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BIODISPONIBILIDADE FARMACOLÓGICA Partindo do pré suposto que a droga foi absorvida de forma correta e que todos os processos ocorreram da melhor forma, começa-se a avaliação da biodisponibilidade da droga, que representa a relação entre a quantidade e a velocidade de absorção de uma droga a partir da forma farmacêutica de apresentação e suas características farmacotécnicas, ou seja, a biodisponibilidade tem intima relação com a formula farmacêutica e os produtos que a constituem. Existem dois termos que muitas vezes são utilizados como sinônimos, mas não são chamados de equivalência e bioequivalência. Os compostos são chamados de equivalência quando duas ou mais preparações estão na mesma forma farmacêutica (comprimidos por ex), são utilizadas pela mesma via e apresentam a mesma dose do princípio ativo, porém a formula não precisa ser a mesma. Já bioequivalência é quando duas ou mais preparações possuem a mesma biodisponibilidade, ou seja, não sejam significativamente diferentes, pois idênticos é praticamente impossível, essa comparação de bioequivalência é feita em medicamentos equivalentes entre si. Um exemplo disso são os medicamentos genéricos comparados ao de referência, os genéricos devem ser bioequivalêntes a seus medicamentos de referência. Resumidamente, existem medicamentos que possuem equivalência entre si, porém não são bioequivalentes, e existem outros que possuem as denominações. FATORES QUE INFLUENCIAM Dentre esses fatores estão as propriedades físico químicas das drogas, ou seja, sua estrutura propriamente dita, alguns exemplos são o tamanho das moléculas, se a preparação está em forma cristalina (possuem o sal, possuem forma) ou amorfa (sem forma, como pomadas e xaropes), pKa, grau de hidratação (geralmente os medicamentos na forma sólida tem um grau de hidratação muito baixo ou algumas vezes nenhum) e solubilidade (mais ou menos lipossolúvel e seu arranjo atômico). Quase nunca as empresas farmacêuticas buscam alterar as propriedades físico-químicas de uma droga, pois a possibilidade de mudança de seu efeito farmacológico é completa. Outro fator que pode influenciar são as variáveis farmacotécnicas, diferentemente da citada anteriormente, essas podem ser alteradas mais facilmente. Elas correspondem a qualidade, tipo e quantidade de aglutinantes, diluentes, estabilizantes, flavorizantes, corantes, excipientes ou veículos. Com relação a forma farmacêutica, ela será decrescente da solução para emulsão, depois para suspensão, depois para cápsula, depois para comprimido e depois para drágea, ou seja, a biodisponibilidade de uma solução é muito maior do que de uma drágea, pensando em um contexto de via oral. A via de administração também influencia a biodisponibilidade, por exemplo, uma solução em gotas é mais biodisponível que um comprimido. As condições de manufatura, embalagem e armazenamento são outros fatores que irão interferir na biodisponibilidade, ou seja, o seu processo de fabricação influencia em seu resultado final, com relação a embalagem, frascos por exemplo 99% das embalagens são desenvolvidas em vidro âmbar, pois essa cor protege melhor o medicamento da influência de luz. A dose administrada também influencia sua biodisponibilidade, devendo ser sempre considerada a possível perda que o medicamento sofrerá dependendo da via de administração escolhida. Outro fator que também deve ser considerado como influente são os fatores fisiológicos e as características dos pacientes, como peso, pois pessoas muito acima dos 70kg uma dose considerada padrão pode não produzir o efeito desejado em razão do nível de sua distribuição pelo corpo, o mesmo acontece com crianças, já que possuem um peso bem menor; a idade também influencia em razão de possíveis fatores hepáticos e renais, além de questões absortivas relacionadas ao intestino; o sexo influencia por conta das variações hormonais presentes nos diferentes sexos, o progesterona e testosterona em quantidades maiores podem influenciar na biodisponibilidade, seguindo o mesmo processo que o cortisol. A ansiedade e graus de estresse também tem capacidade de mudar a biodisponibilidade e consequentemente a resposta ao medicamento, o cortisol, que aumenta seus níveis no organismo quando passamos por situações de estresse, causa uma mobilização de ácidos graxos, esses ácidos também se ligam as proteínas plasmáticas utilizando-os como transporte, desse modo, caso haja uma competição pelos sítios de ligação utilizados por esses ácidos graxos ou pelo cortisol, pode haver um deslocamento de uma droga que já esteja ligada a proteína, isso consequentemente provocaria um aumento da quantidade de moléculas livres e aumentando a biodisponibilidade da droga, portanto, a possibilidade de haver um efeito é maior; alguns exemplo que podem sofrer mudanças em razão do cortisol são anticoagulantes orais, betalactamatos e anestésicos locais. Patologias como hepatopatias e nefropatias influenciam e características genéticas são particularidade de alguns pacientes. A velocidade do trânsito intestinal também pode modificar a