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INTRODUÇÃO Nos estudos dos Fundamentos do Direito Processual, inicializamos com os Princípios Processuais, na sua grande maioria estão no Artigo 5° da Constituição Federal, inseridos dentro do Título dos Direitos e garantias fundamentais, evidenciando o cuidado que o Legislador teve com o cidadão brasileiro. Nesse trabalho abordamos 5 (cinco) desses Princípios que são: Princípio da Isonomia, Princípio da Oralidade, Princípio do Contraditório, Princípio do Devido Processo Legal e o Princípio da Duração Razoável do Processo. O trabalho consiste em conceituar o mesmo, juntar uma doutrina e uma Jurisprudência que trate sobre o tema, e ao final de cada princípio foi exposto a opinião sobre a importância do Princípio para o Direito Processual e para o Cidadão Brasileiro. "legum omnes serve summus ut liberi esses possimus" (Platão - 479. ac) Sejamos escravos das leis, para não sermos dos homens. PRINCÍPIO DA ISONOMIA 1° Conceito O Princípio da Isonomia ou também chamado de Princípio da Igualdade é um dos pontos fortes da sustentação da Democracia. Conforme José Afonso da Silva [1], Aristóteles foi responsável por inserir o princípio da igualdade na seara da filosofia, quando explicitou que “a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, dando a cada um o que é seu”. Na nossa Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo 5º, caput, sobre o princípio constitucional da igualdade, perante a lei, nos seguintes termos: Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. O Princípio da Igualdade torna todos igualmente cidadãos de gozar de tratamento igualitário pela Lei. Por esse Princípio são vedadas quaisquer diferenciações não justificáveis pelos preceitos da Constituição Federal em vigor. 2° Doutrina “Princípio da isonomia Um dos princípios basilares do processo civil é o princípio da isonomia. A CF/88, no seu art. 5º, caput, estabelece a igualdade de todos perante a lei, o que se reflete diretamente no disposto nos art. 7º e 139, I, do CPC, que impõe ao juiz o tratamento igualitário às partes. Mais do que isso, o legislador de 2015 inseriu o princípio da igualdade no rol das normas fundamentais de processo civil, disponde que “É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório” (art. 7º). O entendimento mais correto é o de que referido princípio – refletido de forma expressa em dispositivos constitucionais e infraconstitucionais – trata da igualdade real, substancial (na medida do possível), e não simplesmente da igualdade formal. A correta inteligência do princípio constitucional da isonomia é que permite compreender por que, por exemplo, o Código do Consumidor, por reconhecer o consumidor como o polo mais fraco da relação de consumo, traz em seu bojo regras como a do inciso VIII do art. 6º, que autoriza a inversão do ônus da prova. Com efeito, pela regra geral do Código de Processo Civil, incumbe ao autor provar os fatos constitutivos de seu direito (art. 373, I). Essa regra, no entanto, em se tratando de relação de consumo, e desde que preenchidos os requisitos do inciso VIII do art. 6º do CDC, pode ser afastada, invertendo-se o ônus probatório, justamente como forma de recompor o equilíbrio entre as partes, na medida em que o consumidor se presume como sendo o polo mais fraco da relação de consumo. É o que Cândido Rangel Dinamarco chama de neutralização de desigualdades.” [2] Alvin, Eduardo Arruda; Granado, Daniel Willian; Ferreira, Eduardo Aranha. Direito Processual Civil, 6 ª Ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2019. p. 325. 3° Jurisprudência AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 4.628, DE 31 DE JANEIRO DE 2017, DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO. VEDAÇÃO DA REVISÃO GERAL ANUAL DE SERVIDORES AOS AGENTES POLÍTICOS DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. ALEGADA EXISTÊNCIA DE VÍCIO DE INICIATIVA POR VIOLAÇÃO À COMPETÊNCIA DO PODER LEGISLATIVO LOCAL PARA ESTABELECER A FIXAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS. NÃO OCORRÊNCIA. NORMA QUE APENAS VEDA A EXTENSÃO DA REVISÃO GERAL ANUAL DOS SERVIDORES AOS AGENTES POLÍTICOS DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. MATÉRIA RESERVADA À INICIATIVA DO CHEFE DO EXECUTIVO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 50, PARÁGRAFO SEGUNDO, II, C/C ART. 23, I, DA CESC. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. NORMA QUE NÃO SE SUBMETE AO ART. 111, VI, E VI, DA CESC. INCONSTITUCIONALIDADE NÃO DETECTADA NESTE ASPECTO. NORMA MUNICIPAL QUE, ENTRETANTO, AO VEDAR A EXTENSÃO DO REAJUSTE ANUAL CONFERIDO AOS SERVIDORES PÚBLICOS POR QUATRO ANOS, RETIRA DO ALCAIDE, FORTE NO ART. 23, I, DA CESC, C/C COM PRECEDENTE VINCULANTE DO STJ (TEMA 19) O DEVER DE SE PRONUNCIAR, ANUALMENTE, SOBRE A CONVENIÊNCIA E A OPORTUNIDADE DE PROCEDER-SE À REVISÃO. VIOLAÇÃO, AINDA, AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA ENTRE SERVIDORES E AGENTES POLÍTICOS NO TOCANTE À EXTENSÃO DA REVISÃO GERAL. DEMANDA JULGADA PROCEDENTE. NORMA INVALIDADA, COM EFEITOS EX TUNC, SEM DIREITO À INDENIZAÇÃO DOS AGENTES POLÍTICOS. O NÃO ENCAMINHAMENTO DE PROJETO DE LEI DE REVISÃO ANUAL DOS VENCIMENTOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS, PREVISTO NO INCISO X DO ART. 37 DA CF/1988, NÃO GERA DIREITO SUBJETIVO A INDENIZAÇÃO. DEVE O PODER EXECUTIVO, NO ENTANTO, SE PRONUNCIAR, DE FORMA FUNDAMENTADA, ACERCA DAS RAZÕES PELAS QUAIS NÃO PROPÔS A REVISÃO (TESE, TEMA 19, STF). CONQUANTO INEXISTA PROPRIAMENTE UM DIREITO DOS SERVIDORES E AGENTES POLÍTICOS À REVISÃO GERAL ANUAL, NÃO PODE A NORMA RETIRAR DO ALCAIDE O PODER DE PROPOR A REVISÃO GERAL ANUAL PELO PERÍODO DE QUATRO ANOS, DELE CEIFANDO O DEVER DE SE PRONUNCIAR SOBRE A (NÃO) CONCESSÃO DA REVISÃO, SOB PENA DE VIOLAR O DISPOSTO NO ART. 23, I, DA CESC. (TJSC, Direta de Inconstitucionalidade (Órgão Especial) n. 5009144-06.2019.