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Livro Texto I

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PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS DA 
EDUCAÇÃO 
 
Professora conteudista: Maria Aparecida Ventura Fernandes 
 
Professora Maria Aparecida Ventura Fernandes é licenciada em Pedagogia pela 
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp, com 
especialização em Metodologia e Didática, e licenciada em Matemática pela 
Unipaulistana, com especialização em Estatística pela Universidade de São Paulo - 
USP. Mestre em Comunicação pela Universidade Paulista - UNIP. 
 
Trabalhou durante 27 anos na área da educação, na Prefeitura Municipal de 
São Paulo, como: professora do Ensino Fundamental e Médio, coordenadora 
pedagógica, diretora de escola, supervisora de ensino e assessora técnica e de 
planejamento na Secretaria Municipal de Educação. Atuou também como 
professora da rede estadual e particular de ensino. 
 
Ingressou como professora do Ensino Superior em 1987 e, na Universidade 
Paulista  UNIP, em 1988, onde ministrou aulas de estatística e de disciplinas 
didático-pedagógicas nos cursos de: Pedagogia, Educação Física e Ciências 
Biológicas (Licenciatura). Foi também coordenadora auxiliar do curso de Pedagogia 
nos campi Luis Góes e Marquês de São Vicente, nos anos de 2000 e 2001. 
 
De 2005 até 2011, atuou como professora adjunta e fez parte da equipe da 
Coordenadoria de Estágios em Educação da UNIP, órgão responsável pela 
organização da Prática de Ensino e orientação do Estágio Curricular 
Supervisionado, bem como pelas disciplinas didático-pedagógicas dos cursos de 
licenciatura. 
 
É coautora do livro: Manual do secretário de escola e legislação anexa, 
distribuído para todas as escolas da rede municipal de ensino de São Paulo. 
 
Professor conteudista: Wanderlei Sergio da Silva 
 
Professor Wanderlei Sergio da Silva é formado em Geografia pela Universidade 
de São Paulo – USP, Mestre em Ciências (Geografia Humana) pela Universidade 
de São Paulo – USP e Doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp. 
 
Trabalhou durante 15 anos no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de 
São Paulo – IPT, em pesquisas relacionadas com as geociências e o meio 
ambiente. 
 
Atuou como consultor em trabalhos relacionados com meio ambiente durante 6 
anos. No total, atuou em cerca de 100 projetos de pesquisa, muitos deles como 
coordenador de equipe. 
 
A partir de 2001 ingressou na Universidade Paulista – UNIP, onde lecionou 
disciplinas relacionadas à geografia, ao meio ambiente e ao planejamento no curso 
de Turismo, bem como as disciplinas didático-pedagógicas no curso de Psicologia 
(Licenciatura), sendo ambos os cursos presenciais. 
 
Atualmente é professor titular da UNIP, atuando como membro da 
Coordenadoria de Estágios em Educação, órgão da universidade responsável pela 
orientação das disciplinas didático-pedagógicas de todos os cursos de licenciatura, 
e como professor na UNIP Interativa, nos cursos de Letras e Matemática, 
responsável pelas disciplinas relacionadas com a Prática de Ensino, Didática Geral, 
Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e Planejamento e Políticas 
Públicas da Educação. 
 
É autor de cinco livros e 13 trabalhos de congresso, e foi entrevistado em 
programas de rádio e TV sobre a temática ambiental. 
 
 
Apresentação 
 
De modo geral, a disciplina Planejamento e Políticas Públicas da Educação visa 
a esclarecer conceitos e propiciar as condições para que você compreenda o 
embasamento institucional e legal para a sua atuação como professor e as políticas 
a ele associadas, reconheça o sistema escolar como um elemento de reflexão 
sobre a realidade educacional brasileira e se sinta estimulado a acompanhar as 
atualizações constantes que vêm sendo realizadas por intermédio dos membros do 
Conselho Nacional de Educação, do Ministério da Educação e dos parlamentares 
afeitos a este assunto. 
 
Visa, também, a propiciar para você o entendimento da política educacional no 
contexto das demais políticas públicas e as articulações existentes entre elas, 
identificando os principais aspectos legais referentes à organização, à gestão e ao 
financiamento da educação básica. 
 
Introdução 
 
Este livro-texto aborda questões fundamentais da política educacional, 
principalmente no que se refere à organização, à gestão e ao financiamento da 
educação básica, buscando apresentar um novo olhar sobre a escola. Está dividido 
em oito tópicos, incluindo, no primeiro, um demonstrativo que aponta a situação 
problemática em que se insere o tema, bem como sua importância no contexto 
social geral. 
 
O segundo tópico aponta aspectos conceituais necessários à compreensão dos 
termos aqui utilizados, com ênfase nos conceitos dos termos “planejamento”, 
“política” e “pública”. 
 
O terceiro tópico aborda a organização da educação nacional, que contempla as 
esferas administrativas ou entes federados, ou seja, União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, os seus sistemas de ensino, bem como órgãos da 
administração como os Conselhos Nacional, Estadual e Municipal, com suas 
respectivas competências. 
 
O quarto tópico é dedicado ao Plano Nacional de Educação, atualmente vigente, 
e ao Novo Plano (2011-2020), com suas diretrizes, metas e estratégias, e cujo 
projeto de lei que fora aprovado como dispostono art. 214 da Constituição Federal, 
abordando também o Sistema Nacional de Educação. 
 
O quinto tópico apresenta a Gestão da Educação, concepções, tipos de gestão, 
a nova concepção de estrutura organizacional de uma escola e a participação como 
fundamento da gestão democrática. A ênfase é dada à gestão participativa. 
 
O sexto tema refere-se ao Projeto Político-Pedagógico e à Gestão da Escola 
especificamente, e expõe a gestão participativa e democrática como fator 
determinante da melhoria da qualidade da educação. 
 
O sétimo tópico trata do Sistema Nacional de Avaliação e dos Padrões de 
Qualidade, com ênfase nos programas de avaliação do governo para a Educação 
Básica. 
 
Finalmente, o oitavo e último tópico aborda o Financiamento da Educação, 
focando nos recursos financeiros aplicados à educação básica, com destaque para 
o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de 
Valorização do Magistério – Fundef, e no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento 
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, 
além dos Programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – 
FNDE. 
 
Ao final do tópico, apresenta-se a conclusão da Conferência Nacional da 
Educação – CONAE – para a construção de um Sistema Nacional de Educação, 
focalizando especificamente o Financiamento da Educação e o Controle Social 
como elementos fundamentais para a construção de uma Educação com Qualidade 
Social. 
 
Vários desafios devem ser superados por nossos sistemas de ensino, 
notadamente nos aspectos legais de sua estrutura, organização e funcionamento. 
 
O sistema escolar não pode ignorar o contexto econômico e político, ao qual se 
vincula os princípios educacionais contemplados na Constituição Federal e na Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) – LDB. O conteúdo deve 
ser tratado não somente como programa de governo, mas como programa de 
Estado, o que é bem diferente, pois possibilita a continuidade da política 
educacional para que se tenha uma escola de qualidade e universalizada, 
organizada democraticamente, com recursos suficientes, professores bem pagos e 
previamente preparados para exercerem com dignidade sua função. 
 
Espera-se que esse livro-texto contribua efetivamente para a sua formação e de 
seus colegas de curso, futuros educadores que, como se espera, sejam de ótima 
qualidade. 
 
1 CONTEXTO SOCIAL GERAL 
 
Imagine que, assim que se formar neste curso e iniciar seus trabalhos como 
professor numa escola de educação básica, você seja convocado a participar da 
elaboração do Projeto Político-Pedagógicodo curso em que estiver trabalhando. O 
que fazer? Como começar? Em que documentos legais você deve se apoiar? 
Imagine ainda outra situação na qual você seja arguido e pressionado a dar a sua 
opinião sobre a política educacional que está sendo conduzida pelas três esferas 
de governo, seja na mídia, na sala dos professores ou mesmo na sala de aula. O 
que responder? Com que base de apoio? O entendimento dessas e de outras 
questões possíveis tem tudo a ver com o que será estudado neste livro-texto e é 
crucial para a sua atuação profissional no futuro. 
 
 
 
 
 
Figura 1 
 
O tema desta disciplina é de fundamental importância para você, futuro 
professor, pois complementa seu entendimento sobre a estrutura e o 
funcionamento da educação básica, “pano de fundo” de toda a sua atuação 
profissional no futuro. Há assuntos correlatos que permeiam o tema, por isso, no 
decorrer do texto, será necessário recorrermos a eles, com o intuito de esclarecer 
esta questão de tanta importância para a sua formação. 
 
A disciplina está intimamente relacionada com as demais disciplinas da 
formação pedagógica do curso, oferecendo-lhe suporte para a compreensão do 
sistema escolar brasileiro de modo a proporcionar subsídios para o seu 
engajamento na luta por uma escola de qualidade. 
 
Nos últimos anos, mudanças profundas ocorreram e estão ocorrendo em todos 
os setores da sociedade e, na medida em que transformações econômicas, sociais 
e políticas acontecem, a educação deve ser repensada, uma vez que essas 
mudanças têm reflexo direto em toda a dinâmica das organizações educacionais. 
Recorrentemente, as políticas educacionais existentes, até então, não mais 
atendem às necessidades do sistema educacional como um todo. 
 
