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O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO ETAPA 3 Autor Cleide Donizete Moreira Nunes Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? 1 INTRODUÇÃO Nesta etapa, você conhecerá o funcionamento do Sistema Educacional Brasileiro nos recortes da Base, uma oportunidade para compreender as mudanças que precisam acontecer nos interiores dos muros escolares a partir desse documento. Com a promulgação da BNCC no ano de 2017 para os níveis da Educação Infantil e Fundamental e, em 2018, para o Ensino Médio, o cenário escolar ganha outros olhares que modificam a forma de pensar a escola, o aluno e o professor. Nessa perspectiva, este estudo pretende compreender como pode ser o funcionamento do sistema educacional brasileiro a partir da BNCC. Para isso, faz-se necessário recorrer a alguns conceitos que orientarão esta partilha de conhecimento, destacando-se os termos: educação, currículo, professor e didática, todos visando à produção do conhecimento acerca da BNCC e seus efeitos na esfera da educação brasileira. Nesta proposição sobre o que é educação, várias questões devem ser consideradas, uma vez que este termo abrange esferas e etapas. Assim, se a intenção é refletir sobre a educação contemporânea, que tem seus princípios nas acepções que a BNCC orienta, torna-se necessário buscar o que os olhares deste documento norteador traduzem como educação. Para isso, o primeiro ponto a observar na Base é a inovação e, ao mesmo tempo, a inclusão, revelando novos sentidos que determinam o rumo da educação brasileira, uma vez que considera que “a sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e inclusivo a questões centrais do processo educativo: o que aprender, para que aprender, como ensinar, como promover redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o aprendizado” (BRASIL, 2017, p. 14). O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO ETAPA 3 CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? Essa observação referencia uma educação integral que não se fecha numa linha de trabalho, mas que considera o estudante. Isso significa, conforme a Base retrata, olhar o estudante como sujeito de aprendizagem, considerando sua pluralidade e totalidade, enxergando-o num todo e oportunizando o seu desenvolvimento pleno a partir de suas particularidades e diversidades (BRASIL, 2017). Portanto, falar de educação atual é pensar num formato que atenda a todos num prisma que convide o estudante a buscar o conhecimento e instigue o professor a refletir sobre o que está por trás das questões “o que aprender, para que aprender, como ensinar, como promover redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o aprendizado” (BRASIL, 2017, p. 14). Assim, no momento em que a sociedade reconhece que a educação deve caminhar para implantar a inovação e a inclusão, ela passa a compreender que outras e novas práticas também devem ser acentuadas, fortalecendo a intenção de elevar a qualidade da educação. Nessa vertente, este texto recorrerá ao sentido de educação como primeiro passo para compreender o sistema educacional brasileiro, fazendo menções sobre a educação brasileira a partir da BNCC e ressaltando o que é educação a partir desse documento e de teóricos que analisam essa temática. Ademais, serão reportados a Base Nacional Comum Curricular e o Currículo, fazendo referência ao conceito de currículo que se insere nesse documento e sob demais olhares. Na sequência, será retratada a postura do professor no trabalho com a BNCC, verificando suas possíveis dificuldades e necessidades como entremeio do aluno e do conhecimento. Finalizaremos a discussão com o trabalho do currículo em sala de aula. Assim, este estudo mostrará que, para a elaboração do plano de aula que será aplicado ao aluno, atendendo ao currículo, o professor fundamenta- se, em primeiro lugar, na BNCC, nesta sequência, no currículo e no Projeto Político-Pedagógico, chegando as suas práticas pedagógicas organizadas com as competências, habilidades, estratégias, recursos e avaliação, que compõem o plano de aula. Essas considerações acerca do sistema educacional brasileiro serão sustentadas em Libâneo (2012), Saviani (2016), na BNCC (BRASIL, 2017) e na escuta do professor, permitindo que você conheça o caminho entre conhecimento/aluno e aluno/conhecimento. 