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Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 1 A doença cerebrovascular é a segunda causa de morte no mundo e inclui o acidente vascular cerebral isquêmico, o acidente vascular hemorrágico, como a hemorragia intraparenquimatosa e a hemorragia subaracnoide, o ataque isquêmico transitório e a trombose venosa cerebral. 1. Telencéfalo É a sede da inteligência. É responsável pela nossa capacidade de ler, escrever e falar, de fazer cálculos e compor músicas e de lembrar o passado, planejar o futuro e imaginar coisas que nunca existiram. É composto por um córtex cerebral externo de substancia cinzenta e uma região interna de substancia branca e núcleos de substancia cinzenta. 1.1 Córtex cerebral Região de substancia cinzenta que forma a face externa do telencéfalo. Durante o desenvolvimento embrionário, a região da substancia cinzenta se desenvolveu mais rapidamente que a branca, formando giros ou circunvoluções. As fendas mais profundas entre os giros são chamadas de fissuras, as mais superficiais, de sulcos. A fissura mais proeminente é a fissura longitudinal, a qual separa o telencéfalo em duas metades chamadas de hemisférios cerebrais. 1.2 lobos cerebrais • sulco central→ separa o lobo frontal do parietal • sulco cerebral lateral→ separa o lobo frontal do temporal • sulco parietoccipital→ separa o lobo parietal do occipital • giro pré-central→ área motora primária • giro pós-central→ área somatossensitiva primária 1.3 substancia branca cerebral É formada basicamente por axônios mielinizados organizados em três tipos de tratos: • fibras de associação: axônios que conduzem a informação para os giros do mesmo hemisfério • fibras comissurais: axônios que conduzem impulsos de giros de um hemisfério cerebral para o Acidente Vascular Encefálico Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 2 giro correspondente em outro hemisfério • fibras de projeção: axônios que conduzem impulsos do telencéfalo para tálamo, tronco encefálico e medula espinal 1.4 núcleos da base • globo pálido→ regulação do tônus muscular • putame • núcleo caudado→ antecipa movimentos corporais • claustro globo pálido + putame = núcleo lentiforme núcleo lentiforme + caudado = corpo estriado Os núcleos da base recebem aferências do córtex cerebral e geram eferencias para as partes motoras do córtex por meio dos núcleos mediais e ventrais do tálamo..uma das funções destes núcleos e auxiliar a regulação do início e do término dos movimentos. 1.5 sistema límbico • giro do cíngulo • giro para-hipocampal • giro denteado • corpo amigdaloide Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 3 1.6 organização funcional do córtex cerebral 1.6.1 áreas sensitivas • área somatossensitiva primária (1, 2, 3)→ recebe impulsos de tato, pressão, vibração, prurido, cócegas, temperatura, dor e propriocepção. • Área visual primária (17)→ percepção visual • Área auditiva primária (41 e 42)→ percepção auditiva • Área gustativa primária (43)→ percepção gustativa e discriminação de gostos • Área olfatória primária (28)→ percepção olfatória 1.6.2 áreas motoras • área motora primária (4)→ controle das contrações musculares voluntárias específicas • área de broca (44 e 45)→ motricidade da fala 1.6.3 áreas associativas • área de associação somatossensitiva (5 e 7)→ determinar a forma e a textura de objetos. Armazenamento de experiencias sensitivas somáticas • área de associação visual (18 e 19)→ relaciona experiencias visuais presentes com as anteriores • área de associação facial (20, 21 e 37)→ armazena informações sobre expressões faciais • área de associação auditiva (22)→ reconhecimento de som específico • córtex orbitofrontal (11)→ discriminar odores • área de Wernicke (22 ou 39 + 40)→ ordenação do pensamento na construção de frases • área integradora comum (5, 7, 39 e 40)→ formação de pensamentos baseados em interpretações sensitivas • córtex-pré-frontal (9, 10, 11 e 12)→ formação da personalidade, inteligência, capacidade de aprendizado, consciência, humor, planejamento futuro... • área pré-motora (6)→ atividades motoras adquiridas e complexas Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 4 • áreas dos campos oculares frontais (8)→ controla movimentos oculares de perseguição Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 5 O Acidente Vascular Isquêmico (AVCI) é definido como um episódio de disfunção