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Pedro Manoel Abreu, Órgão Especial, j. 01- 09-2021). 4° Importância do Princípio. 4.1 Direito Processual Para o Direito Processual o Princípio da Isonomia serve como um estruturador na questão dos direitos fundamentais. Segundo o Artigo 5º da CF/88 as leis devem ser aplicadas sem que se leve em conta às pessoas, ou seja, independente da condição social, racial, de sexo, pois todos são iguais perante a Lei, sendo vedado qualquer tipo de distinção. É importante ressaltar que o legislador não poderá editar normas que se afastem do princípio da igualdade, sob pena de flagrante. 4.1 Cidadão Brasileiro O Princípio da Isonomia garante para o cidadão brasileiro que ele terá direitos iguais perante a lei, que o mesmo será julgado de forma igualitária a todos os seus compatriotas, sem distinção de gênero, raça, cor ou classe social. É o que todos os brasileiros aspiram nesse momento tão conturbado do nosso País. PRINCÍPIO DA ORALIDADE 1° Conceito O Princípio da Oralidade teve início no processo cível romano, sobretudo no período das ações da Lei e no período formular, em menor intensidade sob o regime da cognição extraordinária, era caracterizado pela oralidade. A Oralidade é relacionada com o embasamento da produção de provas para o convencimento dos juízes. Há três tipos de procedimentos: o oral, o escrito e o misto que combina ambos. O mais comum entre os três é o misto, adotado no nosso sistema jurídico. A Oralidade permite que as provas sejam realizadas perante os juízes, por meio de testemunhas. Em relação ao subprincípio da identidade física dojuiz, segue esse subprincípio que o juiz deve ser o mesmo do início ao fim da instrução oral. Essa regra está no antigo Código Civil de 1973 trazia no seu artigo 132. Art. 1º O art. 132 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 132. O Juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o Juiz que proferir a sentença, se entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas." (Redação dada pela Lei n° 8.637, de 31 de março de 1993). 2° Doutrina “Princípio da oralidade A discussão oral da causa em audiência é tida como fator importantíssimo para concentrar a instrução e o julgamento no menor número possível de atos processuais. Os elementos que caracterizam o processo oral em sua pureza conceitual são: a) a identidade da pessoa física do juiz, de modo que este dirija o processo desde o seu início até o julgamento; b) a concentração, isto é, que em uma ou em poucas audiências próximas se realize a produção das provas e o julgamento da causa; c) a irrecorribilidade das decisões interlocutórias, evitando a cisão do processo ou a sua interrupção contínua, mediante recursos, que devolvem ao tribunal o julgamento impugnado. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm#art132 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm#art132p A oralidade, em nosso Código, foi adotada com mitigação, em face das peculiaridades da realidade brasileira e das restrições doutrinárias feitas ao rigorismo do princípio. A identidade física do juiz, que era restrita no Código anterior, nem sequer foi conservada pelo Código atual. Quanto ao julgamento da causa em audiência, o Código o adota como regra do procedimento comum, mas prevê casos em que, por economia processual, o julgamento se faz antecipadamente, sem necessidade sequer da audiência de instrução e julgamento (art. 355). Quanto à irrecorribilidade das decisões interlocutórias, a orientação do Código foi totalmente contrária ao princípio da oralidade pura, pois admite o agravo de grande número de decisões proferidas ao longo do curso do processo (art. 1.015), muito embora sem efeito suspensivo (art. 995). Na realidade, nem mesmo os mais ardorosos defensores da oralidade, como Chiovenda, chegaram a exigir a absoluta irrecorribilidade das decisões interlocutórias. O que consideravam inconciliável com a oralidade processual era a recorribilidade em separado, isto é, aquela praticável de tal modo que as impugnações dos incidentes acarretassem a frequente e indesejável paralisação da marcha do processo. Daí ser preferível, na sua ótica, que o ataque às decisões interlocutórias se fizesse juntamente com a impugnação ao julgamento da causa, como preliminares. Uma vez, porém, que o Código brasileiro instituiu um regime de recurso, para as interlocutórias, que não interfere no curso do processo (agravo de instrumento), não se pode atribuir-lhe, na espécie, uma grave oposição ao princípio da oralidade. A oralidade recebe, com o advento do Código novo, um incremento, visto que o caráter cooperativo entre as partes e o juiz se transformou em norma fundamental do processo justo (art. 6º), e nada contribui mais para a eficiência dessa cooperação do que o contato verbal e direto entre os sujeitos do processo, ou seja, entre partes, seus advogados e o julgador. Instituições – como a audiência preliminar, nos juízos de primeiro grau, e a sustentação oral, perante os tribunais – merecem atenção particular para viabilizar o ideal cooperativo na formação democrática do provimento jurisdicional. Outro exemplo de prestígio do princípio da oralidade encontra-se na norma do NCPC que autoriza o juiz a proceder ao saneamento do processo em audiência, nas causas de maior complexidade (art. 357, § 3º).” [3] JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso Direito Processual Civil Volume 1, 60 ª Ed. rev. atualizada. Rio de Janeiro: Forense 2019. p.58 3° Jurisprudência APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO USO DE ARMA DE FOGO, PELO CONCURSO DE AGENTES E PELO TRANSPORTE DE VEÍCULO A OUTRO ESTADO (CP, ART. 157, 2º, I, II E IV). SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DO ACUSADO. 