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APG3-Epilepsias



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Amanda Freitas—MED 5°P APG 03 
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Definições 
 
A epilepsia é um distúrbio do 
sistema nervoso central caracterizado 
pela ocorrência de crises epilépticas ao 
longo do tempo, que recorrem 
espontaneamente, ou provocadas por 
determinados agentes. 
Pode apresentar variados sintomas 
de acordo com a localização da 
alteração cerebral, como: 
 
• Crises de perda de percepção; 
• Contrações musculares; 
• Mordedura da língua; 
• Salivação intensa; 
• Respiração ofegante; 
• Mal-estar; 
• Micção involuntária; 
• Movimentação incontrolável das 
mãos, braços e pernas; 
 
A crise epiléptica é um descontrole 
momentâneo e auto-limitado da 
atividade elétrica dos neurônios do córtex 
cerebral, que se despolarizam de forma 
intensa e hiper-sincrônica. 
Crises epilépticas podem ser 
provocadas por fatores que 
desequilibram agudamente a atividade 
elétrica cerebral, sem que o indivíduo 
volte a apresenta-las de forma 
espontânea, após serem suprimidos os 
fatores provocadores. 
A convulsão não ocorre somente 
em casos de epilepsia. Ela pode 
acontecer em decorrência de diversos 
fatores, tais como febre alta, traumatismo 
craniano, hipoglicemia, falta de oxigênio 
 
 
no cérebro, abstinência de substância 
química, tétano, tumor cerebral, 
meningite, encefalite, entre outros. 
 
Tipos de crise epiléptica 
 
Quando a crise convulsiva 
acontece em só uma região do cérebro 
podemos classificá-la como focal (ou 
simples). Quando afeta mais de uma área 
ao mesmo tempo, é crise generalizada. 
Também pode haver uma crise de início 
desconhecido. 
 
 
1. Início focal 
 
• Perceptivas vs disperceptivas 
• Início motor vs não motor 
• Focal evoluindo para tônico-
clônica bilateral 
 
2. Início generalizado 
 
• Motoras vs não motoras 
 
3. Início desconhecido 
 
• Motoras vs não motoras 
 
 
4. Não classificadas 
 
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Uma crise focal perceptiva (com ou 
sem outros classificadores subsequentes), 
corresponde ao prévio termo “crise 
parcial simples”. Uma crise com 
percepção comprometida (com ou sem 
outros classificadores) corresponde ao 
termo prévio “crise parcial complexa”. 
 
 
Dependendo do local acometido 
pode haver diferentes disfunções, a 
exemplo: 
 
Lobo frontal: A convulsão interfere em 
atividades psicomotoras, como 
contração muscular no corpo inteiro. 
Lobo occipital: Ocasiona distúrbios visuais. 
Por exemplo: pontos de luz, bolas 
luminosas. 
Lobo temporal: O corpo sofre 
automatismos (reações reflexas), então o 
paciente pode simplesmente sair 
andando sem rumo e retornar horas 
depois como se nada tivesse acontecido. 
Lobo parietal: a convulsão que afeta o 
lobo parietal gera distúrbios da 
sensibilidade. Podemos citar calor 
excessivo, formigamento, dormência. 
 
Subclassificação das crises focais 
 
1. Simples: os sintomas são de 
determinada área cerebral, mas não 
ocorre alteração do nível de 
consciência. Atualmente, também 
pode ser chamada de crise 
perceptivas. 
a) Sensitivas: formigamento, anestesia, 
alucinações visuais, auditivas e 
olfativas etc. 
b) Motoras: contrações tônicas, 
clônicas etc... 
c) Autonômicas: midríase, palidez, 
taquicardia etc. 
d) Psíquicas: medo, déja vu etc. 
 
