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Aspectos que compõe a anamnese No raciocínio diagnóstico, os elementos fundamentais da anamnese são: Identificação do paciente 1. Idade Na identificação do paciente, é importante considerar a idade do paciente, pois existem muitas anomalias ligadas a determinadas faixas-etárias: a) Jovens e crianças: anomalias congênitas e episódios iniciais de doença reumática; b) Entre os 20 e os 50 anos: doença de Chagas e hipertensão arterial; c) Acima dos 50 anos: doença arterial coronariana (angina no peito e infarto agudo do miocárdio). 2. Sexo a) Mulheres: lesões mitrais (estenose e prolapso da valva mitral); b) Homens: aterosclerose coronária. Essas doenças predominam em cada sexo até os 45 anos de idade. A incidência dela passa a ter a mesma proporção após essa idade. 3. Cor da pele A hipertensão arterial acomete mais a população negra, aparecendo também em faixas- etárias mais baixas e de evolução mais grave para esse grupo populacional. 4. Profissão A profissão do paciente apresenta relação direta com doenças cardíacas, como: a) Profissões que demandam esforço: riscos de insuficiência cardíaca; b) Estresse emocional: cardiopatia isquêmica e hipertensão arterial. 5. Naturalidade e local de residência Podem se relacionar com as doenças endêmicas, especialmente a doença de Chagas. Queixa principal A queixa principal é aquele motivo que fez com que o paciente buscasse ajuda médica. História da doença atual Momento de destrinchar a queixa, a doença, questionando: a) Época de surgimento daquele sintoma (início súbito ou gradativo, presença ou ausência de fator desencadeante); b) Evolução do sintoma e como ele se apresenta no momento da consulta clínica; c) Características: localização, duração, intensidade, frequência; d) Fatores de piora ou melhora. Interrogatório dos diversos aparelhos Na consulta cardiovascular, queixas associadas ao sistema respiratório e ao sistema digestório podem se relacionar ao aparelho cardiovascular, por isso devem ser investigadas. Antecedentes pessoais Dos antecedentes pessoais, podem se relacionar as infecções estreptocócicas (microrganismos gram-positivos que causam muitos distúrbios): a) Bucofaringe; b) Lesões orovolares de etiologia reumática. Algumas relações também podem ser fatores desencadeantes para doenças do sistema cardiovascular: a) Alimentação rica em lipídios e aterosclerose; b) Lesões renais e hipertensão arterial; c) Perturbações emocionais e manifestações cardiovasculares de ansiedade e/ou depressão. Antecedentes familiares A influência dos fatores genéticos podem ser avaliadas pelos antecedentes familiares: a) Hipertensão arterial; b) Cardiopatia isquêmica. Cirurgias cardíacas e problemas cardiovasculares de um modo geral, na família, podem influenciar nas doenças do paciente. Hábitos de vida Os principais hábitos de vida relacionados às doenças do aparelho cardiovascular são: a) Tabagismo; b) Alcoolismo; c) Sedentarismo. Esses hábitos podem estar associados ao aparecimento da hipertensão arterial. Condições socioeconômicas e culturais As más condições alimentares e habitacionais podem levar ao aparecimento da doença reumática, por exemplo, dificultando o tratamento precoce. Sinais e sintomas Os sinais e sintomas do aparelho cardiovascular podem ser de origem cardíaca ou de diferentes órgãos, que podem repercutir no funcionamento cardíaco. Dispneia A dispneia, definida como dificuldade respiratória, pode ser referida pelo paciente como: a) Falta de ar; b) Cansaço ou canseira; c) Fôlego curto; d) Fadiga ou respiração difícil. Essa dificuldade respiratória pode vir acompanhada de respiração irregular e respiração acelerada, com alterações na frequência respiratória normal. 1. Maneiras semiológicas de se avaliar a dispneia Existem duas maneiras de se avaliar semiologicamente a dispneia: a) Maneira subjetiva: dificuldade respiratória sentida e referida pelo paciente; b) Maneira objetiva: evidencia-se pela aceleração dos movimentos respiratórios (taquipneia) e pela participação ativa da musculatura acessória da respiração (pescoço na inspiração e músculos abdominais da expiração). 