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Modulo de Ciencia Politica

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Prévia do material em texto

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 1º Ano 
DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA 
Código: ISCED11 – CPOLCFE003 
Total Horas/1o Semestre: 125 
Créditos (SNATCA): 5 
 
Número de Temas: 17 
 
 
 
 
I 
 
 
 
 
 
 
NSTITUTO SUPER 
 
 
 
 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), 
e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou 
total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto 
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos 
judiciais em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Coordenação do Programa de Licenciaturas 
Rua Dr. Lacerda de Almeida. No 211, Ponta - Gea 
Beira - Moçambique 
Telefone: 23323501 
Cel: +258 823055839 
Fax: 23323501 
E-mail: direcção@isced.ac.mz 
Website: www.isced.ac.mz 
 
Agradecimentos 
 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual 
agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste 
manual: 
 
Pela coordenação 
 
Direcção Acadêmica do ISCED 
 
Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED 
Financiamento e logística 
 
Instituto Africano de Promoção da Educação 
à Distância (IAPED) 
 
Pela revisão final Dr. Emílio Jovando Zeca 
 
 
 
 
 
Elaborado por: 
Dr. José Bernardo José Rafael – Licenciado em Relações Internacionais e Diplomacia
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
i 
 
Índice 
Visão geral 1 
Bem vindo ao Módulo de Ciência Política ........................................................................ 1 
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 
Ícones de actividade ......................................................................................................... 4 
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8 
Avaliação ........................................................................................................................... 8 
TEMA – I: INTRODUÇÃO: CONSIDERAÇÕES GERAIS 11 
UNIDADE Temática 1.1. ABORDAGEM CONCEPTUAL SOBRE A POLÍTICA E CIÊNCIA 
POLÍTICA: Introdução ...................................................................................................... 11 
Introdução ....................................................................................................................... 11 
Sumário ........................................................................................................................... 17 
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 19 
Respostas ........................................................................................................................ 19 
Exercícios ........................................................................................................................ 19 
TEMA – II: PRINCIPAIS TEORÍCOS DA CIÊNCIA POLÍTICA 20 
UNIDADE Temática 2.1. TEORÍCOS CLÁSSICOS DA CIÊNCIA POLÍTICA ........................... 20 
Introdução ....................................................................................................................... 20 
Sumário ........................................................................................................................... 42 
Exercícios Auto Avaliação ............................................................................................... 43 
Respostas ........................................................................................................................ 44 
Exercícios ........................................................................................................................ 44 
TEMA – III: A SOCIEDADE E O ESTADO 45 
UNIDADE Temática 3.1. Sociedade e Estado .................................................................. 45 
Introdução ............................................................................................................. 45 
Sumário ........................................................................................................................... 62 
Exercícios de Auto Avaliação .......................................................................................... 62 
Respostas ........................................................................................................................ 62 
Exercícios ........................................................................................................................ 63 
TEMA – IV: O PODER DO ESTADO 64 
UNIDADE Temática 4.1. O PODER O ESTADO: INTRODUÇÃO ........................................ 64 
Introdução ............................................................................................................. 64 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
ii 
 
Sumário ........................................................................................................................... 71 
Exercícios de Auto Avaliação .......................................................................................... 71 
Respostas ........................................................................................................................ 72 
Exercícios ........................................................................................................................ 72 
TEMA – V: LEGALIDADE E LEGITIMIDADE DO PODER 73 
UNIDADE Temática 5.1. Legalidade e Legitimidade: Introdução. .................................. 73 
Introdução ............................................................................................................. 73 
Sumário ........................................................................................................................... 79 
Exercícios de Auto Avaliação .......................................................................................... 79 
Respostas ........................................................................................................................ 80 
Exercícios ........................................................................................................................ 80 
TEMA – VI: AS FORMAS DE GOVERNO E DE ESTADO 80 
UNIDADE Temática 6.1. AS FORMAS DE GOVERNO E DE ESTADO: INTRODUÇÃO ........ 81 
Introdução ............................................................................................................. 81 
Sumário ........................................................................................................................... 89 
Exercícios de Auto Avaliação.......................................................................................... 89 
Respostas ........................................................................................................................ 89 
Exercícios ........................................................................................................................ 90 
TEMA – VII: OS SISTEMAS ELEITORAIS 91 
UNIDADE Temática 7.1. OS SISTEMAS ELEITORAIS: INTRODUÇÃO ................................ 91 
Introdução ....................................................................................................................... 91 
Sumário ......................................................................................................................... 100 
Exercícios de Auto Avaliação ........................................................................................ 100 
Respostas ...................................................................................................................... 101 
Exercícios ...................................................................................................................... 101 
TEMA – VIII: A DEMOCRACIA E A PARTICIPAÇÃO POPULAR 102 
UNIDADE Temática 8.1. A DEMOCRACAI E A PARTICAPAÇÃO POPULAR: Introdução. 102 
Introdução ..................................................................................................................... 102 
Sumário ......................................................................................................................... 117 
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 119 
Respostas ...................................................................................................................... 119 
Exercícios ...................................................................................................................... 120 
Preparação para Exame ................................................................................................ 121 
Bibliografias .................................................................................................................. 122 
 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
1 
 
Visão geral 
Bem vindo ao Módulo de Ciência Política 
Objectivos do Módulo 
Ao terminar o estudo deste módulo de Ciência Política deverás ser 
capaz de analisar os elementos que compõem o pensamento 
político identificando a aplicabilidade da disciplina na sua 
formação. Traçando um perfil histórico dos principais factos, 
autores e temas. As ciências sociais visam estimular o senso crítico 
e ampliar as ferramentas de análise social do educando. 
 
 
Objectivos 
Específicos 
 Conhecer as principais correntes ideológicas do 
pensamento político; 
 Entender a dinâmica das relações de poder inerentes à 
organização social; 
 Apreender a traçar um olhar crítico sobre a história; 
 Conhecer os principais pensadores do Pensamento 
Político; 
 Compreender o papel das instituições e do Estado; 
 Propiciar a reflexão, teórico e crítica para a intervenção 
nas expressões da questão social. 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do curso de 
licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais do ISCED 
e outros como, Administração, etc. Poderá ocorrer, contudo, que 
haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus 
conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
2 
 
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o 
manual. 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Ciência Política, para estudantes do 1º ano do 
curso de licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais, 
à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se 
segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta 
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como 
componente de habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por 
um sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade 
temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de 
auto-avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os 
exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades 
práticas algumas incluído estudo de casos. 
 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
3 
 
Outros recursos 
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si, 
num cantinho, mesmo o recôndito deste nosso vasto Moçambique 
e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, 
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu 
módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza nas 
bibliotecas física e virtual do seu centro de recursos mais material 
de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou 
módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou 
electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma 
digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus 
estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos 
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: 
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de 
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de 
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame 
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os 
exercícios de avaliação é uma grande vantagem. 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
4 
 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico-
pedagógica, etc sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações, o próximo módulo 
venha a ser melhorado. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes icones servem para identificar 
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar 
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, 
uma mudança de actividade, etc. 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando 
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos 
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos 
estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
5 
 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e 
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagemconfere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou 
as de estudo de caso se existir. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando, estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de 
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: 
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo 
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da 
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num 
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em 
cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido 
estudado durante um determinado período de tempo; Deve 
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao 
seguinte quando achar que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler 
e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos 
conteúdos de cada tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso 
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que 
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos 
das actividades obrigatórias. 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
6 
 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado 
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, 
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência 
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai 
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente 
incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões 
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, 
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área 
em que está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar; 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
7 
 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis 
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas 
trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de 
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), 
via telefone, sms, e-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta 
participando a preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, 
estudante – CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff 
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza 
pedagógica e/ou administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida 
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem 
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se 
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver 
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos 
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade 
temática, no módulo. 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
8 
 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um 
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
Avaliação 
Muitos perguntam: como é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja 
uma avaliação mais fiável e consistente. 
 
