dispneia se instala logo ao dietar-se e cessa mais 
prontamente com a elevação do decúbito.
O mecanismo intrínseco da DPN é o aumento da pressão no átrio
esquerdo e consequente elevação da pressão capilar pulmonar.
É causada por uma sobrecarga volêmica resultante da reabsorção
dos edemas gravitacionais.
A ocorrência de broncoespasmo, relata pelo paciente como chieira
no peito, que, por vezes, associa-se à DPN é explicada pela congestão
da mucosa brônquica ou broncoespasmo reflexo em consequência do
aumento da pressão capilar pulmonar. 
A ausculta torácica durante esses 
episódios de dispneia revela a 
presença de sibilos; por esse motivo,
é denominada de asma cardíaca.
Nas crises mais graves de dispneia paroxística noturna, além da
intensa dispneia, há também tosse com expectoração espumosa –
branca ou rosada, cianose, respiração ruidosa pela ocorrência de
sibilos e estertores. 
Este conjunto de sintomas e sinais caracteriza o edema agudo do
pulmão.
Isso se dá devido ao aumento da pressão no átrio esquerdo, que se
transmite às veias pulmonares, aumentando a pressão nos capilares
pulmonares e ocasionando transudação de líquido para o interstício,
que, se ocorrer rapidamente, configura o quadro de edema agudo do
pulmão.
Há aumento da pressão hidrostática e da permeabilidade capilar
pulmonar.
Dispneia periódica ou de Cheyne-Stokes 
Períodos de apneia, intercalados com períodos de hiperpneia.
Ocorre em enfermidades cardiovasculares, neurológicas, uremia,
intoxicação por barbitúricos ou morfina.
Dispneia de início súbito: pneumotórax, embolia pulmonar, edema
agudo de pulmão ou obstrução brônquica.
Dispneia com piora progressiva sugere insuficiência cardíaca ou
pneumopatia crônica.
Edema 
A causa básica do edema cardíaco é a insuficiência ventricular
direita por aumento da pressão hidrostática associado à retenção de
sódio.
Primeiramente, localiza-se nos membros inferiores, pela ação da 
gravidade, iniciando-se em torno dos maléolos. 
À medida que vai progredindo, acomete pernas e coxas, podendo
alcançar a raiz dos membros inferiores. É bilateral.
Por influência da gravidade, intensifica-se 
com o decorrer do dia, chegando à máxima 
intensidade no período da tarde (vespertino).
Diminui ou desaparece com o repouso noturno.
Com o agravamento da função cardíaca, o edema acomete o corpo
todo, inclusive o rosto (anasarca).
Em geral, o paciente com insuficiência cardíaca que desenvolve 
edema também refere dispneia aos esforços e ortopneia.
Por esse motivo, dorme em geral em decúbito elevado, o que evita o
edema de face.
Situações em que o edema cardíaco não se acompanha de ortopneia
(insuficiência tricúspide ou pericardite constritiva) podem ser 
acompanhadas de edema de face. Nesses casos, a ascite predomina
sobre o edema das extremidades.
Nos pacientes que permanecem acamados, o edema localiza-se
predominantemente nas regiões sacral, glútea e parede abdominal.
Quando a origem do edema é cardíaca, encontram-se outros sinais
de insuficiência ventricular direita (ingurgitamento das jugulares, 
refluxo hepatojugular e hepatomegalia).
O edema sistêmico cardiogênico é, em geral, uma manifestação da
insuficiência cardíaca direita.
Como essa disfunção é geralmente secundária à insuficiência cardíaca
esquerda, o edema na insuficiência cardíaca habitualmente é precedido
de dispneia.
Quando o edema ocorre sem antecedentes de ortopneia, suspeita-se
que a patologia acometa primariamente o lado direito do coração ou
o pericárdio.
Diagnóstico diferencial do edema cardíaco
O edema da insuficiência venosa crônica geralmente é mais 
acentuado em um membro, acompanha-se frequentemente de
hiperpigmentação local e história de úlceras venosas.
A presença de icterícia pode sugerir edema de origem hepática, o
qual geralmente é acompanhado de ascite.
- O edema da insuficiência renal crônica costuma acometer face.
Cianose
Coloração azulada da pele e das mucosas, em razão do aumento
da hemoglobina reduzida no sangue capilar.
É um sinal importante de enfermidade cardíaca, principalmente
na infância.
Tosse
A tosse da insuficiência ventricular esquerda é seca e mais intensa
à noite.
Sua causa é a congestão pulmonar; por isso, ela quase sempre
está associada à dispneia.
Palpitações
Percepção incômoda dos batimentos cardíacos.
Percepções: batimentos mais fortes, falhas, arrancos, paradas,
tremor no coração, coração deixando de bater, coração aos pulos.
Relatada por cardiopatasou indivíduos sem qualquer evidência de
cardiopatia.
Astenia
- Sensação de fraqueza generalizada.
Desmaio (Síncope)
É a perda súbita e transitória da consciência e do tônus muscular
postural.
Lipotimia: perda do tônus postural. Nessa situação, o paciente tem
uma queda súbita, sem perda de consciência.
Pré-síncope: o paciente tem sintomas como tonturas, escurecimento
visual, mal-estar, sudorese e náuseas, mas não perde a consciência.
Quadro convulsivo: há perda da consciência. A descrição dos 
movimentos tônico-clônicos, eliminação de urina, mordedura da 
língua favorecem o diagnóstico.

Continue navegando