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orientação e pratica de projetos de ensino fundamental Título I- Estágio e docência Na unidade I será apresentado o conceito de docência, a atuação do acadêmico nos estágios de observação, seus desafios e dificuldades. Foi dada ênfase à formação inicial, valorizando a constituição de um professor reflexivo. Não se discute a necessidade de aproximar o estagiário da realidade escolar, na busca por uma formação voltada para a articulação entre a teoria e a prática. No entanto, é preciso encontrar a melhor forma para tratar a formação inicial como uma etapa a serviço da prática, habilitando o futuro professor ao processo de profissionalização docente. Você sabia que a articulação dos conhecimentos teóricos com a prática está prevista em lei? É importante você compreender que as instituições escolares pertencem a um sistema de ensino. Esse sistema de ensino é regido por um órgão normativo (Conselho de Educação), e os sistemas de ensino se articulam em regime de colaboração. Tendo em vista o Brasil ser uma república que congrega diferentes Estados em federação, ele possui leis e normas que alcançam todos os Estados e o Distrito Federal. No que se refere à Educação, a União tem a competência para legislar sobre diretrizes e bases da Educação, e assim o poder executivo federal determina um órgão colegiado, o Conselho Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação, por onde são criadas normas que alcançam todos os sistemas de ensino. Desta feita, as Diretrizes têm força de lei em todo território nacional. Alem delas, os sistemas de ensino poderão ter normas complementares ou adicionais, inclusive na forma de diretrizes. Os órgãos do poder executivo podem publicar parâmetros, orientações e propostas curriculares (BIZZO, 2009). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 que estrutura e organiza todo o sistema educacional brasileiro, indica no Art. 61 a formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase de desenvolvimento do educando, tendo como fundamento a associação entre a teoria e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço e o aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades (grifo nosso).No Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. O estágio é, portanto, uma oportunidade especial para o estudante-educador conhecer a prática docente do profissional- educador. Para tanto, é necessária a articulação do papel da universidade e da instituição escolar, na garantia da formação inicial do estudante em processo e do professor na sua formação em serviço. Considera-se, portanto, o estágio como um momento de encontro entre o estagiário e a escola, um campo social de prática, que se constitui num espaço de sentidos e vivências de situações de aprendizagens, revestidas de lembranças e histórias que representam questões importantes na formação dos futuros docentes. Os estágios são campos de conhecimento e pesquisa e, sobretudo, oportunidade fundamental que irão contribuir para uma vivência de práticas em sistemas de ensino, valorizando-se os professores como profissionais autônomos, críticos e reflexivos, capazes de transformar a sociedade. O processo de formação de professores não se dá sem a presença do outro, todo o processo de aprender acontece em grupo. O ser humano é marcado pela incompletude e por isso o desejo e a dependência do grupo. Com essas palavras Madalena Freire (2004, p. 22) diz que o grande desafio que devemos levantar é empregar toda a energia e toda força no acompanhamento dos educadores que estão na escola, que têm a missão e a função consagrada de mudar, transformar e marcar o mundo. Para compreender melhor a importância do estágio, fomos buscar as Diretrizes Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006 que indicam e definem as diretrizes desse curso e em especial a valorização da articulação entre a teoria e prática. 1.1-Fundamentação legal do curso de Pedagogia Cabe ao Conselho Nacional de Educação (CNE) definir as diretrizes curriculares para os cursos de graduação no país. Com as resoluções CNE/CP nº 1 e CNE nº 2 foram definidas as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Pedagogia e Licenciatura, criando princípios, condições de ensino e de aprendizagem, procedimentos a serem observados em seu planejamento e avaliação, pelos órgãos dos sistemas de ensino. Essa é a perspectiva indicada nas Diretrizes Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006 no seu artigo 3º: O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. (grifo nosso) Parágrafo Único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I – o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; II – a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III – a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. Art. 4º O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Responder; ANA LUCIA Destaca-se neste artigo que o foco na formação dos professores deve ser o entendimento da situação escolar em toda a sua complexidade, ou seja, o professor é um profissional que se confronta com situações singulares no seu cotidiano e para supera- las precisa articular conhecimentos teóricos e científicos sobre a prática, com vistas a intervir em toda a sua totalidade através da pesquisa e do trabalho coletivo. Vale ressaltar que o conceito de docência, também presente na mesma resolução, no inciso 1 do artigo 2º, explicita não só o que ela significa, mas reafirma a importância da articulação teórica e prática, capacitando o professor a realizar um diálogo entre o conhecimento acadêmico e a situação da realidade na produção do conhecimento. Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: I - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares; III - produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-escolares. Chamamos atenção para a leitura do Artigo 2º e o inciso 1, transcrito: Art. 2º As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. §1º Compreende-se a docência como ação educativae processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da Pedagogia, desenvolvendo-se na articulação entre conhecimentos científicos e culturais, valores éticos e estéticos inerentes a processos de aprendizagem, de socialização e de construção do conhecimento, no âmbito do diálogo entre diferentes visões de mundo.Na letra da lei podemos observar a abrangência do curso de pedagogia, bem como o conceito de docência, que privilegiam a formação do professor num contexto teórico, prático e reflexivo. O curso deve enfatizar a aquisição de uma bagagem cultural de orientação filosófica, histórica, política e social, de modo que ele possa desenvolver capacidade crítica e reflexiva sobre a prática. Verifica-se a indicação da formação de um professor que, além de compreender seu campo de atuação, possa interferir nele através de ações concretas que envolvam o planejamento, a execução e avaliação das atividades educativas. No que se refere à quantidade de horas a ser cumprida, a Resolução nº 2 de 19/02/2002 institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena e de formação de professores da Educação Básica em Nível Superior da seguinte forma: Art. 1º A carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será efetivada mediante a integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e oitocentas) horas, nas quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos dos seus projetos pedagógicos, as seguintes dimensões dos componentes comuns: I – 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular, vivenciadas ao longo do curso; II – 400 (quatrocentas) horas de estágio curricular supervisionado a partir do início da segunda metade do curso; III – 1800 (mil e oitocentas) horas de aulas para os conteúdos curriculares de natureza cientifico-cultural; IV – 200 (duzentas) horas para outras formas de atividades acadêmico-cientifico -culturais. Como se vê as Diretrizes oferecem indicadores, coordenadas para que as universidades possam organizar seus cursos na garantia da formação de um professor reflexivo, pesquisador,com uma formação sólida capaz de intervir na realidade escolar transformando-a, na busca de uma sociedade mais justa e menos desigual. Sugerimos ler na íntegra a Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006 presente no Portal do MEC: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf Exercício Comentado O entendimento do significado de docência é: I. Uma prática pedagógica, na qual se articulam teoria e prática e, por isso, é práxis II. Ação educativa e processo educacional metódico e intencional III. Fundamentada nas relações entre cultura, sociedade e educação e esse é seu paradigma educacional IV. Ligado diretamente as articulações entre os conhecimentos científicos e culturais, valores estéticos e de construção do conhecimento. a) I, II, III b) I, II, III, IV c) I, II, IV d) II, III, IV e) I, III, IV Resposta correta b Justificativa Alternativa I- Correta:Teoria e prática são indissociáveis e produzem a prática refletida. Alternativa II - Correta : Docência é uma ação intencional, não pode ser espontânea . Deve ser metódica e educativa. Alternativa III- Correta : Para ter uma concepção educacional é preciso uma fundamentação nos preceitos de sociedade,educação e cultura. Alternativa IV- Correta: A docência deve ser articulada aos conhecimentos científicos, culturais e valores do conhecimento. Questão fundamentada no Artigo 2º e o inciso 