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Útero – DIP, Endometrite e Endometriose Visão geral • Parte interna do sistema reprodutor feminino: ovários (gônadas), tubas uterinas e útero • Vagina íntimo contato com o colo do útero e a região do óstio tenta impedir a passagem de microrganismo Abortamento • Abortamento: aborto que acontece naturalmente no corpo da mulher • Aborto é a interrupção da gestação antes do início do período perinatal, definido pela OMS (CIE 10) a partir de 22 semanas completas (154 dias) de gestação, quando o peso ao nascer é normalmente de 500 g Tipos de abortamento: • Ameaça de aborto (sangramento com possibilidade de aborto) • Aborto espontâneo é o término da gestação que ocorre naturalmente antes da 20ª semana de gestação. • Aborto habitual é a expulsão espontânea de um embrião ou feto morto ou não viável em três ou mais gestações consecutivas. • Aborto induzido é um nascimento que é induzido medicamente antes de 20 semanas (isto é, antes do feto ser viável). • Aborto completo é aquele em que todas as estruturas da concepção (embrião e membranas) são expelidas do útero. • Aborto retido ocorre quando um concepto permanece no útero depois da morte do embrião ou feto Causas fetais e maternas de aborto espontâneo: • Anomalias cromossômicas fetais como aneuploidia, poliploidia e translocações estão presentes em aproximadamente 50% dos abortos precoces • Fatores endócrinos maternos incluem defeito da fase lútea, diabetes inadequadamente controlado e outros distúrbios endócrinos não corrigidos • Defeitos físicos do útero, como leiomiomas submucosos, pólipos uterinos ou malformações uterinas, podem impedir ou interromper a implantação. • Distúrbios sistêmicos que afetem a vasculatura materna, como a síndrome do anticorpo antifosfolipídico, coagulopatias e hipertensão. • Infecções por protozoários (Toxoplasma), bactérias (Mycoplasma, Listeria) ou muitos vírus. Anomalias Cromossômicas: • Causas mais comuns: 50 a 80% dos abortamentos • Aneuploidia: causa mais frequente. (Trissomias do 22, 21, 15, 13, 2 e 14) • Mais comum em mulheres de idade avançada • Mais de 60% dos zigotos em clivagem no dia 2 → anormais. 3 semanas de idade defeituosos → aborto espontâneo Frequência aberrações cromossômicas → mínimo 50% Desordens Anatômica: • Incompetência istmocervical • Miomas • Malformações uterinas: útero unicorno, bicorno, didelfo ou septado • Sinéquias uterinas: (Sd de Asherman) • Distopias uterinas • Leiomiomas submucosos • Pólipos uterinos Fecundação: ocorre na ampola da tuba uterina, onde teremos o encontro do espermatozoide e do ovócito • O ovócito é “varrido para a tuba” por meio das fimbrias da região da tuba uterina Gravidez Ectópica • Clivagem (formação do zigoto) e implantação do zigoto fora do útero. • Gravidez ectópica pode ser: o Gravidez tubaria: A, B, C, D e E o Gravidez abdominal: G o Ovárica: H Incidência: • 1/200 gestações • 90% tuba uterina • 4 a 10% das mortes relacionadas a gestação. Fatores de risco: • Doença Inflamatória Pélvica • Aderências peritubárias - Apendicite e Endometriose • Cirurgia anterior • DIU Clínica: • Dor abdominal moderada a grave • HCG+: primeiro exame a ser pedido • Dor lombar • Cólica em um dos lados da pelve • Sangramento vaginal • Dor e distensão tubária → abdome agudo → em caso de rompimento pode levar a uma hemorragia → choque hemorrágico Doença inflamatória pélvica (DIP) • Inflamações que acomete o sistema reprodutor feminino superior: útero, tubas uterinas e ovários (nos casos mais graves pode atingir peritônio) • Normalmente se desenvolve de uma infecção bacteriana, causando uma inflamação pélvica Histologia das tubas Uterinas • Como os ovócitos são imóveis precisa das fimbrias, contração e principalmente os cílios para serem levados • Epitélio alto colunar simples – muito sensível a agressão que leva ao comprometimento dos cílios • Epitélio importante para captação espermática • Cílios também auxiliam a levar o zigoto (que vai crivando) até o útero - movimentação do embrião • Epitélio precisa estar intacto para cumprir suas funções • Mucosa = epitélio mais lâmina própria • Mucosa são várias pregas com muitos cílios • Camada muscular lisa envolve todo o órgão promovendo a contração – camada muscular com músculos longitudinais e circulares • Camada serosa Histologia do útero • Formato de pera invertida • Endométrio: camada mais interna, dividimos em: a. Camada basal: mais interna, não se altera e possui várias glândulas b. Camada funcional: mais externa, fica grande próximo a menstruação e pequena após a menstruação, então a fase proliferativa temos glândulas mais retilíneas e a secretora são tortuosas • Miométrio: camada muscular larga • Perímetro: camada serosa (conjuntivo) que