2. Principais causas da dispneia As causas da dispneia podem ser divididas em causas cardíacas e causas pulmonares: Causas cardíacas Causas pulmonares Disfunção ventricular (insuficiência cardíaca congestiva) Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) Lesões valvares (mitral e aórtica) Lesão parênquima pulmonar Anomalias congênitas Bronquite e asma brônquica Insuficiência ventricular esquerda Embolia e infarto pulmonar Estenose mitral Atelectasia 3. Diagnóstico diferencial Além disso, além de causas cardíacas e pulmonares, a dispneia também pode estar associada a outras causas, como: a) Deformidades da caixa torácica (escoliose, lordose, cifose, cifoescoliose); b) Ansiedade e anemia; c) Obesidade e baixo condicionamento físico; d) Lesões traumáticas da parede torácica e tumores no mediastino; e) Pneumotórax e derrame pleural; f) Neoplasias broncopulmonares; g) Fibrose e micose pulmonar; h) Pneumoconiose e pneumonias; i) Gravidez; j) Astenia: sensação de cansaço e fraqueza. 4. Tipos de dispneia Existem quatro tipos de dispneia: a) Dispneia do esforço: aparece quando o paciente executa esforços físicos (grandes, pequenos e/ou médios esforços), sendo o principal tipo na insuficiência ventricular esquerda; b) Dispneia de decúbito: surge quando o paciente fica na posição deitada; c) Dispneia paroxística: ocorre com mais frequência à noite, consiste em o paciente acordar com intensa dispneia acompanhada de sufocamento, tosse seca e opressão torácica; d) Dispneia periódica ou de Cheyne-Stokes: períodos de apneia seguidos de movimentos superficiais, que vão se tornando mais profundos até chegar a um máximo e, depois, diminuem gradativamente até uma nova fase de apneia. 5. Classificação da dispneia A dispneia pode ser súbita ou progressiva: a) Dispneia súbita: aparece repentinamente, normalmente associada a embolia pulmonar, pneumotórax, edema agudo pulmonar, infecção respiratória e obstrução de vias aéreas: b) Dispneia progressiva: aparece gradativamente, associada a insuficiência cardíaca congestiva. Além disso, a dispneia também pode estar associada às crises de pânico (hiperventilação) e, no caso de aparecimento de sibilos, relaciona-se com a asma brônquica. 6. Dispneia da insuficiência ventricular esquerda A dispneia da insuficiência ventricular esquerda apresenta algumas especificidades quanto: a) Tempo de duração; b) Evolução; c) Relação com o esforço (atividades habitualmente exercidas pelo paciente); d) Posição adotada pelo paciente. Todos os tipos de dispneia que aparecem na insuficiência ventricular esquerda acompanham-se da elevação da pressão nos vários segmentos do leito vascular pulmonar: Aumento da pressão no átrio esquerdo ou enchimento do ventrículo esquerdo → pressão elevada nas veias e nos capilares pulmonares → extravasamento de líquido para o espaço intersticial pulmonar → congestão pulmonar A congestão pulmonar é a causa básica de dispneia dos pacientes com cardiopatia, pois ela provoca um aumento do espaço morto pulmonar, levando a uma maior resistência das vias aéreas e, consequentemente, a hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue). A hipoxemia, por sua vez, vai ser capaz de estimular os bulbos carotídeos, aumentando a resposta do centro respiratório, aumentando a ventilação-minuto, estimulando, por sua vez, a sensação de dispneia. 7. Escala de dispneia modificada (mMRC) A escala de dispneia é uma tabela com categorias que averiguam a incapacidade funcional basal, devidoa dispneia (principalmente em pacientes com DPOC): A categoria 0 de dispneia não é patológica, e sim, fisiológica, associada à prática de atividades físicas, sem relações com doenças. Dor torácica ou precordial A dor torácica ou dor precordial não é sinônimo de dor cardíaca, pois ela pode ter origem em outros órgãos, mas afetar regiões próximas ao coração. Na avaliação semiológica da dor torácica, todas as características devem ser pontuadas: a) Localização; b) Irradiação; c) Caráter; d) Intensidade (avaliada em escala de 1/10); e) Duração; f) Frequência; g) Fatores desencadeantes ou agravantes e fatores atenuantes; h) Sintomas associados que procedem, acompanham ou sucedem a dor. Quando o paciente leva a mão ao peito, englobando toda a área cardíaca, temos o sinal de Levine. Muitas vezes, a dor torácica não é referida como tal, mas como uma “opressão” e sensação de “peso” no peito. 