1, transcrito: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf §1º Compreende-se a docência como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da Pedagogia, desenvolvendo-se na articulação entre conhecimentos científicos e culturais, valores éticos e estéticos inerentes a processos de aprendizagem, de socialização e de construção do conhecimento, no âmbito do diálogo entre diferentes visões de mundo.Na letra da lei podemos observar a abrangência do curso de pedagogia, bem como o conceito de docência, que privilegiam a formação do professor num contexto teórico, prático e reflexivo. O curso deve enfatizar a aquisição de uma bagagem cultural de orientação filosófica, histórica, política e social, de modo que ele possa desenvolver capacidade crítica e reflexiva sobre a prática. Verifica-se a indicação da formação de um professor que, além de compreender seu campo de atuação, possa interferir nele através de ações concretas que envolvam o planejamento, a execução e avaliação das atividades educativas. Unidade III- Entendendo um pouco mais a escola, nosso cenário. Escola local de aprendizagem para o acadêmico. O desafio que se coloca hoje é ter uma escola publica de qualidade, uma vez que já conquistamos a universalização do acesso ao ensino fundamental. Portanto, é preciso integrar, aproximar, valorizar a criança, maior protagonista do processo educativo, que deve ter acesso às produções culturais e ao patrimônio histórico criado pela humanidade de forma dinâmica, prazerosa, construindo conhecimento, autonomia e autoestima para atuar na realidade em que vive e no espaço em que se desenvolve. A busca por uma escola onde crianças e adultos sejam autores de suas histórias requer mudanças nas formas de pensar e agir, mas também exige clareza do caminho que se quer seguir. Portanto, será necessário aprofundar algumas concepções imprescindíveis para que possamos garantir às crianças que o espaço escolar seja também um espaço da infância. As escolas do Ensino Fundamental precisam tornar-se ambientes agradáveis, lúdicos, convidativos ao estudo e pesquisa que garantam o direito de as crianças viverem uma infância saudável num espaço público pensado intencionalmente para aprender, brincar, criar e pesquisar.Para tanto ele deve ser reestruturado e reorganizado, rompendo com o modelo clássico das “antigas carteiras escolares” enfileiradas. As concepções que embasam a necessidade da mudança em proposição estão fundamentadas em garantir um ambiente que favoreça a autonomia, a participação, a expressão, que o professor possa garantir o conhecimento de cada aluno, o acesso à cultura e às novas aprendizagens, tendo como ponto de apoio às interações, as vivências, a convivência, a aprendizagem num ambiente acolhedor, desafiador e humanizado.Assim, você é convidado a pensar um pouco mais sobre a escola de Ensino Fundamental, conhecer sua estrutura legal e fundamentos. A escola precisa ser entendida como um espaço em que todos aprendem; um encontro de culturas, tornando-se uma comunidade de aprendizagem. 3.1- O Ensino Fundamental, objetivos e fundamentação legal. A educação básica é um direito universal e indispensável para o exercício da cidadania. Há uma certa urgência na consolidação desse direito e da construção de uma escola cidadã, inclusiva, solidária que possa organizar, estruturar significativamente formas de ensinar, aprender na efetivação dos direitos definidos na Constituição Federal de 88, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA 1990), na LDBEN (1996) e em vários dispositivos legais complementares que consagram ao cidadão o direito a uma educação de qualidade. Para o presente estudo utilizaremos a Resolução CNE/CEB 04/10 de 14/07/2010 que dispõe as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Levando-se em consideração que o estágio curricular de formação tem como objetivo a participação dos acadêmicos em escolas do Ensino Fundamental, consideramos necessário situa-los com base nos instrumentos legais e conceituais, tendo em vista ser a abordagem da disciplina em curso “Orientação e Práticas de Projetos do Ensino Fundamental”, bem como o entendimento de quea escola é uma organização social orgânica vinculada a um sistema de ensino nacional.Para o foco atual a que se propõe esta unidade é necessário lembra-lo da abrangência e a finalidade a que se refere a educação básica, conforme o que expressa em seu Artigo 21 e Artigo 22 da LDBEN: Art. 21º. A educação escolar compõe-se de: I – educação básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e médio; II – educação superior. Art. 22º. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando,assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Corrobora e complementa com a LDBEN os artigos 21 e 23 das Diretrizes Nacionais Gerais para a Educação Básica (DCNEB): Art. 21º. São etapas correspondentes a diferentes momentos constitutivos do desenvolvimento educacional: I – a Educação Infantil, que compreende: a Creche, englobando as diferentes etapas do desenvolvimento da criança até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pre-escola, com duração de 2 (dois) anos; II – o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com duração de 9 (nove) anos, é organizado e tratado em duas fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos finais; Art. 23º. O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duração, de matrícula obrigatória para as crianças a partir dos 6 (seis) anos de idade, tem duas fases sequentes com características próprias, chamadas de anos iniciais, com 5 (cinco) anos de duração, em regra para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e anos finais, com 4 (quatro) anos de duração, para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos. Parágrafo único. No Ensino Fundamental, acolher significa também cuidar e educar, como forma de garantir a aprendizagem dos conteúdos curriculares, para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponíveis na comunidade, na sua cidade ou na sociedade em geral, e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses bens. Com a aprovação da Lei 11.274/2006 em 06/02/2006 que instituiu o Ensino Fundamental de nove anos de duração, ocorrerá à inclusão de um maior número de crianças no sistema educacional, portanto, ao apresentarmos os artigos 21 e 23 das DCNEB, deve-se observar não só ingresso dessas crianças no Ensino Fundamental, organizado em duas fases, como também observar que no parágrafo único ressalta-se que as mesmas deverão ser acolhidas no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. Como se vê não é uma mera medida administrativa, mas uma preocupação com a infância, na medida em que acolher significa, conforme expressa o próprio texto legal, cuidar e educar. Ao pensarmos em infância, devemos nos lembrar de que a idade para se considerar uma criança, conforme estabelece o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 ) no seu artigo 2º, é a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica -Resolução nº 4 de 13/07/2010 e a Lei 11.274/2006 em 06/02/2006 que instituiu o Ensino Fundamental de nove anos de duração.Site das Diretrizes da Educação Básica: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12992 Site da Lei 11.274/2006: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm 3.2- O confronto entre a realidade e o ideal As condições da realidade das escolas públicas brasileiras causam impacto a muitos acadêmicos ao confrontarem o apresentado nos discursos oficiais com os fundamentos teóricos aprendidos na universidade e o que está acontecendo na prática da sala de aula. Por outro lado, não são divulgadas as experiências bem sucedidas, o mais comum é ouvirmos que falta tudo, do material ao próprio professor. Para alguns acadêmicos a realidade de algumas escolas chega a ser um choque, pois representa um grande distanciamento entre o ideal, ou seja, há uma grande a diferença de contexto e abordagem entre o estudado e o observado na vivência cotidiana das escolas. É preciso, portanto reforçar que a legislação dá amparo para uma situação bem diferente do que se vê e nesse sentido a participação pode ser um bom mecanismo de pressão e mudança. Nossos governantes têm um sério compromisso na implantação de políticas que sejam capazes de propiciar uma estrutura escolar que garanta o direito de todos ao acesso e à permanência na escola. A educação não é uma dádiva, é um direito que está assegurado por lei. Cabe-nos, portanto, enquanto cidadãos, pais, professores e alunos exigir a garantia desses direitos, uma vez que a educação não é uma luta dos profissionais da educação, mas de toda a sociedade. Nesse sentido é preciso que o futuro professor entenda bem a estrutura política, legal, burocrática e pedagógica que organiza a escola. Ela não é uma instituição autônoma. Ela é uma organização social, complexa, subordinada a um sistema de ensino nacional, e assim acreditamos na necessidade de se compreender alguns fundamentos que não podem ser esquecidos quanto à sua natureza. Entender os princípios que alicerçam o sistema de ensino significa conscientizar os acadêmicos de seus limites e campo de atuação, auxiliando-os na formação de um professor que acredite no seu papel transformador da educação. Ao enfrentar a realidade que, infelizmente, é distante do ideal, o professor deve ser capaz de pensar em proposições e enfrentamentos para a mudança. A Educação é uma ação política, não é neutra, há que buscar uma