2 A EDUCAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR Para dialogar sobre a educação brasileira contemporânea, é oportuno a compreensão das palavras inovação e inclusão que, de certa forma, traduzem a concepção da BNCC, formulada a partir de vários outros documentos CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? norteadores na educação e na sociedade, que já foram compartilhados no estudo acerca dos marcos da formulação da BNCC. Esses dois termos que abrem o texto da BNCC ampliam o conceito de educação, visto que neles estão a essência do ensino e da aprendizagem. Por isso, será apresentado o conceito de ‘inovação’. Segundo o Dicionário Houaiss (2008, p. 424), inovação é: “1 concepção, proposição e/ou realização de algo novo, manutenção; 2 coisa nova; novidade”, algo que sugere uma mudança para além do que está sendo realizado. Veja a Figura 1, que está representando a educação atual. FIGURA 1 – INOVAÇÃO NA EDUCAÇÃO FONTE: <https://blog.lyceum.com.br/inovacao-na-educacao/>. Acesso em: 13 abr. 2021. Portanto, quando a BNCC referencia seu documento com o termo inovação, está pretendendo trazer para a educação a modificação, a criação, um leque de opções. Assim, o estudo sob os prismas da BNCC requer mover- se para alcançar os objetivos que são propostos para o ensino-aprendizagem do aluno. Nesse novo caminho, devem-se considerar os recursos, as metodologias e as estratégias, aplicando-os dentro de uma funcionalidade. Nesse mesmo sentido, conheceremos o significado do termo inclusão, a partir do verbo ‘incluir’. Conforme propõe o Dicionário Houaiss (2008, p. 414): “1 fazer que seja parte de (grupo, lista, todo etc.); inserir (se); 2 conter em si; compreender, abranger; 3 trazer em si; implicar, envolver inclusão”. Isso reforça o que a BNCC intenciona para a educação contemporânea, CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? uma educação que convida à união, visto que não existe a possibilidade de construir conhecimento se não estiver estruturado nesses dois valores. A Figura 2 apresenta uma prática pedagógica que parte da inclusão ao atender a todos e da inovação ao considerar equipamentos tecnológicos e a própria organização da sala. FIGURA 2 – INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/18275/inclusao-na-educacao-quais-os-desafios-para-realmente- atender-pessoas-com-deficiencia>. Acesso em: 14 abr. 2021. Veja que a inclusão potencializa forças, permite a aprendizagem por meio de todos e não exclusivamente por meio do professor, visto que ao pensar em inclusão, abre-se espaço para incluir o aluno, mas também incluir outros profissionais que transitam no espaço escolar. Assim, o conhecimento não está tão somente dentro da sala de aula, ele ocupa todos os ambientes em que o aluno pode estar. Segundo Barbosa (2004, p. 31), “a educação é um processo permanente e inerente ao viver, ou seja, na medida em que vivemos em diferentes situações, estamos nos educando”. Alicerçado nessas duas palavras, ‘inovação e inclusão’, que encadeiam este estudo, a educação tem uma identidade, uma estrutura. “A educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza, mostrando-se também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)” (BRASIL, 2017, p. 8). Por isso, é preciso construir práticas que levem o estudante a se desenvolver por meiode valores que elevam uma sociedade. Dentro desta perspectiva de educação, “no novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações” (BRASIL, 2017, p. 14). CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? No entanto, com essa visão ampla e ainda com a necessidade de buscar por algo a mais, a educação com certeza terá novos desafios, tanto para o gestor como para o professor e aluno, haja vista que com a educação integrada que a Base propõe, articulada com as novas tecnologias, serão muitas as mudanças e necessidades de estruturas e formações. De acordo com a BNCC, o novo cenário mundial: Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades (BRASIL, 2017, p. 14). De certa forma, o que a BNCC traz já é algo que se insere no Projeto Político-Pedagógico da escola, a diferença é que, a partir dela, a escola sabe o mínimo que deve ser desenvolvido no aluno. Esse documento ainda propõe a cultura digital, que em virtude da pandemia e do ensino remoto nas escolas ganhou muito destaque nas práticas de ensino-aprendizagem e os profissionais sabem da importância de utilizar as TIC no ensino. Contudo, o que ainda dificulta o uso dessa ferramenta é a falta de acesso dos alunos e de estrutura em algumas escolas na formação cognitiva, digital e social do estudante. A educação ocupa sentidos de ação, conforme ressalta Libâneo (2012, p. 13), ela é na sua natureza constitutiva “uma prática, entendida como a realização de uma atividade humana que tem um sentido, uma finalidade e, enquanto tal, medeia a relação entre o sujeito da atividade e os objetos da realidade, dando uma configuração humana a essa realidade”. Ela envolve saber onde se pretende chegar e o que se pretende alcançar, daí pensar que para a educação acontecer ela precisa ter uma intenção, um planejamento, não pode ser algo solto, de improviso, vago. Segundo Libâneo (2012, p. 13), a educação abarca “o conjunto das ações, processos, influências e estruturas que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais”. Dessa forma, a educação acontece na relação entre aprender e fazer, ou seja, ela resulta em uma ação, uma atitude. A educação acontece no processo de evolução, quando o estudante consegue modificar algo que antes não conseguiria. Isso reporta ao pensamento que a BNCC traz como competência, isto é, o estudante tem a competência de, somente quando é capaz, fazer algo que antes não conseguiria. Libâneo (2012, p. 20) ainda ressalta