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Necrose e Apoptose Homeostase de um organismo multicelular: proliferação + diferenciação + morte celular > mantém o meio intracelular dentro dos parâmetros fisiológicos ESTRESSE FISIOLÓGICO OU ESTÍMULO NOCIVO Adaptação: as células podem sofrer adaptação para manter o estado de homesostasia, preservando assim sua variabilidade e função Lesão celular: acontece quando a capacidade adaptativa é excedida. Lesão reversível Lesão irreversível (estresse fisiológico prolongado) Morte celular: necrose ou apoptose ADAPTAÇÕES CELULARES AO ESTRESSE Metaplasia: é uma alteração reversível na qual um tipo celular adulto é substituído por outro tipo celular adulto O tipo celular sensível ao estresse é substituído por outro tipo celular com maior capacidade de suportar o ambiente hostil CAUSAS DA LESÃO CELULAR • Hipóxia (privação de oxigênio), que pode ser causado por: ✓ Isquemia: perda de fornecimento de sangue; Ex: infarto do miocárdio ✓ Oxigenação inadequada Ex: insuficiência cardiorrespiratória • Agente físicos: incluindo trauma, calor, frio, radiação e choque elétrico • Agentes químicos e drogas • Agentes infecciosos: vírus, bactérias, parasitas e fungos • Reações imunológicas • Defeitos genéticos Lesão Celular Lesão Reversível Lesão Irreversível Estresse excessivo Incapacidade de adaptação Lesão leve e temporária Lesão grave e permanente Estímulo nocivo Alteram vias metabólicas (mitocôndria) Alterações morfológicas e funcionais temporárias Alterações morfológicas e funcionais permanentes Anomalias Instrínsecas Mutação DNA/Proteína Estresse removido a homeostasia celular retorna A célula é encaminhada para morte celular (necrose /apoptose) NECROSE A necrose é a soma de mudanças morfológicas que segue a morte celular no tecido vivo ou nos órgãos. Dois processos estão subjacentes às mudanças morfológicas básicas: ✓ A desnaturação das proteínas; ✓ A digestão enzimática de organelas e de outros componentes citosólicos. É sempre um processo patológico Causas: • Hipóxia (diminuição de oxigênio) • Isquemia (diminuição do fluxo sanguíneo) • Exposição a toxinas e agentes químicos • Infecções e traumas Principais características: • Danos nas membranas celulares • Aumento do cálcio citosólico • Depleção de ATP • Digestão enzimática dos conteúdos intracelulares > reação inflamatória Os padrões gerais de necrose do tecido incluem: Necrose coagulativa: há a predominância da desnaturação das proteínas com preservação da célula e da arquitetura do tecido. O tecido necrótico passa tanto pela heterólise (digestão por meio de enzimas lisossômicas de leucócitos invasores) quanto pela autólise (digestão pelas próprias enzimas lisossômicas). Necrose liquefativa: ocorre quando a autólise ou a heterólise predomina em relação à desnaturação da proteína Necrose gangrenosa: necrose de coagulação conforme aplicada a um membro afetado por isquemia; a infecção bacteriana se sobrepõe e o resultado é um padrão liquefativo chamado de gangrena úmida. Necrose caseosa: é característica das lesões tuberculosas; aparece como um material macio, eosinofílico amorfo com fragmentos celulares. Necrose gordurosa: é observada no tecido adiposo; a ativação da lipase ibera ácidos graxos de triglicerídeos, que, então, se unem ao cálcio para criar sabão. São áreas brancas e calcárias (saponificação gordurosa); histologicamente, há vagos contornos celulares e deposição de cálcio. Necrose fibrinoide: é um padrão patológico devido à deposição de antígenos e de anticorpos (complexo imunológico) nos vasos sanguíneos. MECANISMO DE LESÃO CELULAR As lesões celulares resultam de perturbações em qualquer um dos cinco elementos celulares essenciais: • Produção de ATP (na maioria das vezes por meio de efeitos sobre a respiração aeróbia mitocondrial); • Integridade mitocondrial independente da produção de ATP; • Integridade da membrana plasmática, responsável pela homeostase iônica e osmótica; • Síntese de proteína, dobra, degradação e redobra; • Integridade do aparelho genético Depleção de ATP • A diminuição da síntese e depleção de ATP são consequências comuns das lesões isquêmicas e tóxicas. • O ATP é gerado por meio da glicólise (anaeróbia, ineficiente) e da fosforilação oxidativa na mitocôndria (aeróbia, eficiente). • A hipóxia levará à maior glicólise anaeróbia com depleção de glicogênio, à maior produção de ácido lático e à acidose intracelular. • O ATP é essencial para o transporte da membrana, para a manutenção de gradientes iônicos (em particular Na+, K+ e Ca2+) e para a síntese de proteína; a síntese reduzida de ATP terá um impacto dramático sobre essas vias. Diminuição