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PROCESSO LEGISLATIVO

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Processo Legislativo
Modo de elaboração das leis. Conjunto de atos realizados pelos órgãos constitucionais competentes visando à formação de normas de Direito. 
No art. 59 da CF, o processo legislativo compreende a elaboração de várias espécies normativas: EMC (Emenda Constitucional), LCP (Lei Complementar), lei, LDL (Lei Delegada), MPV (Medida Provisória), DLN (Decreto Legislativo), RES (Resoluções).
O QUE É LEI?
É o ato jurídico produzido pelo órgão estatal competente para exercer a função legislativa, com observância do processo para tanto estabelecido na Constituição, dotado de abstratividade, generalidade (lei formal + lei material) e imperatividade- lato senso, não traz situações concretas. 
Exceção: leis de efeitos concretos possuem características diferentes, pois assemelham-se a atos administrativos.
IMPORTÂNCIA
É um medidor do nível de democracia de um povo. O modelo federal é de observação cogente para todos os níveis de produção legislativa (estadual, municipal, distrital).
Defeitos do processo legislativo (vícios formais) geram inconstitucionalidades formais subjetivas (relacionada à iniciativa do processo) ou objetivas (relação com qualquer outro defeito).
Nele tem início o controle de constitucionalidade das normas (preventivo)
PROCEDIMENTOS LEGISLATIVOS
É o modo pelo qual os atos do processo legislativo se realizam (tramitação do projeto). Há três tipos de procedimentos:
PROCEDIMENTO LEGISLATIVO ORDINÁRIO
O mais comum e mais demorado. Não há prazo para que o Congresso delibere. Serve para a elaboração das leis ordinárias e leis complementares.
Federal: Casas do Legislativo (Câmara e Senado) e no executivo o Presidente da República. 
Estadual: Assembleia Legislativa e no executivo o governador.
Municipal: Câmara Municipal e no executivo o prefeito. 
Distrital: Câmara Legislativa do DF e no executivo o governador do DF. 
PROCEDIMENTO LEGISLATIVO SUMÁRIO 
É o nome que recebe o trâmite marcado pelo regime de urgência constitucional (modo de aceleração) requerida pelo Presidente da República. Impõe prazo para que o Congresso delibere
Incidente no processo de elaboração de leis ordinárias e complementares cujos projetos nasceram de iniciativa do Presidente da República. 
PROCEDIMENTOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS 
São os estabelecidos para a elaboração de algumas espécies normativas que não se submetem ao procedimento padrão (ordinário): emendas constitucionais, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções.
Obs.: o Regimento das Casas pode prever procedimento especial para algumas leis ordinárias ou complementares, como ocorre com projetos que tratam de matéria financeira.
LEGISLATIVO ORDINÁRIO 
A produção de qualquer lei ordinária ou complementar pressupõe a apresentação de um projeto, por pessoa ou por ente constitucionalmente habilitado para tanto. A isso vamos chamar “poder de iniciativa”.
No nível federal, o projeto recebido por uma das Mesa diretoras passará pelas duas Casas do CN, separadamente (Casa iniciadora/ Casa revisora- possui plenário e comissões). O projeto deve ser aprovado em apenas 1 turno. 
Se aprovado em ambas as Casas, seguirá ao Presidente da República para sanção ou veto, promulgação e publicação. O procedimento legislativo ordinário compreende três fases:
1. FASE INTRODUTÓRIA
INICIATIVA
Ato que dá início ao processo de elaboração da lei. A iniciativa é exercida por meio da apresentação, à Mesa da Casa Iniciadora, de um projeto de lei. 
Se aceito o projeto, será numerado, datado, despachado pelo Presidente às Comissões pertinentes e publicado no órgão oficial.
PODER DE INICIATIVA
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
INICIATIVA PARLAMENTAR 
Deputados Federais e Senadores; Comissões da Câmara, do Senado e do Congresso. Casa iniciadora: Câmara ou Senado, tanto faz.
INICIATIVA EXTRAPARLMENTAR 
Presidente da República; STF e Tribunais Superiores; MP; Cidadãos (iniciativa popular); Procurador-Geral da República. Admite-se também a iniciativa de projetos de lei a: Tribunais de Contas; Defensoria Pública. Casa iniciadora: todos sempre começarão na Câmara.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e mediante: plebiscito; referendo; iniciativa popular.
Art. 61, § 2º. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Total de eleitores alistados (julho/2021): 145.962.600 -> 1%= 1.459.626 eleitores.
Lei 9.709/98: regulamenta iniciativa popular e também prevê que os projetos não podem ser rejeitados por vício de forma (impropri-edades de técnica legislativa ou de redação).