que a “educação (ou as práticas educativas) é o ponto de partida e o ponto de chegada da investigação educacional”. Isso acontece porque no espaço educacional o que move CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? o aluno a uma direção, assim como atingir um objetivo, é a educação, o aprender. Libâneo (2012, p. 13) também assevera que a educação enquanto prática “é a atuação sobre a formação e o desenvolvimento do ser humano, em contextos sócio-históricos e em condições materiais e sociais concretas”. Isso contribui para o raciocínio de que a educação existe em prol de um acontecimento, de uma modificação, de algo que não existia e com ela passa a existir. Portanto, trazer a educação como recorte neste estudo organizado a partir da BNCC é compreender que este documento, em suas diretrizes, propõe a educação como fonte libertadora, que visa competência e habilidades em relação a uma proposta que desencadeia outras novas propostas. Nesse sentido, é oportuno conhecer as entrelinhas que compõem este estudo. Na sequência, discutiremos acerca do currículo. 3 A BNCC E O CURRÍCULO A educação enquanto um sistema que objetiva o desenvolvimento do estudante precisa estar ancorada em princípios organizados e formulados pelas políticas públicas que, por meio de análises e discussões, identificam o conhecimento mínimo que deve ser desenvolvido pelas instituições escolares, garantindo a educação de qualidade para todos, conforme a Constituição Federal (1988) traz em seu artigo 206, inciso VII - “garantia de padrão de qualidade”. Para que a qualidade na educação seja alcançada, torna-se urgente conhecer o que está se buscando, ou seja, a qualidade em quê? Quando se pode dizer que o estudante tem qualidade no que ele faz? Em que basear a parametrização? Essas indagações servem de impulso para esta discussão, que procura trazer a qualidade na educação e isso não é novo, essa proposição vem sendo considerada desde o ano de 1988, quando a CF trouxe em seu artigo 210 que “serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). Faz mais de trinta anos que o desejo pela educação de qualidade está sendo idealizado, pois para que haja qualidade na educação é essencial saber que a qualidade está no conhecimento dos conteúdos apresentados no Projeto Político-Pedagógico que a escola elabora. Para que esse conteúdo chegue à sala de aula, existe um processo anterior que antecipa quais são os conteúdos para cada turma, nível e componente curricular que a escola deverá desenvolver, independentemente de onde a escola está situada. Oliveira (2013, p. 12) assevera sobre a finalidade de a escola “transmitir conhecimento ao outro, não apenas os úteis, mas, igualmente, os necessários ao processo formativo, qual sejam, tornar a pessoa capaz de deter o CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? conhecimento científico produzido pela sociedade e saber conviver com o outro, segundo princípios de civilidade e de ética”. Isso propõe algo além do que a escola definiu como meta a ser ensinada, pois embora haja o mínimo, ou seja, a Base, espera-se que haja aproveitamento das oportunidades que surgem, é o que se chama de currículo oculto, isto denota que no espaço escolar desenvolvem-se os conteúdos definidos e os demais que se fizerem presentes. Diante disso, Young (2007, p. 1297) ressalta que “as escolas devem cumprir um papel importante em promover a igualdade social, elas precisam considerar seriamente a base de conhecimento do currículo, mesmo quando isso parecer ir contra as demandas dos alunos (e às vezes de seus pais)”. Portanto, dominar o currículo é manter a igualdade social, pois quando este trabalho acontece a criança sai do anonimato e mesmo do lugar em que está inscrita, de forma ativa, poderá fazer história, sendo capaz de caminhar. O papel da escola é buscar condições para desenvolver o currículo. Conforme ressalta Young (2007, p. 1297), “para crianças de lares desfavorecidos, a participação ativa na escola pode ser a única oportunidade de adquirirem conhecimento poderoso e serem capazes de caminhar, ao menos intelectualmente, para além de suas circunstâncias locais e particulares”. Nesse sentido, a escola pode fazer esta transformação, não é preciso que o aluno vá à escola e continue na mesma condição, com as mesmas experiências, por isso a importância dos conteúdos, denominados de currículo. Oliveira (2013, p. 10) afirma que, “em entrevista realizada para a Revista Pensar a Prática, Libâneo referenda a importância da escola como espaço essencial de produção do conhecimento na sociedade contemporânea”. Essa concepção já é histórica, pois estána memória discursiva e ideológica da sociedade que o lugar da aprendizagem é a escola. Oliveira (2013, p. 10) ressalta também que Libâneo menciona quatro objetivos para que a escola se consolide: Eu venho propondo quatro objetivos para a escola de hoje. [...] eles formam uma unidade [...]