1. PRELIMINAR. NULIDADE. SENTENÇA REGISTRADA EM SISTEMA AUDIOVISUAL. PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL (CPP, ARTS. 403 E 405). 2. PROVA DA AUTORIA. PALAVRAS DAS VÍTIMAS. PRISÃO DO ACUSADO NA POSSE DO BEM. RECONHECIMENTO PESSOAL E FOTOGRÁFICO. 3. DESCLASSIFICAÇÃO. RECEPTAÇÃO (CP, ART. 180, CAPUT). 4. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. PALAVRAS DAS VÍTIMAS. AUSÊNCIA DE APREENSÃO. 5. CONSEQUÊNCIAS DO DELITO. AUSÊNCIA DE RESTITUIÇÃO DOS BENS. PREJUÍZO NÃO EXCESSIVO. 6. TERCEIRA FASE. TRÊS CAUSAS DE AUMENTO. FRAÇÃO. CRITÉRIO NUMÉRICO. FUNDAMENTAÇÃO (STJ, SÚMULA, 443). 1. Não é nula a sentença registrada em sistema audiovisual, sem transcrição integral, porque a medida está em consonância com a reforma processual penal promovida pela Lei 11.719/08, que privilegiou o princípio da oralidade e da celeridade processual. 2. Está comprovada a autoria delitiva se o agente foi reconhecido pelas vítimas do roubo na fase administrativa como o homem que, mediante ameaça com arma de fogo, levou seu veículo automotor, o que confirmou em Juízo, o que é corroborado pelas palavras de um amigo, que estava na companhia dela, embora não dotadas da mesma certeza, e pela prisão do acusado na posse do bem. 3. Comete o delito de roubo, e não o de receptação, o agente que, mediante o emprego de grave ameaça às vítimas, consistente no porte ostensivo de arma de fogo, subtrai para si veículo automotor. 4. Fazem prova suficiente à aplicação da majorante referente ao uso de arma de fogo no crime de roubo as palavras unânimes das vítimas, no sentido de que o agente fez uso ostensivo de um artefato bélico, o que torna prescindível a apreensão e perícia do armamento, se tampouco foi trazido aos autos pelos acusados. 5. O prejuízo das vítimas é consequência inerente ao crime de roubo e, se não for de alta monta, excessivo, fora da normalidade, não justifica a exasperação da pena-base. 6. É necessária a exposição de arrazoado concreto para justificar a imposição de aumento de pena em patamar superior ao mínimo legal pela prática de roubo circunstanciado; empregado somente o número de majorantes para tanto, o incremento deve ser reduzido ao mínimo legal. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO PARA READEQUAR A DOSIMETRIA DA PENA. DE OFÍCIO, RECONHECER A ATENUANTE DA MENORIDADE PENAL RELATIVA. (TJSC, Apelação Criminal n. 0001388-97.2017.8.24.0033, de Itajaí, rel. Sérgio Rizelo, Segunda Câmara Criminal, j. 12-11-2019). 4° Importância do Princípio. 4.1 Direito Processual O Princípio da Oralidade, são praticados oralmente nos atos processuais, a oralidade permite uma explanação direta com o órgão judicial e as pessoal envolvidas no processo, dando celeridade ao processo como isso obtendo menor número possível de atos processuais, já que por meio das testemunhas esse princípio permite que as provas sejam apresentadas perante o juiz. 4.1 Cidadão Brasileiro O Princípio da oralidade é importante para o brasileiro porque muitas das vezes a única forma de se provar o que de fato aconteceu em um processo judicial e através de provas testemunhais, já que provas materiais nem sempre são encontradas. Como no processo trabalhista, onde o trabalhador tem como prova o testemunho dos colegas de trabalho ou de pessoas ligadas a ele como, fornecedores, clientes da empresa em questão. Podendo assim provar o que se almeja no processo. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO 1° Conceito O Princípio do Contraditório e da contrariedade, constituema oportunidade de realizar o direito de defesa, é quando as partes podem falar sobre as alegações do outro litigante, mas também apresentar as provas contrárias a outra parte. O Princípio é Previsto nos Artigos 7°, 9° e 10° do CPC e no Artigo 5° LV, da Constituição Federal. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Esse Princípios é absoluto, caso não seja respeitado, o processo terá sob pena a sua nulidade, não se admitindo exceções. Essa é a oportunidade de realizar a defesa, de o outro litigante falar sobre as suas alegações, como também fazer a prova contrária, podendo assim se defender das acusações sobre ele. Negando o Princípio do Contraditório pode se considerar um cerceamento da ampla defesa, em vez que não foi assegurada a produção de uma prova ou contraprova, assim, o juiz pode ouvir as duas partes do processo. As partes do processo têm o direito de participar e o juiz tem o dever de julgar apenas o que foi pedido, sob pena de violar o direito ao contraditório. 