1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
9 
 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de 
avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da 
cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas,o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
11 
 
TEMA – I: INTRODUÇÃO: CONSIDERAÇÕES GERAIS 
UNIDADE Temática 1.1. Abordagem Conceitual sobre a Política e a 
Ciência Política 
UNIDADE Temática 1.1.1. Política e a Academia 
UNIDADE Temática 1.2. EXERCÍCIOS 
 
UNIDADE Temática 1.1. ABORDAGEM CONCEPTUAL SOBRE A POLÍTICA E 
CIÊNCIA POLÍTICA: Introdução 
 
Introdução 
O interesse da unidade que segue é apresentar a Política enquanto 
uma ciência de cunho social. A política em seu sentido científico, 
académico, que se inter-relaciona com diversas áreas do saber: o 
direito, a filosofia, etc. Mantendo um objecto de análise específico 
acerca do qual só ela se debruça. 
 
O Estado é o objecto peculiar pelo qual nasce esta ciência com 
métodos, conceitos e perspectivas de análise que enriquecem o 
cenário contemporâneo. Fazendo-se preocupada com as relações de 
poder e com a condução do Estado, teorizando acerca deste e 
apresentando algumas consequências para o sistema de governo. A 
ciência política estuda as formas de governo e sua adequação às 
expectativas populares, às formas de soberania e às suas 
possibilidades dentro do regime democrático. 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de compreender o 
carácter da representatividade com o qual somos contemplados pela 
política partidária e pelos políticos eleitos. E assim, através das 
directrizes de estudo dessa área de conhecimento, acentuamos esse 
espelho que nos conforta e enriquece nas possibilidades abertas pela 
trama da estrutura social. 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1.1. Política e a Academia 
 
O nascimento da Ciência Política é associado a duas outras ciências: a 
sociologia e a antropologia. As três caracterizam as Ciências Sociais em 
vista de abranger tanto a integralidade do fenómeno social, quanto 
pelas especificidades que acompanham cada sector desse 
conhecimento que busca atender às microestruturas e suas 
especificidades. 
 
A Ciência Política detém-se no estudo de fenómenos sociais como 
organizações, processos políticos e nos sistemas que são gerados 
dentro das relações de poder. Estes fenómenos caracterizam o que 
geralmente chamamos de Política. 
 
Dois elementos são destacados para assentar as bases da sua 
pesquisa, o Estado e o poder. Cientistas políticos se dividem em 
considerações e análises para fundamentar suas posturas a partir de 
um ponto de origem, desdobrando diversas reflexões. Mas toda e 
qualquer instituição pode ser objecto de análise desta ciência. 
 
 
Objectivos 
 
 
 Definir o conceito de Ciência Política; 
 Definir o conceito de Política; 
 Entender a Política como ciência; 
 Identificar o objecto de estudo da Ciência Política; 
 Aplicar os conhecimentos da Ciência Política e explicar 
a sua finalidade; 
 Entender e aplicar os princípios da Ciência Política. 
 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
13 
 
Enquanto uma ciência social, a política visa uma intervenção directa na 
realidade. Possui um carácter prático que a acompanha e que conduz 
o pesquisador a desdobrar-se em meio a metodologias variadas, muito 
estudo de caso, diversas formas de pesquisa participante. O processo 
político e suas implicações tornam-se ponto de questionamento e 
análise. Mas a complexidade vai estar em presenciar e ao mesmo 
tempo descrever tais factos e acontecimentos. 
 
O envolvimento e o público pelo desfecho faz com que o cientista 
político se avalie sempre, em vista das consequências que sua análise 
possa apontar. Pois suas teorias são a base para reflexão e articulação 
de outros sectores ou profissionais que não lidam com esse fenómeno 
de forma directa. A preferência de percepção gera obstáculos que nos 
remete às possibilidades de neutralização que um cientista possui em 
relação ao seu objecto, podendo, assim, validar suas conclusões e 
afastar-se das concepções pré-concebidas. Daí a importância de uma 
metodologia bem estabelecida e dos processos interpretativos 
voltados para a realidade dos discursos. 
 
Segundo Bonavides (2010: 38), a Ciência Política possui algumas 
dificuldades terminológicas que precisam ser visualizadas para 
construirmos mais certezas em torno da sua constituição e aplicação. 
Destas dificuldades destacam-se: 
 O carácter móvel e variável do vocabulário político; 
 As variações semânticas dos termos de que se serve o cientista 
social de um país para outro; 
 Os casos distintos, por exemplo, os vários sentidos de 
democracia, que gera um caos aos esforços de fixação 
conceitual. 
 
 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
14 
 
Parece que lhe falta uma nomenclatura que permita às pessoas de um 
modo geral inteirar-se, mesmo com dificuldades, em relação a certas 
definições conceituais inerentes, como quando se fala de governo, 
nação, liberdade, democracia, que não se fixam numa única 
terminologia. Facto que agrava uma compreensão mais usual para que 
as questões não recaiam apenas no meio académico. 
 
Bonavides (2010: 26-27) faz uma abordagem histórica encontrando 
em diferentes autores directrizes variadas para compreendermos o 
que é ciência. Traçando um percurso de definições significativas que 
vão de Aristóteles a Comte, ou seja, definições que se sucederam 
desde o séc. III a.C até o séc. XIX, com o positivismo. 
 
Assim, os autores e suas definições são esboçados do seguinte modo: 
 Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C) considera ciência a análise que 
detinha os princípios e as causas por objecto. 
 Santo Tomás de Aquino (1225 – 1274) definiu-a como a 
assimilação da mente direccionada ao conhecimento do 
mundo. 
 Wolff (1679 - 1754) compreendeu como aquilo que se liga a 
princípios certos e imutáveis, apresentado pelo hábito de 
demonstrar afirmativas e inferências. 
 Kant (1724 – 1804) diz que a ciência é tudo que possa ser 
objecto de certeza apotídica2, ou seja, necessário e 
demonstrável. Age sistematizando conhecimentos a partir de 
princípios. 
 Littré (1801 – 1881) a ciência é a generalização da experiência, 
e a filosofia, a generalização da ciência. Separando a ciência da 
filosofia, a segunda é caracterizada como conhecimento 
 
2 Kant emprega-a no sentido dos juízos que estão acima de qualquer contradição, que são 
necessariamente verdadeiros. 
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15 
 
unificado dos fenómenos que servem de objecto a toda 
actividade cognoscitiva. 
 Spencer (1820 – 1903) recorre à simplicidade. Segundo ele, há 
três variantes do conhecimento: empírico – não unificado; 
científico – parcialmente unificado; e filosófico – totalmente 
unificado. 
 Comte (1798 – 1857) as ciências podem ser abstractas e 
concretas, Estas últimas consideradas como ciências 
fundamentais. 
 
Através da análise das políticas a Ciência Política apresenta teses que 
são caracterizadas como positivas, quando se detém no exercício de 
análise e normativas, quando alça previsões acerca de situações 
determinadas. Medir o grau de sucesso de um governo, das políticas 
implementadas, o grau de estabilidade, elementos como justiça, bem-
estar social, paz, entre outros. São tarefas que requisitam ferramentas 
metodológicas e pesquisas bem incisivas sobre a realidade estudada. A 
pesquisa, dentro desta área pode ser desdobrada pelas seguintes 
perspectivas: 
 Pela via teórica da política, enquanto opção de pesquisa de 
uma dada realidade, configurando-se através da identificação 
de certos fenómenos que são explicados em função dos 
elementos teóricos que norteiam a percepção do pesquisador. 
 Pela pesquisa descritiva, de carácter apenas empírico tomando 
o fenómeno da política através dos acontecimentos, 
consequentemente procede de maneirabem mais detida a 
colecta de dados, assumindo-a como o seu ponto mais forte 
para aproximar-se o máximo possível da realidade. 
 Pela pesquisa comparada, que possui como elemento positivo 
a delimitação necessária para o procedimento de análises 
comparativas. Sobressaem os elementos e as realidades sócio-
históricas são mediadas para 
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16 
 
que os dados empíricos sejam verdadeiramente 
compreendidos dentro das suas possibilidades, entrevistas no 
próprio sistema. Identificam-se elementos generalizáveis e os 
singulares. 
 