. O primeiro deles é o de preparar os alunos [...] para a vida numa sociedade técnico-científica-informacional. [...] Para isso, é preciso investir na formação geral, isto é, no domínio de instrumentos básicos da cultura e da ciência e das competências tecnológicas e habilidades técnicas requeridas pelos novos processos sociais e cognitivos. Na prática, refiro-me a conteúdos [...] que propiciem uma visão de conjunto das coisas, capacidade de tomar decisões, de fazer análises [...]. Em segundo lugar, proponho o objetivo de proporcionar meios de desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas, ou seja, ajudar os alunos nas competências do pensar autônomo, crítico e criativo. Este é o ponto central do ensino atual, que deve ser considerado em estreita relação com os conteúdos, pois é pela via dos conteúdos que os alunos desenvolvem a capacidade de aprender [...]. O terceiro objetivo é a formação para a cidadania crítica e participativa. As CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? escolas precisam criar espaços de participação dos alunos dentro e fora da sala de aula em que exercitem a cidadania crítica. [...] O quarto objetivo é a formação ética. É urgente que os diretores, coordenadores e professores entendam que a educação moral é uma necessidade premente da escola atual. Não estou pregando o moralismo [...]. Estou falando de uma prática de gestão, de um projeto pedagógico [...] que programe o ensino do pensar sobre valores. [...] Em resumo, eu proponho investir na capacitação efetiva para empregos reais e na formação do sujeito político socialmente responsável. Ao observar esses objetivos apresentados por Libâneo (1998b, p. 4-5 apud OLIVEIRA, 2013), percebem-se práticas que mostram uma escola viva se preparando rumo à tecnologia, à ciência e à informação, ou seja, para a universalização, pois em uma escola do século XXI é urgente a implantação de práticas que vislumbram a pesquisa, o uso dos equipamentos tecnológicos e a informação como fontes de subsistência para o novo aprendizado. Além de aprender os conteúdos, a escola atual deve preparar o aluno quanto às habilidades e competências que permeiam esses conteúdos, pois na educação não basta saber que ‘Eva viu a uva’, mas conforme sinaliza Freire (2006, p. 65), “compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”. Os apontamentos que Libâneo (1998b) e Freire (2006) apresentam, articulam-se com as perspectivas que a BNCC tem sobre a educação e ainda o que ela indica como orientação para a elaboração do currículo, haja vista que nas habilidades e competências esses conceitos estão amarrados e uníssonos para que o aluno tenha condição de se desenvolver para uma sociedade do século XXI. 3.1 O CURRÍCULO Diante dessa proposição de investir no desenvolvimento do estudante, a BNCC traz como orientação para a elaboração do currículo as habilidades e competências mínimas com as características que já foram mencionadas na LDB/96, em seu artigo 26, discriminando que a Educação Básica deve ter “uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos” (BRASIL, 1996). Isso valida a BNCC a atender essa necessidade, sendo uma referência dos objetos de aprendizagem, pois de acordo com a BNCC, a LDB antecipa dois conceitos que devem mover a questão curricular brasileira, sendo: O primeiro, já antecipado pela Constituição, estabelece a relação entre o que é básico-comum e o que é diverso em matéria curricular: as competências e diretrizes são comuns, os currículos são diversos. O segundo se refere ao foco do currículo. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão a serviço CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? do desenvolvimento de competências, a LDB orienta a definição das aprendizagens essenciais e não apenas dos conteúdos mínimos a serem ensinados. Essas são duas noções fundantes da BNCC (BRASIL, 2017, p. 11). De acordo com a BNCC, o currículo da educação básica deve se fundamentar nos princípios éticos, políticos e estéticos, trazendo os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, sinalizando o “compromisso com a formação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, efetiva, social, ética, moral e simbólica” (BRASIL, 2017, p. 16). Nesse formato, percebe-se um currículo amplo, que atende a todos, por isso a BNCC é referência, porque ela traz uma intenção que já foi antecipada de alargar as extremidades, aproximar as vertentes, tornar a educação acessível a todos e, ainda, retrata as propostas temáticas apresentadas pelas leis, resoluções, decretos, pareceres, por meio das competências e habilidades, a fim de tornar o currículo mais amplo. Cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora (BRASIL, 2017, p. 19). A Base ainda propõe vários tópicos que devem ser considerados pelas instituições como alicerce de uma educação de qualidade na elaboração das propostas curriculares de forma contextualizada, garantindo a formação integral do indivíduo. Como a BNCC é um documento norteador para o Brasil, permitindo atender à diversidade e à especificidade de cada região, será a base diferencial que os municípios e estados poderão incluir em seus currículos com os conteúdos específicos de sua região, uma