2° Doutrina “O contraditório, outrora visto como dever de audiência bilateral dos litigantes, antes do pronunciamento judicial sobre as questões deduzidas separadamente pelas partes contrapostas, evoluiu, dentro da concepção democrática do processo justo idealizado pelo constitucionalismo configurador do Estado Democrático de Direito. Para que o acesso à justiça (CF, art. 5º, XXXV) seja pleno e efetivo, indispensável é que o litigante não só tenha assegurado o direito de ser ouvido em juízo; mas há de lhe ser reconhecido e garantido também o direito de participar, ativa e concretamente, da formação do provimento com que seu pedido de tutela jurisdicional será solucionado. Quer isto dizer que nenhuma decisão judicial poderá, em princípio, ser pronunciada sem que antes as partes tenham tido oportunidade de manifestar sobre a questão a ser solucionada pelo juiz. O contraditório, nessa conjuntura, tem de ser prévio, de modo que ao julgador incumbe o dever de primeiro consultar as partes para depois formar seu convencimento e, finalmente, decidir sobre qualquer ponto controvertido importante para a solução da causa, ou para o encaminhamento adequado do processo a seu fim. O que prevalece, portanto, é que o contraditório do processo justo vai além da bilateralidade e a) b) c) da igualdade de oportunidades proporcionadas aos litigantes, para instaurar um diálogo entre o juiz e as partes, garantindo ao processo “uma atividade verdadeiramente dialética”, em proporções que possam redundar não só em um procedimento justo, mas também em uma decisão justa, quanto possível. Para implantar, com efetividade, esse contraditório dinâmico e efetivo, o novo CPC lançou mão de três dispositivos que terão de ser lidos de maneira sistemática e integrativa: a) As partes deverão merecer tratamento paritário, devendo o juiz zelar pelo “efetivo contraditório” (art. 7º): a igualdade de tratamento não pode se dar apenas formalmente. Se os litigantes se acham em condições econômicas e técnicas desniveladas, o tratamento igualitário dependerá de assistência judicial para, primeiro, colocar ambas as partes em situação paritária de armas e meios processuais de defesa. Somente a partir desse equilíbrio processual é que se poderá pensar em tratamento paritário no exercício dos poderes e faculdades pertinentes ao processo em curso. E, afinal, somente em função dessas medidas de assistência judicial ao litigante hipossuficiente, ou carente de adequada tutela técnica, é que o contraditório terá condições de se apresentar como efetivo, como garante o art. 7º do NCPC. b) Qualquer decisão que contrarie uma parte, não será tomada “sem que ela seja previamente ouvida” (art. 9º): as decisões judiciais não podem surpreender a parte que terá de suportar suas consequências, porque o contraditório moderno assegura o direito dos sujeitos do processo de não só participar da preparação do provimento judicial, como de influir na sua formulação. Aqui o Código garante, com nitidez, o princípio da “não surpresa” no encaminhamento e na conclusão do processo. c) Por fim, mesmo que a questão tenha sido debatida amplamente, não se permite ao juiz decidi-la mediante fundamento ainda não submetido à manifestação das partes (art. 10). A vedação prevalece inclusive quando se trata se trate de matéria apreciável de ofício, como explicita o dispositivo legal em referência. Mais uma vez, o Código prestigia o princípio da “não surpresa”. Dessa forma, resta consagrada a imposição legal do contraditório efetivo, para interditar as “decisões de surpresa”, fora do contraditório prévio, tanto em relação a questões novas, como a fundamentos diversos daqueles com que as questões velhas foram previamente discutidas no processo. O parágrafo único do art. 9º, todavia, abre três exceções para permitir decisões em detrimento de parte ainda não ouvida nos autos, que são: a) as referentes à tutela provisória de urgência (inciso I); b) algumas hipóteses de tutela da evidência – art. 311, II e III 120 (inciso II); e c) a decisão autorizadora do mandado de pagamento, na ação monitória – art. 701 121 (inciso III). Não se trata, porém, de afastar, em definitivo, o contraditório, mas apenas de protraí- lo. Pelas necessidades e conveniências do caso, decide-se a questão proposta de imediato, sem prévia audiência do interessado. Uma vez, contudo, ultimada a medida excepcional, abrir-se-á a oportunidade de discussão da matéria e da defesa da parte afetada, podendo o juiz, então, se for o caso, confirmar, modificar ou revogar o provimento emergencial. Há, em semelhante conjuntura, um confronto de princípios processuais: de um lado, incide a garantia constitucional de efetividade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV), e de outro, a garantia, também constitucional, do contraditório (CF, art. 5º, LV). O impasse se resolve, portanto, pelo postulado da proporcionalidade, que não acarreta a invalidação de um princípio pelo outro. Ambos incidem, mas em momentos diferentes: justificada a urgência da medida em nome da efetividade jurisdicional, o contraditório fica apenas diferido para outro momento, situado depois da tomada de decisão emergencial. Sem dúvida, o contraditório é da essência do processo democrático e justo. No entanto, a exigência de prévia audiência das partes não pode ser levada a um extremismo que comprometa a agilidade indispensável da prestação jurisdicional, também objeto de garantia constitucional. É possível, portanto, pensar-se no chamado “contraditório inútil” ou “irrelevante”, à base de cuja constatação poder-se-á admitir como razoável o pronunciamento de decisões judiciais sem a prévia ouvida da parte. Pode-se admitir, nessa ordem de ideias, que se mostra legítima, por exemplo, a regra legal que não abandona por completo o contraditório, mas que, em situações particulares, apenas o relega para momento ulterior à decisão tomada. É o que se passa, por exemplo, nas hipóteses em que, excepcionalmente, se autorizam o indeferimento da petição inicial (NCPC, art. 330) e a rejeição liminar do pedido (art. 332), em face das quais as partes (autor e réu) terão oportunidade de realizar o debate necessário durante o procedimento recursal (art. 332), e o próprio juiz poderá, se for o caso, retratar