Nível estadual: art. 27, § 4º, da CF.
Na Constituição Paulista: art. 24, § 3º.
Nível municipal: a lei orgânica deve observar o preceito constante do art. 29, XIII: iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, 5% do eleitorado;
SEM PODER DE INICIATIVA
Ministérios, Conselhos e outros órgãos do Executivo (sem o Presidente); Partidos Políticos; Entidades de classe (exemplo: OAB); Sindicatos e Confederações Sindicais; Associações; Organizações Internacionais (ONU, OMS etc.)
INICIATIVA PRIVATIVA
Quando só aquela pessoa pode apresentar o projeto.
Art. 61. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - Fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - Disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente: enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento- matéria orçamentária.
Obs.: para projetos que cuidam de matéria tributária a iniciativa é ampla, ou seja, cabe a qualquer membro do Legislativo, Chefe do Executivo, aos cidadãos etc. A regra vale para as leis que criam ou aumentam tributos.
Outros órgãos:
STF- Estatuto da Magistratura; Tribunais Superiores / MP / DP / TC – propostas orçamentárias e projetos de estruturação administrativa e funcional (criação de cargos, fixação e aumento de subsídios e salários)
INICIATIVA CONCORRENTE
Quando várias pessoas podem apresentar.
RESUMO: Tipos de iniciativa
Parlamentar – de membros ou órgãos ligados ao Parlamento (Congresso Nacional)
Extraparlamentar – de pessoas ou órgãos relacionados a poderes ou instituições diversos do Parlamento.
Concorrente (ou ampla, ou comum, ou geral) – pertence simultaneamente aos órgãos do Legislativo, ao Presidente da República e à população.
Privativa (reservada ou exclusiva) - a CF indica expressamente uma ou mais pessoas para o exercício da iniciativa.
2. FASE CONSTITUTIVA
A) DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR 
Em regra, o projeto irá transitar pelas Comissões e pelo Plenário de cada uma das Casa. Se for rejeitado em qualquerdas Casas, o projeto será arquivado. Se for aprovado na Casa iniciadora, segue para a Casa revisora. Se for substancialmente alterado na Casa revisora, deve retornar à iniciadora. Se for aprovado nas duas Casas, passará para a próxima etapa dessa fase. 
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.
QUAL CASA COMEÇA A DELIBERAÇÃO?
A definição da Casa iniciadora depende de quem é o autor do projeto. Para projeto de autoria de Senadores, Mesa ou Comissões do Senado, a Casa iniciadora será o Senado. Em todos os demais casos, a Casa iniciadora será a Câmara dos Deputados.
Mesa: recebe o projeto e faz uma análise preliminar -> Comissões: temáticas, CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania)/ Comissão Orçamentos e Finanças -> Plenário: discussão e votação.
QUÓRUM PARA A SESSÃO DELIBERATIVA
Quórum de instalação: qualquer reunião para deliberar sobre um projeto de lei exige a presença da maioria absoluta dos membros da Comissão ou do Plenário.
Maioria absoluta= metade + 1 (ou o primeiro número inteiro superior à metade) dos membros do órgão deliberante.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Exemplos: CCJ da Câmara tem 66 membros – maioria absoluta: 34.
Plenário da Câmara tem 513 deputados -maioria absoluta: 257 (número ímpar: metade + 0,5).
EMENDAS AO PROJETO
Emenda: proposição acessória apresentada dentro de um projeto.
Regra: todo projeto pode receber emendas. Exceção: projetos de iniciativa privativa que não cuidem de matéria orçamentária, não admitem emendas que possam implicar em aumento de despesa.
Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:
I - Nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República;
II - Nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.
Emendas parlamentares em matéria orçamentária- orçamento impositivo
O Presidente encaminha ao CN, anualmente, o projeto de lei orçamentária (PLO), com estimativa de receitas e despesas. A iniciativa é privativa (art. 165, CF).
Parlamentares podem apresentar emendas ao projeto, ainda que representem aumento de despesas. As emendas parlamentares podem ser individuais, de bancada, de comissão e da relatoria.
A EC 86/15 criou o chamado “orçamento impositivo”: estabeleceu, com limitações, a vinculação de recursos para a execução de emendas parlamentares ao orçamento. A LRF permite contingenciamentos, pelo Presidente.
São submetidas à votação da CMO: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.
Pode emenda ao projeto de iniciativa? Sim! Mas com essas condições: pertinência temática com o projeto original; não geração de aumento de despesas ao projeto original (essa condição não se aplica às emendas aos projetos das leis orçamentárias).
EMENDA: QUEM PODE APRESENTAR?