vez que ela cumpre seu papel unificando os conteúdos básicos que correspondem ao currículo mínimo obrigatório. De acordo com Abreu (2021, s.p.), “ao mesmo tempo, pretende que os ensinamentos tradicionais e regionais continuem sendo passados aos alunos, correspondendo à parte diversificada do currículo escolar”. O currículo é a forma mais precisa de ver a escola em funcionamento, aliás, tudo que acontece na escola fundamenta-se no currículo, que tem na razão de sua existência o desenvolvimento do estudante. Saviani (2016, p. 54) afirma que o “currículo é tudo o que a escola faz, assim não faria sentido falar em atividades extracurriculares”. Ele ainda assevera acerca dos saberes que todo educador deve dominar, sendo: 4.1. O saber atitudinal. Esta categoria compreende o domínio dos comportamentos e vivências consideradas adequadas ao trabalho educativo. Abrange atitudes e posturas inerentes ao papel atribuído ao educador, tais como disciplina, pontualidade, coerência, clareza, justiça e equidade, diálogo, respeito às pessoas dos educandos, atenção as suas dificuldades etc. Tratam-se de competências que se prendem à identidade e conformam a personalidade do educador, mas que são objeto de formação tanto por processos espontâneos como deliberados e sistemáticos. 4.2. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? O saber crítico-contextual. Trata-se do saber relativo à compreensão das condições sócio-históricas que determinam a tarefa educativa. Entende-se que os educandos devam ser preparados para integrar a vida da sociedade em que estão inseridos de modo a desempenhar nela determinados papéis de forma ativa e, o quanto possível, inovadora. Espera-se, assim, que o educador saiba compreender o movimento da sociedade, identificando suas características básicas e as tendências de sua transformação de modo a detectar as necessidades presentes e futurasa serem atendidas pelo processo educativo sob sua responsabilidade. A formação do educador envolverá, pois, a exigência de compreensão do contexto a partir do qual e para o qual se desenvolve o trabalho educativo, traduzida aqui na categoria do saber crítico-contextual. 4.3. Os saberes específicos. Nesse âmbito, incluem-se os saberes correspondentes às disciplinas em que se recorta o conhecimento socialmente produzido e que integram os currículos escolares. Trata-se dos conhecimentos oriundos das ciências da natureza, das ciências humanas, das artes ou das técnicas, obviamente considerados, como se assinalou, não em si mesmos, mas enquanto elementos educativos, isto é, que precisam ser assimilados pelos educandos em situações específicas. Sob esse ponto de vista não é lícito ao educador ignorar esses saberes, os quais devem, em consequência, integrar o processo de sua formação. 4.4. O saber pedagógico. Aqui se incluem os conhecimentos produzidos pelas ciências da educação e sintetizados nas teorias educacionais, visando articular os fundamentos da educação com as orientações que se imprimem ao trabalho educativo. Em verdade esse tipo de saber fornece a base de construção da perspectiva especificamente educativa a partir da qual se define a identidade do educador como um profissional distinto dos demais profissionais, estejam eles ligados ou não ao campo educacional. 4.5. O saber didático-curricular. Sob essa categoria compreendem-se os conhecimentos relativos às formas de organização e realização da atividade educativa no âmbito da relação educador-educando. É, em sentido mais específico, o domínio do saber fazer. Implica não apenas os procedimentos técnico- metodológicos, mas a dinâmica do trabalho pedagógico enquanto uma estrutura articulada de agentes, conteúdos, instrumentos e procedimentos que se movimentam no espaço e tempo pedagógicos, visando atingir objetivos intencionalmente formulados (SAVIANI, 2016, p. 54). Diante dessa concepção que Saviani (2016) defende acerca do currículo, percebe-se o que é apresentado na BNCC por meio das habilidades e competências como fonte de conhecimento aos alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, propondo para a Base ser um norte e não um currículo, conforme a Figura 3 representa. FIGURA 3 – BNCC NA PRÁTICA FONTE: <https://bit.ly/3yBi6xd>. Acesso em: 15 abr. 2021. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? 3.2 A POSTURA DO PROFESSOR NO TRABALHO COM A BNCC Ao trazer o professor nessa discussão sobre a Base, faz-se necessário refletir o papel deste profissional como mediador que fará toda a proposta acontecer e, ainda, somente por ele e com ele a teoria ganha forma, a concretude do conhecimento. Conforme as informações sobre a BNCC, cabe pensar o papel do professor na articulação entre a proposta e o acontecimento, verificando como a mediação funcionará nas escolas, bem como o que será urgente para que a prática docente tenha efeito combinatório, ou seja, essas observações conduzirão esse espaço de formação. Assim, ao adentrar na literatura da BNCC é notória a sua concepção acerca da formação do professor frente a esta nova proposta que traz o ensino de