Bonavides (2001: 40-45) nos convida a compreender essa ciência por 
prismas diferenciados, para entendermos, para sua origem e sua 
abrangência. Identificando sentidos multidisciplinares que a envolvem. 
 
Sob o prisma filosófico: o seu estudo detém-se nos acontecimentos, 
instituições e ideias. Tanto em sentido teórico como em sentido 
prático. Abrangendo períodos históricos distintos, pois sua 
investigação não se restringe apenas a um tempo específico. Partindo 
de conceitos polémicos no que diz respeito ao método e à extensão de 
seus limites. A filosofia quando lança seu olhar sobre a Ciência Política 
traz a discussão de suas proposições, das afirmativas que lhe garantem 
um fundamento epistemológico. Polemiza sua origem, sua essência. 
Diversos filósofos se destacam na reflexão acerca da política desde os 
gregos antigos até os pensadores do século XVII, os filósofos da 
política que criaram as bases para o surgimento da ciência. 
 
Sob o prisma sociológico: dois autores são destacados pela iniciativa 
de sua análise, Max Weber (1864 – 1920) e Vierkandt (1867 – 1953). O 
primeiro, Max Weber, por iniciar estudos referentes à política 
científica, destacando a racionalização do poder e a legitimação das 
bases sociais. Identificando as nossas relações com os aparelhos 
burocráticos do Estado. Além do que, Weber descreve o interior dos 
partidos e sua organização, suas técnicas de combate e liderança, 
entre outros procedimentos. As formas de autoridade e a 
administração pública, que gozam de grande privilégio na literatura 
sociológica. O segundo, Vierkandt, expõe o carácter clássico do Estado 
e da sociedade, as lutas pelo poder na sociedade moderna. Explicita os 
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17 
 
parâmetros nos quais se baseiam os partidos como representação de 
interesses, e os movimentos reformistas característicos do século XX. 
 
Sob o prisma jurídico: destaca-se Kelsen pelos estudos que realiza 
acerca da teoria do Estado. Este autor desenvolve uma tendência 
exclusivamente jurídica para o fenómeno da política. Para ele, o 
Estado se traduz como organização do poder e por isso o seu estudo 
deve se desfazer de toda a subjectividade. Reflecte sobre o Território e 
a população pelos elementos materiais que os compõe. Convertendo a 
problemática para o âmbito espacial e o âmbito pessoal de validade 
do ordenamento jurídico. Através da sua teoria, o normativismo 
jurídico e o escalonamento das leis dentro do sistema tornam-se o 
foco principal para o estabelecimento das relações de poder. 
 
Na actualidade uma das tendências que mais tem reflectido entre os 
teóricos da Ciência Política tem sido a perspectiva tridimensional. 
Nela está presente o interesse em construir uma visão unificada 
destes elementos que no decorrer da história pareciam não se ajustar 
nas suas tendências epistemológicas. Assim, em lugar de se falar de 
filosofia política ou sociologia política busca-se manter como 
parâmetro a teoria social jurídica e a teoria filosófica dos factos, das 
instituições e das ideias. Expostas numa ordem enciclopédica. 
Mantendo-se a possibilidade de uma mesma que tão mantenha 
enfoques distintos que não se anulam pela força do outro. 
Sumário 
No decorrer das nossas leituras conseguimos estabelecer algumas 
crenças acerca do problema da política. Identificamos que para falar 
desse assunto precisamos ampliar nossa percepção identificando que 
este fenómeno social representa algo muito maior que a participação 
neste ou naquele partido. O interesse comum revela sempre a política. 
Neste sentido, ela está ligada às coisas 
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18 
 
mais quotidianas. A origem da ideia de política remonta aos gregos da 
antiguidade. É algo que aponta para a nossa condição de cidadãos, de 
participantes da cidade. Aqueles que geralmente não se interessam 
pela política, pensando que sua manifestação única é a institucional, 
esquecem-se que já estão desde o princípio previstos e formam um 
grupo selectivo aos olhos dos “políticos profissionais”. Quem pensa 
que política não lhe diz respeito aliena-se diante das suas 
possibilidades. A política é um exercício de sociabilização. Leva-nos a 
assumir papéis e valores que nos distinguem. Através da política 
compomos os movimentos sociais que representam a principal 
reacção ao tipo de mudança social provocada pela industrialização. 
Desse modo, os movimentos elegem seus interesses e propõem 
mudanças para a sociedade. No século XX temos uma multiplicação 
dos movimentos sociais que eclodem por todo o mundo. 
 
A descentralização é elemento primordial para construção de novas 
políticas. Por mais que se trate da política no seu sentido vulgar, 
sabemos que diversas pessoas se fascinam com a política em vista de 
ela oferecer oportunidades de controlo e manipulação. Por ela 
oferecer a condição de singularidade para o líder. O poder político é 
fonte de assédio e disputa. O facto de agir sobre os interesses comuns 
faz com que a acção política expresse um poder muito peculiar que se 
desdobra de diversos modos. Diríamos até que, em certos momentos, 
a política torna-se sinónimo de poder. Este promove a coesão do 
grupo, reforçando os laços de solidariedade necessários à manutenção 
de uma organização social. Duas formas de poder se destacam: o 
poder de fato, que diz respeito à força e o poder de direito, que diz 
respeito à competência. Também o poder aponta para dois princípios 
fundamentais: o da legalidade que revela o aspecto formal e o vínculo 
que o poder possui com as leis, e o da legitimidade. 
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19 
 
Exercícios de Auto-Avaliação 
1. Defina Conceito de Ciência Política. 
2. Defina o Conceito de Política. 
3. Apresente as dificuldades terminológicas da Ciência Política. 
4. Qual a finalidade da Politica enquanto Ciência Social. 
5. Descreva o objecto de estudo de Ciência Política. 
6. Apresente as teses positivas e normativas da ciência política. 
Respostas 
1. Resposta de Exercício 1, página 12 
2. Resposta de Exercício 2, página 12 
3. Resposta de Exercício 3, página 15 
4. Resposta de Exercício 4, página 13 
5. Resposta de Exercício 5, página 12 
6. Resposta de Exercício 6, página 15 
Exercícios 
1. Identifique os principais conceitos Ciência Política. 
2. Reúna uns cinco conceitos, que fazem parte da Ciência Política. 
3. Busque os significados da ciência política a partir de autores 
diferentes e perceba como cada autor se apropria de forma 
diferente para falar do mesmo assunto. 
4. Identifique os princípios da Ciência Política. 
5. Identifique as dificuldades terminológicas da Ciência Política. 
6. Apresente as dificuldades terminológicas da Ciência Política. 
 
 
 
 
 
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20 
 
TEMA – II: PRINCIPAIS TEORÍCOS DA CIÊNCIA POLÍTICA 
UNIDADE Temática 2.1. Teóricos Clássicos da Ciência Política 
UNIDADE Temática 2.1.1. Maquiavel: A Política Moderna 
UNIDADE Temática 2.1.2. Hobbes: O Leviatã 
UNIDADE Temática 2.1.3. Locke: A Propriedade 
UNIDADE Temática 2.1.4. Rousseau: A Igualdade 
UNIDADE Temática 2.2. EXERCÍCIOS 
UNIDADE Temática 2.1. TEORÍCOS CLÁSSICOS DA CIÊNCIA POLÍTICA 
 
Introdução 
A leitura dos clássicos da política se impõe como uma forma de 
abranger as bases nas quais se consolidou o pensamentomoderno, 
tocando em temas e questões que repercutem até os dias actuais. 
Chamamos de clássicos aquelas leituras de formação pelas quais um 
conhecedor de determinada área, inevitavelmente, irá fazer 
referência. Atribuímos a estes uma riqueza muito peculiar porque 
compõem a base da nossa tradição. Não envelhecem, não são 
esquecidos, não caducam em vista das necessidades dos nossos dias. 
 