coerência entre o que pensamos e o que fazemos. Não cabem mais atitudes individuais e salvacionistas, mas sim ações para enfrentar a situação, agindo de forma coerente entre aquilo que se acredita (ideal) e o que se pratica (realizável e desejável). O estagiário deve perceber que a escola é uma organização social, que sua estrutura e organização está prevista legalmente num sistema de ensino e que suas ações não acontecem no improviso, têm intencionalidade. Desta feita, o educador está envolvido em um ato político, num empreendimento que necessariamente passa por uma interação dialética entre a escola e a sociedade, na construção de propostas que apontem mudanças transformadoras. Não basta constatar, é preciso ir além, ou seja, exercer a difícil tarefa de intervir na realidade. Como já dissemos isso não se faz sozinho, mas também não se faz sem uma postura politizada, que é o se espera de um educador, um intelectual transformador e consciente de sua ação.E para legitimar nossas ações é preciso recuperar a escola como instituição social formadora e transformadora, o papel do professor enquanto profissional indispensável à educação e apropriar-se de conhecimentos e fundamentos que possam se transformar em força motriz para as mudanças.Assim, os fundamentos legais transcritos e comentados a seguir são conhecimentos e concepções imprescindíveis, norteadoras da ação docente para o entendimento da complexa estrutura organizacional e social que é a instituição escolar. Exercício Comentado A LDB 9.394/96 determina, no artigo 2o do titulo II, que a finalidade da Educação Nacional e de tríplice natureza, ou seja: a) Valorizar a experiência do educando, buscar o pleno desenvolvimento do educando e promover o respeito a liberdade. b) Preparar para o exercício da cidadania, promover a qualidade da educação e promover o pluralismo de ideias. c) Valorizar a experiência do educando, promover a qualidade da educação e promover o respeito a liberdade. d) Buscar o pleno desenvolvimento do educando, qualificar para o trabalho e valorizar a experiência do aluno. e) Buscar o pleno desenvolvimento do educando, preparar para o exercício da cidadania e qualificar para o trabalho. Justificativa A questão está pautada na letra da LDBEN 9394/96, portanto a única resposta correta é a alternativa e TÍTULO II Dos Princípios eFins da Educação Nacional Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12992 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm Unidade IV- Concepções Imprescindíveis Pensar criticamente algumas concepções que fundamentam a prática pedagógica, isto é, entender e saber colocar em prática o que é ser criança, seus direitos, qual o papel do professor, o significado do que é conhecimento, ensino e aprendizagem, o conceito de currículo, são exigências para a concretização de uma prática docente crítica e condizente com as mudanças necessárias para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária, inclusiva e democrática. 4.1- Concepção de criança e de professor O conceito de criança e infância são construções históricas. Em cada momento predominam ideias distintas sobre comportamento e desenvolvimento das crianças e formas de trata-las. Assim, o conceito de infância tem sofrido transformações ao longo do tempo, sendo reformulado e ampliado. No decorrer da história a tarefa de educar a criança era de predomínio feminino e a infância era vivida no ambiente doméstico. Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a escola se tornou o espaço compartilhado com a família como alternativa para o cuidado e a educação das crianças. O que podemos dizer é que a criança de hoje é viva, é falante, sabe se colocar, tem opinião, explora um celular ou um aparelho eletrônico melhor que qualquer um de nós, já nasceu com a tecnologia. Ela é fruto de outro momento histórico, de outro contexto. O que melhor podemos fazer é não criticar, não lamentar a falta de limites e procurar compreender as mudanças ocorridas nas condições históricas, sociais, culturais e familiares. Entender que algumas tarefas, que antes eram de exclusiva responsabilidade da família, hoje fazem parte da orientação da escola. É preciso compreender que há diferentes arranjos familiares, nem melhores e nem piores. A família mudou sua forma de educar e cuidar. A tarefa da escola talvez tenha se ampliado, no entanto, cabe ao professor aproximar a família da escola e procurar apontar as responsabilidades de cada uma dessas instituições, que são diferentes e complementares. Chamamos atenção para o binômio educar e cuidar, presente nas propostas da Educação Infantil e agora ampliado, inclusive por força da lei, para o Ensino Fundamental. O que significa isso na prática? Integrar esses conceitos num único objetivo. Há autores que denominam as ações de cuidado como aquelas que se referem ao respeito às necessidades integrais das crianças, tais como conforto, alimentação, socialização e descanso, como também as que envolvem as necessidades emocionais e características individuais como respeito à sua identidade racial, cultural e de gênero. Há outros autores que abordam o cuidado pelo viés da ética, ou seja, como um dever que faz parte de forma integral a qualquer nível de ensino e que, independente da faixa etária envolvida, todos nós devemos ser cuidados (CAMPOS, 2009). Outro aspecto a que se refere a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração é garantir um tempo mais longo de convívio escolar, com maiores oportunidades de aprendizagem associada a uma melhor utilização desse tempo. Desta feita, as teorias de ensino-aprendizagem, as didáticas e metodologias têm se voltado para o entendimento de cada tempo de vida como tempos de formação, socialização, desenvolvimento e aprendizagens. Embora bastante recente, a inclusão da criança de seis anos no Ensino Fundamental pode representar um avanço por meio da integração das duas etapas da educação básica, a Educação Infantil e as séries iniciais, ao se pensar numa integração curricular. As propostas curriculares da Educação Infantil e das primeiras séries eram elaboradas de forma independente e as experiências de integração ainda são poucas, de forma que essa medida exigirá que os educadores tenham um olhar cuidadoso sobre o currículo da infância. No que se refere ao pensamento sobre o papel do professor, há muito já superamos a associação a uma figura maternal ou de um missionário. Seja o professor da Educação Infantil ou do Ensino Fundamental é preciso considerar que em ambos os casos precisamos do profissional que conheça a criança, as fases de seu desenvolvimento, suas necessidades e potencialidades, um profissional da educação. O que se espera do professor é que ele seja capaz de se tornar um gestor do conhecimento, alguém capaz de se responsabilizar pela sua aprendizagem como também ampliar e desenvolver habilidades e capacidades em seus alunos. Para mudar a prática pedagógica, o professor faz leituras da sua realidade, escuta atentamente seu grupo de alunos, pesquisa possibilidades de intervenção, é um aprendiz curioso para a criação de rotas autônomas pautadas em dados relevantes e significativos. O professor em questão observa, reflete, planeja e avalia, num movimento dialético e fundamentado. Em outras palavras, a formação que se inicia na universidade vai percorrer sua trajetória profissional continuadamente, produzindo saberes e tornando-o autor de sua prática. 4.2- Concepção de currículo e aprendizagem É importante deixar claro que a sociedade avança a passos largos, tudo acontece velozmente e de maneira imediata, com avanços tecnológicos reais e a escola não pode ficar à margem desse ritmo. Essas mudanças precisam adentrar a sala de aula, tanto no que se refere à compreensão de como a criança aprende e o que se pode fazer para ela ter prazer em aprender. Diversos campos das ciências têm contribuído no sentido de esclarecer como se dá o conhecimento. Sabemos que ele não se dá por repetição, como um esforço individual. O ato de conhecer não pode ser reduzido a um conteúdo escolar bem definido a ser ensinado. A criança já chega à escola com conhecimentos prévios,faz uso de saberes de sua cultura e, ao se apropriar novos conhecimentos, não o faz de forma mecânica e descontextualizada. Os estudos teóricos indicam que a aprendizagem se dá quando são criadas oportunidades intencionais de se estabelecer um diálogo entre o aluno e objeto de conhecimento. Essa mediação deve contar com a presença do professor, que irá assegurar o acesso à cultura na forma de conteúdos pensados e organizados para promover o desenvolvimento de seus alunos. No que se refere aos objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, chamamos atenção para o Artigo 2º: I – sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do Projeto Político- Pedagógico da escola de Educação Básica; III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de docentes e demais profissionais da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam. O artigo 2º, no inciso I evidencia os objetivos das diretrizes curriculares nacionais, apresentando uma orientação que contribui para a garantia de uma formação básica comum a todos os alunos, num contexto nacional, tendo como foco a aprendizagem. Para tanto, é necessário discutir e aprofundar sobre o que se espera que os alunos aprendam na escola, em consonância com o que se considera relevante para compor o currículo escolar, tendo como foco a criança. Temos então