 
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2. Complexas: esse tipo de crise surge, 
geralmente, no lobo frontal ou 
temporal. Ocorre alteração do nível 
de consciência. No período pós ictal, o 
paciente fica desorientado. É também 
denominada como crise 
disperceptiva. 
a) Sem automatismos; 
b) Com automatismos (movimentos 
repetitivos) 
 
 
3. Gelásticas: o paciente apresenta 
crises de riso inapropriadas, associadas 
a hematomas hipotalâmicos. 
 
Subclassificação das principais crises 
generalizadas 
 
1. Crise tônico – clônica generalizada 
(grande mal): ocorre uma perda súbita 
de consciência, depois ocorre uma 
contração tônica e finaliza com fase 
clônica. Os 4 membros são afetados. 
Nesse tipo de crise, pode ocorre 
sialorreia e liberação esfincteriana. 
Depois da crise o paciente apresenta 
letargia, confusão mental e sonolência 
(período pós ictal, que dura de 15-30 
minutos). Podem ocorrer logo em 
seguida a uma crise focal. 
2. Crises de ausência (pequeno mal): a 
perda de consciência é súbita e breve 
(por até 30 segundos) e pode 
acontecer por várias vezes durante o 
dia. Podem ocorrer algumas 
alterações motoras discretas (ex: 
piscamento repetitivo dos olhos, sinais 
autonômicos, automatismos orais e 
manuais). 
 
Obs: As crises atônicas, clônicas, 
espasmos epilépticos, mioclônicas e 
tônicas podem ter início focal ou 
generalizado. 
 
1. Crise atônica: Ocorre perda de tônus 
muscular. Esse tipo de crise pode 
causar queda e lesões físicas no 
paciente. 
2. Crise clônica: ocorrem quando existe 
a presença de abalos musculares 
clônicos. 
3. Espasmos epiléticos: consistem na 
contração de músculos axiais; são 
contrações tônicas rápidas. São 
espasmos que ocorrem, 
principalmente, em salvas, ao 
adormecer ou ao despertar. 
4. Crise mioclônica: essas crises são 
descritas por contrações musculares 
breves e súbitas, lembrando o choque. 
5. Crise tônica: podem ter início abrupto 
ou gradual. Esse tipo de crise costuma 
durar de 10 a 15 segundos, mas pode 
persistir por até 1 minuto. É comum 
ocorrer perda de consciência, com 
recuperação juntamente com o final 
da descarga elétrica. 
 
 
 
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Convulsão em presença de febre 
 Quadro de crise epiléptica em 
associação a outra doença de base que 
gera um quadro febril, como meningite. 
 
Convulsão febril 
 Crises associadas a presença de 
febre, sem indícios de infecção do 
sistema nervoso central. A maioria das 
crises são autolimitadas e surgem após ou 
em decorrência de um quadro febril. 
 
Estado de mal epiléptico 
 Presença de uma atividade 
epiléptica única e prolongada com 
duração superior a 30 minutos ou crises 
repetidas sem que ocorra recuperação 
da consciência entre elas. 
Trata-se de uma emergência 
clínica que ameaça a vida e requer 
tratamento imediato para interromper a 
crise. Pode ocorrer com qualquer tipo de 
crise epiléptica. 
 
Etiopatogenia 
 
A epilepsia pode ter diversas 
etiologias, dentre as quais: estrutural, 
genética, infecciosa, metabólica, imune 
e causas desconhecidas. 
As crises epilépticas resultam de um 
desvio no equilíbrio normal entre 
excitação e inibição do SNC. 
 
 
 
Estrutural 
 
Uma etiologia estrutural se refere a 
anormalidades visíveis em estudos de 
neuroimagem estrutural. 
As etiologias estruturais podem ser 
adquiridas como um acidente vascular 
cerebral, trauma, infecção, ou genéticas, 
como várias malformações. As epilepsias 
estruturais são observadas a partir de 
achado de crises mesiais do lobo 
temporal com esclerose hipocampal. 
 
Genética 
 
Resultado direto de uma mutação 
genética conhecida ou presumida na 
qual as crises epilépticas constituem o 
sintoma central da doença. 
 
Infecciosa 
 
As crises resultam diretamente de 
uma infecção conhecida na qual as 
crises epilépticas são os sintomas centrais 
da afecção. 
Exemplos são: tuberculose, 
toxoplasmose cerebral, neurocisticercose 
etc. 
Metabólica 
 
A epilepsia é resultado direto de um 
distúrbio metabólicoconhecido ou 
presumido no qual o sintoma central são 
as crises epilépticas. Exemplos: uremia, 
porfiria ou aminoacidopatias. 
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Imune 
As crises resultam de um distúrbio 
imune. Há evidencia de inflamação 
imuno-mediada no sistema nervoso 
central. Exemplos: encefalite anti-
receptor NMDA. 
 