Calvino (1923-1985), ao deter-se sobre o tema, diz que toda releitura 
de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira. A partir 
deles encontramos as análises que precederam a nossa e os vestígios 
de uma cultura, refeitos através dos sentidos expostos nas 
interpretações que se sucederam até o momento actual. Somos 
remetidos a uma árvore genealógica. E a cada nova descoberta um 
novo aprofundamento. Com os clássicos da política identificaremos os 
principais pensadores, “clássicos da modernidade”: Maquiavel, 
Hobbes, Locke e Rousseau. Cujas teorias permanecem como 
fundamentais para a compreensão do tema da política. 
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21 
 
2.1.1. Maquiavel: A Política Moderna 
 
Aspectos biográficos: Nicolau Maquiavel (1469 - 1527) é um dos 
principais escritores do pensamento moderno. Nasceu em Florença, 
na Itália. Desde pequeno conviveu com os livros e, aos treze anos, 
dizem os biógrafos, já redigia em latim. Na idade adulta exerceu 
funções ligadas à diplomacia durante sua carreira pública, 
manifestando verdadeira vocação. Mas foi também preso e torturado 
quando seus opositores estiveram no poder. Por muito tempo ficou 
num exílio, esquecido por todos que leram suas obras. 
 
Figura 1: Nicolau Maquiavel (1469 - 1527) 
 
Fonte: www.biography.com/people/nicolau 
 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 Conhecer os principais pensadores do Pensamento Político 
clássico moderno; 
 Identificar os principais conceitos apresentados pelos 
autores; 
 Aplicar as teorias apresentadas pelos autores; 
 
http://www.biography.com/people/nicolau
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22 
 
Elaborou uma nova compreensão da questão política, tornando-se um 
divisor de águas entre o pensamento medieval e este, inaugurado a 
partir das suas considerações. Desvincula completamente as acções 
políticas das imposições religiosas, reinterpretando o verdadeiro 
significado do “bem” e do “mal” em vista da especificidade desta 
área. Ao despertar esta nova percepção contribui significativamente 
para a posteridade, tornando-se marco para a história do pensamento 
moderno. 
 
Foi um grande pesquisador do comportamento e das estruturas de 
poder, possuindo uma capacidade singular de associar situações da 
sua época a acontecimentos históricos, prevendo certas 
consequências necessárias através da sua vivência nos bastidores das 
instituições governamentais. O que lhe ofereceu a possibilidade de 
observar de forma clara e privilegiada as dicotomias com as quais sua 
época escolhia algo como elogio, ou ao contrário, desprezava certas 
iniciativas. 
 
Contexto Histórico: Encontra-se no período renascentista num 
momento de transição em que um governo de carácter medieval não 
consegue dar conta das expectativas da população em geral. No início 
do século XVI a Itália estava dividida em pequenos principados, que 
tentam superar a fragmentação do poder. Os governantes eram na 
sua maioria déspotas que não advinham de uma tradição, mas da 
usurpação do poder pela força e pelas armas. Grupos de mercenários 
se articulavam, sendo imprescindíveis para aqueles em ascensão. 
Dessa forma, tanto a conquista quanto a manutenção do poder são 
reflexos de uma condição instável. 
 
Promovia-se a rivalidade que repercutia na instauração de um caos na 
população. Maquiavel constata que o vazio que se instalava e crescia 
era fruto da ausência de um poder central. O caminho mais ajustado 
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23 
 
para resolução desta condição era a reunificação do Estado. Mas, as 
articulações políticas implementadas para reaver a unificação não 
estavam repercutindo. O renascimento é caracterizado por um 
movimento cultural, mas também um período da história europeia. E 
enquanto limite da transição do período medieval para o moderno, 
desbrava percepções e posturas que não eram assumidas como 
costume. Atinge seu ponto alto na Itália, estimulando pensadores, 
poetas, pessoas que almejavam a liberdade de pensamento. Há uma 
gama de transformações que apontam para rupturas. 
 
Teoria Geral: Maquiavel inaugura uma espécie de realismo político, 
pelo qual justiça e moral não constituem factores de restrição à acção 
política. Suas teses são acompanhadas de uma compreensão de 
verdade efectiva, que se distingue da verdade metafísica. Através da 
verdade efectiva é que a busca do pesquisador se orienta pelo que 
está posto e não pelo que deveria ser. Nela encontra-se um certo 
pragmatismo que sempre acompanha as análises do autor. Há uma 
percepção muito bem marcada de que a bondade pode levar um 
governante à ruína, do mesmo modo que a maldade e a crueldade 
podem ser factores definitivos para se ascender ao poder. Deste 
modo, as conquistas na esfera política devem ser determinadas 
numa dimensão muito específica. 
 
Principal Obra: O Príncipe, destacado na literatura política porque 
inova quanto ao olhar acerca da realidade política. Esboça diversas 
situações que nos levam a entender como “os fins justificam os 
meios”. Seu autor apresenta de forma peculiar os conhecimentos que 
possuía da política, uma subtil conciliação entre a sabedoria dos 
antigos e as posturas dos chefes de Estado do seu tempo. Destaca que 
o objectivo do governo é perpetuar-se no poder, não restringindo os 
meios necessários para tal feito. O livro traz conselhos, reflexões e 
ponderações acerca de situações e acções que envolvem as teias do 
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24 
 
poder. 
 
Segundo estudiosos do pensamento de Maquiavel, o interesse maior 
da sua obra é a reunificação da Itália. Por isso analisa os principados 
com aprofundamento e tenacidade, identificando suas características, 
destacando aqueles que são mais ou menos passíveis de dominação. 
Propõe formas de controlo e enfatiza as possibilidades de 
fortalecimento das leis. Embora a obra não tenha gozado de grande 
reconhecimento durante o período de vida do autor, torna-se 
posteriormente fonte de elogios ou controvérsias. No decorrer da 
história os nomes que estiveram ligados a regimes absolutistas e 
totalitários sempre foram associados às ideias e previsões já lançadas 
nas suas páginas. 
 
Principais Conceitos: O príncipe deve ser o sujeito principal no 
encaminhamento da acção política, porque é aquele que possui a 
virtude. E, por isso, conhece as situações, podendo transferi-las ao seu 
benefício, ao favor dos seus interesses. Ele não espera que a sorte, a 
fortuna, lhe agracie. Não se prende ao acaso, mas se este ocorre deve 
saber usar seu intento. Ser virtuoso significa direccionar a vontade 
para um objectivo definido e não se dispersar em possibilidades vagas. 
Todavia a virtude é mais do que simples interesse, é uma espécie de 
energia que impulsiona e motiva, o líder e os seus subordinados. 
 
A fortuna, que é sinónimo de sorte e acaso, termina sendo o 
verdadeiro momento em que a virtude se revela, pela sua aplicação, a 
direcção, ou melhor, o andamento para a obtenção dos objectivos. O 
governante, ainda que não se confie na sorte, usa-a em favor da sua 
causa. Maquiavel afirma que, dentre as qualidades inerentes a um 
governante, uma delas deve ser a generosidade. Mas com certa 
ponderação, porque sempre se calcula o prejuízo ou o benefício que 
certa reputação pode causar. Entre o amor e o medo dos súbditos, 
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25 
 
mais vale ser temido, para que as condições de manutenção do poder 
não sejam abaladas. O amor oscila conforme ascircunstâncias, mas o 
temor mantém-se, destaca-se no mais das vezes o seu interesse pela 
manutenção do poder enquanto ponto crucial do seu pensamento 
político. 
 