biodisponibilidade, por exemplo, pessoas que possuem um trânsito intestinal rápido tendem a possuir uma biodisponibilidade menor. O metabolismo de primeira passagem influencia e interações droga/droga e droga/alimento ligados aos sítios de absorção, como nem todas as interações são conhecidas recomenda-se que grandes quantidades de medicamentos não sejam ingeridas ao mesmo tempo. No gráfico a seguir, o eixo de X é representado pelo tempo, e o eixo de Y é representado pela concentração plasmática da droga. O numero zero representa p horário de 12:00, desse modo, as 12:30 um indivíduo toma um medicamento por via oral e a concentração plasmática da droga começa a subir, pois o processo de absorção está prevalecendo sobre o metabolismo e excreção, embora o metabolismo e excreção continuem acontecendo simultaneamente. Quando é atingido o pico de concentração plasmática as 14:00 a curva começa a cair, pois já existe menos droga para ser absorvida e desse modo o metabolismo e excreção vão prevalecer sobre a absorção. O primeiro parâmetro que deve ser observado é o AUC, que significa “ Área sobre a Curva”, isso representa o calculo da área que está abaixo da curva, a partir desse cálculo será possível saber a quantidade de droga que foi absorvida, ou seja, quanto maior a AUC mais moléculas foram absorvidas, e quanto menor a área, menos moléculas foram absorvidas. O segundo parâmetro a ser observado é o NPE (representado pela reta azul um pouco acima do número 2), essa sigla significa o “Nível Plasmático Efetivo”, toda droga possui esse valor e representa a quantidade mínima de droga que deve existir no plasma para que o efeito seva produzido e observado. De acordo com a observação do gráfico 2,5 ng/ml de sangue a droga já começará a fazer efeito; quando a curva estiver abaixo da linha do NPE significa que a droga está no plasma, mas não faz mais efeito sobre o indivíduo, nesse sentido é necessário existir uma dose mínima para que a quantidade de moléculas seja capaz de produzir o efeito farmacológico. Para que o efeito farmacológico continue sendo produzido após a curva estar abaixo do nível plasmático efetivo é necessário a administração de um novo comprimido com o objetivo de elevar a concentração novamente, formando-se uma nova curva, porém nesse caso o pico de concentração plasmático será um pouco mais alto, pois está havendo uma somatória das moléculas que ainda existem no plasma com aquelas que estão entrando no plasma a partir da segunda dose. É em decorrência desse estudo que é possível se determinar o intervalo de tempo de administração da droga. Após outras administrações da droga, a curva não subirá mais pois terá atingido o equilíbrio de concentração plasmática, se tornando estável, no qual a mesma quantidade que está sendo administrada, será a mesma quantidadeque o organismo elimina, repondo-se apenas o que está perdendo. No início da administração sempre haverá esse acumulo, porém ele não pode atingir níveis tóxicos. O nível toxico de um medicamento é representado pelo CMT, que significa “Concentração Máxima Tolerada”, toda roga possui esse nível. No gráfico essa linha é representada pela segunda linha azul mais acima, e nesse caso, a droga estaria ultrapassando o seu CMT, sendo que o ideal seria que essa reta estivesse localizada acima do 10, que representa o pico de concentração plasmática. Quando a CMT é ultrapassada a pessoa manifestará alguns efeitos colaterais indesejáveis. Nesse gráfico acima, o número 1 significa o nível plasmático efetivo, e o número 2 representa a concentração máxima tolerada. A droga representada por preto é a droga absorvida mais rapidamente, porém seu pico de concentração é maior que a concentração máxima tolerada, o que lhe dá essa característica é a fórmula farmacêutica. No caso da segunda droga representada pela cor cinza, sua absorção é rápida também, porém um pouco mais lenta que a primeira droga, seu pico de concentração não atinge o CMT. A terceira e quarta droga possui uma absorção muito lenta, além de não atingir o nível plasmático efetivo, desse modo, não conseguem nem produzir efeito farmacológico. Desse modo, por meio da análise das drogas é possível inferir que não existe bioequivalência entre elas e a única droga satisfatoriamente funcional é a segunda droga representada pela cor cinza. No caso da administração por via endovenosa por injeção em bolos, a quantidade de moléculas liberadas no sangue será muito grande, porém essas moléculas são diluídas rapidamente pelos líquidos orgânicos e por esse motivo a concentração cai rapidamente e o efeito tóxico não chega a se manifestar completamente, porém algumas pessoas ainda podem manifestar uma reação pequena. As duas drogas comparadas acima não são consideradas bioequivalentes, pois para que sejam as duas curvas devem ser mais próximas e nesse caso há uma diferença significativa com relação a posição dos picos de concentração plasmática apresentada, além do fato que o tempo de ação entre as duas é bem diferente, desse modo elas são equivalentes, mas não bioequivalentes.
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