Atualmente, para acompanhar as transformações da sociedade, são requeridas 
mudanças não só na estrutura organizacional, mas, acima de tudo, nos paradigmas 
que fundamentam a construção de uma nova proposta educacional. É fundamental 
o desenvolvimento de uma gestão escolar mais dinâmica, diferente da hoje 
vivenciada, uma gestão participativa em que o poder não esteja centralizado em 
uma única pessoa, mas sim, nas diferentes esferas de responsabilidade, 
possibilitando relações cooperativas, horizontais, com o poder de decisão 
construído coletivamente, por meio da participação dos vários segmentos da 
comunidade escolar e local, nos órgãos colegiados existentes na escola. Você vai 
notar que este é o tipo de gestão que defendemos em nossa disciplina. 
 
Cabe, então, ao gestor, a responsabilidade de coordenar a construção, 
acompanhar e avaliar o Projeto Político-Pedagógico da escola, que é um processo 
contínuo, coletivo e que traduz a autonomia e a identidade daquela instituição 
individualmente. 
 
São grandes, portanto, os desafios das escolas no sentido de colocar em prática 
as políticas de educação que norteiam os planos, e compete à gestão democrática 
implementar a proposta, com ações coerentes para nortear os objetivos 
estabelecidos, num processo de avaliação contínua e permanente. Para que essa 
ação se processe de forma eficiente e eficaz é fundamental a vinculação de 
recursos à manutenção e desenvolvimento do ensino, pois financiamento e gestão 
são indissociáveis. De nada adianta elaborar planos e programas “infalíveis” se não 
estiver associados a eles a origem dos recursos necessários. 
 
A transparência da gestão de recursos financeiros e seu controle social 
impõem-se hoje não só como prioridade conferida à educação pública, mas 
também como condição para uma gestão mais eficaz. 
 
A gestão da educação, seja na escola ou no sistema de ensino, provém de uma 
política de educação que traça as direções a serem trilhadas. 
 
 
2 ASPECTOS CONCEITUAIS – PLANEJAMENTO, POLÍTICA E PÚBLICO 
 
O entendimento do conteúdo desta disciplina passa necessariamente pela 
compreensão de alguns conceitos, que são sucintamente apresentados neste 
tópico. São eles: planejamento, política e público. Além disso, é necessário situar a 
política educacional no contexto geral das políticas públicas, uma vez que a 
educação não ocorre isoladamente na sociedade, mas de modo articulado com 
seus demais componentes. 
 
2.1 Planejamento 
 
Figura 2 
 
Do ponto de vista conceitual, o planejamento é visto como um processo mental 
que supõe análise, reflexão e previsão. Previsão significa que ele visa sempre ao 
futuro e busca estabelecer um conjunto coordenado de ações visando à 
consecução de determinados objetivos nele estabelecidos. 
 
Um planejamento não precisa necessariamente se consubstanciar num 
documento, mas, quando isto acontece, ele resulta num plano, programa ou 
projeto. Neste sentido, diferenciam-se os conceitos de planejamento e de plano, 
que é um dos possíveis resultados do planejamento. Os demais resultados 
possíveis são os programas e os projetos. O planejamento é um processo. Plano, 
programa ou projeto são resultados possíveis deste processo. 
 
Há diferentes tipos de planejamento, que podem ser classificados, entre outros, 
sob os seguintes pontos de vista: 
 
 do tempo (longo, médio e curto prazo); 
 do espaço (local, municipal, regional, estadual, nacional, continental ou 
mundial); 
 administrativo (público, privado ou misto); 
 econômico (macroeconômico ou microeconômico); 
 setorial (setorial, intersetorial, global); 
 de abrangência (estratégico, tático ou operacional). Neste nível, o 
planejamento engloba os aspectos do tempo, espaço, objetivos e 
diretrizes, cuja relação pode ser percebida no quadro a seguir: 
 
 
Quadro 1 – Aspectos englobados no planejamento classificado segundo a 
abrangência 
 
Variável Tipo de Planejamento 
 Estratégico Tático Operacional 
Tempo Longo prazo Médio prazo Curto prazo 
Espaço Território todo Parte do território Ação a desenvolver 
em determinado 
espaço 
Objetivos Define os gerais Define os específicos ... 
Diretrizes Para o plano todo 
– indica a direção 
a seguir 
Transforma-as em 
ações – dá suporte 
às decisões que 
indicam a direção a 
seguir 
Operacionaliza o 
plano tático 
 
De acordo com IGNARRA (2003), adaptado pelo autor, planejar, grosso modo, 
significa responder a oito perguntas: 
 o quê? – onde se define o objeto do planejamento; 
 por quê? – onde se definem as justificativas do planejamento; 
 para quê? – onde se definem os objetivos do planejamento; 
 quem? – onde se definem os agentes e os destinatários do 
planejamento; 
 como? – onde se definem os meios para se alcançar os objetivos 
propostos; 
 onde? – onde se define espacialmente a localização daquilo que se quer 
implantar ou transformar; 
 quando? – onde se estabelece um cronograma de ações visando a 
atingir os objetivos propostos; 
 quanto? – onde se define e dimensiona os recursos humanos, materiais 
e financeiros necessários para implementar-se o objeto do planejamento. 
 
Sucintamente, pode-se afirmar que a resposta a essas perguntas compõe o 
conteúdo de um plano, programa ou projeto, que são os resultados possíveis do 
processo de planejamento, quando ele se consubstancia em um documento, como 
é de praxe ocorrer nos processos de planejamento educacional. 
 
2.2 Política 
 
 
 
 
Figura 3 
 
Política é um termo que pode ser entendido de diversos modos, porém, o que 
mais se aplica aos objetivos desta disciplina é o que entende o termo como a 
habilidade no trato dos temas referentes às relações humanas, com vistas à 
obtenção de resultados desejados em qualquer área pertinente ao convívio em 
sociedade. 
 
Fazer política é dispor, ao redor de uma mesa, pessoas com objetivos diferentes 
para tratar de temas de interesse comum. No caso da educação, significa debater o 
tema com representantes de todos os elementos da sociedade que se interessam 
por ele, como os donos das escolas particulares, o setor público ligado ao tema, os 
alunos, os funcionários das escolas, os pais dealunos, os professores e qualquer 
outro interessado. Cada um defende seu ponto de vista, apresenta sua sugestão e 
participa do debate segundo os seus interesses. Ao final, o que se pretende é 
chegar a um resultado consensual, uma política, a ser adotada e consubstanciada 
em diplomas legais, planos, programas e projetos. 
 
2.3 Público 
 
 
 
Figura 4 
 
Do ponto de vista conceitual, o termo “público” significa: do, relativo, pertencente 
ou destinado ao povo ou à coletividade. O interesse público sempre prevalece 
sobre o interesse particular e, num regime democrático, a sociedade designa 
alguns representantes para fazer valer a sua vontade, compondo o chamado Setor 
Público. 
 
O Setor Público é composto pelos órgãos destinados a representar a 
comunidade, ou seja, o interesse público como um todo. Supostamente, cabe a tais 
órgãos agirem em nome da totalidade da população. 
 
Por definição, o Setor Público não deve visar ao lucro, ao contrário, deve aplicar 
a renda obtida com impostos e taxas na implantação de políticas públicas em 
benefício de toda a população, ou seja, se existe uma necessidade social e dinheiro 
para supri-la, a função do setor público é aplicar os recursos na implementação de 
políticas públicas neste sentido. 
 
Há razões suficientes para considerar-se adequado que o Setor Público 
desempenhe um papel de liderança no processo político educacional, pois dentre 
todos os agentes interessados na questão, ele é o único que apresenta as 
seguintes características: 
 tem poder para representar toda a população; 
 a princípio, é considerado imparcial; 
 não necessariamente está limitado a objetivos financeiros de curto prazo, 
ou seja, é livre para adotar uma visão de longo prazo na implementação 
de suas políticas. 
 
Assim, o que é público é do povo e a ele se destina, e esse povo designa alguns 
representantes para a defesa de seus interesses. As políticas resultantes dos 
debates são designadas “políticas públicas”, que têm por objetivo refletir o equilíbrio 
dessa balança de interesses em discussão. Ao Setor Público cabe implementar 
essas políticas, em consonância com os interesses da sociedade que o constituiu. 
 
2.4 Políticas públicas e a política nacional de educação 
 
O sucesso de uma política pública depende da sua inserção no contexto geral 
das demais políticas adotadas, pois todas existem de modo integrado. Há uma 
hierarquia de importância entre elas, onde a política educacional ocupa certamente 
papel de destaque, embora esteja submetida à política econômica, como de resto 
todas as demais políticas. 
 
No Brasil, mesmo considerando-se o crescimento do número de escolas 
particulares nas últimas décadas, as escolas públicas ainda concentram a maioria 
das vagas oferecidas, principalmente na educação básica. Não é por acaso, 
portanto, que sobre elas se concentra a maior parte das políticas públicas de apoio 
à atividade. 
 