sua decisão (arts. 331 e 342, § 3º). Igual postergação do contraditório ocorre, também, nas medidas liminares inaudita altera parte, não só nas tutelas provisórias de urgência ou de evidência (arts.294 a 311), já aludidas, mas, ainda, nas ações de procedimento especial, à exemplo das possessórias (art. 562) e nos embargos de terceiro (art. 678). Em todas elas, depois de intimado o réu da liminar deferida sem sua prévia manifestação, instaurar-se-á o contraditório, com possibilidade de o ato judicial ser revogado, ou modificado, pelo juiz da causa ou pelo tribunal, justamente em virtude do debate ulterior.” [4] JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso Direito Processual Civil Volume 1, 60 ª Ed. rev. atualizada. Rio de Janeiro: Forense 2019. p.51 3° Jurisprudência AÇÃO RESCISÓRIA. PLEITO DE DESCONSTITUIÇÃO DE SENTENÇA DE MÉRITO PROFERIDA EM AÇÃO DE USUCAPIÃO. ALEGADA OFENSA À NORMA JURÍDICA, FUNDADA NA AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DE LITISCONSORTE NECESSÁRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. HIPÓTESE ADSTRITA À DEFLAGRAÇÃO DE AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE (QUERELA NULLITATIS). EXEGESE DA SÚMULA 7 DESTA CORTE. PRECEDENTES. "A ação declaratória é meio processual hábil para se obter a declaração de nulidade do processo que tiver corrido à revelia do réu por ausência de citação ou por citação nulamente feita" (Súmula 7, TJSC). "No caso específico dos autos, em que a ação principal tramitou sem que houvesse citação válida do litisconsórcio passivo necessário, não se formou a relação processual em ângulo. Há, assim, vício que atinge a eficácia do processo em relação ao réu e a validade dos atos processuais subsequentes, por afrontar o princípio do contraditório. Em virtude disto, aquela decisão que transitou em julgado não atinge aquele réu que não integrou o polo passivo da ação. Por tal razão, a nulidade por falta de citação poderá ser suscitada por meio de ação declaratória de inexistência por falta de citação, denominada querela nullitatis, que, vale ressaltar, não está sujeita a prazo para propositura, e não por meio de ação rescisória, que tem como pressuposto a existência de decisão de mérito com trânsito em julgado" (STJ, Ação Rescisória n. 569, rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, j. 22-09-2010). SUPOSTA OCORRÊNCIA DE COLUSÃO ENTRE AS PARTES DA DEMANDA EM QUE PROFERIDA A DECISÃO RESCINDENDA. INSUBSISTÊNCIA. ACERVO PROBATÓRIO QUE NÃO SE REVELA CAPAZ DE AMPARAR A VERSÃO DEDUZIDA NA PETIÇÃO INICIAL. PARTE AUTORA, ADEMAIS, QUE POSTULOU O JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. ÔNUS DA PROVA QUE LHE COMPETIA, DO QUAL NÃO SE DESINCUMBIU, A TEOR DO ART. 373, I, DO CPC. REJEIÇÃO QUE SE IMPÕE. (TJSC, Ação Rescisória n. 0010697-81.2016.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Álvaro Luiz Pereira de Andrade, Sétima Câmara de Direito Civil, j. 02-09- 2021). 4° Importância do Princípio. 4.1 Direito Processual O Princípio do Contraditório garante para o processo que ambas as partes têm o direito de apresentar suas provas perante o magistrado, que nenhum juiz se pronunciara antes que as duas partes tenham a oportunidade de se manifestar, somente depois das partes apresentarem as provas para o juiz, o mesmo poderá se pronunciar sobre sua decisão. 4.1 Cidadão Brasileiro Para o cidadão o Princípio do Contraditório é importante para garantir à sua defesa, a necessidade de dar-se o conhecimento da existência do processo e de todos os atos às partes, garante ao acusado o direito constitucional de ser considerado inocente até o trânsito em julgado, tendo a possibilidade de as partes reagirem aos atos que lhes sejam desfavoráveis, direito de serem ouvidos utilizando o Princípio da Oralidade. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 1° Conceito O Princípio do Devido Processo Legal é não deixar que as partes sejam lesadas com práticas não especificadas, no Inciso LIV, art. 5° da Constituição Federal trata da norma fundamental do Direito que garante que os atos processuais se realizem conforme a lei vigente. “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”, LIV, art. 5° da Constituição Federal Assim garantido ao processo o emprego de técnicas adequadas e conducentes, esse princípio a doutrina divide ele em devido processo legal formal e o devido processo substancial. a) Devido processo legal formal: as garantias processuais; b) Devido processo substancial: que seria a proporcionalidade e razoabilidade nas decisões. “O devido processo legal formal ou processual exige o respeito a um conjunto de garantias processuais mínimas, como o contraditório, o juiz natural, a duração razoável do processo e outras. O devido processo legal substancial ou material, por outro lado, é uma forma de controle de conteúdo das decisões. Se o processo tem seu trâmite garantido por impulso oficial até o provimento final com uma sentença ou acórdão, daí é de se concluir que há devido processo legal se esta decisão é devida / adequada, leia-se: proporcional e razoável.” [5] https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121916992/devido-processo- legal-formal-e-devido-processo-legal-substancial 2° Doutrina “Jurisdição e processo são dois institutos indissociáveis. O direito à jurisdição é, também, o direito ao processo como meio indispensável à realização da Justiça. A Constituição, por isso, assegura aos cidadãos o direito ao processo como uma das garantias individuais (art. 5º, XXXV). A justa composição da lide só pode ser alcançada quando prestada a tutela jurisdicional dentro das