1. Causas da dor torácica A dor torácica pode ter origens cardíacas ou não cardíacas: Outras causas de dor torácica podem incluir: a) Taquicardia; b) Causa musculoesquelética; c) Trato gastrointestinal; d) Psiquiátricas. 2. Características semiológicas dor torácica Diversos aspectos relativamente à dor torácica devem ser levados em consideração. 2.1 Localização A localização mais típica é a retroesternal, podendo ser sentida à esquerda (mais comum) ou à direita (mais raro); Pode ser restrita a uma pequena área ou ocupar toda a região precordial; A origem deve ser bem definida, inclusive algumas podem ter origem emocional. 2.2 Irradiação Relaciona-se com a sua intensidade; Quanto mais intensa a dor, maior a probabilidade de irradiação. 2.3 Caráter ou qualidade Dor anginosa: sensação de dor ou desconforto no centro do peito, de localização mal definida, definida como aperto ou peso; A dor anginosa é de origem constritiva, por isso a sensação de que algo aperta a região torácica ou retroesternal; Outras formas de referência da dor anginosa: aperto, opressão, peso, queimação e sufocação; Outros tipos de dor: queimação ou ardência no precórdio, formigamento ou facada. 2.4 Duração A dor anginosa no peito costuma durar 2 a 3 minutos, mas caso ela seja irregular, pode durar mais de 20 minutos; No IAM, a dor pode durar de 20 minutos a 1 hora. 2.5 Intensidade A intensidade da dor varia de acordo com o grau de comprometimento isquêmico, podendo ser leve, moderado ou intenso; Intensidade leve: peso ou desconforto; Intensidade moderada: incomoda muito e se agrava nos exercícios físicos; Intensidade forte: dor que se agrava nos pequenos esforços, acompanhada de sudorese, palidez, angústia e sensação de morte iminente. 2.6 Fatores desencadeantes ou agravantes A dor na angina do peito ocorre após o esforço físico, podendo também ser desencadeada por outras condições que atrapalhem o trabalho cardíaco; No IAM, a dor costuma aparecer quando o paciente está em repouso; Dores que se agravam com a tosse: podem estar associadas à pericardite ou pleurite. 2.7 Fatores atenuantes da dor Na angina do peito, a dor é aliviada com o repouso, bem como o uso de vasodilatadores coronários. 2.8 Sintomas associados (concomitantes) IAM: precordialgia intensa, náuseas, vômitos e sudorese fria; Isquemia provocada por taquiarritmia: dor precordial durante crises de palpitações. 3. Potenciais riscos de vida Na dor torácica, os potenciais riscos de vida devem ser urgentemente avaliados, em prol do bem- estar e da reversibilidade do quadro do paciente: a) Síndrome coronariana aguda; b) Dissecação aguda da aorta; c) Embolia pulmonar; d) Pneumotórax hipertensivo; e) Tamponamento cardíaco; f) Ruptura e perfuração do esôfago. 4. Características da dor não anginosa Grande parte da dor torácica se associa à dor anginosa, porém dores não anginosas também podem se manifestar no paciente com doença cardíaca, e devem ser avaliadas: a) Pleurítica (aguda, facada, desencadeada por tosse ou respiração); b) Desconforto na porção média ou inferior do abdome; c) Localização da dor com a ponta de um dedo; d) Dor com palpação do tórax; e) Dor com duração de várias horas; f) Dor com duração de alguns segundos. Palpitação Palpitações significam percepção incômoda dos batimentos cardíacos. 1. Causas da palpitação As palpitações podem ter causas cardíacas ou não cardíacas: Causas cardíacas Causas não cardíacas Arritmias Hipertireoidismo Insuficiência cardíaca Anemia Miocardites Esforço físico Miocardiopatias Emoções e síndrome do pânico Hipertensão arterial Medicamentos Uma outra causa de palpitação é a chamada hipertonia vagal, uma condição que leva ao aumento da atividade parassimpática do sistema nervoso autônomo, levando a diminuição acentuada da frequência cardíaca. 