O interesse do autor é o Estado, mas não como uma idealização que 
possa prover as condições perfeitas de existência. Reivindica aquele 
Estado capaz de impor a ordem e por isso analisa detalhadamente a 
realidade corrente, procurando ver as coisas como são e não como 
gostaríamos que fossem. Desse modo, o desafio do governante 
virtuoso é estabelecer a ordem diante de uma dada realidade, 
atingindo sua estabilidade. Esta é reivindicada não por uma questão 
de moralidade, ou seja, para simplesmente ajustar as coisas no seu 
devido lugar, mas para evitar a barbárie. 
 
Ele percebe que, mesmo alcançada uma vitória, esta não será 
definitiva, pois a acção política não se esgota na obtenção de um 
feito, mas somente na sua manutenção. O momento de êxito só pode 
ser garantido pela perspicácia do príncipe que se renova a cada novo 
momento. Maquiavel revoluciona sua época presa a dogmas que 
diziam respeito a crenças como predestinação, fatalidade. Sua 
contraposição o fez abarcar a ideia de política para demonstrar como 
esta é um espaço da liberdade. E que liberdade não corresponde a ter 
que fazer o bem, mas sim, o que for necessário, a partir da virtude de 
cada um. Desse modo deve-se ver os seres humanos como sujeitos da 
história, afastando-se das ideias que pregavam um destino. 
 
2.1.2. Hobbes: O Leviatã 
 
Aspectos Biográficos: Thomas Hobbes (1588 - 1679), nasceu em 
Westport, Inglaterra. Filho de um vigário anglicano, formou-se na 
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Universidade de Oxford. Embora tenha tido uma educação presa aos 
princípios Escolar: metafísica e lógica, interessou-se sempre por 
questões de ordem social, o que reflectiu na publicação de suas obras 
políticas. Esteve sob o olhar severo das autoridades que o 
acompanhavam ao longe por suspeitas dos seus ataques sobre o 
poder do papado. Manteve politicamente convicções de cunho 
monarquistas e as imprimiu na elaboração das suas obras. É um dos 
pensadores do século XVII ligado ao jus-naturalismo, dedicando-se, 
entre outros conhecimentos, ao estudo do direito e à inserção deste 
na vida social do cidadão. Enfrentou as críticas da Universidade de 
Oxford ao seu pensamento, que consideravam ultrapassado. 
 
Figura 2: Thomas Hobbes (1588 - 1679), 
 
Fonte: www.biography.com/people/thomas-hobbes 
 
Contexto Histórico: No século XVII consolidam-se algumas percepções 
e posturas em relação à ciência e sua permanência na vida das pessoas 
de um modo geral. Mas ainda repercutem fortes exigências religiosas, 
resistindo considerações em torno da submissão do Estado à 
autoridade da Igreja. Hobbes pensa o contrário e não mede esforços 
para demonstrar a verdade na qual amparava seu pensamento. Para 
ele o Estado não é criação da vontade de Deus, é um artifício e deve 
ser tratado como tal. 
 
http://www.biography.com/people/thomas-hobbes
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27 
 
Teoria Geral: Sua teoria procura centrar-se numa visão realista da 
vida, insistindo em pensar o ser humano sem as ilusões habituais que 
lhe agregam. Buscando compreender a realidade social e política 
através da natureza humana e das possibilidades de construção de um 
direito que possa dar conta das verdadeiras necessidades sociais. Daí o 
carácter do seu racionalismo, que pretende perceber a sociedade 
através do mecanicismo, ou seja, através das leis mecânicas da 
natureza, que também são reveladoras das particularidades da 
natureza do ser humano. Sendo adepto do Empirismo, Hobbes elabora 
uma filosofia materialista e mecanicista. Detém-se por diversas vezes 
em considerações acerca da fisiologia e da acção de certos órgãos para 
explicar a origem do conhecimento, dos sentimentos. Partindo do 
pressuposto de que os seres humanos não possuem um instinto de 
sociabilidade, de que não somos sociáveis por natureza, senão por 
acidente, por artifício, é que se reivindica a necessidade de um 
contrato entre todos os indivíduos, em função do surgimento do 
Estado. O seu realismo lhe rende a fama de ateu e diversas 
interpretações distorcidas dos seus verdadeiros interesses. 
 
A tese que defende é uma construção hipotética, ou seja, não parte 
de uma situação real concreta, mas de uma apurada racionalização 
acerca da realidade, intuindo metáforas para que a mesma realidade 
possa ser compreensível. A ideia principal é de que a humanidade 
estaria dividida em dois momentos, um primeiro que seria o estado 
natural, em que o poder real de cada indivíduo demarca seu espaço e 
suas possibilidades. E o segundo momento que se estabelece com o 
Estado Político, em que cada qual passa a gozar da mesma medida de 
poder e de força, o que garante a todos as mesmas condições de 
conservação e manutenção dos interesses pessoais. 
 
Principal Obra: Sua obra principal é o Leviatã, na qual lança as bases 
de compreensão da formação da sociedade civil, estabelecendo a 
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28 
 
melhor forma com a qual o Estado pode se manter absoluto e firme 
diante das adversidades. Hobbes é o teórico que através de suas 
considerações engendra a teoria segundo a qual o Estado originou-se 
do contrato, influenciando posteriormente diversos autores. A 
metáfora do corpo serve-lhe de auxílio para identificar funções e 
características inerentes aos órgãos, às instituições que compõem a 
estrutura do Estado. A soberania é a alma, os magistrados são os 
nervos, os indivíduos prósperos são a força, os conselheiros são a 
memória, as leis e a concórdia são a saúde, a sedição é a doença e a 
guerra civil, a morte. 
 
Eis o Leviatã, o grande monstro anunciado no livro da bíblia que serve 
de metáfora para se entender a sociedade organizada através do 
contrato social. Todo o texto lança a exigência de se conhecer de 
forma directa o género humano. Para que dessa forma se compreenda 
também o fim para o qual o Estado foi criado. Assim, o autor não se 
poupa em caracterizações de termos e definições minuciosas, 
conforme foi exposto na compreensão do Estado como um corpo em 
funcionamento. Neles há uma lógica pura e correctamente racional. 
 
Principais Conceitos: A constatação mais definitiva que este autor 
possui é a de que em Estado de Natureza todos os seres humanos são 
inimigos, pois as pessoas conviveriam sem a autoridade, onde tudo 
seria de todos e por isso não existiria a propriedade. De um modo 
geral as pessoas estariam procurando a sujeição do outro e em última 
instância, sua morte. Essa condição tem como consequência a 
infelicidade generalizada. Assim, “o homem é o lobo do próprio 
homem”. Frase célebre que nos impulsiona para sua teoria 
imediatamente. A guerra de todos contra todos. Os seres humanos 
em estado natural são iguais, o que pareceria positivo, repercute de 
outro modo a partir dessa compreensão de natureza humana. Somos 
iguais na nossa capacidade de ultrapassar o outro, nas predisposições 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
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egoístas que mantemos em função da nossa própria preservação. 
 
A igualdade é que faz a nossa infelicidade porque repercute como 
igualdade para a guerra. A força é saudada como necessária à auto 
conservação de cada um dentro das suas necessidades. Mas nesta 
esfera não vale apenas ter maior força física, pois a astúcia tem grande 
valia para as situações de risco. No caso da política, as alianças e os 
conchavos fazem com que um indivíduo fraco fisicamente possa 
tornar-se muito forte. Por isso o direito também implica na força para 
exercício do ordenamento. 
 