Do mesmo modo, se considerarmos o território brasileiro como parte de uma 
rede, os nós dessa rede serão, invariavelmente, as cidades, e essas concentram 
cerca de 85% da população. Diante dessa realidade, é coerente pensar que a 
política educacional deve estar articulada de modo muito próximo com as políticas 
urbanas. 
 
Historicamente, no Brasil, as políticas urbanas envolvem concepções errôneas, 
omissão e participação equivocada do Poder Público, embora envolva, também, 
intervenções pontuais acertadas. Revela, no entanto, muito mais erros do que 
acertos. A realidade urbana é a confirmação incontestável dessa afirmativa e, no 
contexto urbano, o quadro deteriorado da educação pública. 
 
As políticas urbanas, bem como a educacional, sujeitam-se à política 
econômica, orbitando em seu redor. Não obstante, ambas só alcançarão sucesso 
dependendo das suas concatenações com várias outras políticas setoriais. 
 
O quadro de deterioração qualitativa da educação básica pública, em que 
pesem as melhorias pontuais gradativas dos últimos anos, é fruto, também, da 
exiguidade de recursos diante das necessidades reais, bem como do emprego 
inescrupuloso dos recursos a ela destinados e da ausência de concatenação com 
outras políticas setoriais. 
 
Historicamente a intervenção estatal a respeito da educação pública no país 
sempre foi apoiada sobre fundamentações puramente técnicas, por vezes elitistas e 
subtraídas de conteúdo social. Em consequência, suas políticas restringiram-se a 
intervenções setoriais parciais, privilegiando as camadas sociais mais abastadas e 
marginalizando os mais pobres, ao desqualificar sua formação inicial. A educação, 
principalmente nas grandes cidades, sempre sofreu, por exemplo, com a 
descontinuidade político-administrativa. 
 
A atual Constituição Federal transfere para os Estados e Municípios grande 
parte da responsabilidade da política educacional, o que é bom, pois é no nível 
local que as mudanças ocorrem e os administradores locais são os melhores 
profissionais para identificar as prioridades de ação. No entanto, nosso país esbarra 
em Estados e Municípios falidos e despreparados, técnica e administrativamente, 
para exercer a função que lhes é atribuída. Um melhor desempenho da educação 
pública no Brasil passa necessariamente pela consonância necessária com 
políticas urbanas e regionais, o que, infelizmente, inexiste. 
 
Tradicionalmente, a maior preocupação da educação pública nas cidades e 
metrópoles tem sido administrar a pressão por vagas para um grande número de 
alunos que precisa ingressar no sistema a cada ano. Este acréscimo quantitativo, 
no entanto, via de regra, resulta num decréscimo qualitativo por vários motivos, 
dentre os quais se destaca, para fins deste texto, a contratação de professores 
malformados, por vezes sem a qualificação necessária para o exercício de uma 
função social tão elevada. 
 
Paralelamente às necessidades urbanas, e não menos importantes, observam-
se necessidades também nas áreas rurais. Cerca de 15% da população brasileira 
que vive nessas áreas também merece o mesmo tratamento e respeito. 
 
Toda sociedade, por mais sofisticada e urbanizada que tenha se tornado, teve 
início como uma sociedade rural agrária. O ruralismo representa a gênese de todas 
as civilizações, e não é diferente no caso do Brasil. Nas últimas décadas, essas 
áreas têm sofrido muitas pressões que resultam na diminuição contínua da 
população, com destaque para o desenvolvimento constante das tecnologias 
agrícolas. Grandes máquinas são utilizadas para executar um trabalho que 
substitui, por vezes, centenas de trabalhadores rurais. O emprego escasseia e a 
população termina por se deslocar para as cidades, em busca de melhores 
condições para trabalhar e viver. Percebe-se, portanto, que as políticas 
educacionais no campo devem estar devidamente atreladas, também, com as 
políticas educacionais nas áreas urbanas, procurando diminuir os problemas pelos 
quais a maior parte da população brasileira passa, seja nas áreas rurais ou nas 
periferias das grandes cidades. A diminuição desses problemas depende, em 
grande parte, da melhoria da qualidade da educação básica pública, o que irá 
requerer políticas adequadas em todos os sentidos. 
3 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA EDUCAÇÃO NACIONAL 
 
Neste tópico, será tratada a forma como a educação nacional se organiza 
administrativamente, em particular as atribuições e inter-relações existentes entre 
as diversas esferas de governo. 
 
3.1 Entes federados e sistemas de ensino 
 
No âmbito da disciplina Estrutura e Funcionamento da Educação Básica, você 
tomou conhecimento sobre a organização da educação nacional, particularmente 
tratada no Título IV da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 
9394/96). Alguns aspectos serão aqui retomados para uma melhor compreensão 
do conteúdo a ser desenvolvido em Planejamento e Políticas Públicas da 
Educação. 
 
A organização da educação escolarnacional faz-se por meio de esferas 
administrativas, ou seja, pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos 
Municípios, que mantêm seus respectivos sistemas de ensino, ou seja: Sistema 
Federal, Sistema Estadual ou Distrital e Sistema Municipal. 
 
O artigo 8º da LDB vigente estabelece que a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos 
sistemas de ensino, cabendo à União a coordenação da política nacional de 
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função 
normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. 
Torna-se necessário, portanto, uma explicação mais detalhada sobre tais sistemas 
de educação. 
 
 
 
 
Figura 5 
 
 
3.1.1 Sistema Federal de Ensino 
 
Refere-se às instituições, aos órgãos, às leis e às normas, que se concretizam 
nos Estados e Municípios, sob a responsabilidade do Governo Federal. 
 
O Sistema Federal de Ensino, sob a responsabilidade da União, compreende as 
instituições de ensino mantidas pelo Governo Federal, as instituições de Ensino 
Superior, criadas e mantidas pela iniciativa privada e os órgãos federais de 
educação, segundo a LDB (art. 16). 
 
As instituições mantidas pela União e que compõem o Sistema Federal de 
Ensino são: 
 universidades federais; 
 instituições isoladas de Ensino Superior; 
 Centros Federais de Educação Tecnológica; 
 estabelecimentos de educação básica (colégios de aplicação); 
 Colégio Pedro II; 
 instituições de educação especial. 
 
Além dessas instituições, o Governo Federal, por meio do Ministério da 
Educação, supervisiona e inspeciona as diversas instituições privadas de educação 
superior. 
 
As incumbências da União, de acordo com o artigo 9º da LDB são: 
 
I. elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios; 
 
II. organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do Sistema 
Federal de Ensino e dos territórios; 
 
III. prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o 
atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função 
redistributiva e supletiva; 
 
IV. estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino 
Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus 
conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum; 
 
V. coletar, analisar e disseminar informações sobre educação; 
 
VI. assegurar o processo nacional de avaliação do rendimento escolar, no 
Ensino Fundamental, Médio e Superior, em colaboração dos sistemas de 
ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade 
do ensino; 
 
VII. baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação; 
 
VIII. assegurar o processo nacional de avaliação das instituições de educação 
superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade 
sobre este nível de ensino; 
 
IX. autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, 
os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos 
do seu sistema de ensino. Essas atribuições poderão ser delegadas aos 
Estados e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de 
educação superior. 
 
Nota-se que a União tem um papel fundamental na manutenção das instituições 
e na organização e funcionamento dos demais sistemas. 
 
3.1.2 Sistema de Ensino Estadual e do Distrito Federal 
 
Existem no Brasil 26 sistemas de ensino estaduais e um do Distrito Federal. Por 
definição legal, eles devem atuar prioritariamente no Ensino Fundamental e Médio, 
compreendendo: 
 as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público 
Estadual e pelo Distrito Federal; 
 as instituições de Educação Superior mantidas pelo Poder Público 
Municipal; 
 as instituições de Ensino Fundamental e Médio criadas e mantidas pela 
iniciativa privada; 
 os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente. 
 No Distrito Federal, as instituições de Educação Infantil, criadas e 
mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino. 
 
Para se ter uma ideia aproximada do gigantismo desses sistemas, de acordo 
com o Censo da Educação Básica de 2009, os poderes públicos estaduais 
mantinham 32.247 escolas, com aproximadamente 20,7 milhões de matrículas, em 
um total nacional de 197.468 escolas com mais de 52 milhões de alunos 
matriculados. Já as instituições particulares de Ensino Fundamental e Médio, em 
2009, contavam com mais de sete milhões de alunos matriculados em 35.695 
escolas. 
 
Os Estados e o Distrito Federal, conforme previsto na Constituição Federal de 
1988, no artigo 24, podem legislar sobre a educação, a cultura, o ensino e o 
desporto. A LDB, no seu artigo 10, estabelece as incumbências dos Estados; são 
elas: 
 
I- organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus 
sistemas de ensino; 
 
II- definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino 
fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das 
responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os 
recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder 
Público; 
 
III- elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as 
diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as 
suas ações e as dos seus Municípios; 
 
IV- autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, 
os cursos das instituições de Ensino Superior e os estabelecimentos dos 
seus sistemas de ensino; 
 
V- baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; 
 
VI- assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade, o Ensino 
Médio; 
 
VII- assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. 
 