envolve externamente Canal endocervical • Vagina e útero ficam muito próximos • Esse canal possuem uma secreção mucosa como forma de defesa, barreira eficaz contra a entrada de a gentes infecciosos • As bactérias da região vaginal chegam até o canal e encontra o muco, porém o processo de inflamatório (alguma vaginose), pode fazer com que esse muco mude • Mudanças no ciclo menstrual pode deixar o muco mais fino, propiciando que as bactérias entrem no canal endocervical • Mudança da flora vaginal, altera o pH deixando o muco também mais líquido e algumas bactérias anaeróbica se proliferam degradando o muco deixando o líquido DIP: bactérias que passaram da parte externa para a interna atingindo o útero, tubas uterinas ou ovários Etiologia da DIP • Exógenos: Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis • Endógenos: infecções polimicrobianas - estafilococos, estreptococos, coliformes e pelo Clostridium perfringens Complicações da DIP • Aguda: Peritonite, Bacteremia, Endocardite, Meningite e Artrite supurativa • Crônica: infertilidade e Obstrução Tubária, Gravidez ectópica, Dor pélvica e obstrução intestinal (aderência) Clínica/ Sintomas da DIP • Dor à pressão, dor na descompressão súbita, defesa muscular e localização das dores. • Secreção purulenta do colo do útero. • Dor à mobilização do colo do útero, região anexial dolorosa ou abaulada • Dispareunia • Sangramento intermenstrual • Febre >38oC Síndrome de Fitz-Hugh–Curtis: inflamação do trato reprodutor vaza para fora acometendo o peritônio, indo direto para a capsula de glisson que fica ao redor do fígado, nosso corpo tenta reparar formando cordas de tecido cicatricial chamando de cordas de violino (fígado fica grudado ao peritônio) Nomes de acordo com a região atingida pela DIP • Salpingite: tuba uterina • Oofarite: ovários • Salpingoofarite: tuba uterina + ovário • Endometrite: endométrio Salpingites • Inflamação da tuba uterina • Nome vem de um instrumento chamado salpinge, que lembrava as tubas • Tuba uterina: epitélio colunar ciliado com uma camada muscular grande e externamente a serosa cheia de vasos sanguíneos Fisiopatologia: infecção que já passou o muco em direção ao ovário, porém ela desencadeia uma resposta de defesa enviando neutrófilos, células plasmática, linfócitos, leucócitos e todas as células de defesa, porém ao tentar se defender da infecção essas células danificam o epitélio tubário que é extremamente fino, deixando os tubos cheios de infiltrados inflamatórios Consequências: essa alteração de epitélio pode impedir a chegada do espermatozoide até o ovulo, ou até mesmo o zigoto de “rolar” até o local adequado para sua implantação • Pode causar infertilidade e a longo prazo devido ao dano do epitélio o corpo faz o processo de cura e reparo e como consequência essas áreas acometidas começam aderir uma àoutra • A prevenção é a primeira forma para evitar todas essas consequências Obs: a principal bactéria que causa esse quadro é a Chlamydia trachomatis, pois não geram sintomas e as mulheres não sabem que possui essa patologia A. luz dilatada e as pregas tubárias edematosas, expandidas pelos infiltrado de células inflamatórias. O pus preenche o centro da tuba uterina a. Edema da mucosa com distorção da arquitetura, com abundante exsudato inflamatório no estroma e extensão à parede. b. Infiltrado, rico em neutrófilos e macrófagos, com agressão e erosão do epitélio, além de exsudação para a luz da tuba Obs: essa Salpingite pode gerar a gravidez ectópica tubária devido ao processo de cicatrização, então o zigoto se desenvolve e cliva na região da tuba, pois não consegue rolar até o útero. Endometrites • Inflamação do endométrio, causas semelhantes a Salpingite (infecção por bactérias que saem do externo para o interno) • Endométrio tem uma mucosa diferenciada com duas camadas: basal (fixa- responsável pela sinalização da camada funcional) e a funcional que dependendo da fase do ciclo está mais espessa ou menos Endometrite Aguda • Inflamação aguda do endométrio provocada por infecções bacterianas • Casos raros, que ocorrem com mais frequência no pós-parto ou abortos • Pós-parto: ao realizar o parto vaginal, como o tampão mucoso se desprende as bactérias daquela flora consegue chegar facilmente ao útero, pois o colón também fica alargado – na cesariana também ocorre acrescido do risco de outras infecções pela exposição • Abortamento: alguns resquícios de placenta podem ficar grudado no útero levando a uma infecção e inflamação • Fatores Predisponentes: restos ovulares retidos • Sintomas: corrimento vaginal fica anormal com odor fétido e purulento (amarelado) Agentes Etiológicos Usuais: • Diferente da Salpingite as bactérias mais comuns fazem parte da nossa flora