Diante destas constatações cabe a renúncia mútua da sua condição 
natural e o encaminhamento para o contrato que se inicia com a 
promessa do cumprimento por parte de todos. Há um desdobramento 
em que a análise do Estadode Natureza nos conduz à compreensão da 
Natureza do Estado. Para Hobbes, o pacto de renúncia às liberdades 
individuais é o anúncio da acção que irá compor o contrato social. O 
pacto é a alienação de poderes, pelo qual o indivíduo delega ao Estado 
suas predisposições, cada qual deixando de ser um obstáculo para o 
outro para que todos possam manter intacta a sua auto preservação. 
O que obriga as pessoas a compactuarem e a legitimar a autoridade 
política do contrato social é, senão, o medo. A segurança e a paz só 
são estabelecidas diante da renúncia do direito que todos possuem 
sobre todas as coisas. 
 
Tal renúncia é em favor da constituição de um Estado e da liderança 
soberana de um governo. Hobbes pensa a soberania como um 
elemento primordial para a construção do Estado. Neste sentido, 
condena a divisão dos poderes, pois apenas um poder soberano seria 
necessário para evitar a guerra, o conflito e até as dissonâncias. Ainda 
que a soberania constitua uma forma de poder absoluto suas 
directrizes apontam para uma origem natural e não sobrenatural 
 ISCED – MANUAL DE CIÊNCIAS POLÍTICAS 
30 
 
como se justificou durante toda a idade média o privilégio do poder 
dos reis. 
 
Mesmo utilizando metáforas bíblicas na escrita de suas obras, o que se 
constrói é um discurso fora da dimensão religiosa. O soberano não 
tem qualquer compromisso em relação aos seus súbditos que o 
elegeram, não lhes devendo em absolutamente nada, ao contrário, os 
súbditos é que dependem deste para manter-se preservados. Seu 
direito é proporcional em extensão ao seu poder e à sua vontade. Pois 
o soberano é absoluto. O seu direito corresponde à sua força, 
monopolizando-a por ser o próprio Estado. 
 
O Estado é o Leviatã, um monstro bíblico que pela importância e 
força, submeteria todos ao seu controle. Ele é um artifício e nesta 
artificialidade se concentra o grau da sua monstruosidade. É a 
concretização de algo que excede a vontade e o poder dos homens de 
um modo geral e, por isso, encaminha todos para a paz, obrigando-os 
a tal condição. O Estado surge para afastar o medo e assegurar a auto 
preservação, estando acima dos interesses de cada cidadão e por isso 
podendo garantir a paz. 
 
2.1.3. Locke: A Propriedade 
 
Aspectos Biográficos: John Locke (1632-1704) é outro pensador do 
século XVII. Aliás um século bem expressivo em número de 
pensadores e teorias, que lança as bases para o empirismo inglês e 
procura compreender o problema do surgimento do Estado. Nasceu 
na cidade de Wrington, Inglaterra em uma família de comerciantes. 
 
 
 
 
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31 
 
Fonte 3: John Locke (1632-1704) 
 
Fonte: www.biography.com/people/john-locke 
 
Dedicou-se não apenas à filosofia, mas às ciências naturais, à 
teologia, à medicina e à anatomia. Embora não tenha expressado 
interesse pelas matemáticas e pela ciência de Galileu, foi premiado 
com o título de Master of Arts. Membro da Royal Society de Londres, 
tornou-se médico de um nobre chamado Ashley Cooper, conde de 
Shaffesbury, com quem dividiu muitas das suas ideias políticas. 
 
Contexto Histórico: A modernidade se auto afirma no século XVII. Os 
autores, de um modo geral, dizem que é lá que se inicia propriamente 
a filosofia moderna. Algumas descobertas científicas e o predomínio 
da racionalidade educando as esferas sociais marcam este período. 
Embates entre empiristas e racionalistas fazem inaugurar o método e 
sua aplicabilidade nas esferas comuns do quotidiano. Abandona-se a 
figura excêntrica do sábio medieval e instaura-se o cientista e suas 
metodologias de aproximação da realidade. 
 
Tais transformações são acompanhadas de revoluções, como a 
revolução puritana, pela qual as atitudes do monarca são postas em 
cheque pelo parlamento, anunciando uma mudança definitiva na 
esfera política da Inglaterra. Outro grande facto presente neste 
período diz respeito à revolução 
http://www.biography.com/people/john-locke
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gloriosa em 1688, que procurou a derrubada do governo absolutista 
que havia sido implantado, colocando em ascensão a política 
parlamentar. Foi a tomada de poder por Guilherme de Orange, que 
fez com que o parlamento promulgasse a Carta de Direitos, tornando 
este o órgão máximo da administração do Estado. A burguesia em 
ascensão liderava as campanhas pela mudança do regime, assumindo 
o partidarismo liberal. O liberalismo predominante implantava, assim, 
uma defesa explícita da liberdade individual em diversos sectores da 
vida humana. É o advento da livre iniciativa que se estenderá até os 
nossos dias desdobrando-se através da lógica do capital. 
 
Teoria Geral: Locke é um pesquisador atento, interessando-se pela 
condição humana, por desbravar os mistérios da natureza e do 
mundo, e desvendar o tipo de compreensão que se estende a Deus. 
Seus pensamentos vão ter permanência nos ideais iluministas do 
século posterior. Desenvolve uma teoria para melhorar o uso do 
intelecto, o entendimento do mundo e sua interpretação. Afirma que 
todo conhecimento deriva da prática e que a experiência constitui 
fonte e limite para o intelecto. Assim, aquilo que o espírito alcança é 
objecto imediato da percepção e nesta se pauta o pensamento. Diz os 
pensadores, que antes da experiência somos como uma folha em 
branco, uma tábua rasa, pois ela imprime nossas percepções da 
realidade. 
 
Há experiências que são internas e externas. As primeiras dizem 
respeito à reflexão e às articulações do entendimento. As segundas 
dirigem-se à identificação de elementos: cores, sons, sabores, o 
movimento, etc. A partir dessas experiências formulamos ideias e 
percepções distintas da realidade, as representações são obtidas via 
percepção, mas vinculadas em última instância à experiência. No 
fundo, nossas ideias originam-se daquilo que nos oferece os sentidos. 
As ideias advindas da experiência podem ser simples, complexas e 
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algumas que são combinações destas duas. O que se diferencia é a 
postura do engenho. Ele é passivo diante das ideias simples, ou activo 
com as complexas, produzindo sínteses, inspirando relações, 
desenvolvendo análises. 
 
Locke não admite que a origem das ideias seja algo inato ao ser 
humano, ou seja, que as ideias permaneçam nos indivíduos desde o 
seu nascimento. Para ele tudo advém da experiência. Assim, não 
nascemos com certas orientações, elas se constituem no contacto com 
o mundo. A capacidade inata é fonte de preconceito conduzindo ao 
dogma individual. Argumenta que é impossível existir algo inato sem 
que o indivíduo seja consciente disso. O conhecimento diz respeito a 
uma aplicabilidade prática que nos remete à experiência. Mesmo as 
ideias mais abstractas possuem uma validade no sentido de orientar 
as pessoas a se conduzirem na sua vida. Percebe a filosofia com um 
fim prático, num sentido moral oferecendo as regras racionais para a 
vida e a condução das acções. O autor destaca que nem mesmo a 
moral tem uma origem permanente nas pessoas. Ela advém do 
conhecimento, da lida racional que os indivíduos mantêm entre eles 
mesmos. 
 
Locke aborda a questão do surgimento do Estado por uma via bem 
específica, que é o direito natural. Para este autor o Estado nasce de 
um acordo no seio da sociedade civil. É uma tomada de decisão que 
advém da experiência, do contacto e da consciência constituída pelos 
seres humanos no decorrer do tempo. Através do seu empirismo a 
teoria do conhecimento e teoria política desfrutam do mesmo 
princípio. Suas ideias expressam a teoria do constitucionalismo liberal 
inglês. 
 