Ressalta-se que, ao Distrito Federal, aplicar-se-ão as competências referentes 
aos Estados e, também, aos Municípios. 
 
3.1.3. Sistema Municipal de Ensino 
 
O Município, como instância administrativa em termos educacionais, teve este 
reconhecimento na Constituição de 1988, que possibilitou a organização de seus 
sistemas de ensino em colaboração com a União e Estados. A Constituição 
prescreve que os Municípios devem manter, com a cooperação técnica e financeira 
da União e dos Estados, programas de educação pré-escolar, priorizando o 
atendimento às crianças de 0 a 5 anos, nas creches e pré-escolas e no Ensino 
Fundamental. 
 
Os sistemas municipais de ensino compreendem: 
 as instituições de Ensino Fundamental, Médio e Educação Infantil 
mantidas pelo Poder Público municipal; 
 as instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa 
privada; 
 os órgãos municipais de educação. 
 
No contexto do sistema escolar brasileiro, os sistemas municipais são os que 
abrangem o maior número de instituições e de alunos. Em 2010, existiam no Brasil 
aproximadamente 5.650 sistemas municipais de ensino. Segundo o Censo da 
Educação Básica 2009, eram 129.046 escolas, com pouco mais de 24 milhões de 
alunos, mantidas pelos poderes públicos municipais. As escolas de educação 
infantil, segundo o mesmo Censo, totalizavam 27.799 escolas com 1.774.115 
alunos matriculados. 
 
As competências do sistema municipal de educação, de acordo com a LDB, são 
as seguintes: 
 
I- organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus 
sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da 
União e dos Estados; 
 
II- exercer a ação redistributiva em relação às suas escolas; 
 
III- baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; 
 
IV- autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seusistema de 
ensino; 
 
V- oferecer Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, 
Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino 
somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de 
sua área de competência e com recursos acima dos percentuais 
mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
 
VI- assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. 
 
Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual de 
ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica. 
 
 
3.2 A organização dos Conselhos de Educação 
 
O que vem a ser um Conselho? O termo Conselho vem do latim Consilium que 
significa ouvir alguém, submeter algo a uma deliberação de alguém, após uma 
ponderação refletida, prudente e de bom senso, parecer, juízo, opinião. 
 
Da estrutura educacional, fazem parte alguns órgãos de administração que 
exercem funções normativas, deliberativas, fiscalizadoras e de planejamento e que 
são denominados de Conselhos de Educação. São eles: Conselho Nacional, 
Conselho Estadual e Conselho Municipal, segundo sua dependência político-
administrativa. 
 
 
 
Figura 6 
 
3.2.1 Conselho Nacional de Educação (CNE) 
 
A LDB, no seu § 1º do artigo 9º, define que na estrutura educacional, haverá um 
Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão, e 
atividade permanente. Na verdade, o CNE foi instituído pela Lei 9.131, de 24 de 
novembro de 1995, que alterou os dispositivos da Lei 4024/61 (1ª LDB) e veio 
substituir o Conselho Federal de Educação, que existiu entre 1962 e 1994. 
 
O Conselho Nacional de Educação foi criado inicialmente como medida 
provisória e depois definido de forma permanente e tem atribuições normativas, 
deliberativas e de assessoramento ao Ministro de Estado da Educação, a fim de 
assegurar a participação da sociedade no aperfeiçoamento da educação nacional. 
É composto por duas câmaras autônomas, a Câmara de Educação Básica (CEB) e 
a Câmara de Educação Superior (CES). Este Conselho se reúne ordinariamente, a 
cada dois meses, e suas Câmaras reúnem-se mensalmente. 
 
Criado pela Lei 9131/95, foi confirmado no artigo 9º, § 1º da LDB, o qual 
estabelece que, na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de 
Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente. 
 
Compete ao Conselho Nacional de Educação, segundo o § 1º do art. 7º da lei 
9.131/95: 
 subsidiar a elaboração e acompanhar a execução do Plano Nacional de 
Educação; 
 manifestar-se sobre questões que abranjam mais de um nível ou 
modalidade de ensino; 
 assessorar o Ministério da Educação no diagnóstico de problemas e 
deliberar sobre medidas para aperfeiçoar os sistemas de ensino, 
especialmente no que diz respeito à integração dos seus diferentes 
níveis e modalidades; 
 emitir parecer sobre assuntos da área educacional, por iniciativa dos 
seus conselheiros ou quando solicitado pelo Ministro da Educação; 
 manter intercâmbio com os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito 
Federal; 
 emitir parecer sobre questões relativas à aplicação da legislação 
educacional, no que diz respeito à integração entre os diferentes níveis e 
modalidades de ensino; 
 elaborar o seu regimento, a ser aprovado pelo Ministro da Educação. 
 
3.2.2 Conselho Estadual de Educação (CEE) 
 
É um órgão da estrutura da Secretaria da Educação do Estado, exercendo as 
funções normativas, deliberativas, fiscalizadoras, consultivas e de controle de 
qualidade dos serviços educacionais. 
 
Dentre as competências dos Conselhos Estaduais, destacam-se: 
 manter intercâmbio com o Conselho Nacional de Educação e com os 
demais Conselhos Estaduais e Municipais, visando à consecução dos 
seus objetivos; 
 formular políticas educacionais e baixar normas complementares para o 
Sistema Estadual de Ensino; 
 articular-se com órgãos e entidades federais, estaduais e municipais, 
para assegurar a coordenação, a divulgação e a execução de planos e 
programas educacionais; 
 deliberar e emitir parecer sobre assuntos da área educacional que lhes 
forem submetidos pelo Governador do Estado, pelo Secretário da 
Educação, pela Assembleia Legislativa e pelas Unidades Escolares; 
 subsidiar a elaboração e acompanhar a execução do Plano Estadual de 
Educação. 
 
Suas atribuições também incidem em: credenciar instituições, autorizar 
funcionamento de cursos, reconhecer cursos superiores ministrados pelas 
universidades estaduais, viabilizar a regularização da vida escolar, apurar 
denúncias envolvendo estabelecimentos de ensino, fornecer orientação, dentre 
outras. 
 
3.2.3 Conselho Municipal de Educação (CME) 
 
É um órgão com funções consultiva, deliberativa, normativa, fiscalizadora e de 
planejamento. Um colegiado que reúne representantes da comunidade escolar e da 
sociedade civil, para decidir os rumos da educação do município. 
 
Ao ser instituído, o CME, pode decidir sobre diversas matérias, desde autorizar 
o funcionamento de escolas e de cursos até propor normas pedagógicas e 
administrativas. Cabe, também, aos Conselhos Municipais de Educação, 
regulamentar as questões ligadas à rede de ensino municipal e à particular que 
tenha apenas Educação Infantil. 
 
Uma das atribuições dos Conselhos Municipais de Educação é participar da 
elaboração do Plano Municipal de Educação, acompanhar e avaliar a política 
educacional, fiscalizar as ações implementadas e mobilizar a sociedade. 
 
Fazem parte de qualquer CME representantes da própria secretaria da 
Educação, dos professores, diretores, funcionários da rede municipal, da rede 
estadual e da particular, e do Ensino Superior, se houver, ou seja, representantes 
dos diversos segmentos da sociedade. 
 
O CME tem como finalidades estimular a participação da sociedade civil no 
processo de definição das políticas educacionais do município e consolidar planos 
municipais de educação, acompanhando, fiscalizando e avaliando sua aplicação. 
 
Pode-se considerar, portanto, que os Conselhos são órgãos colegiados de 
caráter normativo, deliberativo e consultivo, que interpretam e resolvem, segundo 
suas competências e atribuições, a aplicação da legislação educacional. Conta com 
recursos favoráveis à cobrança do direito à escola de qualidade, ou seja, à 
vinculação constitucional de recursos para a manutenção e desenvolvimento do 
ensino, a gratuidade do Ensino Fundamental nos estabelecimentos oficiais, o 
Ensino Fundamental como direito público e subjetivo de todos, além da chamada à 
participação da comunidade na escola. 
 
Aos Conselhos de Educação, seja nacional, estadual, distrital ou municipal, 
dentro de suas atribuições, cabe a busca incessante do diálogo entre o Estado e 
todos os setores implicados, interessados e compromissados com a qualidade da 
educação escolar em nosso país, ou seja, cabe a elaboração prática do 
desenvolvimento de políticas públicas relacionadas com a educação, de modo 
participativo. 
 
4 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 
 
Na medida em que a Constituição Federal de 1988 e a LDB de 1996 definem a 
abrangência e a responsabilidade de cada um dos sistemas de ensino quanto à 
autorização, credenciamento e supervisão de todas as instituições de ensino sob 
sua jurisdição, assim como a organização, manutenção e desenvolvimento dos 
órgãos e instituições dos seus sistemas de ensino, isso implica no envolvimento de 
todas as instituições públicas e privadas de ensino no contexto do Sistema 
Nacional de Educação. 
 
De acordo com LDB (artigo 9º, inciso I) é incumbência da União elaborar o 
Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios. 
 