vaginal – as clamídia pode causar raramente • Streptococos hemolíticos do grupo A • Estafiolococos Síndrome de Asherman ou síndrome da aderência intrauterina: quando a bactéria da tuberculose, se espalha dos pulmões para o sangue chegando até o útero causando danos ao epitélio (desenvolvendo a endometrite), principalmente na camada funcional que pode ser destruída chegando até a camada basal e o endométrio para de desenvolver a camada funcional e cronicamente a camada basal sofre fibrose levando a um tecido colágeno que formam bandas unindo partes do útero, tornando-o colabado Endometrite Crônica • Inflamação crônica do endométrio • Presença de plasmócitos no estroma, que não são vistos no endométrio normal Clínica: • Sangramento Anormal • Dor pélvica • Corrimento de odor fétido • Infertilidade • Sintomas são menos frequentes que na crônica Fatores Predisponentes: • Doença Inflamatória Pélvica • Tecido Gestacional Retido • Dispositivo Intra-Uterino: pode ocorrer de levar o que está embaixo para cima (útero) – não é normal, mas pode ocorrer • Infiltrado já tomou conta das glândulas da parte funcional e a camada basal já está comprometida também Diagnostico da endometrite: é preciso fazer uma biopsia do endométrio, e temos alguns parâmetros que ajudam: • Normal: encontramos linfócitos • Endometrite aguda: encontramos muitos neutrófilos • Endometrite crônica: encontramos muitos plasmacitos ( e neutrófilos) • Tuberculose: síndrome de asherman encontramos granulomas - chamada de endometrite granulomatosa crônica Endometriose • Conceito: células do endométrio migram para outras regiões formando uma massa - tecido endometrial ectópico • Características: Formação de glândulas ou presença de estroma Locais mais Frequentes: • Ovário • Ligamentos Uterinos • Septo Retovaginal • Fundo de Saco • Peritônio Pélvico • Intestino grosso, delgado e apêndice • Mucosa do colo uterino, vagina e tubas • Cicatrizes de Laparotomia Teorias: 1. Regurgitante: fluxo retrógrado do endométrio menstrual – durante a menstruação algumas células endometriais transportam-se com o sangue e flui para as tubas uterinas e outras regiões o Explica a localização anatômica na grande maioria dos casos o Não explica: mulheres com amenorréia (não menstruam), em homens e em locais distantes como pulmão, cérebro e ossos. 2. Metástases benignas: distribuição através de vasos sanguíneos e linfáticos – as células endometriais saem do endométrio e podem chegar a locais distante através de vasos linfático e a corrente sanguínea 3. Metaplásica: diferenciação do epitélio celômico e restos mesonéfricos – temos um epitélios com a mesma origem embrionário que o endométrio, ou seja, temos células troncos intrauterinas foras dessa região, como o peritônio pode sofrer uma metaplasia e se tornar um tecido endometrial 4. Células Tronco: células tronco da medula poderiam se diferenciar em células endometriais – células tronco intrauterinas informam as células tronco da medula óssea levando a diferenciação Fatores de risco: histórico familiar, nunca ter engravidado, menarca precoce, menopausa tardia Obs: muitas mulheres fazem uso de hormônios (anticoncepcional) para endometriose, pois as células endometriais da camada funcional são ativadas pelos hormônios devido as receptores de estrogênio, então as células em outras regiões da endometriose durante o ciclo menstrual começam a sofrer proliferação igual as do útero, tem sua camada basal e funcional, mas possuem algumas diferencias comparadas ao endométrio normal Patogenia: • Focos de endometriose possuem diferenças em comparação ao endométrio normal: 1. Alta atividade de aromatase: essa enzima (aromatase) converte-se no próprio estrogênio, ou seja, essas células têm capacidade de fazer seu próprio estrogênio que aumenta a sua sobrevida e a persistência do tecido endometriótico grudado. 2. Liberação de fatores pró-inflamatórios: com a liberação de PGE2, IL-1beta, TNF alfa, IL-6 e 8, MMPs causamos uma inflamação que pode levar a alteração do tecido que ao longo do tempo (cronicamente) devido ao processo de cura e reparo teremos a formação de cicatrizes → fibrose → aderência Sintomas: dor pélvica e sangramento intenso Adenomiose • Conceito: Presença de endométrio no interior da parede uterina (miométrio) – o endométrio se invagina para o miométrio • 20% dos úteros • Causa desconhecida Clínica: • Menstruações irregulares e intensas • Dismenorreia em cólica • Dispareunia e dor pélvica, particularmente durante o período pré-menstrual. Bogliolo Patologia: capítulo 18 – Sistema genital feminino Patologia básica: capítulo 18 – Sistema Genital Feminino e Mama Robbins & Cotran: capítulo 22 – O trato genital feminino
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