da respiração aeróbica na mitocôndria causada por hipóxia ou isquemia Consequência: lesão e morte celular Por que? Falência da bomba de sódio-potássio na membrana plasmática afetando a permeabilidade seletiva levando a tumefação celular (acúmulo de água no citoplasma e organelas), principalmente, do RE. Danos Mitocondriais • O dano mitocondrial pode ocorrer diretamente devido à hipóxia ou às toxinas ou como consequência do aumento de Ca2+ citosólico, estresse oxidativo ou ruptura de fosfolipídios. • O dano resulta na formação de um canal de alta condutância do poro de permeabilidade transitória da membrana, que libera prótons e dissipa o potencial eletromotor que conduz a fosforilação oxidativa. • A mitocôndria danificada também libera citocromos c, que podem ativar a apoptose (ver as discussões mais adiante). Influxo de Cálcio e Perda da Homeostase do Cálcio • O cálcio citosólico é mantido em níveis extremamente baixos pelo transporte dependente de energia; • A isquemia e as toxinas podem causar um influxo de Ca2+ na membrana plasmática e liberar Ca2+ da mitocôndria e do retículo endoplasmático (RE). • O aumento de cálcio citosólico ativa as fosfolipases que degradam os fosfolipídios da membrana, as proteases que rompem a membrana e as proteínas citoesqueléticas, as ATPases que aceleram a depleção de ATP e as endonucleases que fragmentam a cromatina Falência da bomba de cálcio: aumento o influxo de cálcio para o citosol tanto do meio extracelular quanto do RE Consequência: Ativação de enzimas celulares • Fosfolipases: degradação de fosfolipideos de membrana • Proteases: degradação de proteínas de membrana e do citoesqueleto • Endonucleases: degradação de DNA • ATPases: depleção de ATP • Aumento da permeabilidade mitocondrial: tumefação (necrose) • Fermentação: aumento de ácido lático e diminuição do pH celular, ativando as enzimas lisossomais • Diminuição da síntese de proteínas • Dano irreversível às mitocôndrias e as membranas lisossômicas e a célula sofre necrose Acúmulo de Radicais Livres Derivados do Oxigênio (Estresse Oxidativo) • Os radicais livres são moléculas instáveis, parcialmente reduzidas, com elétrons não pareados nas órbitas mais externas que os tornam particularmente reativos com outras moléculas. • Embora outros elementos possam ter formas de radicais livres, os radicais livres derivados do oxigênio (também chamados de espécies reativas de oxigênio [ERO]) são os sistemas biológicos mais comuns. • Os radicais livres prontamente propagam a formação adicional de outros radicais livres com outras moléculas em uma reação em cadeia autocatalítica que, em geral, rompe as ligações químicas. Sendo assim, os radicais livres danificam os lipídios (peroxidando ligações duplas e causando uma quebra de cadeias), as proteínas (oxidando e fragmentando ligações peptídicas) e os ácidos nucleicos (causando rupturas de fios únicos). Causado por isquemia (produzido pela restauração do fluxo sanguíneoem um tecido isquêmico), toxinas e radiação Exemplos ✓ Superóxido (O2-) ✓ Peróxido de hidrogênio (H2O2) ✓ Hidroxila (-OH) APOPTOSE Trata-se de um processo conservado durante a evolução e altamente controlado, cuja desregulação, interrompe o delicado balanço entre proliferação celular e morte, levando ao desenvolvimento de patologias. Forma de morte celular programada envolvida na remoção de células indesejadas, geneticamente danificadas, sendo fundamental para a manutenção da homeostase dos tecidos. A membrana plasmática na célula permanece intacta, mas sua estrutura é alterada de modo que a célula apoptótica se fragmente e se torne um alvo ávido para a fagocitose. A célula morta é eliminada de forma rápida antes que seu conteúdo vaze e que, portanto, a morte celular por meio dessa via não inicie uma reação inflamatória no hospedeiro. CAUSAS DA APOPTOSE Fisiológicas • Durante a embriogênese • Eliminação de células indesejáveis ou danosas • Controle do número estável de células no organismo Patológicas • Danos ao DNA • Erros no dobramento de proteínas • Infecções virais e tumores (ativação de linfócitos T citotóxicos) PRINCIPAIS ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS • Membrana permanece intacta. Não leva a inflamação • Condensação da cromatina e fragmentação do DNA • Formação de corpos apoptóticos • Fagocitose > não envolve inflamação VIAS DE INDUÇÃO DA APOPTOSE • Cascata de eventos moleculares que são dependentes de ATP • Duas vias: intrínseca e extrínseca • Processo mediado principalmente pelas caspases (quebra protéinas) • Via intrínseca ou mitocondrial: regulada pela família Bcl-2 • Via extrínseca ou dos receptores de morte: ativada pelos