neurológica causada por infarto seguindo a distribuição de um território vascular definido, bem como súbita perda de função cerebral resultante da interferência no suprimento sanguíneo com sintomas que persistem por pelo menos 24 horas, ou até o óbito. Etiologia e patogenia O fluxo sanguíneo cerebral (FSC) normal é de cerca de 50 ml de sangue por 100 g de tecido cerebral por minuto e o consumo cerebral de oxigênio é de 3,5 ml/100 g por minuto. A isquemia encefálica ocorre quando o FSC é reduzido a um nível insuficiente para suprir a demanda metabólica tecidual. É o infarto de um território encefálico nutrido por uma artéria que sofre oclusão aguda. Na região com isquemia o dano estrutural é irreversível, mas existe uma região chamada zona de penumbra isquêmica, que está funcionalmente comprometida, mas estruturalmente viável. A isquemia é mais intensa no centro dessa região (core), e menos intensa na "área de penumbra". A reperfusão da área de penumbra pode impedir que essa área evolua para lesão irreversível {infarto= AVCI), desde que seja instituída em tempo hábil. Quando ocorre isquemia reversível, os sintomas neurológicos regridem, configurando o ataque isquêmico transitório {AIT), que pode preceder o AVCI em até 20% dos casos. Principais mecanismos do ACVI: ✓ Trombose de grandes vasos: relacionado principalmente à doença aterosclerótica; ✓ Cardioembolismo: miocardiopatia, valvopatias e arritimias. Fibrilação atrial é a mais comum; ✓ Trombose de pequenas artérias: pequenos infartos nas profundidades dos hemisférios ou tronco encefálico. Muito associado a HAS e DM. ✓ Outros: arterites, trombofilias, dissecções arteriais cervicais. Em muitos casos, há mais de um mecanismo patogênico em um mesmo paciente (como embolia e comprometimento hemodinâmico). O acidente vascular encefálico pode ser classificado em cinco categorias, de acordo com o mecanismo fisiopatologico mais provável: aterosclerose de grande artéria, embolia cardíaca, oclusão de pequenas artérias, outra etiologia determinada {como, por exemplo, dissecção arterial e anemia falciforme, dentre outras), ou etiologia indeterminada. Fatores de risco Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 6 Quadro Clínico Os sintomas de AVC apresentam-se de modo súbito. A interrupção do fluxo sanguíneo no cérebro priva o encéfalo de oxigênio e glicose, perturbando o metabolismo celular,o que leva à lesão e morte tecidual. Os principais sinais e sintomas iniciais incluem: • Dormência/ formigamento unilateral; • Paralisia unilateral (hemiparesia) • Perda de equilíbrio/falta de coordenação; • Assimetria facial; • Distúrbios da fala • Distúrbios visuais/diplopia. Dentre os sintomas mais comuns estão: hemiparesia, monoparesia, hemi-hipoesia, afasia, ataxia, diplopia e hemianopsia. Cefaleia é um sintoma mais comum no AVCH, mas pode estar presente no AVCI. os sintomas e sinais variam de acordo com a extensão da lesão isquêmica e com o território arterial comprometido. A escala de AVC do National lnstitutes of Health, cuja pontuação varia de O a 42, é utilizada rotineiramente para quantificar a gravidade do comprometimento neurológico. É imprescindível a realização de Tomografia Computadorizada (TC) ou Ressonância Magnética (RM) de cabeça para o diagnóstico diferencial entre AVCI e AVCH. Nas primeiras horas após o início dos sintomas, em geral a TC é normal, ou mostra alterações sutis, como apagamento de sulcos corticais ou perda da diferenciação entre substância branca e substância cinzenta. Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 7 Prognóstico O prognóstico depende de fatores como idade e extensão da lesão, e em grande parte do tratamento recebido na fase aguda. Hemorragia Intraparenquimatosa A hemorragia intraparenquimatosa corresponde a uma coleção hemática dentro do parênquima encefálico. Etiologia e patogenia A hipertensão arterial sistêmica se destaca como o seu principal fator etiológico, sendo responsável pela maioria dos casos. Em adultos jovens, são características as malformações vasculares (aneurismas, malformações arteriovenosas e angiomas cavernosos) e ao uso de fármacos (lícitas e ilícitas), ao passo que a HAS predomina como fator causal em pacientes entre 50 e 70 anos de idade. Em indivíduos idosos não hipertensos, a angiopatia amiloide cerebral constitui causa comum de HIP de localização lobar. A HIP pode estar associada a fármacos indicados