forma dialogada e traz a tecnologia como meio para a aprendizagem significativa. A BNCC deixa evidente que ela por si só não transformará a desigualdade no ensino, “mas é essencial para que a mudança tenha início porque, além dos currículos, influenciará a formação inicial e continuada dos educadores, a produção de materiais didáticos, as matrizes de avaliações e os exames nacionais” (BRASIL, 2017, p. 5), uma vez que esses fatores serão considerados à luz do texto homologado na BNCC. Na disposição que a BNCC traz suas proposições, verif ica-se o reconhecimento de que a aprendizagem se materializa se todos estiverem comungando do mesmo ideal, buscando pela concretização do currículo vivo, que deve ser organizado a partir das orientações estabelecidas nela, firmando um compromisso de todos os envolvidos frente a várias ações que são pensadas para serem realizadas pelas famílias, comunidades e pelas escolas. Veja que as ações que a BNCC propõe sugerem o movimento do professor e gestor na organização do currículo e assinalam a importância de pontos muito relevantes, como a avaliação, o estímulo ao aluno, os conteúdos e a formação dos professores e por isso serão apresentadas na sua individualidade, sendo a primeira: “contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas” (BRASIL, 2017, p. 16). Esta ação é extensiva ao professor, é ele quem tem habilidade e responsabilidade para desenvolvê-la, trazendo para reflexão essa proposta. Nessa segunda ação, vale vislumbrar que ao se referir às estratégias, mais uma vez, assinala a conduta do docente em: Decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem (BRASIL, 2017, p. 16). Nesse quesito, a BNCC evidencia o trabalho interdisciplinar e isso tem sido uma necessidade no meio escolar, pois quando as disciplinas se inter- relacionam, o estudante tem possibilidade de aprender de forma circular. Como terceira ação, a dica é centrar-se nas diferenças que existem nas turmas no sentido de atender a todas, sem deixar nenhum aluno de fora. Selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização etc. (BRASIL, 2017, p. 17). Portanto, novamente, a BNCC já evidencia como deverá ser o trabalho do professor, a partir de estratégias e metodologias que elevam a aprendizagem. Na quarta ação proposta na BNCC, fica como orientação para o estímulo ao aluno “conceber e pôr em prática situações e procedimentos para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens” (BRASIL, 2017, p. 17). Percebe-se com isso que para a Base, a aprendizagem acontece se o aluno estiver engajado, sentindo-se pertencente ao grupo, essa afirmação é recorrente na escola e os professores já compreendem que o conhecimento passa pela esfera afetiva. Indo para a quinta ação, observa-se como deve acontecer a avaliação, de acordo com a BNCC, ao “construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de resultado que levem em conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos alunos” (BRASIL, 2017, p. 17). Nesse tópico, a BNCC propõe um novo olhar para a avaliação e sugere considerar os contextos e as possibilidades de aprendizagem. Ela vislumbra acerca do aluno, de seu desempenho, da escola e do professor, visto que este profissional também é motivo de observação no processo ensino-aprendizagem. Assim, ao elaborar e, principalmente, ao atribuir valor na avaliação do estudante, precisa ter a consciência de que algo antecede e, ainda, o que será feito após a avaliação e qual será o efeito do resultado atribuído. Na sequência, a ação seis traz uma lista a se considerar no contexto escolar: “selecionar, produzir, apl icar e aval iar recursos didát icos e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender” (BRASIL, 2017, p. 17). Isso mostra quais são as ações que o professor deve ter e, de certa forma, resume a avaliação da prática pedagógica, momento em que todas essas ações caminham juntas, buscandoas próximas metas para o desenvolvimento do aluno. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? A sétima ação propõe a formação dos professores: “criar e disponibilizar materiais de orientação para os professores, bem como manter processos permanentes de formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem” (BRASIL, 2017, p. 17). Portanto, a Base reconhece que é necessária a formação continuada do profissional para a demanda de ações que a ele confere. Na oitava ação, ressalta-se a necessidade de o corpo pedagógico receber formações contínuas, uma vez que a educação acontece por meio de todos, ou seja, professores, diretores e supervisores: “manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito das escolas e sistemas de ensino” (BRASIL, 2017, p. 17). Percebe-se com esses procedimentos didáticos propostos na BNCC que as práticas do professor e as formações pedagógicas e curriculares devem caminhar juntas. Elas não podem acontecer isoladas e fragmentadas, o trabalho perpassa como fio condutor por todos os conteúdos, sejam escolares ou sociais. De todos os apontamentos apresentados, é notório que a formação do professor é algo