Segundo Libâneo (2008), várias foram as tentativas de elaboração e 
implementação de um plano de educação para o país, desde 1932, com o 
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, quandohouve a tomada de 
consciência da educação como necessidade nacional, com a reivindicação dos 
diferentes movimentos sociais pela ampliação do atendimento escolar. O manifesto 
defendia uma escola pública obrigatória, laica e gratuita, aberta a todas as classes 
sociais. 
 
A Constituição Federal de 1934, por sua vez, definiu como principal função do 
Conselho Nacional de Educação a elaboração do Plano Nacional de Educação, que 
não foi implementado em virtude do golpe de 1937, que manteve Vargas no poder 
até 1945. 
 
A Lei 4024/61 (1ª LDB), estabeleceu as coordenadas para a elaboração do 
primeiro Plano Nacional de Educação. Em 1962, por iniciativa do Ministério da 
Educação, foi elaborado um plano, aprovado pelo Conselho Federal de Educação  
CFE, constituído de metas a serem alcançadas em oito anos, além de estabelecer 
os critérios para a aplicação dos recursos destinados à educação. Este plano, 
porém, não constituiu uma lei que determinasse os objetivos e metas da educação 
no país. 
 
Além desse, outros planos foram elaborados após 1962, mas devido à 
descontinuidade administrativa e a falta de integração entre os ministérios não 
foram realmente efetivados. 
 
Com a promulgação da Constituição de 1988, foi instituído por lei o Plano 
Nacional de Educação, caracterizado como autônomo em relação ao que 
estabelece a nova LDB. 
 
No governo Collor, em 1993, outro plano foi editado – o Plano Decenal de 
Educação para Todos  mas, foi abandonado com a posse de Fernando Henrique 
Cardoso, em 1995. Este governo tinha como projeto reformular toda a educação 
brasileira, então, apresentou o seu Plano Nacional de Educação para ser a 
continuidade do Plano Decenal de 1993 (artigo 87, parágrafo 1º, da Lei 9394/96). O 
projeto de lei do governo e mais o construído pela sociedade civil – por meio de 
entidades científicas, acadêmicas, sindicais e estudantis  deram entrada na 
Câmara dos Deputados em fevereiro de 1998, contribuindo para o avanço na 
participação democrática na construção de leis no país. Devido à realização das 
eleições de 1998, houve um atraso na discussão das propostas, e somente depois 
de alguns anos foi aprovado pelo Congresso Nacional o Plano Nacional de 
Educação, por meio da Lei 10.172 de 9 de janeiro de 2001. 
 
4.1 Plano Nacional de Educação  PNE (2001-2010) 
 
O primeiro Plano Nacional de Educação foi elaborado para um período de 10 
anos e vigorou de 2001 a 2010. Este Plano se referiu a todos os níveis e 
modalidades de ensino. Foi o primeiro a ser submetido à aprovação pelo 
Congresso Nacional, por ser exigência tanto da Constituição Federal de 1988 
(artigo 214) como da LDB/1996 (artigo 87). 
 
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, de acordo com as características 
e especificidades locais, tinham a incumbência de fazer as adequações 
necessárias e elaborar os seus respectivos planos decenais. 
 
Pelo fato de este plano ter sido elaborado para vigorar por 10 anos, 
independentemente do governo que estivesse no poder, isto possibilitou a 
continuidade das políticas educacionais, uma vez que ficou caracterizado como um 
plano de Estado mais do que governamental. 
 
Os principais objetivos do Plano foram: 
I- elevação global do nível de escolaridade da população; 
II- melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; 
III- redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso à 
escola pública e à permanência, com sucesso, nela; 
IV- democratização da gestão do ensino público nos estabelecimentos oficiais, 
obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na 
elaboração do projeto pedagógico da escola e da participação da comunidade 
escolar e local em conselhos escolares e equivalentes. 
 
Várias metas foram estabelecidas para este Plano, dentre as mais importantes 
referentes à educação básica, pode-se destacar: 
 
 alcançar a taxa de 80% de crianças de quatro a seis anos matriculadas 
em escolas; 
 universalizar o Ensino Fundamental; 
 colocar 50% das crianças de até três anos em creches; 
 erradicar o analfabetismo; 
 diminuir a evasão no Ensino Médio em 5% ao ano. 
 
Essas metas foram cumpridas? 
 
Segundo estudo elaborado por pesquisadores (PINHO; GUIMARÃES, 2010a): 
 em 2008, apenas 18% das crianças de até três anos recebiam 
atendimento em creches; 
 entre 2000 e 2008: o analfabetismo caiu de 13,6% para 10%; 
 entre 2006 e 2008: a evasão no Ensino Médio subiu de 10% para 13,2%. 
 
Pode-se afirmar, portanto, que as metas estabelecidas não foram totalmente 
alcançadas, em que pese o fato das duas primeiras metas o foram quase que em 
sua totalidade. 
 
4.2 O novo Plano Nacional de Educação (2014-2024) 
 
Em 2010 foi apresentada pelo Conselho Nacional de Educação a proposta de 
um novo Plano Nacional de Educação. Essa proposta foi discutida na Conferência 
Nacional de Educação (CONAE), que é um espaço de discussão sobre os rumos 
que o país deve tomar em todos os níveis de ensino. Foram discutidas e indicadas 
diretrizes e estratégias de ação para a configuração deste novo Plano Nacional de 
Educação. 
 
A participação dos movimentos sociais e da sociedade civil, bem como da 
sociedade política, sob a coordenação de uma comissão nacional, instituída pelo 
Ministério da Educação, propiciou as condições necessárias para que o novo PNE 
se consolide como política de Estado e não apenas de governo, com o propósito de 
conceber a educação de forma sistêmica, sem hierarquias ou fragmentações entre 
os níveis, etapas e modalidades de ensino. 
 
Em 2011, entrou em discussão o novo Plano Nacional de Educação  PNE. O 
exame das diretrizes, metas e estratégias nele contidas foi feito pela Comissão de 
Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. 
 
Em 25 de junho de 2014, a Lei nº 13.005 aprovou o Plano Nacional de 
Educação, com vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação da Lei. 
 
O novo Plano Nacional de Educação (2014-2024) apresenta dez diretrizes, que 
preveem: 
I- erradicação do analfabetismo; 
II- universalização do atendimento escolar; 
III- superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da 
cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; 
IV- melhoria da qualidade da educação; 
V- formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais 
e éticos em que se fundamenta a sociedade; 
VI- promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; 
VII- promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país; 
VIII- estabelecimento de metas de aplicação de recursos públicos em educação 
como proporção do Produto Interno Bruto – PIB, que assegure atendimento às 
necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; 
IX- valorização dos profissionais da educação; 
X- promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à 
sustentabilidade socioambiental. 
 
O plano define metas e prazos para que elas sejam alcançadas, sendo que a 
consecução das metas e a implementação das estratégias deverão ser realizadas 
em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios. Dentre as metas e prazos, destacam-se: 
 Meta 1 – Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 
4 e 5 anos, e ampliar a oferta de Educação Infantil de forma a atender, 
no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final da vigência do 
PNE. 
 Meta 2 – Universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda a 
população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos 
concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de 
vigência deste PNE. 
 Meta 3 – Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a 
população de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência do 
PNE, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85%. 
 Meta 4 – Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com 
deficiência, transtornosglobais do desenvolvimento e altas habilidades 
ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento 
educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, 
com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos 
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou 
conveniados. 
 Meta 5 – Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, até o final do 3º 
ano do ensino fundamental. 
 Meta 6 – Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das 
escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da 
educação básica. 
 Meta 7 – Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas 
e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de 
modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb: 
 
Quadro 2 – Projeção das metas para as médias nacionais do Ideb 
 
Ideb 2015 2017 2019 2021 
Anos iniciais do Ensino 
Fundamental 
55,2 55,5 55,7 66,0 
Anos finais do Ensino Fundamental 44,7 55,0 55,2 55,5 
Ensino Médio 44,3 44,7 55,0 55,2 
 
 Meta 8 – Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos de 
modo a alcançar, no mínimo, 12 anos de estudo no último ano de 
vigência do Plano, para as populações do campo, da região de menor 
escolaridade do país e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade 
média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. 
 Meta 9 – Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou 
mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência do PNE, erradicar o 
analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo 
funcional. 
 Meta 10 – Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de 
jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à 
educação profissional. 
 Meta 11 – Triplicar as matrículas na educação profissional técnica de 
nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% da 
expansão do segmento público. 
 Meta 12 – Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 
50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, 
assegurada a qualidade de oferta e expansão para, pelo menos, 40% 
das novas matrículas, no segmento público. 
 Meta 13 – Elevar a qualidade da Educação Superior e ampliar a 
proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício, 
no conjunto do sistema de educação superior para 75%, sendo, no total, 
no mínimo 35% doutores. 
 Meta 14 – Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-
graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil 
mestres e 25 mil doutores. 
 Meta 15 – Garantir, em regime de colaboração entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 ano de 
vigência do PNE, política nacional de formação dos profissionais da 
educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 
9,394, de 20 de dezembro de 1996, assegurando que todos os 
professores e as professoras da educação básica possuam formação 
específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área do 
conhecimento em que atuam. 
 Meta 16 – Formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professores de 
educação básica, até o último ano de vigência do PNE, e garantir a todos 
os profissionais da educação básica formação continuada em sua área 
de atuação, considerando as necessidades, demandas e 
contextualizações dos sistemas de ensino. 
 Meta 17 – Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas da 
educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos 
demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto 
ano de vigência do PNE. 
 Meta 18 – Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de 
carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de 
todos os sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos profissionais 
da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial 
nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do 
art. 206 da Constituição Federal. 
 Meta 19 – Assegurar condições, no prazo de 2 anos, para a efetivação 
da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos do 
mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no 
âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União 
para tanto. 
 Meta 20 – Ampliar o investimento público em educação pública de forma 
a atingir, no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto - PIB do 
país no 5º ano de vigência da Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% do 
PIB ao final do decênio. 
Para cada meta existem várias estratégias, com o objetivo de operacionalizar e 
atingir as metas propostas, dentro do prazo da vigência do PNE. 
As metas previstas deverão ter como referência os censos nacionais da 
educação básica e superior mais atualizadas, disponíveis na época da aprovação 
do plano como lei. 
 