a necessidade de ampliar o entendimento: o queé currículo? A palavra currículo, tão familiar, atende a distintas concepções e deriva das mais variadas influencias teóricas, que são afetadas pelos fatores socioeconômicos, políticos e culturais. Segundo Moreira e Candau (1995), o currículo deve ser entendido como os conteúdos a serem ensinados, bem como as experiências vividas pelos alunos através de planos elaborados pelos professores, escolas e sistemas educacionais. Os autores esclarecem que qualquer uma das possibilidades acima apresentadas e sob diversos pontos de vista de teóricos reflete com maior ou menor ênfase o significado de currículo, que se refere aos conhecimentos escolares, procedimentos e as relações sociais que se estabelecem entre aqueles que ensinam e os que aprendem, incidindo valores que desejamos inculcar e identidades que desejamos formar. Para os autores, currículo são as experiências escolares que se relacionam com o conhecimento e contribuem para a construção da identidade dos alunos. O currículo deve ser compreendido como o conjunto de experiências vivenciadas pelas crianças nas instituições escolares que garantam oportunidades para que elas vivam o tempo da infância e da adolescência em toda sua plenitude. Avançar no sentido de repensar e organizar o currículo como possibilidade de formação e aprendizagem respeitando a especificidade de cada tempo humano introduz uma nova lógica na concepção do conhecimento, que é o direito que os alunos têm de serem respeitados em seus tempos culturais, mentais, humanos com ações intencionalmente pensadas e planejadas. Assim, respondendo quem são os atores envolvidos nessa rica tarefa de construção coletiva, podemos dizer que somos todos nós: alunos (colocados na centralidade da ação pedagógica), professores, famílias, gestores, comunidade. Precisamos também levar em conta nessa construção os documentos legais que trazem as orientações dos conteúdos a serem trabalhados, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e os Parâmetros Curriculares Nacionais, a realidade de cada região e comunidade escolar e compreender que o procedimento de construção de uma matriz curricular envolve um processo de pesquisa, esforço e tempo. Sem ter um currículo claro, com objetivos expressos, não sabemos como caminhar. No Brasil não existe um currículo comum para todo o território nacional. De nada adiantaria impor um documento concebido em um gabinete de um Ministério da Educação. Se pensarmos no tamanho do nosso país e na diversidade regional, o documento ficaria sem identidade local. O que temos são os parâmetros, as indicações legais, as diretrizes orientadoras e o respeito à autonomia na construção por cada rede da sua matriz curricular, sem prescindir dos eixos fundamentais legais. Como se vê, no conceito de currículo está um conjunto de concepções que devem estar presentes no debate das escolas ao abordar a função da escola, da docência e o direito à educação. Observem o artigo 11 das Diretrizes:A escola de Educação Básica é o espaço em que se ressignifica e se recria a cultura herdada, reconstruindo-se as identidades culturais, em que se prende a valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do país. Parágrafo único Essa concepção de escola exige a superação do rito escolar, desde a construção do currículo até os critérios que orientam a organização do trabalho escolar em sua multidimensionalidade, privilegia trocas, acolhimento e aconchego, para garantir o bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e adultos, no relacionamento entre todas as pessoas. Em outras palavras, o currículo vem orientado para a inclusão e participação de todos ao acesso à cultura herdada e ao conhecimento, que deve ter um olhar ressignificado pelas novas demandas sociais e todo tipo de diversidade. A escola que incluí também acolhe, cuida e promove o conhecimento através de um trabalho significativo com reflexos na vida do aluno. Ressaltamos: Art. 13. O currículo, assumindo como referência os princípios educacionais garantidos à educação, assegurados no artigo 4º desta Resolução, configura-se como o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de identidades socioculturais dos educandos. § 1º O currículo deve difundir os valores fundamentais do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e à ordem democrática, considerando as condições de escolaridade dos estudantes em cada estabelecimento, a orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas formais e não formais. § 2º Na organização da proposta curricular, deve-se assegurar o entendimento de currículo como experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos educandos. § 3º A organização do percurso formativo, aberto e contextualizado, deve ser construída em função das peculiaridades do meio e das características, interesses e necessidades dos estudantes, incluindo não só os componentes curriculares centrais obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais, mas outros, também, de modo flexível e variável, conforme cada projeto escolar, e assegurando: I – concepção e organização do espaço curricular e físico que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços, ambientes e equipamentos que não apenas as salas de aula da escola, mas, igualmente, os espaços de outras escolas e os socioculturais e esportivo recreativos do entorno, da cidade e mesmo da região; II – ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares que pressuponham profissionais da educação dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social, com responsabilidade compartilhada com as demais autoridades que respondem pela gestão dos órgãos do poder público, na busca de parcerias possíveis e necessárias, até porque educar é responsabilidade da família, do Estado e da sociedade; III – escolha da abordagem didatico-pedagogica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar pela escola, que oriente o Projeto Politico-Pedagogico e resulte de pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz curricular, a definição de eixos temáticos e a constituição de redes de aprendizagem; IV – compreensão da matriz curricular entendida como propulsora de movimento, dinamismo curricular e educacional, de tal modo que os diferentes campos do conhecimento possam se coadunar com o conjunto de atividades educativas; V – organização da matriz curricular entendida como alternativa operacional que embase a gestão do currículo escolar e represente subsídio para a gestão da escola (na organização do tempo e do espaço curricular, distribuição e controle do tempo dos trabalhos docentes), passo para uma gestão centrada na abordagem interdisciplinar, organizada por eixos temáticos, mediante interlocução entre os diferentes campos do conhecimento; VI – entendimento de que eixos temáticos são uma forma de organizar o trabalho pedagógico, limitando a dispersão do conhecimento, fornecendo o cenário no qual se constroem objetos de estudo, propiciando a concretização da proposta pedagógica centrada na visão interdisciplinar, superando o isolamento das pessoas e a compartimentalização de conteúdos rígidos; VII – estímulo à criação de métodos didático-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de informação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a fim de superar a distância entre estudantes que aprendem a receber informação com rapidez utilizando a linguagem digital e professores que dela ainda não se apropriaram; VIII – constituição de rede de aprendizagem, entendida como um conjunto de ações didático-pedagógicas, com foco na aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiadapela consciência de que o processo de comunicação entre estudantes e professores é efetivado por meio de práticas e recursos diversos; IX – adoção de rede de aprendizagem, também, como ferramenta didático-pedagógica relevante nos programas de formação inicial e continuada de profissionais da educação, sendo que esta opção requer planejamento sistemático integrado estabelecido entre sistemas educativos ou conjunto de unidades escolares. § 4º A transversalidade é entendida como uma forma de organizar o trabalho didático pedagógico em que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditas convencionais, de forma a estarem presentes em todas elas. § 5º A transversalidade difere da interdisciplinaridade e ambas complementam-se, rejeitando a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto e acabado. § 6º A transversalidade refere-se à dimensão didático-pedagógica, e a interdisciplinaridade, à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento. Assim, são objetivos do Ensino Fundamental expressos em negrito no artigo 1º e 24º da Resolução nº 4 de 13/07/2010(DCNGEB) e corroboram com a orientação legal os objetivos do Ensino Fundamental transcritos a seguir pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997): Art. 1º. A presente Resolução define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para o conjunto orgânico, sequencial e articulado das etapas e modalidades da Educação Básica,baseando-se no direito de toda pessoa ao seu pleno desenvolvimento, à preparação para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho, na vivência e convivência em ambiente educativo, e tendo como fundamento a responsabilidade que o Estado brasileiro, a família e a sociedade têm de garantir a democratização do acesso, a inclusão, a permanência e a conclusão com sucesso das