desejado pela Base e, ainda, verifica-se que o trabalho docente, de acordo com o que a Base propõe, exigirá novas condutas pedagógicas, até porque como a BNCC preza pela educação integral, em que todos os mecanismos de aprendizagem devem ser explorados, a tecnologia deve acontecer nas práticas e como recurso diferenciado. Diante disso, o professor precisa se formar para atender às responsabilidades que a ele foram conferidas nesse documento norteador. Por isso, a BNCC está articulada com a Política Nacional de Formação de Professores, conforme o próprio documento declara, sinalizando que, dentre as prioridades para o desenvolvimento do aluno, está a formação do professor, visto que “parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças” (BRASIL, 2017, p. 39). Para tal demanda, verifica-se muita ação e estudo do professor para atender às novas expectativas da BNCC para o ensino-aprendizagem, inclusive a respeito da tecnologia, conforme a Figura 4 retrata. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? FIGURA 4 – A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA PARA A PRÁTICA DOCENTE FONTE: <https://bit.ly/2SMPf9H>. Acesso em: 14 abr. 2021. 3.3 COMO TRABALHAR O CURRÍCULO EM SALA DE AULA ALINHADO À BNCC Diante de tudo que está sendo apresentado, com o ensino voltado para as orientações que a BNCC propõe, o uso da tecnologia será inevitável, haja vista que ao discorrer sobre as habilidades pensadas para serem desenvolvidas com o aluno, há uma gama de palavras novas no documento. O trabalho com os gêneros textuais digitais ganha espaço e, por isso, o professor precisa se requalificar para essas e outras reformulações que serão necessárias dentro de cada componente curricular. A BNCC traz um novo jeito de trabalhar o currículo e isso deve acontecer partindo dos questionamentos e das possibilidades que cada componente indicará, sustentando a pesquisa, a busca, o diálogo entre as áreas, as habilidades e as competências. O professor prec isa conhecer novas formas de poss ib i l i ta r a aprendizagem, novas estratégias e recursos numa metodologia que se volta à educação tecnológica digital. Um trabalho com as metodologias ativas que articulam novas ferramentas educacionais, endossando o currículo articulado à Base, sempre pensando nos temas e objetivos de aprendizagem regionais, municipais, estaduais e nacionais. Ainda caberá considerar as questões socioemocionais, trazendo projetos, como o Protagonismo Juvenil e outros que surgirem e que provoquem a reflexão do ensino relacionado às tecnologias digitais, conforme mostra a Figura 5. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? FIGURA 5 – FORMAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL NA ÁREA DE TECNOLOGIAS DIGITAIS E METODOLOGIAS ATIVAS FONTE: <https://www.b-lab.us/bncc/>. Acesso em: 15 abr. 2021. Face ao exposto, a Figura 5 traduz o ensino a partir da Base, em que o professor deverá ter na pauta de seu trabalho o uso das tecnologias e metodologias ativas e ainda alguns questionamentos para verificar até que ponto está conduzindo o ensino, de modo a propiciar a reflexão. De acordo com Coelho e Giorgi (2019, p. 56), “o professor precisa seguir uma ordem”, conforme apresenta a Figura 6. FIGURA 6 – ROTINA DE PLANEJAMENTO FONTE: <http://www.uniesp.edu.br>. Acesso em: 15 abr. 2021. http://www.uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20200713161835.pdf http://www.uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20200713161835.pdf CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? Nessa ordem, percebe-se o processo que envolve a educação representada na prática do professor, este que deve sempre se questionar a respeito do que pretende, como pretende e ainda verificar se sua prática funcionou e planejar sempre o próximo passo. Esses movimentos revelam a rotina escolar no processo educativo, demarcando que na conduta do professor deve existir análise e reflexão pedagógica, denominada por Libâneo (2012) como investigação. Nesse sentido, Libâneo (2012, p. 22) sugere elementos que valem ser considerados com relação à investigação, sendo: A intencionalidade: decorrendo disso a importância de se definir objetivos da educação, formulando expectativas sobre o tipo de ser humano a ser formado e dimensões da educação a serem atendidas (físicas, afetivas, intelectuais, sociais, morais, estéticas). Conteúdos: uma seleção de elementos da cultura referentes ao que é necessário aprender, obviamente coerentes com os objetivos. Uma ação ou intervenção educativa: direta ou indireta, realizada por algum agente educativo sobre um sujeito, para promover, orientar, possibilitar a aprendizagem dos conteúdos e modos de agir. A aprendizagem do aluno: um processo de aprender que leve a resultados, isto é, ao atendimento de objetivos propostos. O ensino: meio pelo qual se favorece a aprendizagem, formas de organização e gestão da escola e da sala de aula. Veja que, na investigação, os olhos se voltam para a intenção, os conteúdos, a intervenção, a aprendizagem do aluno, o ensino e a forma de organização