2. Caracterização da palpitação As palpitações podem ser referidas pelo paciente de diferentes formas, como: a) Batimentos mais fortes; b) Arrancos, galopes ou batedeiras; c) Paradas ou batidas fora do tempo; d) Tremor no coração; e) Coração deixando de bater; f) Coração aos pulsos ou batimentos no pescoço; g) Disparos no coração ou socos. 3. Frequência da palpitação e fatores de melhora ou piora O paciente deve ser questionado sobre a frequência da palpitação, bem como fatores desencadeantes e de alívio e horário preferencial para a ocorrência das palpitações. Devemos questioná-lo se as atividades físicas e o repouso são fatores de melhora ou piora. 4. Definição do ritmo O ritmo da palpitação pode ser regular, quando segue um padrão, ou irregular, quando ocorre de maneira desordenada. 5. Sinais de instabilidade hemodinâmica Os sinais de instabilidade hemodinâmica desencadeados pelas palpitações podem ser: a) Dor precordial; b) Tontura; c) Pré-síncope ou síncope. Edema As expressões “inchaço” e “inchume” são as mais utilizadas pelos pacientes para relatar o edema. Caracteriza-se pela expansão do componente extravascular do líquido intersticial (extracelular) proveniente do plasma sanguíneo. Históricos de inchaço, aumento de peso, dificuldades para calçar sapatos e “empachamento” são características do paciente que contém edema. 1. Classificação do edema O edema pode ser localizado ou generalizado: a) Edema localizado: em uma região específica; b) Edema generalizado: aparece em várias regiões. 2. Fóvea A ocorrência do edema é marcada pela fóvea, uma depressão na região edemaciada. Se esse edema for recente, a pele da região edemaciada torna-se lisa e brilhante. Os edemas de longa duração têm um aspecto mais áspero. 3. Edema cardíaco O edema cardíaco tem a insuficiência ventricular esquerda como causa básica, por aumento da pressão hidrostática associado à retenção de sódio. a) Localização: inicialmente, nos membros inferiores, podendo progredir até a raiz desses membros; b) Bilateral e assimétrico: mais intenso em um dos membros → existência de outra doença associada (varizes ou trombose venosa); c) Costuma se intensificar ao longo do dia, podendo diminuir ou desaparecer no repouso noturno. Quando o edema compromete todo o corpo, incluindo o rosto, denominamos essa condição de anasarca. Devemos observar os seguintes aspectos relativamente ao edema: a) Localização; b) Períodos de manifestação e agravamento ao longo do dia; c) Relação com a posição; d) Sintomas associados; e) Uso de drogas (bloqueadores de canais de cálcio - pacientes hipertensos - e corticoides) 4. Fisiopatologia do edema O edema é provocado por alterações na força de Starling (força responsável pelo movimento fluido entre compartimentos) que atuam na microcirculação. As forças de Starling(pressão hidrostática e pressão oncótica) devem estar em perfeito estado de equilíbrio dinâmico em condições normais. Quando isso não acontece, há formação de edema. Associada ao aumento da filtração da extremidade arterial e diminuição de absorção de extremidade venosa ou bloqueio da drenagem linfática. Principais alterações fisiopatológicas que atuam no processo de formação edematosa: a) Integridade vascular; b) Desequilíbrio das forças de Starling; c) Inflamação; d) Obstrução linfática. 5. Causas de edema O edema pode ter diversas causas, incluindo causas cardíacas e não cardíacas. Causas Exemplos Cardíacas Insuficiência cardíaca; Mal-formações. Pulmonar Tromboembolismo pulmonar. Hepática Hepatite crônica; Cirrose. Renal Glomerulonefrite; Doença renal crônica. Venosa Trombose venosa; Insuficiência venosa. Linfática Obstrução (infecção, tumores, traumas). Hormonal Menstrual; Gravidez; Síndrome de Cushing. Fármacos Corticoides; Bloqueadores de canal de cálcio. 6. Classificação do edema O edema é avaliado em: a) Intensidade (cruzes); b) Magnitude (milímetros); c) Extensão (desaparecimento). 