O novo Plano Nacional de Educação, por estabelecer uma política de Estado, 
deverá ser tratado como principal prioridade pelo Estado nacional e pela sociedade 
brasileira. Deverá, também, propiciar a correção das deficiências e lacunas do atual 
Plano, bem como contribuir para o aprimoramento e avanço das políticas 
educacionais em curso no país, e muito contribuirá para a superação da visão 
fragmentada que tem marcado a organização e a gestão da educação nacional. 
 
Diante deste contexto, a construção de um Sistema Nacional de Educação se 
faz urgente, objetivando garantir uma visão articulada da educação, dentro do 
regime de colaboração dos entes federados, com a devida responsabilidade quanto 
à garantia de padrões de qualidade social e de gestão democrática da educação. 
 
4.3 O Sistema Nacional de Educação 
 
Na verdade, o Brasil ainda não apresenta um Sistema Nacional de Educação 
formalmente articulado. Na LDB o sistema nacional de educação foi substituído 
pela organização da educação nacional. 
 
Sabe-se que a educação é direito do cidadão e cabe ao Estado a sua oferta, 
assim, cabe ao Estado organizar-se para garantir o cumprimento desse direito, da 
mesma forma como ocorreu em quase todos os países do mundo, universalizando 
o ensino básico público como direito de todos, garantido por meio de um Sistema 
Nacional de Educação. 
 
No entanto, o Poder Público no Brasil ainda não garantiu esse direito para todos 
dessa forma, uma vez que não se tem institucionalizado um sistema nacional de 
educação como instrumento para a concretização dos seus deveres. Isto se revela 
pela não universalização da educação básica, pelo alto índice de analfabetismo, 
pela pouca escolaridade dos brasileiros, pelo desempenho fraco dos estudantes e 
pela não democratização do acesso à educação superior. 
 
O Estado brasileiro não construiu ainda uma forma de organização que 
possibilite o alcance dos fins da educação e o regime de colaboração entre os 
sistemas de ensino federal, estadual, distrital e municipal, o que tornaria viável a 
garantia de acesso à cultura, à educação e à ciência, em todas as esferas do Poder 
Público. Apesar de o Brasil ter uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, um órgão legislativo, que é o Congresso Nacional, um órgão que 
normatiza todos os sistemas, que é o Conselho Nacional de Educação e um órgão 
que estabelece e executa as políticas de governo, que é o Ministério da Educação, 
o acesso à cultura, à educação e à ciência ainda é precário. 
 
As metas do Plano Nacional de Educação deverão ser levadas em 
consideração na construção de um Sistema Nacional de Educação, articulando os 
sistemas municipais, estaduais, distrital e federal de ensino, bem como os 
princípios explícitos no artigo 206 da Constituição Federal, que estabelece: 
 
Art. 206 – O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;II- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o 
saber; 
III- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino; 
IV- gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
V- valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da 
lei, planos e carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas 
e títulos, aos das redes públicas; 
VI- gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
VII- garantia de padrão de qualidade; 
VIII- piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar 
pública, nos termos da lei federal. 
A construção de um Sistema Nacional de Educação de modo formal ainda 
constitui-se um desafio para a educação brasileira. O regime de colaboração entre 
os entes federados deve respeitar as realidades verificadas nos Estados e nos 
Municípios. Esse regime de colaboração deve existir para assegurar a elaboração e 
a implementação de planos estaduais e municipais de educação, articular a 
construção de projetos político-pedagógicos e planos de desenvolvimento 
institucional, promover autonomia pedagógica, administrativa e financeira às 
instituições de ensino, apoiar a criação e a consolidação de conselhos estaduais e 
municipais e estabelecer mecanismos democráticos que assegurem a participação 
de estudantes, funcionários, professores, pais e comunidade nas instituições e nas 
políticas adotadas (CONAE, 2010). 
As instituições particulares que fazem parte do Sistema Nacional de Educação, 
estão subordinadas ao conjunto de normas gerais de educação e devem se 
harmonizar com as políticas públicas. Portanto, o Estado deve normatizar, controlar 
e fiscalizar todas as instituições, sob os mesmos parâmetros e exigências aplicados 
às instituições do setor público. 
 
5 A GESTÃO DA EDUCAÇÃO 
 
5.1 Concepção de gestão 
 
O termo gestão significa o ato de gerir, gerência, administração (HOLANDA 
FERREIRA, 1999). Gestão é, em outras palavras, tomada de decisão, organização, 
direção. 
 
A gestão pode ocorrer de vários modos, dentre eles o da chamada “gestão 
democrática”, que representa um novo modo de administrar uma realidade, e se 
traduz pela comunicação, pelo envolvimento coletivo e principalmente pelo diálogo. 
 
Especificamente a gestão da escola é realizada com base nas políticas 
educacionais definidas pelo Poder Público, e o seu conhecimento e compreensão 
são fundamentais, pois a gestão concretiza aquilo que foi definido e projetado nos 
documentos oficiais. 
 
Até recentemente falava-se apenas em “administração escolar” e não em 
“gestão escolar”. Na verdade, de acordo com as concepções atuais, a gestão 
engloba a administração. Vejamos, sinteticamente, o que diferencia uma da outra: 
 
O termo “administração” corresponde ao processo que compreende as 
atividades de planejamento, organização, direção, coordenação e controle. Gestão 
envolve necessariamente essas atividades, mas incorpora também a filosofia e a 
política, que vêm antes e acima da administração, ou seja, é um termo mais 
abrangente. A gestão democrática caracteriza-se, também, pela participação das 
pessoas na tomada de decisão, fortalecendo a ideia de democratização do 
processo pedagógico, por meio de uma ação coletiva e do espírito de equipe. 
 
Há algum tempo, tem-se observado uma crise na teoria da administração 
tradicional. Os teóricos apontam como motivo o fato de terem tomado consciência 
de que ninguém gosta de obedecer a ordens. Como consequência, cai por terra o 
conceito de autoridade, sobre o qual repousa a teorias da administração. 
 
Uma das principais diferenças conceituais entre os termos, diz respeito ao fato 
de, em administração, o líder ser o principal responsável pelo êxito das ações do 
grupo sob seu comando Já em gestão, sua figura tende a ser enfraquecida ou, até 
mesmo, eliminada. O destaque vai para as decisões grupais e o consenso. Pode-se 
afirmar, portanto, que “gestão” é uma expressão mais ampla do que 
“administração”, que é uma das suas formas. 
 
5.2 Diferentes modalidades de gestão da educação 
 
Gerir é conduzir os destinos de um empreendimento, levando-o a alcançar os 
seus objetivos. Isto se faz de diferentes modos, dentre os quais os mais conhecidos 
são: 
 administração; 
 cogestão; 
 autogestão. 
Em “administração” há uma preocupação com a eficiência, ou seja, como 
obter o máximo de resultados. Com o tempo foi se impondo o conceito de eficácia, 
ou seja, como alcançar os objetivos propostos com o menor dispêndio de energia. 
A diferença entre os conceitos, segundo Simon (in DIAS, 1998, p. 269) pode ser 
sucintamente explicada pela seguinte comparação: “a metralhadora é uma arma 
bastante eficiente – é capaz de disparar muitos tiros por segundo. No entanto, ela 
somente será eficaz se atingir o alvo”. 
A “cogestão” apresenta de modo mais marcante o princípio da participação, ou 
seja, permanece a figura do administrador, mas com autoridade mais limitada. As 
decisões só são consideradas legítimas quando tomadas com a colaboração dos 
demais elementos sob o seu comando. 
Na “autogestão”, observa-se a ausência de autoridade, sem que isto signifique 
ausência de ordem. As pessoas ou grupos agem com autonomia, não por 
obediência, mas por convicção. Não se conhece, ainda, uma experiência bem 
sucedida e duradoura de autogestão. Ela jamais conseguiu sair do discurso 
ideológico para firmar-se na prática. Por isso, a escola ainda precisa de um diretor, 
ou administrador escolar. 
De modo mais detalhado, pode-se afirmar que existem diferentes modalidades 
de gestão, conforme a concepção que se tenha das finalidades sociais e políticas 
da educação em relação à sociedade e à formação dos alunos, que vão desde o 
modelo mais burocrático até o mais democrático. Isto está atrelado às influências 
socioeconômicas, políticas e culturais, em cada momento histórico e em cada lugar 
no espaço. As modalidades e suas características principais são apresentadas a 
seguir: 
 Gestão baseada no modelo burocrático: o modelo burocrático de 
gestão tem suas origens nas teorias organizacionais clássicas e 
científicas, oriundas da cultura positivista, voltada para a produtividade. A 
concepção técnico-científica aí se situa, prevalecendo uma visão 
burocrática e tecnicista da escola, onde a direção é centralizada em uma 
pessoa e as decisões seguem uma hierarquia, vêm “de cima para baixo”, 
portanto, são verticalizadas. O dirigente tem o perfil definido pelos 
princípios da autoridade e competência técnica, comprometido apenas 
com a eficiência da organização, perfil este coerente com os paradigmas 
da gestão técnico-burocrática. 
 