crianças, dos jovens e adultos na instituição educacional, a aprendizagem para continuidade dos estudos e a extensão da obrigatoriedade e da gratuidade da Educação Básica. Art. 24º. Os objetivos da formação básica das crianças, definidos para a Educação Infantil, prolongam-se durante os anos iniciais do Ensino Fundamental, especialmente no primeiro, e completam-se nos anos finais, ampliando e intensificando, gradativamente, o processo educativo, mediante: I – desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II – foco central na alfabetização, ao longo dos 3 (três) primeiros anos; III – compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da economia, da tecnologia, das artes, da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade; IV – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; V – fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de respeito recíproco em que se assenta a vida social. Pensando num currículo onde a centralidade está na formação do sujeito aprendiz, há que se entender como a criança aprende. Os conteúdos organizados nos currículos escolares devem considerar a realidade escolar, a cultura herdada historicamente, as mudanças ocorridas na sociedade. A escola precisa urgentemente mudar seu papel transmissor de conteúdo ao elaborar um currículo ordenado, inflexível e imposto e considerar as transformações ocorridas nos processos de aprendizagem. O que significa isso? As formas de aprender vêm sendo estudadas especialmente na área da psicologia do desenvolvimento e nos trazem um novo olhar sobre a aprendizagem, ou seja, perceber a criança como alguém capaz de se expressar, que já chega à escola com uma bagagem acumulada e possuí hipóteses sobre o mundo que a cerca. A criança não é mais vista como uma folha em branco a ser marcada. Hoje sabemos que o processo de aprender é compartilhado, colaborativo e dialógico. A criança que frequenta o Ensino Fundamental do ciclo I está numa faixa etária que vai dos seis anos incompletos aos dez anos de idade; nesse momento ela tem necessidades e características muito próprias. Ela está em desenvolvimento, é viva, curiosa e anseia desvendar o mundo que a cerca. Nessa fase elas precisam de atividades que permitam experimentar, sentir, observar, pesquisar e vivenciar situações nas quais se sintam envolvidas e em contato com o objeto de conhecimento. Para Mello (2010), as crianças aprendem desde que nascem e porque aprendem se desenvolvem. A aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, portanto, o desenvolvimento não é natural, ele é movido, impulsionado pelas vivências das crianças. A aprendizagem é condição necessária para que o desenvolvimento da criança aconteça. A autora ainda diz que são três os elementos que estão presentes no processo de aprender em qualquer idade: • a cultura (os objetos, a língua, as formas de pensamento, a ciência e o conhecimento, os hábitos e costumes); • o professor, um adulto ou um parceiro mais experiente enquanto mediadores do conhecimento, quem aproximam a criança à cultura; • a própria criança, relacionando-se com as outras pessoas, aprendendo a usar a cultura e dando um significado ao que vê, percebendo, sentindo e vivendo. Para a fundamentação de uma concepção de aprendizagem que valoriza a criança como um ser que aprende na relação com o seus pares e num contexto social, têm sido utilizadas as contribuições de Piaget e Vygostsky, por terem estudado a gênese do conhecimento humano e as relações que se estabelecem entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Sob esse prisma os currículos não podem ser hierarquizados, rígidos, inflexíveis. Eles devem considerar as especificidades de cada tempo de aprender enquanto processo de desenvolvimento, enquanto tempo para conhecer, tempo para trocar experiências, tempo de construção. Eles um currículo ordenado, inflexível e imposto e considerar as transformações ocorridas nos processos de aprendizagem. O que significa isso? As formas de aprender vêm sendo estudadas especialmente na área da psicologia do desenvolvimento e nos trazem um novo olhar sobre a aprendizagem, ou seja, perceber a criança como alguém capaz de se expressar, que já chega à escola com uma bagagem acumulada e possuí hipóteses sobre o mundo que a cerca. A criança não é mais vista como uma folha em branco a ser marcada. Hoje sabemos que o processo de aprender é compartilhado, colaborativo e dialógico. A criança que frequenta o Ensino Fundamental do ciclo I está numa faixa etária que vai dos seis anos incompletos aos dez anos de idade; nesse momento ela tem necessidades e características muito próprias. Ela está em desenvolvimento, é viva, curiosa e anseia desvendar o mundo que a cerca. Nessa fase elas precisam de atividades que permitam experimentar, sentir, observar, pesquisar e vivenciar situações nas quais se sintam envolvidas e em contato com o objeto de conhecimento. Para isso,os currículos não podem ser estáticos, impostos, uma vez que o próprio conhecimento é mutável e incompleto. Fica evidente a força do currículo, pois é através dele que os conteúdos se materializam, ganham corpo conceitual. O professor nesse processo é um ator fundamental, uma vez que ele fará a mediação entre o formalmente concebido e o praticado na sala de aula, entre a cultura e a criança. Os currículos devem estar formalmente propostos em documentos que expressam a concepção da escola, daquela comunidade escolar, no entanto, ele vai se concretizando nas relações da prática, no cotidiano da realidade sócio cultural em que a proposta se efetiva. Exercício Comentado Não existe uma educação neutra. No ensino, qualquer atuação veicula alguns ideais de pessoa e de sociedade. Muitos são os autores que defendem que é preciso entender quais são os princípios que alicerçam o ensino. Desta feita é imprescindível: a)( ) o professor esclarecer junto à equipe pedagógica, durante a elaboração do projeto político-pedagógico da escola, qual concepção de educação, visão dehomem e visão de mundo que irá adotar em sala de aula, no desenvolvimento de sua prática educativa. b)(x) a explicitação coletiva e democrática dos modelos que estão sendo promovidos na escola através das diferentes práticas educativas, a reflexão sobre os valores que transmitem e sua revisão a partir da tomada de posição da equipe sobre os modelos de sociedade e de pessoa que se pretende alcançar. c)( ) a definição da linha de atuação dos educadores no projeto político-pedagógico da escola que deve ser elaborada pelo seu coletivo e estar controlado e condicionado pelas políticas da Secretaria de Educação. d)( ) a realização de um trabalho padronizado para que se alcance um ensino de qualidade para todas as classes de uma escola; para tanto é necessário que a coordenação pedagógica defina coletivamente as regras de atuação para todos os professores. e)( ) o trabalho pedagógico ser planejado pela equipe técnica da escola, de forma a prever qual deve ser a atuação dos professores e demais profissionais da unidade escolar para que se mantenha a uniformidade necessária para um ensino democrático. Alternativa Correta B Justificativa Alternativa A- Incorreta: A decisão do projeto não pode ser pessoal e nem esclarecedora a equipe pedagógica,ela é uma decisão coletiva Alternativa B- Correta: A definição de um projeto deve estar ancorado nos preceitos democráticos, coletivos e na visão de homem para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária . Alternativa C- Incorreta: A definição de um projeto não pode estar condicionado a Secretaria de Educação. Alternativa D- Incorreta:O projeto não pode ser padronizado, cada instituição tem sua identidade. Alternativa E- Incorreta: O trabalho não pode ser planejado pela equipe técnica, que inclui diretor e coordenador pedagógico, todos devem fazer parte de um coletivo, professores, pais, alunos e funcionários devem constituir a equipe da escola. Título II- O papel do estágio A formação inicial de docentes tem sido uma grande preocupação de pesquisadores, políticos e da própria legislação, uma vez que a aprendizagem da docência profissional é um processo que se inicia na universidade, que tem a responsabilidade de desenvolver nos alunos uma base de conhecimentos que são objeto de estudo e fundamentação no início da carreira. No entanto, ela é insuficiente para que estes enfrentem a realidade com seus inúmeros desafios, dilemas e toda a sua complexidade. Assim, a formação inicial é só o ponto de partida na construção de uma formação que deve ser entendida como um processo de aprimoramento e desenvolvimento que vai percorrer toda a vida profissional docente. Vamos entender mais sobre a formação inicial? A formação inicial, conforme inspiram os documentos legais, aponta para um caminho em que os conhecimentos técnico- cientificos possam contribuir para uma reflexão na e da prática. A proposta dessa formação é superar o modelo por muito tempo vigente nos cursos iniciais, em que havia uma hierarquia do conhecimento básico teórico sobre o aplicado na sala de aula. Com isso, criava-se um abismo entre a teoria e a prática, formando professores com acentuada preparação técnica, mas com dificuldade para compreender o mundo real da escola e da sala de aula. Segundo Pimenta e Lima (2010), os estágios sempre foram caracterizados pela parte prática dos cursos de formação de profissionais, em contraposição à teoria. As autoras citam que era frequente ouvirmos a expressão: ”Na prática, a teoria é outra”, ou