Principal Obra: Destacam-se entre seus escritos os dois Tratados 
sobre o Governo, nos quais critica a relação entre política e religião. 
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Para este autor a política é verdadeiramente uma invenção humanae 
não possui relação com elementos divinos. Há neste sentido uma 
crítica à tradição dos reis e à condição na qual se preservava a política 
medieval. Ao situar a religião no seu devido lugar estabelece, em sua 
perspectiva racionalista, a tolerância como o limite entre as 
particularidades inerentes à dimensão da fé e o tipo de intervenção 
que estas devem exercer sobre os indivíduos na sua vida social. Ao 
mesmo tempo distingue e delimita o que lhes cabe e o que cabe ao 
Estado, dissociando-os profundamente. 
 
Os ideais de Locke incidem na fundamentação da teoria do Estado 
liberal e na necessidade da propriedade privada. Tais ideais fazem 
rejeitar qualquer forma de monarquia ou qualquer estabelecimento 
de um poder absoluto. Toda sua teoria política visa a conciliação da 
liberdade com a manutenção da ordem, fazendo com que o indivíduo 
se situe verdadeiramente enquanto cidadão. E tal obra só é possível 
através do direito, das leis bem regidas e fundamentadas no direito 
natural. Desse modo busca configurar as leis e os Estados em função 
de garantir o respeito aos direitos naturais, pensando assim estar 
garantindo a própria vida e a possibilidade da própria vida social, 
tornando-se este facto um único motivo de ser de um governo. Caso 
não se assuma tal meta, o povo pode derrubar o governo para 
substituí-lo por outro mais competente. Este carácter dos seus escritos 
sempre foi motivo e inspiração para os líderes revolucionários no 
decorrer da história. 
 
Principais Conceitos: O Estado natural é caracterizado antes de tudo 
pela abundância revelada na natureza. A terra, os frutos e tudo o mais 
supre e garante a sobrevivência de todos os seres humanos. A nossa 
relação directa com estes bens não apenas garante a auto 
preservação, mas também a liberdade, a igualdade e a independência, 
tão necessárias à vida, sendo a propriedade muito mais que a simples 
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posse de algo. Mas bens tanto materiais como imateriais: a vida, a 
saúde, a riqueza, a felicidade são alguns dos exemplos da propriedade. 
A relação do indivíduo para com esta é mediada pelo trabalho. A 
dedicação ao trabalho repercute na propriedade. E o direito ao fruto 
do trabalho é algo que nos deve ser assegurado. Tal condição está até 
hoje como princípio básico do capitalismo liberal. Em estado de 
natureza somos bons e vivemos em paz, diz Locke, porque estamos 
em posse da nossa propriedade. 
 
A natureza é sempre exemplar, demonstra leis que possuem virtude e 
sentido. Apresenta uma lógica calcada em causas e consequências e 
que podem ser apreendidas através da experiência do indivíduo. 
Desse modo, ela apresenta o sentido privilegiado para ilustrar o que 
deve ser a sociedade. Ou melhor, Locke percebe que as leis da 
natureza apresentam o modelo para elaboração e estabelecimento de 
preceitos para a vida social. O autor constata que as leis da razão 
condizem com as leis da natureza. Observando a própria racionalidade 
percebemos que na natureza já se encontra a experiência da qual 
necessitamos para a construção da vida social. 
 
Contudo, neste estado natural não possuímos a garantia de que todos 
os indivíduos vão se pautar por tais princípios. Se tivéssemos a 
garantia de que todos apenas se moveriam guiados pela recta razão, 
nossos direitos não sofreriam qualquer risco. Mas, a partir do 
momento que alguém se desvia deste sentido, de imediato temos o 
conflito. Embora seja extremamente optimista com o estado de 
natureza, Locke, identifica um aspecto que reivindica a presença da 
acção política. No estado natural não existe a certeza do 
compromisso, ou ao menos o estabelecimento de regularidades das 
acções. Não há a punição como consequência da infracção. Daí, a 
necessidade de institucionalização da defesa em prol do direito 
mútuo. 
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Aqueles que se desviariam das directrizes da razão estariam sujeitos à 
toda sorte de acção, sem qualquer compromisso com os limites das 
regras sociais, não havendo como se ter expectativas quanto aos seus 
procedimentos. Consequência inevitável dessa situação é a agressão, 
que surge como o abandono dos princípios que regem a natureza 
humana. A renúncia à razão gera, segundo Locke, a falta re regras, 
enquanto expressão de comportamentos pervertidos e acções 
criminosas. Diante desta constatação a política promove uma 
continuidade daquilo que já se possuiria de forma originária. Os 
direitos que constituem a própria natureza humana: a vida, a 
liberdade e os bens não podem ser alienados dos indivíduos sem 
prejuízo da sua própria condição. Com o pacto social e a instauração 
da sociedade política, renuncia-se a fazer justiça com as próprias mãos 
para que um corpo político o faça. 
 
Dessa condição surge a necessidade das leis, ou melhor, da 
efectividade de um órgão fiscalizador dos regulamentos e das 
decisões postas para limitar os excessos da transgressão. Há um 
carácter punitivo, mas principalmente regulativo no sentido 
disciplinador. O Estado se constitui, em especial, para fazer valer a lei 
da natureza. É preciso prender os criminosos, reparar os danos 
causados. Evidenciar para todos os cidadãos as consequências da 
transgressão e do crime através dos castigos e da punição. Ao surgir, o 
Estado retira do indivíduo a prestação do cumprimento das leis 
naturais, ou seja, as pessoas deixam de executar o direito natural por 
sua iniciativa própria e o fazem enquanto uma obrigação. Constitui-se 
um corpo político que pactua em prol da defesa da propriedade. Num 
único órgão passa a se concentrar o direito de julgar e de castigar. 
Esta centralidade torna o governo o mantendo das regras pertinentes 
aos direitos fundamentais do cidadão. Três poderes se constituem: o 
legislativo, o executivo e o federativo. Mas o primeiro seria o que mais 
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importância concentraria pela derivação às leis naturais. Desse modo, 
primando para que o direito de propriedade seja inalienável, o Estado 
institui nos indivíduos as directrizes legais nas quais estes devem ser 
amparados. 
 
2.1.4. Rousseau: A Igualdade 
 
 Aspectos Biográficos: Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) nasceu em 
genebra, na Suíça. Desde então a inconstância passou a prevalecer por 
toda sua juventude e boa parte da vida adulta. Mantém em suas obras 
uma forte crítica à propriedade privada, considerando esta a fonte das 
misérias na qual se prende a sociedade. Propõe uma vida simples em 
detrimento da complexidade da vida social. Foge das rodas sociais e da 
hipocrisia característica dos recintos de festa da sua época. 
 
Fonte 4: Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) 
 
Fonte: www.biography.com/people/Jean-Jacques Rousseau 
 
Contexto Histórico: Encontra-se num período da história marcado 
pelo optimismo intelectual, o iluminismo, que proferia a razão como 
fonte de todos os benefícios da humanidade. O Século XVIII é um 
período de entusiasmo, de grandes intelectuais, de uma vida pautada 
na elegância da corte, consequentemente de vaidade e interesse pela 
posição social. A França é um dos 
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principais centros no qual tais ideais ajustam-se a uma condição 
revolucionária que pretendia desfazer-se do antigo regime para 
implantar uma nova ordem. Tais inovações configuram a visão de 
mundo da sociedade burguesa com seus lemas de Liberdade, 
igualdade e fraternidade. 
 