normas processuais traçadas pelo Direito Processual Civil, das quais não é dado ao Estado declinar perante nenhuma causa (CF, art. 5º, LIV e LV). É no conjunto dessas normas do direito processual que se consagram os princípios informativos que inspiram o processo moderno e que propiciam às partes a plena defesa de seus interesses, e ao juiz, os instrumentos necessários para a busca da verdade real, sem lesão dos direitos individuais dos litigantes. A garantia do devido processo legal, porém, não se exaure na observância das formas da lei para a tramitação das causas em juízo. Compreende algumas categorias fundamentais, como a garantia do juiz natural (CF, art. 5º, XXXVII) e do juiz competente (CF, art. 5º, https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121916992/devido-processo-legal-formal-e-devido-processo-legal-substancial https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121916992/devido-processo-legal-formal-e-devido-processo-legal-substancial LIII), a garantia de acesso à Justiça (CF, art. 5º, XXXV), de ampla defesa e contraditório (CF, art. 5º, LV) e, ainda, a de fundamentação de todas as decisões judiciais (art. 93, IX). Faz-se, modernamente, uma assimilação da ideia de devido processo legal à de processo justo. A par da regularidade formal, o processo deve adequar-se a realizar o melhor resultado concreto, em face dos desígnios do direito material. Entrevê-se, nessa perspectiva, também um aspecto substancial na garantia do devido processo legal. A exemplo da Constituição italiana, a Carta brasileira foi emendada para explicitar que a garantia do devido processo legal (processo justo) deve assegurar “a razoável duração do processo” e os meios que proporcionem “a celeridade de sua tramitação” (CF, art. 5º, novo inc. LXXVIII, acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004). Nesse âmbito de comprometimento com o “justo”, com a “correção”, com a “efetividade” e com a “presteza” da prestação jurisdicional, o due process of law realiza, entre outras, a função de um superprincípio, coordenando e delimitando todos os demais princípios que informam tanto o processo como o procedimento. Inspira e torna realizável a proporcionalidade e razoabilidade que devem prevalecer na vigência e na harmonização de todos os princípios do direito processual de nosso tempo. Como justo, para efeito da nova garantia fundamental, não se pode aceitar qualquer processo que se limite a ser regular no plano formal. Justo, como esclarece Trocker, “é o processo que se desenvolverespeitando os parâmetros fixados pelas normas constitucionais e pelos valores consagrados pela coletividade. E tal é o processo que se desenvolve perante um juiz imparcial, em contraditório entre todos os interessados, em tempo razoável, como a propósito estabelece o art. 111 da Constituição” (italiana). Nessa moderna concepção do processo justo, entram preocupações que não se restringem aos aspectos formais ou procedimentais ligados à garantia de contraditório e ampla defesa. Integram-na também escopos de ordem substancial, quando se exige do juiz que não seja apenas a “boca da lei” a repetir na sentença a literalidade dos enunciados das normas ditadas pelo legislador. Na interpretação e aplicação do direito positivo, ao julgar a causa, cabe-lhe, sem dúvida, uma tarefa integrativa, consistente em atualizar e adequar a norma aos fatos e valores em jogo no caso concreto. O juiz tem, pois, de complementar a obra do legislador, servindo-se de critérios éticos e consuetudinários, para que o resultado final do processo seja realmente justo, no plano substancial. É assim que o processo será, efetivamente, um instrumento de justiça. Uma vez que o atual Estado Democrático de Direito se assenta sobre os direitos fundamentais, que não apenas são reconhecidos e declarados, mas cuja realização se torna missão estatal, ao processo se reconhece o papel básico de instrumento de efetivação da própria ordem constitucional. Nessa função, o processo, mais do que garantia da efetividade dos direitos substanciais, apresenta-se como meio de concretizar, dialética e racionalmente, os preceitos e princípios constitucionais. Dessa maneira, o debate, em que se enseja o contraditório e a ampla defesa, conduz, pelo provimento jurisdicional, à complementação e ao aperfeiçoamento da obra normativa do legislador. O juiz, enfim, não repete o discurso do legislador; faz nele integrar os direitos fundamentais, não só na interpretação da lei comum, como na sua aplicação ao quadro fático, e, ainda, de maneira direta, faz atuar e prevalecer a supremacia da Constituição. O devido processo legal, portanto, pressupõe não apenas a aplicação adequada do direito positivo, já que lhe toca, antes de tudo, realizar a vontade soberana das regras e dos princípios constitucionais. A regra infraconstitucional somente será aplicada se se mostrar fiel à Constituição. Do contrário, será recusada. E, mesmo quando a lide for resolvida mediante observância da lei comum, o seu sentido haverá de ser definido segundo a Constituição. O devido processo legal, no Estado Democrático de Direito, jamais poderá ser visto como simples procedimento desenvolvido em juízo. Seu papel é o de atuar sobre os mecanismos procedimentais de modo a preparar e proporcionar provimento jurisdicional compatível com a supremacia da Constituição e a garantia de efetividade dos direitos fundamentais. Há, de tal sorte, um aspecto procedimental do devido processo legal que impõe a fiel observância do contraditório e da ampla defesa, decorrência obrigatória da garantia constitucional do princípio da