seja, a evidência de que os cursos não estavam cumprindo sua função. Elas atribuem como possível causa desse fracasso a estrutura curricular dos cursos, que se constituíam em aglomerados de disciplinas autônomas e desarticuladas entre si, não possibilitando a formação de um profissional com uma atuação mais voltada para o significado social e humano da profissão. O processo de aprender a profissão, ou seja, de aprender a se tornar professor, é um processo contínuo. A formação de professores vista como um continuum, como cita Mizukami (2004), amplia o conceito da formação inicial como um conjunto de conhecimentos formais adquiridos na universidade e suficientes para o exercício da profissão. A escola enquanto instituição social e organização de trabalho é o local adequado para uma formação no seu lócus, onde os acadêmicos poderão recuperar a teoria apreendida e perceber o quanto a dominam ou não. E isso só é possível no contexto escolar institucional, quando teoria e prática estão confrontadas, num encontro de educadores, profissionais e alunos em formação. Desta feita, compete à universidade acompanhar os estágios nas instituições escolares, estágios esses concebidos como possibilidades de formação em um contexto de múltiplas referências. O processo de aprendizagem deve ser dialético entre a prática e teoria, permitindo a formação de um professor reflexivo e autor da sua prática. A instituição escolar que recebe o estagiário já se revela no momento do atendimento, mostrando-se receptiva, interessada em contribuir, evidenciando a participação de outros profissionais da escola, como o coordenador pedagógico e o diretor da escola. Outras criam barreiras e dificuldades. Esse talvez seja um momento de tensão, pois o estagiário para algumas instituições representa alguém que vai enxergar as deficiências e as dificuldades, nem sempre assumidas pela equipe escolar. Sugerimos que o estagiário se beneficie de todas as situações para treinar seu olhar, analisando cada detalhe, desde o atendimento até a forma como a escola está organizada fisicamente, sua limpeza, as marcas das produções das crianças, os cartazes que denunciam participação ou não da comunidade, o controle da disciplina expresso nos cartazes fixados nos murais das classes e dos corredores da escola. Estes são elementos que explicitam as concepções da escola, suas escolhas. Quando sugerimos que fique aberto aos sinais que desvelam as concepções da escola, não é para criarmos um olhar de crítica à mesma, o que muitas vezes gera uma indisposição no recebimento dosestagiários. O que se quer é uma observação atenta a todo o processo educativo. Nesse sentido, o papel do estagiário deve ser cuidadoso e de respeito, para não criar um distanciamento entre a universidade e a escola. ATENÇÃO: Observar não é invadir o espaço do outro, sem pauta, sem planejamento nem devolução, e muito menos sem encontro marcado. Observar uma situação pedagógica é olha-la, fita-la, mira-la, admira-la, para ser iluminada por ela. Observar uma situação pedagógica não é vigia-la, mas sim fazer vigília por ela, isto é, estar e permanecer acordado por ela, na cumplicidade da construção do projeto, na cumplicidade pedagógica (FREIRE, 1996, p. 14). Segundo Ostetto (1997), a entrada dos estagiários na instituição escolar é uma conquista, como ela mesma diz: tudo depende de “como se entra”, “pedindo licença ou invadindo” e do quanto estamos dispostos a lidar com as novas experiências que iremos vivenciar. Como vemos, é preciso cuidado, mas também é necessário treinar o olhar, humaniza-lo, criar situações de diálogo e compreensão. Conforme cita a autora, o estágio deverá ser uma experiência singular, indicando através da vivência múltiplos caminhos na formação do profissional educador, e quanto maior o compromisso da escola com o estágio tanto maior e melhor é a experiência para todos. O cotidiano escolar oferece diversas oportunidades formativas. Desta feita, pode-se dizer que o estágio tem como objetivo levar os alunos do curso de Pedagogia a uma reflexão, partindo de uma leitura do real. O estagiário, que é um profissional em formação, ao observar a realidade, poderá confrontar as observações registradas com os conhecimentos teóricos adquiridos e ainda discuti- los com seus orientadores, colegas de curso, com os tutores de todas as disciplinas. Entendemos que as disciplinas têm fundamentos teóricos que devem se articular à prática. Em outras palavras, caracteriza-sepor um momento rico onde se aprende a pensar sobre a ação, onde teoria e prática tornam-se aliadas. Como vimos até agora, a escola será o nosso cenário de reflexão. O ensino acontece em contextos sociais específicos, tais como as aulas. Para entender e exercer a prática é necessário valorizar a docência como base de formação, tanto de professores que estão iniciando a vida profissional como também daqueles em exercício. De acordo com Pimenta (2002), é indiscutível a importância da reflexão no exercício da docência para a valorização da profissão docente, dos conhecimentos dos professores e do trabalho coletivo deles e das próprias escolas enquanto espaço de formação. Nesse sentido, a reflexão do futuro professor não pode ser uma ação individual, exclusiva e restrita, ela precisa ser problematizada com suportes teóricos, com discussões em grupos e levar em consideração outros desdobramentos e possibilidades que influenciam a prática docente, tais como a estrutura da escola, as condições de trabalho, as políticas de formação docente, as jornadas dos professores, entre outros. Para tanto, lembramos que além da observação e acompanhamento das atividades docentes há os documentos da instituição, que devem ser lidos e discutidos pelos estagiários durante o período de permanência na escola, tais como: o Plano Escolar, o Projeto Politico-Pedagogico, a Organização Curricular, os Planos de Aula, os Planos de Utilização dos Recursos Financeiros e os Registros das Discussões dos Horários Coletivos, que muito contribuirão para um entendimento do processo educativo como um todo. Eles são a história, a memória e a vida da escola. As observações e experiências do estagiário nas instituições devem ser registradas, o que podemos chamar de registro da prática observada, o registro das atividades que serão acompanhadas e que num primeiro momento representam a narração dos fatos e a descrição dos acontecimentos a partir das observações feitas. Mais à frente, distanciados da situação vivenciada, espera-se que esses registros se transformem em reflexões contextualizadas à luz dos conhecimentos adquiridos e das discussões realizadas nas oficinas, nos seminários das práticas na universidade ou nos fóruns de discussão. Atenção:O educador é: Leitor no sentido amplo, aquele que lê a realidade, os outros e a si próprio, interpretando, buscando seus significados.Escritor que registra seu fazer pedagógico, questionando-o, perguntando-se sobre as hipóteses do seu pensar.Este aprendizado do registro é o mais poderoso instrumento da consciência pedagógica e política do educador.Pois quando registramos, tentamos guardar, prender fragmentos do tempo vivido que nos é significativo, para mantê-lo vivo. Não somente com as lembranças, mas com o registro de parte da nossa história, nossa memória. Através destes registros construímos nossa memória pessoal e coletiva. Fazemos HISTÓRIA (FREIRE, 1996, p. 6). 2.1: Modalidades de estágios Agora convidamos você a entender melhor sobre as modalidades de estágios.O exercício de uma profissão envolve necessariamente aprender a realizar o seu ofício no sentido prático, ou seja, para exemplificar essa afirmação podemos apontar o dentista, que aprende técnicas instrumentais com os outros dentistas; o advogado, que aprende, entre outras atividades, a montar processos nos escritórios de advocacia; os médicos, que fazem suas residências em hospitais e o professor, que aprende a ministrar aulas ao entrar em contato com outros docentes na escola.Frequentemente nas práticas de estágios encontramos duas modalidades muito comuns, que são a aprendizagem pela observação e imitação e aprendizagem pela instrumentalização. Observe com detalhes cada uma delas: a) Aprendizagem pela observação e imitação: Conforme visto em Pimenta e Lima (2010, p. 35), a aprendizagem pela imitação tem sido chamada por alguns autores de artesanal, pois é caracterizada por um modo tradicional da atuação docente, tendo como fundamento considerar a realidade do ensino imutável e a também realidade da escola. Neste sentido, os modelos são consagrados, considerados eficientes e reproduzidos. É só observarmos como muitas práticas se perpetuam há décadas na escola; a exemplo disso podemos citar as filas por ordem de tamanho, os tempos de espera entre as atividades, a falta de autonomia dos alunos, a rigidez disciplinar, a organização das mesas e cadeiras na sala de aula, as aulas expositivas, as cópias destituídas de sentido. Nem sempre o acadêmico possui elementos para ponderar criticamente sobre os modelos observados, se adequados ou não, e muitas vezes faltam-lhe conhecimentos para transpor os modelos vigentes. A prática de aprendizagem pela imitação e observação é limitada se não for acompanhada de uma recriação e reflexão. Em outras palavras, o estágio que tem por objetivo tão somente a observação e a imitação irá formar um professor incapaz de refletir e pensar sobre sua prática de uma forma mais crítica e fundamentada teoricamente. Esse é um