para tratamento trombolítico na fase aguda do AVCI. A HAS leva a alterações patológicas crônicas nas paredes das pequenas artérias e arteríolas, levando a formação de aneurismas, que quando se rompem levam a HIP. Após a hemorragia ocorre edema, organização do coágulo e compressão de tecidos adjacentes. As HIPs hipertensivas são com mais frequência localizadas na profundidade dos hemisférios cerebrais, sendo mais comum no putamen e no tálamo. Surgem a partir da ruptura de pequenas artérias perfurantes, as quais são alvo de um processo degenerativo de sua parede denominado lipo-hialose→ depósito subintimal rico em lípides e microaneurismas. Quadro clínico Na HIP, as manifestações clínicas podem ser divididas em duas vertentes: uma sinalizando os efeitos da HIC aguda (cefaleia, vômitos e alteração do nível de consciência) e outra especifica ao sítio de sangramento. O volume do hematoma se correlaciona diretamente com a intensidade e a gravidade do quadro clínico. A TC do crânio é essencial para a confirmação diagnóstica da HIP, podendo evidenciar a sua extensão para o sistema ventricular e ocorrência de hidrocefalia. O extravasamento de contraste no interior do hematoma, visualizado na TC contrastada e angioTC, está associado à expansão do hematoma e mau prognóstico. Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 8 Hemorragia subaracnoide Na hemorragia subaracnoide (HSA), a coleção hemática localiza-se no espaço subaracnoide. Pode ser classificada em dois tipos: traumático e espontâneo. Etiologia e patogenia O principal fator etiológico da HSA é a ruptura de aneurisma intracraniano (AIC). A idade média dos pacientes com HSA aneurismática oscila entre 50 e 60 anos, sendo mais frequente em mulheres. O aneurisma sacular compreende cerca de 90% de todos os AICs e se localiza preferencialmente no nível das bifurcações das grandes artérias intracranianas, sobretudo no polígono de Willis. Parece que vários fatores interagem para o desenvolvimento do aneurisma sacular: aterosclerose e a HAS, até predisposição congênita às alterações da lâmina elástica interna das artérias intracranianas, que levariam à fragilização de sua parede com formação aneurismática. Os aneurismas fusiformes ou arterioscleróticos compreender quase 7% de todos os AIC’S, podendo causar HSA. Existem os aneurismas micóticos, localizados, preferencialmente, nas artérias distais intracranianas. Outras casas de HSA são: malformações arteriovenosas, angiomas, discrasias sanguíneas, uso de fármacos, tumores intracranianos, trombose venosa cerebral, dissecções intracranianas e angiites. Quadro clínico e diagnóstico O paciente com HSA aneurismática apresenta intensa cefaleia de instalação abrupta, muitas vezes descrita como a maior dor de cabeça de sua vida, dor cervical e nucal, náuseas, vômitos, fotofobia e perda da consciência. O exame físico pode revelar sinais de irritação meníngea, hemorragias retinianas, comprometimento do nível de consciência e sinais neurológicos focais. Tipos de déficits focais: paralisia do nervo oculomotor nos aneurismas da artéria comunicante posterior. Os sintomas gerais do AVC incluem: • Hemiparesia ou hemiplegia hipertônica (contralateral a lesão); • Hiperreflexia; • Alterações de tônus • Clônus; • Reflexos primitivos (ex: Babinski positivo); • Alterações de percepção e cognição; • Alterações visuais; • Alterações na fala, linguagem e deglutição; • Alterações de sensibilidade; • Alterações de coordenação e equilíbrio; Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 9 • Entre outros ARTÉRIA ACOMETIDA QUADRO CLÍNICO Artéria Cerebral Média (ACM) Déficit motor (predomínio braquiofacial), déficit sensitivo, afasia Artéria Cerebral Anterior (ACA) Déficit motor (predomínio em MMII), déficit sensitivo, sinais de frontalização* Artéria Cerebral Posterior (ACP) Alterações de campo visual, rebaixamento do nível de consciência, déficit sensitivo Artéria basilar Déficit motor, déficit sensitivo, rebaixamento do nível de consciência, alteração de nervos cranianos Artéria vertebral Náuseas, vômitos, tonturas; alteração de nervos cranianos baixos, alterações cerebelares Princípios de Anatomia e Fisiologia Tortora 14°ed 2016 A neurologia que todo médico deve saber 3°ed 2015 Anatomia humana Elaine e Marieb 7°ed 2014 Rotinas em neurologia e neurocirurgia 2008 Amanda Freitas—MED 5°P APG 07 10
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