Grandes transformações tecnológicas estão a motivar 
comportamentos de transição. Difunde-se a ideia de que Deus está em 
todas as coisas, na natureza e na simplicidade da vida. O deísmo 
prevalece como uma forma de resistência à religião oficial. As 
injustiças e os sistemas de opressão são desfraldados para que as 
pessoas possam ter livre exercício da razão e dos benefícios que esta 
pode oferecer. Busca-se transformar a sociedade emprol da liberdade 
de expressão, para que seja garantido ao indivíduo alcançar a 
felicidade 
 
Teoria Geral: Em alguns momentos a obra de Rousseau pode ser 
identificada como um diálogo com os pensadores contratualistas do 
século XVII, em especial Hobbes. A constatação de Rousseau é que o 
homem nasce bom e é corrompido pelos enlaces sociais. Através do 
contrato social procura um Estado social legítimo que favoreça as 
potencialidades humanas. Porque deve existir um ajuste bem 
delineado ao transformar os direitos naturais em direitos civis. 
 
O diagnóstico de Rousseau é que os homens teriam chegado a um 
ponto em que os obstáculos à sua conservação excedem as forças que 
cada indivíduo dispõe para manter-se em estado de preservação. A 
degeneração da sociedade fez com que a segurança de cada um seja 
ameaçada pela do outro, gerando muito mais o ataque como forma de 
defesa do que a possibilidade de convivência. A saída que esboça diz 
respeito à união como possibilidade de juntar forças, visto ser a força 
e a liberdade os instrumentos primordiais para valorização de cada 
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indivíduo. Nesta nova ordem instauram-se as vias para recuperar 
aquela liberdade natural, ajustada à vida feliz e harmónica. 
 
De um modo geral os diversos movimentos revolucionários no 
decorrer da história buscam inspiração no carácter da discussão 
promovida por Rousseau. As revoluções liberais atentam para o 
sentido de liberdade que o autor esboça. O marxismo identifica uma 
compreensão significativa de vida comunitária através do tema da 
igualdade. E até o anarquismo encontra pertinência quanto à 
resistência ao sistema social vigente. Mas é a revolução francesa que 
coroa suas ideias, elevando a condição de igualdade à liberdade e à 
fraternidade. Influencia diversos nomes da literatura, a exemplo de 
Tolstoi (1828-1910). 
 
Principal Obra: A obra fundamental que traduz o seu pensamento é o 
Discurso sobre a Origem e o Fundamento da Desigualdade entre os 
homens. Nela se apresenta a definição da natureza humana, uma 
compreensão acerca dos desejos e das diversas nuances da 
imaginação, agindo sobre nossa condição. Rousseau é um iluminista 
que se mantém na contracorrente e anuncia a prepotência da razão, 
sobrecarregando nossas verdadeiras funções. Ele privilegia a 
importância e o carácter fundamental que o homem simples conserva. 
Pois a felicidade se apresenta quando a natureza interior corresponde 
ao exterior. 
 
Através da preponderância da razão sobre os sentimentos o ser 
humano é colocado inevitavelmente em situação de desconforto. Mas 
é ela que adapta o indivíduo na condição humana vigente e no meio 
social e jurídico. Como o ser humano, ainda que não seja inclinável à 
sociedade, desenvolveu seus germens submetendo-se às suas 
exigência e formalizações, esse processo se constitui com as perdas 
das condições fundamentais, com a perda da igualdade. E a 
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adequação ao artifício, à complexidade, à vida degenerada. Rousseau 
foi leitor dos antigos gregos e quando apura a ideia de contrato social 
imprime nas suas observações certas conquistas que foram operadas 
por esta cultura e que degeneraram-se no decorrer da história, como é 
o caso da democracia. Ele propõe uma democracia directa e não uma 
democracia representativa como a que vivenciamos hoje em dia. 
 
Principais Conceitos: Para Rousseau o estado de natureza constituía-
se por uma condição de liberdade que motivava o indivíduo a uma 
existência natural e equilibrada. A natureza é uma de suas paixões, 
tanto no que diz respeito ao interesse pela vida simples deste 
selvagem, regida pelo contacto directo com as coisas e com o mundo, 
quanto pelo contacto mesmo com a vida rural e os benefícios que esta 
oferece às pessoas em seus diversos momentos da vida. Associa esta 
condição às experiências infantis, ingénuas e felizes. Experiências que 
possuem outra lógica, outro modo de conhecer diferente daquele 
que é colocado como padrão e métrica. Há uma bondade inerente à 
vida natural que é destruída com a sociedade. Ao homem natural falta 
a abstracção, mas a ausência desta não constitui algo negativo, pelo 
contrário, lhe permite lidar com as coisas na sua espontaneidade. 
 
A humanidade se resume àqueles que lhe rodeiam. Convive bem com 
a solidão, sem lamentar seu estado. Está inteiro e completo nas suas 
predisposições. O instinto o adapta à natureza. Em alguns momentos o 
autor chega a afirmar que neste estado nos basta a alimentação, um 
par, e o descanso, para a verdadeira vida. Como consequência dessa 
condição de plenitude, temos a bondade, característica peculiar que o 
define. O “bom selvagem” é aquele que, por possuir a bondade como 
inerente à sua condição, não sente qualquer disposição ou interesse 
em atacar o outro. Há uma compaixão natural que o acompanha. 
 
A análise de Rousseau recai sobre o estabelecimento da vida social 
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que degenerou toda essa ordem primeva. Para este autor a sociedade 
surge com o estabelecimento da propriedade privada. É a propriedade 
a origem das desigualdades e da decomposição moral inerente aos 
dias actuais. Os indivíduos tornam-se traiçoeiros, sórdidos, desonestos 
e transgressores em vista deste modelo de sociedade. Tal 
desigualdade, pergunta o pensador, é autorizada pela lei natural? A 
constatação a que chega revela que o homem nasce livre, e pelas 
condições que se constituem no âmbito social passa a ser aprisionado. 
 
O ponto nodal de sua crítica à sociedade é revelado pela sua 
repugnância à hipocrisia, muito característica do seu tempo, 
presente nos salões e lugares de sociabilidade. O modo como as 
pessoas se revestem de artifícios para estar neste ou naquele lugar, o 
que também revela uma deficiência que se inicia desde o processo 
inicial de educação. O contrato social é saudado como a forma com a 
qual se pode contrapor essa lógica instituída pela sociedade civil. A 
partir dele a convenção do pacto é a saída possível para barrar o mal. 
A ideia de contrato social implica num consenso que deve ser 
articulado entre os diversos sectores, estendendo soberania ao 
governante e às directrizes do novo Estado. 
 
Prevalece, a partir do contrato social, um Estado social legítimo que se 
aproxima cada vez mais da vontade geral e também se afasta, 
consequentemente, da corrupção em vista desta condição. O 
governante é visto como um funcionário a serviço do povo, um 
empregado que executa e desempenha sua função sob os olhos 
daqueles que o empregam. Ele reconhece que a soberania do povo é 
indivisível. O governo constituído é caracterizado como um corpo 
intermediário que possui como função a vinculação entre súbditos e 
soberano. Deve dar conta da execução das leis, fiscalizar a 
conservação da liberdade e implementar a igualdade entre os grupos 
da sociedade. Tal governo deve resguardar a soberania que lhe foi 
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entregue pela vontade do povo. Este é o corpo político dos cidadãos e 
deve ser o núcleo central para o qual se voltam todas as atenções. 
 
Soberano é o povo, sua vontade possui um carácter primordial para o 
ordenamento do Estado. Dessa forma, devem-se escolher 
representantes e a melhor forma de governo. De início a tarefa 
primordial à qual o governante precisa, se dedicar diz respeito à 
transição em que as pessoas passam a adquirir a liberdade moral, 
reivindicada para que os indivíduos possam tornar-se autónomos. Com 
o predomínio da vontade geral sobre as acções do Estado demarca-se 
o limite entre o poder que é legítimo ao governante no exercício do 
seu cargo e aquele que emana do povo. Assim, vontade geral sempre 
beneficia a sociedade. O povo elege, mas também pode retirar do 
poder daquele que não corresponde a ela que, por exemplo, seja 
corrupto. Se

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