modelo ainda forte e presente nas práticas de estágio,o qual gera professores transmissores de conhecimento, e resume a função do professor a ensinar. Com isso, mantem-se uma concepção tradicional do ensino onde a atividade docente se restringe a um modelo pronto (Pimenta e Lima, 2010). A forma de aprender a profissão a partir da imitação pode ser uma etapa na formação do professor, que precisa partir de um modelo. Conforme explica Madalena Freire (2008), aprender envolve a introjeção de modelos mediados pela cópia, pela imitação. A autora esclarece que nunca partimos do nada, não existe ação educativa que não prescinda de modelos, parâmetros. Isso é válido para um primeiro movimento, como ela fundamenta. Porém, espera-se que o aprendiz avance e possa recriar. O espaço da sala de aula possibilita aos acadêmicos a sua compreensão como o local onde se dá o processo de ensinar e de aprender, ela deve ser compreendida como espaço de encontro de professores e alunos com suas marcas, histórias, os seus saberes individuais e coletivos. A sala de aula é uma pequena representação de toda escola, e como tal se constitui como um dos ambientes mais importantes para a formação dos estagiários (PIMENTA e LIMA, 2010, p. 159). Cabe, portanto, ao aluno estagiário não perder de vista que o processo de aprendizagem é colaborativo e dialógico, e a ação do professor deve ser guiada pelos fundamentos teóricos, com um olhar cuidadoso, atento e pautado em muita reflexão.Ao observar a prática docente, devem ser levadas em consideração as diferentes possibilidades da sala de aula e da escola como um todo. Em outras palavras, as observações feitas devem se constituir em material para exercitar a capacidade de ler a realidade; como possibilidade para visualizar outras necessidades; como meio de discussão e interlocução, aproximando a universidade das escolas num movimento de troca, de idas e vindas para a construção de práticas fundamentadas, mas espera-se que o aluno vá além da copia e da imitação, que ele possa recriar a partir dos modelos observados. Assim estaremos trabalhando o caráter coletivo do estágio, que não se esgota na observação individual, mas se completa no caráter coletivo, ou seja, precisamos ”pensar sobre”, “decidir como” de forma conjunta e contextualizada. Trabalhar em grupo é uma habilidade bastante exigida hoje para quase todos os profissionais, especialmente para o professor, pois é no processo coletivo que ele irá refletir e propor alternativas conjuntas que se tornam um compromisso do grupo. b) Aprendizagem pelo uso de técnicas Outra modalidade de estágio bastante frequente é o da aprendizagem de técnicas, ou seja, a instrumentalização de técnicas para executar determinadas ações. Não descartamos a importância de se conhecer possibilidades e formas de favorecimento da aprendizagem, contudo, a formação do futuro professor não pode se reduzir ao emprego da prática pela prática ou da técnica em si. Essa é outra posturaque divide teoria e prática, reforçando a ilusão de que “na prática a teoria é outra”. A atividade de estágio nessa visão se resume ao “como fazer”, ao desenvolvimento de habilidades para controlar a classe, ao preenchimento de planilhas e fichas de observação, técnicas de atuação, ao repasse de atividades elaboradas por técnicos. O domínio de determinadas habilidades que contribuam para o processo educativo é necessário, mas o mais importante é que o futuro professor possa saber lançar mão dessas técnicas nas diferentes situações de ensino que vier a enfrentar. A técnica não pode ser um modelo pronto como uma “receita” para resolver as dificuldades da profissão e do ensino. Conforme Pimenta (2010) reforça, o mito das técnicas e das metodologias não está presente somente no universo dos professores, mas também na instituição escolar e nas políticas dos governos. Ela chama esse movimento da pedagogia compensatória presente nas formações dos docentes de “treinamentos”, que visam a apresentação de pacotes prontos, de métodos e técnicas que buscam solucionar todos os problemas educacionais. Cria-se com isso uma ilusão de que, com o emprego de determinadas técnicas, as dificuldades do ensino serão resolvidas. Outras vezes os estagiários são utilizados como mão de obra “barata” na confecção de material didático e pedagógico para suporte de aulas. Essa atividade desvinculada de um aporte teórico também de nada contribui para sua formação. É a simples aprendizagem da confecção de materiais. c) Aprendizagem como prática como prática reflexiva e investigativa: Conforme Pimenta (2010) esclarece, dissociar teoria da prática gera um empobrecimento das práticas nas escolas, o que aponta a necessidade de se entender que a profissão de educador é uma prática social, uma ação docente, uma forma de se intervir na realidade social por meio da educação.Segundo a autora, é uma atividade que ocorre essencialmente, mas não apenas na escola, e é ao mesmo tempo prática e ação. Por prática entendem-se as formas de educar institucionalizadas (métodos e conteúdos), e por ação refere-se aos sujeitos envolvidos (modos de ser de seus sujeitos, suas escolhas, suas concepções).Em outras palavras, há uma imbricação, como explica a autora, entre os sujeitos e as instituições na medida em que os sujeitos realizam suas ações nas instituições, que são por elas determinadas e nelas se determinam. Uma vez que a prática educativa nas instituições escolares é um traço cultural, os estágios de formação permitem que os professores em formação inicial entendam a complexidade das práticas e as ações educativas como um exercício do seu preparo profissional, como saberes nascidos e aprendidos a partir da interlocução prática e ação (PIMENTA e LIMA, 2010). Assim compreendidos, os estágios fazem parte da formação inicial dos futuros professores, como uma etapa da profissionalização. Essa etapa se refere à apropriação de conhecimentos teóricos e práticos, que articulados aos estágios pelas vivências em situações concretas de trabalho e em diferentes realidades de ensino, adquirem um valor formativo, na medida em que estimulam diferentes ações, possibilitam reflexões e permitem ultrapassar um fazer mecânico. O que se pretende é romper com a cultura de aquisição de conhecimentos teóricos para aplicação posterior na prática. Para tanto, a ideia proposta é superar o modelos de estágios que dividem a atividade prática da atividade teórica, pois ao diferenciarmos o conceito de ação (praticada pelos sujeitos) e o conceito de prática (que diz respeito às instituições), a concepção de estágio ganha um novo entendimento. Em outras palavras, o acadêmico precisa se aproximar da realidade onde vai atuar, mas só isso não basta. É preciso ir além, entende-la, contextualiza-la, transforma-la, propor encaminhamentos, ou seja, será uma atividade teórica instrumentalizadora pela práxis docente. Será no cotidiano escolar, dos sistemas educacionais de ensino que a práxis acontecerá (IBID). Desta fei ta, o estágio se reveste de uma nova roupagem, ele ganha consistência, pois passa a superar a fragmentação entre a teoria e prática e toma a forma de pesquisa. Pimenta e Lima (2010) defendem a proposta de tornar a pesquisa um método na formação dos futuros professores durante os estágios. Isso porque a realidade vivenciada desencadearia a busca de novas possibilidades de transformação dos contextos, como também desenvolveria no estagiário uma postura de pesquisador e investigador, motivado pelas situações vivenciadas. O modelo proposto pelas autoras aponta outra relação com o conhecimento: ele não seria uma verdade única suficiente para explicar as situações vivenciadas. Elas propõem que se busque um novo conhecimento confrontando as explicações existentes com as novas possibilidades advindas da pesquisa. O exercício de pensar sobre a prática como objeto de reflexão constitui na formação de um professor que pensa no que faz e enquanto faz, é o exercício da reflexão. Dessa forma, o professor desenvolve seu pensamento na medida em que constrói o conhecimento por meio da prática. A descrição acima conceitua o professor reflexivo, aquele que é capaz de construir conhecimento por meio da reflexão, da prática e com isso abre-se a perspectiva para o professor pesquisador, uma vez que ele vai buscar outras situações para responder às necessidades que emergem no cotidiano escolar. Chamamos a sua atenção para reforçar que há uma forte valorização da prática nesta perspectiva, mas é uma prática refletida, reconhecendo o professor como produtor de conhecimento, não separando teoria e prática, uma vez que se espera um permanente diálogo entre o conhecimento pessoal, a ação e a busca de novos encaminhamentos. Mesmo sabendo das dificuldades legais e da realidade escolar, há que se pensar na formação inicial como o ponto de partida na construção de saberes necessários à atuação profissional e na constituição de um professor crítico e reflexivo. Desta feita, os estágios, enquanto possibilidade de reflexão e pesquisa deve oferecer uma ampliação para o acadêmico melhor compreender a realidade observada nas escolas, e a partir dessas vivências espera-se estimula-los para a elaboração de propostas de intervenção ou mesmo na elaboração de projetos de pesquisa durante e após esse momento. Nessa perspectiva o estágio passa a integrar um corpo de conhecimentos capazes de articular a realidade observada e os conhecimentos adquiridos nas disciplinas durante o curso, permitindo o