igualdade; e há, também, um aspecto substancial, segundo o qual a vontade concretizada pelo provimento jurisdicional terá de fazer prevalecer, sempre, a supremacia das 32 normas, dos princípios e dos valores constitucionais. Não se trata, porém, de distinguir duas realidades ou duas categorias jurídicas. Devido processo legal é apenas um único princípio que liga indissociavelmente o processo às garantias outorgadas pela Constituição, em matéria de tutela jurisdicional. A garantia tutelar é sempre realizada por meio de procedimento concebido e aplicado para bem e adequadamente cumprir sua função. É nessa função de realizar efetivamente os direitos materiais que se alcança, por meio do devido processo legal, o que ora se denomina de “justiça”, ora de “acesso à justiça”, ora de “acesso ao direito”. Daí por que devido processo legal é sempre algo que traz ínsito o objetivo substancial do “processo justo””. [6] JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso Direito Processual Civil Volume 1, 60 ª Ed. rev. atualizada. Rio de Janeiro: Forense 2019. p.45 3° Jurisprudência AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA, AJUIZADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, VISANDO A IMPOSIÇÃO AO ESTADO DE SANTA CATARINA E AO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CONSISTENTE NA MANUTENÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE PRESTADOS PELO HOSPITAL MARIETA KONDER BORNHAUSEN. DECISÃO QUE AUTORIZA LIBERAÇÃO DE VALORES SEQUESTRADOS, EM VIRTUDE DO ATRASO DE REPASSES RELATIVO A CONVÊNIO FIRMADO ENTRE AS PARTES. INSURGÊNCIA DO ENTE ESTADUAL. PRELIMINARES. INTERESSE RECURSAL. POSTERIOR CELEBRAÇÃO DE ACORDO PARA QUITAÇÃO DA MORA NOS REPASSES DO CONVÊNIO. CONCILIAÇÃO QUE NÃO ABARCOU A TOTALIDADE DOS PLEITOS DEDUZIDOS PELO AUTOR. CONHECIMENTO DO RECURSO. NULIDADE DA SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. EXPOSIÇÃO, DE FORMA SUFICIENTE, DAS RAZÕES DE DECIDIR. REJEIÇÃO. MÉRITO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO POR AFRONTA AO ARTIGO 1º, §3º DA LEI N. 8.437/92 E AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, AO ARGUMENTO DE QUE A LIMINAR ESGOTA O OBJETO DA AÇÃO. INOCORRÊNCIA. RELEVÂNCIA DOS BENS JURÍDICOS TUTELADOS QUE SE SOBREPÕEM ÀS NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS. CONVÊNIO INCONTROVERSO E ACORDO PARA REGULARIZAÇÃO DE PARTE DOS REPASSES QUE EVIDENCIAM INTERESSE COLETIVO NA PURGA DA MORA PARA A MANUTENÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE. MITIGAÇÃO DAS REGRAS PREVISTAS NA LEI N. 8.437/92. AUSÊNCIA DE NULIDADE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 4011257-18.2017.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Vera Lúcia Ferreira Copetti, Quarta Câmara de Direito Público, j. 09- 09-2021). 4° Importância do Princípio. 4.1 Direito Processual O Princípio do Devido Processo Legal garante ao processo o emprego de técnicas adequadas, garantido que as partes não sejam lesadas com práticas não vigentes na lei, é no conjunto dessas normas se proporciona as partes a plena defesa de seus interesses, e ao juiz as ferramentas necessárias para busca da melhor decisão. 4.1 Cidadão Brasileiro Para o cidadão não adiantaria a garantia de inúmeros direitos se não garantir o Princípio do Devido Processo Legal, garantindo que o processo tenha uma regularidade de tramitação, onde deverão ter práticas aos atos conforme a lei preconiza. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO 1° Conceito O Princípio da Duração Razoável do Processo busca a ausência de razoabilidade no prazo de duração do processo, que a morosidade dos processos não afete a sociedade e os litigantes, Fredie Didier afirma que; “Contudo, não existe um princípio da celeridade, mas sim da razoável duração do processo. O processo não precisa ser rápido, mas sim demorar o tempo necessário e adequado. Adotar a rapidez como princípio absoluto significa correr o risco de se passar por cima de inúmeras exigências que certamente obstam a celeridade, tal como a do contraditório (...)” [7] Agravo de Instrumento 2022230- 17.2014.8.26.0000, da Comarca de São Paulo. No Art. 5° da Constituição Federal no Inciso LXXVIII trata de assegurar a razoável duração do processo: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) O Art. 5° prevê a garantia de duração razoável do processo aplicando-se o tempo de obtenção da solução integral do mérito. Assim sendo a duraçãodo processo não deixa de ser razoável, apesar de ele se alongar por fatores inevitáveis. 2° Doutrina “Diante da evidência do mal causado pela morosidade dos processos, a Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004, incluiu mais um inciso no elenco dos direitos fundamentais (CF, art. 5º): o de nº LXXVIII, segundo o qual, “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. É evidente que sem efetividade, no concernente ao resultado processual cotejado com o direito material ofendido, não se pode pensar em processo justo. Não sendo rápida a resposta do juízo para a pacificação do litígio, a tutela não se revela efetiva. Ainda que afinal se reconheça e proteja o direito violado, o longo tempo em que o titular, no aguardo do provimento judicial, permaneceu privado de seu bem jurídico, sem razão plausível, somente pode ser visto como uma grande injustiça. Daí por que, sem necessidade de maiores explicações, se compreende que o Estado não pode deixar de combater a morosidade judicial e que, realmente, é um dever primário e fundamental assegurar a todos quantos dependam da tutela da Justiça uma duração razoável para o processo e um empenho efetivo para