Na escola burocrática há apenas o seguimento de uma rotina. Observa-se uma 
ausência de desafios e vitórias. O conhecimento é fragmentado tanto nas funções 
técnicas quanto nas funções docentes. Infelizmente, este processo de gestão, que 
grande parte das escolas aplica, baseia-se na concepção de educação derivada do 
paradigma racional positivista, segundo o qual a relação sujeito versus objeto é 
vista de forma fragmentada, verticalizada. Daí a postura de dominação presente 
nas relações de poder que se estabelece no interior dessas instituições. A 
verticalidade das relações se assenta no princípio da autoridade do chefe, 
propiciando a formação de indivíduos como sujeitos passivos na relação social e 
não como sujeitos ativos e participantes de seu tempo. 
 
 Gestão baseada no modelo democrático: a concepção de educação 
contemporânea exige a mudança de paradigmas e, com isso, visa a 
garantir responsabilidades nas diferentes esferas da organização, onde 
as relações de poder se deslocam da verticalidade para a 
horizontalidade, considerando os espaços de decisão como coletivos e 
acontecendo por meio do diálogo e da negociação. Os conflitos são 
mediados e nãoeliminados, pois têm a visão do todo. 
 
Para Libâneo (2008) essa concepção de organização é denominada de 
concepção sociocrítica, onde o processo de tomada de decisões dá-se 
coletivamente, com a discussão e deliberação de forma colaborativa. Para o autor, 
a abordagem sociocrítica desdobra-se em diferentes concepções de gestão: 
― Concepção autogestionária: baseia-se na responsabilidade 
coletiva, na ausência de direção centralizada e na participação de 
todos os membros da instituição nesta tarefa. Valoriza a capacidade 
do grupo de criar e instituir suas próprias normas e procedimentos; 
― Concepção interpretativa: sua característica principal é o fato de 
considerar como elemento prioritário dentro da organização os 
significados subjetivos, as intenções e as interações das pessoas; 
― Concepção democrático-participativa: defende uma forma 
coletiva de tomada de decisão e a responsabilidade de cada um na 
coordenação e avaliação das tarefas, na busca de objetivos comuns 
assumidos por todos. Valoriza os elementos internos do processo 
organizacional, pois é preciso que as decisões tomadas sejam 
colocadas em prática para garantir as melhores condições de 
viabilização do processo de ensino e aprendizagem. 
Diferentemente da concepção técnico-científica, que valoriza o poder e a 
autoridade exercidos unilateralmente, as concepções democráticas têm em comum 
uma visão de gestão que se opõe às formas de dominação e subordinação dos 
indivíduos, uma gestão que garanta a construção de relações sociais mais 
humanas e justas, bem como a valorização do trabalho coletivo e participativo. 
O processo participativo propõe e promove a garantia de participação de todos 
os agentes interessados, pois o conjunto de relacionamentos entre eles é que 
define as políticas públicas, notadamente em educação. Este processo se 
diferencia qualitativamente, pois tem características com potencial para: 
 equilibrar a balança do perde/ganha do processo; 
 equilibrar as metas econômicas com as sociais; 
 gerar resultados mais justos às partes interessadas. 
O processo participativo não somente contribui para o desenvolvimento mais 
justo da educação, mas também: 
 cumpre o conceito de democracia; 
 dá voz às partes mais afetadas pelos modelos desenvolvimentistas 
baseados unicamente na questão econômica – a população das classes 
sociais mais pobres; 
 assegura que a fundamentação das decisões leve em conta os anseios 
da maior parte da população; 
 tende a reduzir o conflito potencial entre as classes mais e menos 
privilegiadas, em razão da possibilidade de diálogos e debates. 
 
A gestão participativa é um direito de cidadania, implicando deveres e 
responsabilidades, bem como ações coordenadas e controladas. Essa nova 
concepção organizacional tem maior potencial para garantir a construção de uma 
escola cidadã, por meio de uma gestão democrática, voltada para a inclusão social, 
com clareza de propósitos, ações transparentes e processos autoavaliativos cujos 
fundamentos são a autonomia, a participação e a emancipação. Construir a 
cidadania é condição essencial para a efetivação da verdadeira democracia, 
conceitos esses indissociáveis. 
 
Neste contexto, o gestor é o coordenador com conhecimento técnico e 
percepção política, o incentivador dos processos, o mediador das vontades e 
conflitos. 
 
5.2.1 Características principais das diferentes concepções de gestão 
escolar 
 
O Quadro 3, a seguir, aponta as principais características das diferentes 
concepções de organização e gestão escolar abordadas anteriormente. 
 
CONCEPÇÕES DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR 
Técnico-científica Autogestionária Interpretativa Democrático-participativa 
 O poder está 
centralizado na 
figura do diretor, 
valoriza o poder e a 
autoridade 
exercidos 
unilateralmente. 
 
 Baseia-se na 
hierarquia de 
cargos e funções. 
 
 As decisões vêm 
de cima para baixo, 
enfatizando o poder 
de subordinação. 
 
 A organização 
escolar é uma 
realidade neutra, 
técnica e objetiva. 
 
 Pouca 
participação das 
pessoas, com 
enfraquecimento da 
autonomia e do 
 Ausência de 
direção 
centralizada. 
 
 Baseia-se na 
responsabilidad
e coletiva. 
 
 As decisões 
são coletivas 
(assembleias, 
reuniões). 
 
  Eliminação de 
todas as formas 
de exercício de 
autoridade e de 
poder. 
 
 Ênfase na 
autoorganização 
do grupo de 
pessoas da 
instituição, por 
meio de 
eleições e de 
alternância no 
exercício de 
funções. 
 
 Recusa as 
  A escola é uma 
realidade social 
subjetivamente 
construída. 
 
 Prioriza os 
significados 
subjetivos, as 
intenções e a 
interação das 
pessoas. 
 
 Privilegia menos o 
ato de organizar e 
mais a “ação 
organizadora”, com 
valores e práticas 
compartilhados. 
 
 Destaca o caráter 
humano, preterindo 
o caráter formal, 
estrutural e 
normativo. 
 A equipe escolar 
define os objetivos 
sociopolíticos e 
pedagógicos da 
escola. 
 
 Articulação das 
atividades da direção e 
da participação da 
comunidade escolar e 
local. 
 
 Valoriza os 
elementos internos do 
processo 
organizacional: 
planejamento, 
organização, direção, 
avaliação. 
 
 Relações humanas e 
participação nas 
decisões são ações 
para se atingir os 
objetivos da escola 
com êxito. 
 
envolvimento 
profissional. 
 
 Prescrição 
detalhada de 
funções e tarefas, 
acentuando a 
divisão técnica do 
trabalho escolar. 
 
 Rígido sistema de 
normas, regras, 
procedimentos 
burocráticos de 
controle das 
atividades. 
 
 Mais ênfase nas 
tarefas do que nas 
pessoas. 
normas e 
sistemas de 
controles, 
acentuando a 
responsabilidad
e coletiva. 
 
 Ênfase nas 
inter-relações, 
mais do que nas 
tarefas. 
 
 Todos dirigem e são 
dirigidos, todos 
avaliam e são 
avaliados, o que 
implica deveres e 
responsabilidades. 
 
 Ênfase tanto nas 
tarefas quanto nas 
relações. 
 
Fonte: Tabela adaptada do livro LIBÂNEO, J. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: 
Cortez, 2008, p. 327. 
Essas concepções possibilitam a análise da estrutura e da dinâmica 
organizativas de uma escola, mas raramente se apresentam de forma completa em 
situações concretas. 
 