conhecimento, a análise, a reflexão do trabalho docente e das instituições. Com isso será favorecido o desenvolvimento da habilidade da pesquisa. As propostas em curso estimulam o intercâmbio entre universidade e escola durante o processo de formação, contribuindo para a articulação teoria e prática com base nos fundamentos teóricos e nas experiências de seus profissionais. As observações e experiências do estagiário nas instituições devem ser registradas, o que podemos chamar de registro da prática observada, o registro das atividades que serão acompanhadas e que num primeiro momento representam a narração dos fatos e a descrição dos acontecimentos a partir das observações feitas e se tornarão na formação inicial o primeiro registro para a memória do educador! Num segundo momento se transformarão em reflexões contextualizadas à luz dos conhecimentos adquiridos e das discussões realizadas nas oficinas, nos seminários das práticas na universidade ou nos fóruns de discussão das instituições escolares. Exercício Comentado O ato de refletir, na vida de um educador, é, EXCETO: a) libertador b) dispensável c) teórico e prático d) consciente e) transformador Resposta correta b Justificativa Alternativa A- Correta: Conforme explica Madalena Freire :o ato de refletir é libertador pois integra um corpo de conhecimentos capazes de articular a realidade observada e os conhecimentos adquiridos nas disciplinas durante o curso, permitindo o conhecimento.Alternativa B- Incorreta: Não é possível dispensar uma ação que conduz a produção de conhecimento e articulação da teoria e da prática. Alternativa C- Correta : O acadêmico precisa se aproximar da realidade onde vai atuar, mas só isso não basta. É preciso ir além, entende-la, contextualiza-la, transforma-la, propor encaminhamentos, ou seja, será uma atividade teórica instrumentalizadora pela práxis docente. Alternativa D- Correta: O exercício de pensar sobre a prática como objeto de reflexão constitui na formação de um professor. Alternativa E- Correta: a realidade vivenciada pelo professor desencadeia a busca de novas possibilidades de transformação dos contextos, como também desenvolve uma postura de pesquisador e investigador. Título V- Organização do tempo didático Os autores estudados fazem uma severa critica à forma como os currículos são apresentados aos alunos, ou seja, de forma linear, fragmentada, alienando o conhecimento. Eles propõem práticas que rompam com o esse modelo, que valoriza a informação destituída de uma compreensão do mundo, pela substituição por um trabalho interdisciplinar, neutralizando o individualismo com uma proposta de trabalho coletivo que agregue um tema integrador. A ideia em se trabalhar com projetos não é uma resposta única, absoluta, ao enorme desafio que temos a enfrentar, mas pode-se dizer que é um possível ponto de partida para melhorar a qualidade de ensino do nosso país. A proposta em questão articula as diferentes áreas do conhecimento através de projetos interdisciplinares com objetivo final em comum, e com um ponto de partida também em comum. A LDB/96 define que o currículo do Ensino Fundamental deve, obrigatoriamente, abranger o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, assim como o ensino da Arte. A Educação Física deve ser integrada à condições da escola nas diferentes faixas etárias. O ensino da História e Geografia tem sido cada vez mais atualizado, integrando-se com a formação do povo brasileiro. Assim, a Lei nº 10.639/03 introduz a temática da história e cultura afro-brasileira no currículo da Educação Básica. Recentemente uma emenda constitucional tornou o ensino de música obrigatório. Esses conhecimentos devem propor um percurso formativo, integrador, contextualizado e que leva em consideração as características do meio, as necessidades e interesses dos alunos.O diálogo entre as áreas do conhecimento pode ser feito organizando-se o tempo escolar em diferentes modalidades, utilizando-se de projetos, mas também pela introdução de outras situações que envolvam a resolução de problemas, investigações, atividades permanentes, sequências didáticas, atividades ocasionais, entre outras. Muito se fala sobre a atividade significativa, aquela que faz sentido para o aluno, aquela que permite uma compreensão de significados, que relaciona a experiências anteriores e vivências pessoais dos alunos, permitindo a formulação de problemas que os incentivem a aprender mais. Isso significa dizer que os conhecimentos adquiridos contribuem para a formação do aluno cidadão e se tornam ferramentas úteis para resolver situações das mais variadas da realidade que os cerca. Em outras palavras, o conhecimento adquirido não pode ser momentâneo, pontual, só para fazer uma avaliação. (ORIENTAÇÕES CURRICULARES, Fundamental I, 2007). Como se vê não é o que se aprende, mas como se aprende, que pressupõe um caráter dinâmico da aprendizagem, com um conjunto de atividades sistemáticas, pensadas intencionalmente, no qual conteúdos e métodos se integram, levando em conta a participação do aluno e com escolhas de recursos didáticos variados, que possam se constituir na ampliação do repertório. Aprende-se por múltiplos caminhos, com diversos meios e modos de expressão. Nesse sentido as aulas devem se tornar espaços de encontro, de convivência, de troca, de comunicação, fóruns de debate e interlocução permeados pela linguagem, instrumento importante para aprendizagem, ampliando assim o significado das interações, num movimento orgânico mediado pelo professor para a construção do conhecimento. A presente unidade tem como foco apresentar e defender os projetos de trabalho como uma modalidade organizativa do tempo didático, como forma de superar a fragmentação dos currículos escolares, pois eles são exemplos de novas configurações curriculares que invertem a lógica presente. Mas para implementá-los precisamos, além de conhecer seus fundamentos, entender que trabalhar com projetos não significa abandonar os conteúdos específicos estabelecidos no currículo. Significa articular os conhecimentos específicos e integra-los aos conteúdos diversos (aqueles que emergem no cotidiano, os interesses do grupo classe, questões sociais urgentes, entre outros) numa unidade mais unificada. Em outras palavras, o professor deve saber com o quê e como trabalhar. Antes de pensarmos nos projetos, sua história, constituição e elaboração, vamos conceituar outras modalidades organizativas do tempo didático como possibilidade de diversificação para a abordagem dos conteúdos, tais como as atividades permanentes, as atividades sequenciadas ou sequências didáticas, atividades ocasionais. Seguem algumas modalidades organizativas do tempo didático. Atividades permanentes São situações que ocorrem de forma sistemática, de modo que as crianças percebam sua regularidade. Podem ocorrer diariamente, uma vez por quinzena, durante vários meses ou ao longo de todo o ano escolar. São particularmente apropriadas para trabalhar com as crianças certos aspectos do comportamento social ou da cultura, constituir atitudes, desenvolver hábitos. As atividades permanentes criam o que chamamos de condições didáticas para realização de outras propostas mais complexas. As atividades permanentes ainda favorecem a aproximação das crianças com conhecimentos que, com grande probabilidade, embora potencialmente interessantes, as crianças nãoabordariam por si mesmas, seja pela complexidade, seja pela ausência de experiências cotidianas. As atividades permanentes visam familiarizar, aproximar as crianças de conhecimentos da sociedade e da cultura que por elas mesmas talvez não fossem acessados. Deve ser um momento planejado, além disso, favorece o intercâmbio de informações entre as crianças e amplia as relações vividas entre os colegas da classe. Atividade sequenciada ou sequência didática Trata-se de um conjunto de atividades planejadas e orientadas com o objetivo de promover aprendizagens específicas que o professor tenha avaliado como necessárias em dado momento do percurso de um trabalho. O critério é o nível de dificuldade, pois prevê uma progressão de desafios a serem vivenciados pelos alunos. A sequência apresenta problemas que a criança deverá resolver de diferentes modos: fazendo, pensando, experimentado, afirmado, perguntando etc. As atividades são planejadas e orientadas com a intenção de oferecer desafios às crianças, para que possam resolver problemas a partir de diferentes proposições. Ao contrário das atividades permanentes, essas sequências têm duração limitada há algumas semanas, o que permite ao professor realizar várias delas durante o ano. Elas são parecidas com os projetos, mas não possuem uma atividade de fechamento. As sequências didáticas visam sistematizar, organizar e aprofundar informações de um dado conhecimento. Têm um propósito específico: o professor planeja uma sequência (com objetivos, desenvolvimento, tempo de duração, definição de periodicidade) em função de uma necessidade de aprendizagem verificada em seu grupo de crianças. Atividades ocasionais São situações ocasionais, como o próprio nome diz, são ocasiões esporádicas em que algum tema ou conteúdo tenha a necessidade de ser trabalhado sem que haja uma relação direta com o que está sendo desenvolvido nos projetos. São assuntos importantes que devem ser trabalhados, mas variam e se resumem a uma única atividade. Exemplo de atividades ocasionais: programar
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