Mecanismos de início e propagação da 
convulsão 
 
A fisiopatologia da epilepsia se 
baseia em um desequilíbrio entre os 
mecanismos de excitação (glutamato) e 
inibição (GABA) do Sistema Nervoso 
Central. Isso ocorre devido à perda 
seletiva de neurônios gabaérgicos 
(inibitórios). Dessa maneira, podemos 
concluir que ocorre excitação excessiva 
pelo glutamato ou falta de inibição do 
GABA. 
A atividade convulsiva focal pode 
começar em uma região bem definida 
do córtex e depois invadir as regiões 
vizinhas. 
A característica fundamental de 
uma convulsão bem definida é uma 
“ponta” eletrográfica devido a disparos 
intensos quase simultâneos de um grande 
número de neurônios excitatórios locais, 
resultando em uma hipersincronização 
aparentes dos disparos excitatórios em 
uma região cortical grande. 
Essa atividade é causada por 
despolarização de duração longa da 
membrana neuronal decorrente do 
influxo de cálcio extracelular, o qual leva 
à abertura dos canais de sódio 
dependentes de voltagem, influxo de Na+ 
e geração de potenciais de ação 
repetitivos. 
Isso é seguido de um pós-potencial 
hiperpolarizante mediado pelos 
receptores do GABA ou canais de 
potássio dependendo do tipo celular. 
Os disparos sincronizados de um 
número suficiente de neurônios chamam-
se de descarga em ponta. 
 
Epilepsia e a Hereditariedade 
 
 A alteração genética é causa 
primária da epilepsia quando o seu efeito 
é determinante para o estabelecimento 
das crises recorrentes. 
Neste caso, os pacientes 
geralmente são portadores de mutações 
em um único locus gênico, o que confere 
ao traço epiléptico um padrão 
Mendeliano de herança. 
Tais grupos de epilepsia são os do 
tipo idiopático, sendo denominadas de 
epilepsias idiopáticas monogênicas ou 
Mendelianas (EIM). 
Por outro lado, quando uma 
alteração genética atua aumentando 
discretamente o risco de ocorrência de 
crises epilépticas recorrentes, diz-se que 
ela contribui para o estabelecimento do 
limiar de susceptibilidade, e os genes 
portadores de tais lesões são 
denominados de genes de 
susceptibilidade. 
Os genes de susceptibilidade, 
isoladamente, não são determinantes 
para a ocorrência de epilepsia, mas 
dependem de uma ação aditiva ou 
epistática de outros genes e/ou fatores 
ambientais. 
Mutações em canais de sódio, 
potássio e cloro voltagem-dependente, 
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tanto quanto mutações em receptores 
de acetilcolina e GABA (ácido 
aminobutyrico-?, subunidade A) causam 
diferentes formas de epilepsias 
idiopáticas. 
Essas mutações induzem à crise, 
provavelmente, por mecanismos que 
levam a uma facilitação dos estímulos 
excitatórios ou um impedimento das vias 
inibitórias. 
Referências Bibliográficas 
 Moodle USP: e-Disciplinas. Disponível em: 
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4178
757/mod_resource/content/1/EPILEPSIA_apost
ila%20para%20os%20alunos.pdf>. Acesso em: 
12 ago. 2021. 
 Artigo de revisão: Convulsões. Adriana Rocha 
Brito. 2017 
 Resumo Clínico – Crise Epiléptica e Epilepsia. 
UFRGS 2016. 
 FISHER, R. et al. Classificação Operacional dos 
Tipos de Crises Epilépticas pela International 
League Against Epilepsy: documento da 
posição da Comissão da ILAE de Classificação 
e Terminologia. [s.l.] , [s.d.]. Disponível em: 
<https://www.ilae.org/files/ilaeGuideline/Oper
ationalClassification-Fisher2017-Brazil.pdf>. 
 Resumo de Epilepsia | Ligas - Sanar Medicina. 
Disponível em: 
<https://www.sanarmed.com/resumo-
epilepsia-com-mapa-mental-ligas>. Acesso 
em: 12 ago. 2021. 
 Medicina Interna Harrison 20 ed. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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