ligantes de morte TNF e Fas CASPASES São enzimas da família de proteases Possuem uma cisteína no sitio ativo e clivam os seus substratos após resíduos de ácido aspártico Iniciadoras: Via intrínseca: caspase 9 Via extrínseca: caspases 8 e 10 ❖ As caspases iniciadoras ativam as caspases executoras Quando são clivadas por uma caspase iniciadora no sítio no domínio da protease, o sítio ativo é rearranjado de uma conformação inativa para uma ativa. Executoras: Caspases 3 e 7 ❖ Degradam as lâminas nucleares e proteínas do citoesqueleto AÇÃO DAS CASPASES • Libera a endonuclease para fragmentar o DNA no núcleo da célula • Proteínas alvo: componentes do citoesqueleto e proteínas de adesão célula-célula que ligam às suas vizinhas • A clivagem dessas proteínas ajuda a célula apoptótica a arredondar-se e desligar-se das suas vizinhas, tornando mais fácil para uma célula vizinha engolfá-la MECANISMO EXTRÍNSECO Os receptores de morte são proteínas transmembrana contendo um domínio extracelular de ligação ao ligante, um domínio transmembrana único e um domínio de morte intracelular, usado pelos receptores para ativar o programa apoptótico Os receptores de morte (membros da família do TNF- fator de necrose tumoral) apresentam um domínio citoplasmático de morte Principais ligantes: Fas e TNF ATIVAÇÃO DAS Fas • Ativação de Fas na superfície da células-alvo pelo ligante Fas na superfície de um linfócito (citotóxico) matador • Quando ativado pela ligação do ligante Fas, domínios de morte na cauda citosólica dos receptores de morte Fas, ligam-se a proteínas adaptadoras intracelulares. • Ligam caspases iniciadoras (caspase-8, principalmente), formando um complexo de sinalização indutor de morte (DISC). • Uma vez ativada em DISC, as caspases iniciadoras clivam seus parceiros e então ativam caspases executoras para induzir apoptose. Danos ao DNA e as proteínas MECANISMO INTRÍNSECO A essência da via intrínseca é o equilíbrio entre as moléculas proapoptóticas e antiapoptóticas que regulam a permeabilidade mitocondrial. • Danos internos a célula • Diminuição de sinais de sobrevivência na membrana plasmática • Mutação DNA/ proteínas • Ativação de proteínas pró-apoptóticas- Bax-Bak • Formação de poros na mitocôndria po Bax/Bak • Saída do citocromo C para o citosol • Ativação das proteínas caspases- apoptose FAMÍLIA Bcl-2 • Regulam a permeabilidade da membrana mitocondrial externa • São classificadas de acordo com a função e a presença de ou mais domínios de homologia a proteína Bcl-2 (domínios BH) • Antiapoptótico: Bcl-2 e Bcl-x são duas proteínas antiapoptóticas responsáveis por reduzir o vazamento mitocondrial; • Proapoptótico: As duas principais proteínas proapoptóticas são Bax e Bak; estas formam oligômeros que se inserem na membrana mitocondrial e criam canais de permeabilidade; • Sensores: Os estressores celulares (p. ex., proteínas mal dobradas, dano ao DNA) ou a perda de sinais de sobrevivência são sentidos por outros membros da Bcl (p. ex., Bim, Bid e Bad); estes, por sua vez, regulam a atividade dos membros da família de antiapoptóticos. A: A viabilidade da célula é mantida pela indução de proteínas antiapoptóticas, como Bcl-2, pelos sinais de sobrevivência. Essas proteínas mantêm a integridade das membranas mitocondriais e previnem seu vazamento. B: A perda de sinais de sobrevivência, o dano ao DNA e outras agressões ativam sensores que antagozinam as proteínas antiapoptóticas e ativam as proteínas proaptóticas Bax e Bak, que formam canais na membrana mitocondrial. O vazamento subsequente do citocromo c (e de outras proteínas, não mostradas) leva à ativação da caspase e à apoptose. Situações patológicas: sem inflamação Lesão no DNA/ proteína: radiação, quimioterápicos, ERO’s ✓ Com ação da proteína p53 - caso ocorra danos ao DNA ativação de p53 (proteína guardiã do genoma) • Há parada do ciclo celular para reparo da lesão do DNA • Se o tempo de parada não foi suficiente: ativação de proteínas pró-apoptóticas ✓ Sem ação da proteína p53 • Mutação na proteína p53 • Não há reparo da lesão do DNA • Não há ativação de proteínas pró-apoptóticas Situação fisiológica normal • As células perdem os sinais de sobrevivência (sinais de não me coma) • Destruição programada de células durante a embriogênese: pés e mãos • Eliminação de células desnecessárias Ex: modelagem das mãos e pés durante o desenvolvimento embrionário • Involução de tecidos hormônios-dependentes Ex: Mamas após o desmame FALHAS NO PROCESSO DE CONTROLE DE APOPTOSE • Sindactilia • Doenças neurodegenerativas • Câncer DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS
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