Somente os parlamentares ou as Comissões Parlamentares podem apresentar emendas (individualmente, por bancada, blocos etc.)
Os titulares extraparlamentares da iniciativa podem alterar o projeto por meio de mensagens aditivas. Isto equivale a retirar o projeto (antes que seja votado) e encaminhar outro, reformulado. Mas não podem ser autores de emendas a projetos.
EMENDA: ONDE SÃO APRESENTADAS?
São apresentadas nas Comissões; perante a Mesa; em plenário, durante a discussão.
O Presidente da Casa ou da Comissão pode recusar emenda impertinente ou que contrarie o regimento interno. Toda emenda deve vir acompanhada de uma justificação (ainda que oral).
EMENDAS: TIPOS
Aditivas: acrescentam algo à proposição principal.
Supressivas: visam suprimir, erradicar, retirar qualquer dispositivo da proposição principal.
Aglutinativa: resulta da fusão de outras emendas ou destas com o texto principal.
Modificativas: alteram a proposição (mas não substancialmente).
De redação: visa apenas sanar incorreção técnica, vício de linguagem ou lapso manifesto.
Substitutivas: troca, em parte, o texto de outra proposição.
Subemenda: proposta de alteração de outra emenda apresentada.
*Substitutivo: alteração substancial do projeto que, neste caso, é praticamente refeito. Isso pode acontecer na Casa iniciadora ou na Casa revisora. Como se fosse um novo/ outro projeto sobre o mesmo assunto.
DELIBERAÇÃO-> DISCUSSÃO-> VOTAÇÃO
Ocorre no Congresso Nacional. Supõe a alteração, debate, discussão e votação do projeto.
DELIBERAÇÃO NAS COMISSÕES
Antes de ir ao Plenário da Casa, todo projeto deve passar por comissões temáticas (ou técnicas). A comissão deverá nomear um relator para o projeto. Ele apresentará um parecer final, para votação pelo plenário da Comissão.
Comissões temáticas não podem rejeitar projetos, quanto ao mérito. O parecer poderá propor a aprovação ou a rejeição do projeto, dar-lhe substitutivo, emendá-lo etc.
COMISSÃO ESPECIAL
Se o projeto envolver matéria de mais de 3 comissões temáticas, é criada uma Comissão Especial para se pronunciar quanto à admissibilidade e mérito da proposição principal e das emendas.
Também são criadas Comissões Especiais para os projetos de Código e PECs.
REJEIÇÃO SEM PLENÁRIO
Algumas Comissões possuem poderes regimentais para rejeitar projetos sem levá-los a Plenário. São os pareceres “terminativos”:
a) Da CCJ: quanto à constitucionalidade, legalidade, juridicidade, regimentalidade da matéria e técnica legislativa.
b) Da Comissão de Finanças e Tributação (CFT): quanto à compatibilidade ou adequação orçamentária. 
c) Da Comissão Especial: quanto aos mesmos temas da CCJ ou da CFT.
Projeto que receber pareceres contrários, quanto ao mérito, de todas as Comissões por onde passar, também é tido como rejeitado (não se aplica se houver recurso ao plenário).
APROVAÇÃO SEM PLENÁRIO
As Comissões podem discutir e votar alguns projetos de lei ordinária com dispensa da competência do Plenário. É a apreciação terminativa ou conclusiva. Exemplo: projetos de lei ordinária de autoria de um único parlamentar (ressalvado projeto de código).
Recurso: havendo discordância quanto à dispensa do Plenário, é possível a interposição de recurso assinado por 1/10 dos membros da Casa.
NO PLENÁRIO
Incluído o projeto na Ordem do Dia (momento da sessão para discutir e votar projetos), o Presidente da sessão analisará a necessidade de apreciação preliminar (para os casos de recurso, p.ex.). O regimento poderá permitir emendas em plenário. O plenário pode apreciar pedidos de urgência. Satisfeito o quórum de deliberação, o plenário votará os projetos de lei, em turno único, decidindo por maioria.
REGIME DE TRAMITAÇÃO
Regra: o procedimento legislativo ordinário não tem prazo para terminar.
Exceções: urgências regimentais e urgência constitucional.
URGÊNCIA REGIMENTAL
É a dispensa de exigências, interstícios (prazos intervalados) ou formalidades regimentais para a apreciação de um projeto (não há dispensa de pareceres, quóruns e publicações).
Só se aplica às matérias e hipóteses previstas no regimento (ex.: providência para atender calamidade, defesa da sociedade, liberdades fundamentais etc.).
Alguns projetos tramitam em regime de urgência apenas em razão da matéria de que tratam (criação de impostos, medidas financeiras etc.)