5.3 Estrutura organizacional de uma escola no processo de 
gestão participativa 
 
 
 
Figura 7 
A escola é organizada com a finalidade de atingir objetivos, os quais orientam a 
tomada de decisões. Os objetivos da escola abrangem a aprendizagem escolar, a 
formação da cidadania e a de valores e atitudes. Conhecê-los bem é uma 
necessidade, principalmente para o diretor e os professores, além dos alunos e 
pais, afinal, esses objetivos só poderão ser alcançados se o sistema de 
organização e gestão da escola propiciar as condições para tal. 
Toda instituição escolar possui uma estrutura organizacional interna, geralmente 
prevista em legislação específica. O termo “estrutura”, aqui utilizado, tem o sentido 
de disposição de setores e funções que asseguram o seu funcionamento. Essa 
estrutura geralmente é representada por um organograma, que mostra as inter-
relações entre os vários setores e funções de uma organização, no caso, de uma 
escola. Assim, a nova concepção gera uma nova estrutura, construída 
coletivamente, no processo de gestão. Não deve apresentar mais a forma 
piramidal, que retrata a verticalidade das relações, mas sim a forma circular, 
situando as diferentes esferas de poder nas relações de horizontalidade, calcadas 
na cooperação e solidariedade. A figura a seguir apresenta um exemplo deste 
organograma circular: 
 
 ORGANOGRAMA BÁSICO DA ESCOLA 
 
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 – Organograma Básico da Escola com Gestão Participativa 
Fonte: LIBÂNEO, J.; OLIVEIRA, J.; TOSCHI, M. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São 
Paulo: Cortez, 2008, p. 340 
 
Analisando o organograma,percebe-se que ele é composto de elementos que 
compõem o funcionamento da escola como um todo organizado, um sistema, o que 
possibilita a organização geral do trabalho da escola, principalmente no que se 
refere aos processos de gestão como: a organização das atividades de apoio 
técnico-administrativo, do setor pedagógico, responsável pelo planejamento escolar 
e o projeto pedagógico curricular e a organização das atividades que venham 
Conselho de escola 
Direção, 
Assistente de Direção 
ou Coordenador de 
Turno 
 Setor técnico- 
 administrativo 
- Secretaria Escolar 
- Serviço de zeladoria, 
limpeza, vigilância 
- Multimeios (biblioteca, 
laboratório, videoteca...) 
Setor Pedagógico 
-Conselho de Classe 
- Coordenação 
Pedagógica 
-Orientação 
Educacional 
Corpo docente 
Corpo discente 
Pais e 
Comunidade 
- APM - 
assegurar a relação que se estabelece entre escola e comunidade e outras 
relações no interior da instituição. 
 
Todos os setores e funções devem estar devidamente articulados, 
fundamentalmente numa escola que se pauta pela gestão democrática 
participativa. Suas funções e características intrínsecas são as seguintes: 
 
 Conselho de Escola: é o órgão colegiado da escola, o espaço de 
participação, autonomia e tomada das decisões para o bom 
funcionamento da instituição, onde profissionais da educação, 
comunidade escolar e local participam do processo, incluindo o 
acompanhamento e a avaliação na concretização das ações. Todas as 
decisões da escola, sejam administrativas, pedagógicas ou financeiras, 
deverão passar pelo Conselho de Escola, daí sua importância. 
 
 
 
Figura 9 
 
 Direção: coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola, 
auxiliado pelos demais elementos e pelos especialistas. 
 
 
 
 
Figura 10 
 
 Setor técnico-administrativo: composto por órgãos que definem a 
infraestrutura administrativa da escola, assegurando o atendimento dos 
seus objetivos e funções (secretaria, zeladoria, biblioteca, multimeios 
etc.). 
 
 
 
Figura 11 
 
 Setor pedagógico: compreende as atividades de coordenação 
pedagógica e de orientação educacional, incluindo aí o Conselho de 
Classe. 
 
 
 
 
Figura 12 
 
 Corpo docente: conjunto dos professores em exercício na escola. 
Contribui para a razão de ser da escola, ou seja, a viabilização do 
processo ensino-aprendizagem, participando da elaboração do plano 
escolar e do projeto político-pedagógico da escola. 
 
 
 
 
 
Figura 13 
 
 Corpo discente: é composto pelos alunos matriculados na escola. É em 
função do corpo discente e da sua realidade que são definidos os 
objetivos da escola. Define a natureza do estabelecimento escolar: 
Educação Infantil, Fundamental, Ensino Médio, Escola Especial etc. 
 
 
 
Figura 14 
 
 Pais e comunidade: segmentos da comunidade escolar e local, 
fundamentais na participação da Associação de Pais e Mestres e do 
Conselho de Escola para a tomada de decisões de questões que visem a 
aprimorar a estrutura e o funcionamento da escola como um todo, 
contribuindo para a construção da cidadania numa escola pautada pela 
gestão participativa. 
 
 
 
Figura 15 
 
Ao conjunto desses elementos convencionou-se chamar de “Estrutura 
Administrativa” e somente o conhecimento dessas características e funções pode 
dar ao diretor a possibilidade de compreender melhor sua escola. 
 
A chamada “Estrutura Total” da escola é mais ampla do que a administrativa, 
compreendendo relações que derivam da existência enquanto grupo social. Se as 
escolas possuem estruturas administrativas iguais ou semelhantes, cada uma delas 
é diferente da outra, devido à sua sociabilidade própria, ou seja, à sua estrutura 
total. 
 
Pode-se afirmar, portanto, que o modelo de estrutura que retrata a organização 
e o funcionamento de uma escola está atrelado ao tipo de gestão assumido pela 
organização. A escola direcionada pelo processo de gestão democrática, onde o 
cultivo do clima organizacional positivo leva ao desafio da construção coletiva e da 
prática democrática interna, terá uma estrutura voltada para as relações de 
horizontalidade, com a apresentação de um organograma circular como foi o 
apresentado, e não piramidal, que valoriza as relações verticalizadas de poder, 
característico das instituições que promovem uma gestão burocrática. 
 
5.3.1 O papel do diretor/gestor da escola 
 
O diretor (ou gestor) da escola assume uma série de responsabilidades e deve 
cumprir vários papéis, dentre as quais se destacam: 
 
 Como autoridade escolar: o diretor é o responsável por tudo o que se 
passa na escola, personifica a instituição à qual pertence e é quem 
representa a escola em ocasiões especiais. 
 
 
 
Figura 16 
 
 Como educador: escola implica em mais do que ensino, implica em 
educação, um termo muito mais abrangente. A forma de conduzir a 
escola provoca repercussões nos alunos (por exemplo, uma escola 
ditatorial tende a gerar um aluno submisso) e o responsável pela 
definição da condução da escola é o seu diretor. 
 
 
 
 
Figura 17 
 
 Como administrador: o diretor é quem assume a liderança do grupo 
para a execução de diversas tarefas (planejamento, organização, 
coordenação de esforços, avaliação de resultados etc.). 
 
 
 
Figura 18 
DIAS (1998) apresenta, de modo didático, a importância da direção para a vida 
da escola, por meio de um relato fictício de uma situação que poderia muito bem 
ser observada em nossas escolas. Note o texto: 
 
Observemos o funcionamento de uma escola bem integrada 
em seu programa de trabalho: os funcionários são assíduos 
e cumprem de boa vontade suas obrigações, os professores 
são entusiastas e se dedicam com alma às suas tarefas 
docentes, os alunos são interessados e revelam bom 
aproveitamento escolar. Há um clima de confiança no 
trabalho realizado, há a certeza de estar desenvolvendo algo 
de bom e genuinamente útil à comunidade, há a segurança 
de reconhecimento dos resultados obtidos. Uma situação 
assim resulta, naturalmente, da conjunção de uma série de 
fatores favoráveis: apoio da comunidade, existência de um 
bom corpo docente, condições materiais favoráveis, alunos 
motivados, direção competente. É possível imaginar-se a 
existência de falhas em alguns desses fatores, sem que isto 
signifique, necessariamente, o desequilíbrio da situação: 
uma comunidade indiferente pode ser conquistada com um 
bom programa de melhoria do relacionamento escola X 
comunidade; um professor mal adaptado pode ser ajudado a 
aperfeiçoar seu padrão de desempenho; as deficiências 
materiais podem ser diminuídas ou eliminadas mediante 
campanhas e atividades comunitárias. O que, porém, 
dificilmente pode ser corrigido é o mau efeito de uma 
direção inadequada. Quando o diretor é dedicado e capaz, 
ele encontra sempre os meios para remediar as eventuais 
deficiências da sua escola. Quando, porém, ele não se 
mostra à altura de suas delicadas atribuições, de pouco 
valerá a existência de outros fatores favoráveis. 
 
A boa direção integra-se tão completamente na atividade 
da escola que quase não é percebida isoladamente. 
Muitas vezes as pessoas que convivem com um diretor 
competente admiram-no como pessoa, louvam suas 
contínuas demonstrações de discernimento, reconhecem 
com agrado seus traços positivos de personalidade; mas 
quanto ao seu trabalho em si, podem não ter uma percepção 
clara do que seja. Pode parecer-lhes que a principal função 
do diretor é comandar, isto é, fazer com que os outros 
trabalhem, enquanto ele mesmo se limita a observar. Pode 
parecer-lhes até que a direção é supérflua, pois 
aparentemente o diretor nada tem a fazer numa escola em 
que todos cumprem suas obrigações. Porém, coloque-se em 
seu lugar uma pessoa incompetente. Em pouco tempo as 
dificuldades serão tais que se desmantelará fatalmente a 
estrutura cuidadosamente montada dia-a-dia pelo diretor 
diligente.

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