7. Diagnóstico diferencial do edema Algumas características marcantes do edema possibilitam o diagnóstico diferencial: a) Trombose venosa profunda: unilateral, sem sinais inflamatórios, pode ter trauma recente ou fatores de risco para estase; b) Celulite: unilateral, outros sinais inflamatórios, febre; c) Insuficiência cardíaca: bilateral, aumenta à tarde, ortostatismo, crônica; d) Uso nifedipina: tornozelos, simétricos e sem sinal inflamatório; e) Síndrome nefrótica: olhos, face (principalmente ao acordar), simétrico e crônico; f) Urticária: súbito, prurido intenso, generalizado; g) Hipotireoidismo: generalizado, lento, associado ao ganho de peso e à sonolência. Tosse e expectoração A tosse é o estímulo local nos receptores da mucosa do trato respiratório ou central (patogênica), podendo ser de origem inflamatória, mecânica, química ou térmica. É um sintoma frequente na insuficiência ventricular esquerda (tosse seca e intensa à noite), constituindo um mecanismo de valor na manutenção da permeabilidade da árvore traqueobrônquica. Toda a semiologia da tosse deve ser investigada nesse momento: a) Frequência; b) Intensidade; c) Presença de secreção (expectoração); d) Relação com decúbito. Quando a tosse é acompanhada de secreção, temos a expectoração, que é o produto eliminado por intermédio da tosse, procedente das vias respiratórias. Expectoração de pacientes com insuficiência ventricular esquerda: serosa, de pouca consistência, contém ar e rica em albumina (conferindo-lhe aspecto espumoso). 1. Caracterização e possíveis etiologias da tosse De acordo com a caracterização da tosse e da expectoração, podemos sugerir possíveis causas desse quadro clínico: a) Seca: irritação da laringe, pleura, mediastino; b) Produtiva: bronquite e outras infecções pulmonares; c) Hemoptise (expectoração com eliminação de sangue): infarto pulmonar, neoplasia pulmonar e tuberculose; d) Com secreção rosa: edema agudo pulmonar; e) Rouca em tabagistas: laringite crônica; f) Seca e dispneia aos esforços: DPOC e ICC; g) Atopia e fatores irritativos: asma. Cianose A cianose é a coloração azulada da pele e das mucosas, em razão do aumento da hemoglobina reduzida no sangue capilar ou hemoglobina anormal no sangue. Ela é de fácil identificação, exceto em pacientes com a coloração mais escura da pele. Devem ser avaliados os lábios, a ponta do nariz, a região malar (bochechas), lóbulos da orelha, língua, palato, faringe e extremidades da mão e dos pés. 1. Tipos de cianose A cianose pode ser generalizada ou localizada: a) Generalizada: observada em todo o corpo; b) Localizada: restrita a determinados segmentos corporais, como o cefálico. 2. Classificação da cianose A cianose pode ser, ainda, classificada de quatro maneiras distintas: 2.1 Cianose central Níveis de hemoglobina reduzida no leito capilar são maiores que 5g/dL ou 1,5g/dL de metaemoglobinemia (DPOC, embolia pulmonar e cardiopatias congênitas); Diminuição da tensão de O2 no ar inspirado; Distúrbio da ventilação pulmonar; Distúrbio da difusão; Distúrbio na perfusão em consequência de cardiopatias congênitas, por exemplo; Curto-circuito (shunt) de sangue. 2.2 Cianose periférica Principal causa está associada à vasoconstricção cutânea por baixo débito cardíaco ou exposição ao frio; Perda exagerada de oxigênio ao nível da rede capilar, com cianose caracterizada por aparecer em áreas distais e acompanhadas de pele fria. 2.3 Cianose mista Os mecanismos da cianose central associados aos da cianose periférica provocam a cianose mista. 2.4 Cianose por alteração da hemoglobina Deve-se a alterações bioquímicas que impedem a fixação do oxigênio pelo pigmento. 