O requerimento de urgência deve partir de um percentual (1/3, 2/3...) da Mesa, de Comissão ou da Casa.
Se aprovado o requerimento, a matéria será imediatamente submetida ao Plenário ou entrará nas sessões imediatas, seguindo as regras regimentais.
LEGISLATIVO SUMÁRIO
URGÊNCIA CONSTITUCIONAL
O Presidente da República pode solicitar urgência aos projetos que envia à Câmara. O pedido de urgência pode ser feito junto com o projeto ou a qualquer tempo, durante a sua tramitação.
O Presidente somente pode pedir urgência para projetos de sua autoria. Observe que nem todo projeto do Presidente será acompanhado de pedido desse tipo.
O pedido de urgência é votado antes do projeto e, se aprovado, o procedimento passa a terprazo.
Pedidos de urgência constitucional aceitos na Câmara vinculam o Senado (a urgência continua na casa revisora, sem necessidade de nova votação do pedido).
Não cabe pedido de urgência a projetos de código. O deferimento de pedido de urgência não implica em aprovação automática do projeto.
Câmara: 45 dias para deliberar.
Senado: 45 dias para deliberar.
Se houver emendas do Senado, o projeto retornará à Câmara que terá mais 10 (dez) dias para apreciá-las. Os prazos não correm durante os períodos de recesso parlamentar.
23/12 a 3/12 e 18/07 a 31/12- recesso. 
TRANCAMENTO DE PAUTA
Em cada Casa, se não houver deliberação dentro do prazo, ficam suspensas todas as demais deliberações equivalentes da Casa (exceto outras com prazo constitucional determinado), até que se ultime a votação.
Atenção! Não existe mais a aprovação de projetos de leis por decurso de prazo.
Regra, a deliberação parlamentar ocorre em dois momentos: nas Comissões e no Plenário.
VOTAÇÃO
A votação completa o turno regimental da discussão e pode sucedê-la imediatamente (salvo se a proposição houver sido emendada na discussão, o que obrigará o prévio pronunciamento das Comissões).
A votação é precedida, em regra, à discussão em plenário (inscrição de debatedores), o que pode consumir várias sessões e ser organizada com destaques – títulos, capítulos, seções, emendas etc.
Regra: as deliberações serão tomadas por maioria de votos, desde que satisfeito o quórum de deliberação.
Admite-se, pedidos de adiamento de votações, antes de iniciadas. Se aceito, deverá ser fixado o prazo para a votação futura (em regra, não são permitidos novos adiamentos).
O projeto pode ser votado globalmente ou com destaques (ex.: destaques de emendas, votação de substitutivos, votação por artigos etc.)
Terminada a apuração, o Presidente da Mesa proclama o resultado.
TIPOS DE VOTAÇÃO
Secreta: não é revelada a intenção de voto do parlamentar (é excepcional). Aplica-se nos casos previstos na CF ou no Regimento.
Não há previsão regimental para a votação secreta de projetos de lei ordinária ou lei complementar.
Ostensiva (nominal/ simbólica): voto aberto (é a regra). O parlamentar pode escusar-se de participar da votação ou declarar-se impedido (abstenção / voto em branco). 
Simbólica: os votos individuais não são computados eletronicamente, não sendo possível registrar como cada deputado votou nem o resultado de quantos votaram contra ou a favor. 
Nominal: feita pelo sistema eletrônico de votos, sendo possível saber quantos votaram contra e a favor e como votou cada deputado.
EMPATE 
Nas votações abertas, cabe ao Presidente (ou a seu substituto regimental) desempatar a votação. Nos escrutínios secretos, repete-se sucessivamente a votação até que se obtenha desempate.
MAIORIAS
Simples: número de presentes (1/2 + 1)
Qualificada: número total de membros da Casa. Pode ser:
a) Absoluta (1/2 + 1)
b) Percentual (1/2, 1/3, 2/3, 3/5...)
DINÂMICA DE VOTAÇÃO
Verificação de quórum de deliberação (maioria absoluta) -> votação do projeto, apenas se satisfeito o quórum de deliberação -> aprovação ou rejeição por maioria (turno único).
QUÓRUM DE APROVAÇÃO
Projeto de lei ordinária: maioria simples.
Projeto lei complementar: maioria absoluta.
Exemplos: Câmara dos Deputados (513)
Projeto 1 – Lei ordinária
Quórum de deliberação: 257
Presentes na sessão: 302
Aprovação: 152
Projeto 2 – Lei complementar
Quórum de deliberação: 257
Presentes na sessão: 302
Aprovação: 257
OPÇÕES DE CASA INICIADORA
Se rejeita o projeto: arquiva.