e gestão da escola e da sala de aula, ou seja, um olhar circular em tudo sob a orientação dos agentes escolares, professores, interventores, supervisores, enfim, os profissionais da educação. Essa prática diária do professor em sala advém de uma legislação maior, da BNCC, do Currículo, do PPP, até chegar no Plano de aula. Ressalta-se, então, que as habilidades e competências traduzidas na BNCC devem estar representadas nas atividades de sala que o professor planeja a partir de toda a legislação em congruência. Caro aluno, diante de todas as acepções apontadas ao longo desse tema, os questionamentos apresentados propulsionam a reflexão da prática pedagógica, abordando o seu funcionamento na esfera educacional, resgatando a possibilidade de uma aprendizagem significativa ao aluno sob o prisma das habilidades e competências. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Diante das acepções apresentadas ao longo desse estudo, cabe ressaltar que a educação atual requer novas posturas e práticas pedagógicas que visam ao melhor resultado de aprendizagem ao aluno do século XXI. Isso faz referência à Base Nacional Comum Curricular, uma vez que ela retrata justamente o ensino para todos aliado à qualidade, de forma integral e voltada às tecnologias a partir das habilidades e competências. O novo cenário mundial: CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender,saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades (BRASIL, 2017, p. 14). Portanto, a escola que oportuniza a aprendizagem em consonância com as experiências múltiplas vem sendo idealizada desde 1988, quando a CF trouxe em seu artigo 210 que “serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). Assim, a educação oferecerá meios para o aluno se desenvolver a partir do lugar em que ele está inscrito. Caro aluno, percebe-se com esses procedimentos didáticos e legislações anteriores que as práticas devem caminhar juntas. Elas não podem acontecer isoladas e fragmentadas, pois o trabalho pedagógico perpassa como fio condutor por todos os conteúdos, sejam escolares ou sociais. Além disso, nota-se a necessidade da formação do professor no sentido de ele estar preparado para atender às demandas pedagógicas nesse novo cenário escolar e isso deve acontecer desde a graduação. Assim, face ao exposto, o sistema educacional brasileiro será formado por orientações que partem da BNCC, propiciando a reflexão, a autonomia e a aprendizagem do aluno de forma processual e significativa. REFERÊNCIAS ABREU, N. BNCC: tudo que você precisa saber sobre a Base Nacional Co- mum Curricular. 2021. Disponível em: https://www.somospar.com.br/bnc- c-base-nacional-comum-curricular/. Acesso em: 15 abr. 2021. BARBOSA, M. S. S. O papel da escola: obstáculos e desafios para uma edu- cação transformadora. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: Universida- de Federal do Rio Grande do Sul – Faced, 2004. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base. Acesso em: 28 mar. 2021. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado. htm. Acesso em: 15 mar. 2021. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? COELHO, L. S. L.; GIORGI, C. A. G. D. BNCC e as políticas que norteiam o perfil do professor reflexivo nas escolas públicas. Revista Multidisciplinar da Faculdade de Presidente Prudente. Revista Saber Acadêmico, Presi- dente Prudente, n. 27, p. 53-59, jan./jun. 2019. FREIRE, P. A educação na cidade. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2006. HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. LIBÂNEO, J. C. Identidade da Pedagogia e identidade do pedagogo. In: AN- TONELLI, T. S. et al. Formação da e do pedagogo: pressupostos e perspec- tivas. Marília: Oficina Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 1998a. LIBÂNEO, J. C. Perspectivas de uma pedagogia emancipadora face às transformações do mundo contemporâneo. Revista Pensar a Prática, Goi- ás, v. 1, p. 1-22, jan./jun. 1998b. OLIVEIRA, A. P. Autonomia no trabalho dos docentes na formação inicial de professores. 2013. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/educacao/ article/view/19142/12933. Acesso em: 15 abr. 2021. OLIVEIRA, T. Escola, conhecimento e formação de pessoas: considerações históricas. Políticas Educativas, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 145-160, 2013. ONU. Organização das Nações Unidas. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. c2021. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 12 abr. 2021. SAVIANI, D. Educação escolar, currículo e sociedade: o problema da Base Nacional Comum Curricular. Movimento Revista de Educação, n. 4, 2016. Disponível em: https://periodicos.uff.br/revistamovimento/article/ view/32575. Acesso em: 28 maio 2021. YOUNG, M. Para que servem as escolas? Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 101, p. 1287-1302, set./dez. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ es/a/GshnGtmcY9NPBfsPR5HbfjG/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 15 abr. 2021.
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