3. Características investigadas da cianose No exame do paciente cianótico, certas características são importantes para o raciocínio diagnóstico, destacando-se: a) Intensidade: leve, moderada ou grave; b) Duração: se presente desde o nascimento, pode estar associada a cardiopatias congênitas; c) Presença ou ausência de hipocratismo digital: deformidade dos dedos com aumento de volume (formato de baqueta). A combinação de cianose com baquetamento é frequente em pacientes com cardiopatias congênitas e com doenças pulmonares. Hemoptise A hemoptise é a expectoração de sangue puro ou com secreções de tosse, habitualmente um vermelho vivo. Costuma ser procedente da traqueia, dos brônquios ou dos pulmões. As características da hemoptise devem ser bem avaliadas, para esclarecer se ela está relacionada com causas cardíacas ou pulmonares: a) Hemoptise + expectoração espumosa e rósea: edema pulmonar agudo causado por insuficiência ventricular esquerda; b) Expectoração “cor de tijolo”: pneumonias torácicas; c) Raias de sangue recobrindo grumos de muco: bronquites e hemorragias das neoplasias brônquicas; d) Sangue escuro + expectoração mucosa: infarto pulmonar e pneumonia necrosante; e) Hemoptise volumosa com sangue vivo: ruptura dos vasos bronquiais. Outro ponto extremamente importante é diferenciar a hemoptise da hematêmese. A hemoptise é a eliminação de sangue durante a expectoração, podendo ser referida pelo paciente como “escarro de sangue” ou vômito de sangue”. Porém, o vômito de sangue propriamente dito é a hematêmese. Fadiga A fadiga é um sintoma muito comum e de difícil elucidação, relacionado com a indisposição para realizar tarefas, fraqueza, cansaço e desânimo. Está associada à diminuição do débito cardíaco e má oxigenação dos músculos esqueléticos. Diagnóstico diferencial: ICC, distúrbio hidroeletrolítico e doenças consumptivas. Síncope e lipotimia (desmaio) Síncope é a perda súbita e temporária da consciência, com perda do tônus postural e recuperação total e espontânea. O desmaio é a perda súbita e transitória da consciência e do tônus muscular postural (síncope), mas nem sempre ocorre de maneira completa, podendo ser parcial a perda da consciência, uma pré- síncope ou lipotimia. Na maioria dos casos, o quadro evolui para a recuperação da consciência, pois existe hipoperfusão cerebral intensa e súbita na substância reticular ascendente. Causas cardíacas Causas extracardíacas Diminuição do fluxo sanguíneo cerebral Metabólicas (hipoxia, hipoglicemia) Arritmias e distúrbios de condução Síncope neurogênica Diminuição do débito cardíaco Obstruções extracardíacas Regulação vasomotora anormal Psicogênica Diminuição mecânica do retorno venoso Hipovolemia aguda Outras causas vasculares incluem os pródomos, com maisfrequência pela manhã, após exercícios ou refeições, especialmente em idosos: a) Tonturas; b) Visão turva; c) Fraqueza; d) Síncope. Alterações do sono A insônia é um sintoma frequente nos pacientes com insuficiência ventricular esquerda, podendo estar associada à dispneia de Cheyne- Stokes, dificultando o repouso noturno. Astenia A astenia é uma sensação de fraqueza generalizada, sendo um sintoma de caráter subjetivo, tendo como base uma impotência motora funcional, presente na maioria dos pacientes com IAM e IC. A astenia dos cardiopatas também pode estar relacionada com a fraqueza muscular, seja por razão da insuficiência cardíaca propriamente ou pela falta de exercício físico. Posição de cócoras A posição de cócoras é interpretada como um tipo peculiar de dispneia do esforço, próprio de portadores de cardiopatia congênita cianótica com fluxo sanguíneo pulmonar diminuído. Esses pacientes assumem instintivamente a posição de cócoras, aliviando a dispneia, melhorando a saturação arterial de oxigênio. Sibilância, chieira ou chiado Significa o aparecimento de um ruído junto com a respiração, dificultando-a. Esse chiado traduz a passagem de ar em alta velocidade através das vias respiratórias estreitadas. O sibilo é um som musical, contínuo, prolongado e predominantemente expiratório. Sinais e sintomas do AVC O AVC (acidente vascular cerebral) inclui sinais e sintomas muito semelhantes aos do aparelho cardiovascular, como: a) Dor torácica; b) Palpitações; c) Edema; d) Dispneia; e) Tosse e expectoração; f) Síncope; g) Cianose; h) Alterações do sono.
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