Se aprova sem emendas: deliberação executiva
Se aprova com emendas: casa iniciadora. 
RETORNO À CASA INICIADORA
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. 
Somente as emendas substanciais (de mérito) obrigam o retorno do projeto à Casa iniciadora. Mesmo emendas supressivas, o retorno à Casa iniciadora somente é necessário se houver modificação no sentido da proposição jurídica.
Havendo retorno, as emendas devem ser anexadas ao projeto primitivo para passar novamente pelas Comissões da Casa Iniciadora. Não são admitidas subemendas por parte da Casa Iniciadora.
TEXTO FINAL
Somente irá prevalecer no texto final aquilo que teve o consenso das Casas. Os pontos divergentes caem. A proposição aprovada em definitivo é submetida aos autógrafos na Casa que finalizar a deliberação. O texto final é encaminhado ao Executivo.
DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.
PROJETOS ARQUIVADOS
Por várias razões um projeto pode acabar no arquivo:
a) desistência do projeto pelo autor, antes da deliberação final.
b) projeto tido por prejudicado.
c) projeto arquivado sem deliberação, por imposição regimental.
d) projeto rejeitado nas Comissões ou em plenário.
ARQUIVADOS SEM DELIBERAÇÃO
Ao final da legislatura, são arquivados os projetos que não saíram da Casa iniciadora e nem receberam parecer favorável das Comissões. Essa regra não se aplica aos projetos de iniciativa extraparlamentar (inclusive popular).
O RI do Senado também prevê que são arquivados os projetos que estejam tramitando há duas legislaturas. O Regimento poderá prever prazos para pedidos de desarquivamento (é assim no RI da Câmara) ou vedar o desarquivamento (como prevê o RI do Senado).
PROJETOS REJEITADO – REAPRESENTAÇÃO
Regra: projetos rejeitados não podem ser reapresentados na mesma sessão legislativa.
É possível a reapresentação em sessão legislativa diversa se a matéria já não tiver sido regulada e/ou não constituir objeto de outro projeto.
REAPRESENTAÇÃO INICIATIVA POPULAR
Exceção: projetos de iniciativa parlamentar podem ser reapresentados na mesma sessão legislativa se a proposta partir da maioria absoluta dos membros da Casa.
REAPRESENTAÇÃO INICIATIVA EXTRAPARL.
Exceção: podem ser reapresentados na mesma sessão legislativa. Neste caso, ainda que se trate de projeto de lei ordinária, dependerão de maioria absoluta para a aprovação.
B) DELIBERAÇÃO EXECUTIVA
É a participação do Executivo no processo legislativo, na produção de leis ordinárias e de leis complementares, por exigência constitucional, para cumprir o inter-relacionamento dos poderes (sistema de freios e contrapesos), zelar pelo interesse público e completar o sistema preventivo de controle de constitucionalidade.
A CF exige a deliberação executiva apenas para a produção de leis ordinárias e de leis complementares. Não há essa participação na produção de resoluções, decretos legislativos e emendas à Constituição.
Compete privativamente ao Presidente da República (art. 84): 
IV- Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V- Vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Opções do Presidente diante do projeto: 1. concordância total, 2. discordância total e 3. concordância e discordância parciais.
Sanção: (concordância, aquiescência)
Veto: (discordância)
CHEFE DO EXECUTIVO NÃO PODE
Emendar ou alterar o texto do projeto, arquivá-lo, baixar medida provisória sobre a mesma matéria.
PRAZO DELIBERAÇÃO EXECUTIVA
Para decidir pela sanção/veto, o Executivo tem o prazo de 15 dias úteis, contados do recebimento do projeto aprovado.
ANÁLISE DO PROJETO
A deliberação executiva exige de dois pontos básicos relacionados ao projeto: interesse publico e constitucionalidade. 
Se a apreciação resultar positiva para ambos os pontos, o Presidente deve sancionar o projeto. Se resultar negativa para qualquer um dos pontos (no todo ou em parte), deve vetá-lo (no todo ou em parte).
IMPORTANTE
O Presidente sanciona ou veta um projeto de lei. É errado dizer, pois, que o Presidente sancionou ou vetou “uma lei”.
Sanção e veto são atos de natureza política contra os quais não cabe, pelo princípio da separação de poderes, responsabilização pessoal do Presidente ou declaração de inconstitucionalidade desses atos.
SANÇÃO 
É o ato político-jurídicopelo qual o Chefe do Executivo externa a sua concordância aos termos de um projeto de lei regularmente aprovado pelo Legislativo.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.