garantir a celeridade da respectiva tramitação. A fiel aplicação da garantia constitucional em apreço exige das partes um comportamento leal e correto, e, do juiz, uma diligência atenta aos desígnios da ordem institucional, para não se perder em questiúnculas formais secundárias e, sobretudo, para impedir e reprimir, prontamente, toda tentativa de conduta temerária dos litigantes. Não há, nem poderia haver, na lei, uma predeterminação do tempo qualificado como razoável para a conclusão de um processo. O que não se pode tolerar é a procrastinação injustificável decorrente da pouca ou total ineficiência dos serviços judiciários, de modo que a garantia de duração razoável se traduz na marcha do processo sem delongas inexplicáveis e intoleráveis (sobre o tema, ver adiante o item 47)”. [8] JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso Direito Processual Civil Volume 1, 60 ª Ed. rev. atualizada. Rio de Janeiro: Forense 2019. p.62 3° Jurisprudência APELAÇÃO CÍVEL. COBRANÇA DE PARCELAS INADIMPLIDAS REFERENTES A CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. DEMANDA EMBASADA EM DUPLICATAS. DÉBITOS VENCIDOS. SENTENÇA QUE RECONHECEU A PRESCRIÇÃO INTERCORRNTE. INSURGÊNCIA DA EXEQUENTE. JUSTIÇA GRATUITA. APELANTE QUE ALEGA ENFRENTAR GRAVE SITUAÇÃO FINANCEIRA. PESSOA JURÍDICA. EXEGESE DOS ARTS. 98 E 99, AMBOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E DA SÚMULA 481, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INSTITUIÇÃO DE ENSINO, SEM FINS LUCRATIVOS, QUE, ENTRETANTO, PRESTA SERVIÇOS DE FORMA ONEROSA. DEMONSTRAÇÃO DE QUE ESTÁ PASSANDO POR MOMENTÂNEA DE CRISE FINANCEIRA. CONCESSÃO DO BENEPLÁCITO COM EFEITOS MODULADOS, EX VI DO ART. 98, § 6º, DO CPC/15. PARCIAL PROCEDÊNCIA NO PONTO. DECISUM QUE DETERMINOU A EXTINÇÃO DO FEITO, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, ANTE A OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. PRAZO PRESCRICIONAL TRIENAL ESVAÍDO SEM QUALQUER ATO DE IMPULSIONAMENTO DO FEITO. SOBRESTAMENTO DOS AUTOS EXACIONAIS POR PERÍODO DE 6 (SEIS) ANOS. INÉRCIA DA CREDORA SUPERIOR AO EXERCÍCIO DA PRETENSÃO MATERIAL DE 3 (TRÊS) ANOS. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE ADMITIDA PELA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. CONTRADITÓRIO PRÉVIO ASSEGURADO ATRAVÉS DA INTIMAÇÃO DO CREDOR PARA QUE SE MANIFESTE SOBRE EVENTUAL CAUSA QUE OBSTE A PRESCRIÇÃO. OBSERVÂNCIA À ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL FIRMADA PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PRECEDENTES TAMBÉM DESTE ÓRGÃO FRACIONÁRIO E SODALÍCIO. SENTENÇA EXTINTIVA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSC, Apelação n. 0004198-36.2003.8.24.0033, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. André Carvalho, Sexta Câmara de Direito Civil, j. 10-08-2021). 4° Importância do Princípio. 4.1 Direito Processual O Princípio garante a duração razoável do processo, busca evitar prorrogações indevidas, traz celeridade processual mais seguindo o Princípio do Devido Processo Legal com seus procedimentos e atos que devem ser observados como contraditório, ampla defesa, produção de provas, oratória, recursos, que impedem a rápida solução do litígio. 4.1 Cidadão Brasileiro Apesar do Princípio da Duração Razoável do Processo garantir em lei a duração razoável do processo, para o sentimento da grande maioria dos brasileiros é que a Justiça e lenta. O Princípio da Duração Razoável do Processo não é um garantidor da celeridade do processo, mas garante que todo Processo Legal deve ser seguido conforme a lei vigente, e que deve demorar o tempo necessário para que os ritos processuais sejam cumpridos, e a ampla defesa seja respeitada. REFERENCIAS [1] SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 33ª Ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 213. [2] Alvin, Eduardo Arruda; Granado, Daniel Willian; Ferreira, Eduardo Aranha. Direito Processual Civil, 6 ª Ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2019. p.325. [3] JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso Direito Processual Civil Volume 1, 60 ª Ed. rev. atualizada. Rio de Janeiro: Forense 2019. p.58 [4] JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso Direito Processual Civil Volume 1, 60 ª Ed. rev. atualizada. Rio de Janeiro: Forense 2019. p.51 [5] https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121916992/devido-processo-legal- formal-e-devido-processo-legal-substancial [6] JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso Direito Processual Civil Volume 1, 60 ª Ed. rev. atualizada. Rio de Janeiro: Forense 2019. p.45 [7] Agravo de Instrumento 2022230-17.2014.8.26.0000, da Comarca de São Paulo. Relator José Luiz Gavião de Almeida. Ementa: Agravo de Instrumento – Duração razoável do processo – Não existe um princípio da celeridade, mas sim da razoável duração do processo – O processo não precisa ser rápido, mas sim demorar o tempo necessário e adequado – Recurso Provido. Data de Julgamento: 05/08/2014 [8] JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso Direito Processual Civil Volume 1, 60 ª Ed. rev. atualizada. Rio de Janeiro: Forense 2019. p.62 http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/48550/igualdade-formal-x-igualdade-material-a-busca-pela-efetivacao-da-isonomia#_ftnref5 https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121916992/devido-processo-legal-formal-e-devido-processo-legal-substancial https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121916992/devido-processo-legal-formal-e-devido-processo-legal-substancial
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