TIPOS DE SANÇÃO
Expressa: dentro do prazo constitucional o Presidente declara a sua concordância.
Tácita: o prazo constitucional flui in albis, ou seja, sem que o Presidente se manifeste.
Art. 66, § 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.
Total: aquiescência quanto à totalidade do projeto.
Parcial: Aquiescência quanto a parte do projeto.
Observações:
- Toda sanção tácita será total.
- Toda sanção parcial será acompanhada de um veto parcial.
- Neste caso, a parte sancionada já segue para a última fase do procedimento (complementar).
A sanção não precisa ser motivada, ou seja, o Chefe do Executivo não precisa declinar, por escrito, as razões da sua concordância. Há facultatividade para tanto (apresenta as razões, se quiser).
*Sanção de projeto com vício de iniciativa, convalida o vício?
Sim- Posição antiga do STF – O vício formal subjetivo é convalidado.
Súmula 5 (dez/1963) - A sanção do projeto supre a falta de iniciativa do Poder Executivo.
Não- Posição atual do STF – o vício não é corrigido pela sanção. Inconstitucionalidades presentes no projeto não desaparecem apenas porque o Presidente resolve sancionar um projeto. A Súmula 5 está superada, em face da CF/88.
O mesmo raciocínio vale para qualquer inconstitucionalidade ocorrida durante o procedimento nas fases introdutória ou constitutiva (deliberação parlamentar).
VETO 
É o ato político-jurídico pelo qual o Chefe do Executivo externa a sua discordância aos termos de um projeto de lei regularmente aprovado pelo Legislativo.
TIPOS DE VETO
Total: Dentro do prazo constitucional o Presidente declara a sua discordância a todo o projeto.
Parcial: Dentro do prazo constitucional o Presidente declara a sua discordância a parte do projeto
Art. 66, § 2º. O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
Note que não é possível vetar apenas uma palavra ou uma expressão que componha a redação de um dispositivo legal.
Político: ausência de interesse público.
Jurídico: motivos de inconstitucionalidade.
Jurídico- político: discordância pelos dois fundamentos.
CARACTERÍSTICAS DO VETO
Expresso: O veto deve ser sempre declarado. Não existe veto tácito.
Motivado: O veto deve ser formalizado. É necessário esclarecer os motivos ou fundamentos do veto.
Supressivo: O veto nada acrescenta ao texto; pode apenas retirar o que nele consta.
Irretratável: Uma vez manifestado e comunicadas as razões ao Legislativo, o veto não pode ser alterado.
Superável: O veto deve ter os seus motivos publicados e enviados ao Presidente do Senado Federal, em 48 horas da publicação. Pode não ser a última palavra. O Legislativo terá a oportunidade de derrubá-lo, se quiser.
POSSIBILIDADE DE SUPERAÇÃO DO VETO
O Legislativo analisará o veto (total ou parcial) e poderá:
Manter: concordância do CN aos termos do veto. O projeto vetado (no todo ou em parte) é arquivado.
Derrubar (superação, rejeição): discordância do CN aos termos do veto. O projeto vetado (no todo ou em parte) seguirá para a próxima fase (complementar), mesmo contra a vontade do Executivo.
CONDIÇÕES PARA DELIBERAR O VETO
1. Sessão conjunta, 2. Escrutínio aberto, 3. Maioria absoluta dos deputados e senadores (513+81= 594/2 + 1 = 298), 4. Turno único de votação, 5. Prazo: 30 dias, contados do recebimento.
PRAZO DESCUMPRIDO
Se o CN não deliberar no prazo previsto (30 dias), isso não implicará em aceitação ou em rejeição do veto. Novamente teremos hipótese de “trancamento de pauta”.
TRANCAMENTO DE PAUTA
Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final.
3. FASE COMPLEMENTAR
A) PROMULGAÇÃO 
Ato pelo qual o Chefe do Executivo (regra) proclama que a lei foi regularmente votada pelo Legislativo e que, por isso, deve ser cumprida. Enunciação solene, feita ao público, da existência da lei".
IMPORTÂNCIA
A promulgação nada acrescenta ao texto. Certifica que o direito positivo sofreu uma inovação. Com ela a lei está “perfeita e acabada”, sendo “válida e obrigatória”. Sem a regular promulgação a lei não pode obrigar ninguém.
O ato promulgatório confere à lei certeza quanto à sua existência e autenticidade. Com a promulgação, a lei passa a existir e, inclusive, toma a data deste ato. Ex.: Lei 14.190, de 29.07.2021.
Da promulgação emana a presunção juris tantum (= presunção relativa, que pode ser afastada) de constitucionalidade da lei.
PROMULGAÇÃO E LEI REVOCATÓRIA
LINDB (Dec-lei 4.657/42). Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (lex posterius derogat priori).
A lei promulgada depois revoga a lei promulgada antes, mesmo que essa última seja publicada depois. Em outras palavras: a prioridade de uma lei sobre outra é determinada pela data da promulgação e não da publicação.
Observação: quando publicadas no mesmo dia, a prioridade é o maior número que revoga a de menor número.
QUEM PROMULGA E QUAL O PRAZO?
Regra: Chefe do Executivo deve promulgar.
Exceção: § 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
Prazo legal: 48 horas (só o presidente pode nessas horas).
O Presidente da República pode promulgar uma lei depois das 48h do prazo, caso ainda não tenha sido promulgada pelo Presidente do Senado ou Vice-Presidente do Senado?
Sim. Até que o ato se consume, não ocorre preclusão, mas apenas o acréscimo de legitimados à sua prática. O objetivo é de suprir e de não impedir a manifestação do Chefe do Executivo.
LINHA DO TEMPO
48h- Único legitimado para promulgar: Presidente da República. 
Depois de 48h- Legitimado concorrente para promulgar: Presidente do Senado. Também o Presidente da República pode, enquanto o ato não for praticado.
Sem prazo- Legitimado concorrente para promulgar: Vice- Presidente do Senado. Também o Presidente da República e o Presidente do Senado podem, enquanto o ato não for praticado.
PROMULGAÇÃO EM OUTROS NÍVEIS
O dever de promulgar segue sendo do Chefe do Executivo: Governador (Estados e DF) e Prefeitos (Municípios). Prazo: 48h.
As pessoas que podem promulgar diante da omissão do Executivo estão indicadas nas respectivas Constituições e Leis Orgânicas. 
CONSTITUIÇÃO PAULISTA
A CE-SP prevê, para os casos de sanção tácita, promulgação direta pelo Presidente da Assembleia Legislativa, em 10 dias (art. 28, § 4º CE).
Tendo rejeição do veto, é encaminhado o projeto ao Executivo para promulgação em 48h. Se não o fizer, cabe, sucessivamente ao:
a) Presidente da Assemb. Legislativa
b) 1. Vice-Presidente da Assemb. Legislativa
MUNICÍPIO DE ARARAQUARA
O dever de promulgação é do Prefeito Municipal, em 48 horas. Se não o fizer, a promulgação incumbe ao:
a) Presidente da Câmara
b) Vice-Presidente da Câmara
(art. 81, § 8º, da lei orgânica).
B) PUBLICAÇÃO 
É o ato de comunicação da lei. Finalidade: tornar a lei conhecida pelos seus destinatários (povo). Deve se seguir à promulgação.
IMPORTÂNCIA
Somente com a publicação é que a lei ganha obrigatoriedade (sem ser conhecida, não pode ser obedecida). Há uma presunção de conhecimento geral da lei.
PUBLICAÇÃO E PRESUNÇÃO 
LINDB (Dec-lei 4.657/42). Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
OBS.: a lei penal faz distinção entre o desconhecimento da lei e sua errônea compreensão (erro de proibição – art. 21, CP). Mas veja que mesmo o CP começa por advertir que “o desconhecimento da lei é inescusável”.A LCP, trazendo exceção, permite que o juiz deixe de aplicar a pena ao contraventor se se convencer de que ele, por sua rusticidade, realmente ignorava ou tinha mal compreendido a lei.
Ignorantia juris neminem excusat: ignorância ou má interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanções nela.
PUBLICIDADE E SEGURANÇA JURÍDICA
Conhecimento e certeza do direito positivo; confiança das pessoas nas instituições públicas e no ordenamento jurídico em geral; previsibilidade dos efeitos que derivam da aplicação das normas e da conduta das pessoas.
Não publicar é crime de responsabilidade! 
Não há prazo determinado para publicação das leis, devendo seguir-se à promulgação.
ESTADO DE DIREITO E LEIS SECRETAS
Em Estado de Direito, leis secretas não podem existir. As leis devem ser publicadas no Diário Oficial ou órgão equivalente. 
Note que para a existência de um verdadeiro Estado de Direito, não basta a existência de leis. É preciso que sejam conhecidas.
PUBLICAÇÃO E VIGÊNCIA
Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada. Em Estados estrangeiros esse prazo é de 3 meses. É a vacatio legis. A maioria das leis traz disposição em contrário, sempre no final do texto. Exemplos:
“Esta Lei entra em vigor após decorridos 30 (trinta) dias de sua publicação oficial”. Também há vacatio legis, embora mais curta do que a regra geral.
“Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação”. Não há vacatio legis. Deve ser usada apenas para leis de pequena repercussão.
A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral.
PROMULGAÇÃO E LEI REVOCATÓRIA
LINDB (Dec-lei 4.657/42). Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
Será que em todos os casos a lei em vigor terá efeito imediato e geral?
Existência: A lei passa a ter existência oficial no ato da promulgação.
Vigência: É o período de “vida” da lei, o lapso de tempo dentro do qual ela possui aptidão para produzir efeitos. Depende da promulgação, da publicação e da regra escolhida pelo legislador.
Eficácia: é a efetiva produção de um, alguns ou todos os efeitos pretendidos pelo legislador. Supõe as etapas anteriores.
QUESTÕES
1. Uma lei pode existir sem ter, por certo tempo, vigência e eficácia? Sim. Uma lei pode existir (porque já promulgada), mas ainda não ter vigência e eficácia, porque não publicada. A vacatio legis também afeta a eficácia.
2. A lei B revogou a lei A, mas está sujeita a uma vacatio legis de 60 dias. Neste período, a lei A tem vigência? Sim. Lei revogadora, em vacatio legis, não tem eficácia. Logo, ainda não revogou nada. A lei que será revogada continua com eficácia no período de vacatio.
3. Uma lei pode ter existência e vigência, mas não ter plena eficácia? Em geral, as leis ganham vigência e eficácia num mesmo momento. Mas, excepcionalmente, uma lei pode ter vigência e ainda não ter plena eficácia. É o que acontece com leis tributárias que se submetem ao princípio da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal. Também as leis que alteram o processo eleitoral entram em vigor, mas não surtem, de imediato, todos os seus efeitos: 
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
4. Uma lei pode alcançar fatos ocorridos antes da sua vigência? Somente a lei penal benéfica pode retroagir, de forma automática, e alcançar fatos anteriores à sua vigência. 
Leis tributárias, ainda que benéficas, somente retroagem com disposição expressa. As demais leis devem respeito ao ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada e, portanto, não podem retroagir.
COMPLEMENTAÇÃO DO ESTUDO 
ESPÉCIES NORMATIVAS
Primárias: emendas à constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções.
Retiram o seu fundamento de validade diretamente da CF. São elencadas pelo art. 59, da CF. Com exceção das emendas constitucionais, não há hierarquia entre elas.
Secundárias: são normas infralegais. Devem respeito às espécies primárias e à CF: decretos inominados, atos normativos, decretos regulamentares, instruções ministeriais, resoluções administrativas, normas regulamentares administrativas (NR), provimentos dos Tribunais, circulares normativas, portarias etc.
LEIS COMPLEMENTARES
Matérias reservadas. Exigência de quórum qualificado para a aprovação (art. 69, CF – maioria absoluta). Somente pode ser alterada ou revogada por outra lei complementar.
MATÉRIAS SUJEITAS A L.C. (Nível federal)
Criar território federal ou novos Estados; definir hipóteses de atividades consideradas insalubres ou perigosas; definir o número de deputados por Estado, no ano anterior ao da eleição etc.
Outros níveis
As Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas devem prever as matérias que dependerão de lei complementar para serem reguladas. O STF tem entendido que o princípio da simetria deve ser observado. Assim, por exemplo, não se pode deixar de exigir LC quanto a matérias que, no nível federal, submetem-se a ela. E vice-versa. 
Nível Estadual
Artigo 23 - As leis complementares serão aprovadas pela maioria absoluta dos membros da Assembleia Legislativa, observados os demais termos da votação das leis ordinárias.
LEI ORDINÁRIA
Regula qualquer matéria que não seja reservada à LC ou ao campo de atividade privativa da Câmara, do Senado ou do Congresso Nacional. É a espécie normativa mais comum.
É a espécie utilizada para a elaboração dos códigos (exceto o CTN).
LO X LC: SEMELHANÇAS
Seguem o procedimento legislativo ordinário para a elaboração. Dependem, portanto, de deliberação executiva
Servem à produção de normas gerais e abstratas, regulamentando a CF.
LO X LC: DIFERENÇAS
Aspecto material– os temas cuja regulação dependem de LC estão exclusivamente na Constituição Federal ou na lei maior de cada pessoa jurídica de direito público.
Aspecto formal – quórum de aprovação
LO – Maioria simples (ou relativa).
LC – Maioria absoluta.
LO X LC: HÁ HIERARQUIA ENTRE ELAS?
Tema dividido na doutrina. Posição atual do STF: não há hierarquia
a) ambas possuem o mesmo fundamento de validade (a CF).
b) o que existe são âmbitos diferenciados de atuação.

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