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DIREITO PENAL – PARTE GERAL – MEDIDAS DE SEGURANÇA Fontes: aulas ministradas pela Profª Gisele Mendes; Livro de Direito Penal Esquematizado, de André Estefam, 2016. História: Surgiram a partir do século XIX, com o Código de Direito Penal Francês, em 1810 (Napoleão). Em 1889, foram aderidas ao Código Penal Italiano (Zanardelli). Mais tarde, o Código Penal Suíço (Carl Stoross) incorporou tais medidas a seus artigos. Todos esses códigos foram influenciados pela escola positiva, proposta por Cesare Lombroso, no final do século XIX. Em 1876, Lombroso publicou o livro “O homem delinquente”, determinando o perfil de um infrator, com a influência do determinismo. Para ele, todo criminoso nasceu com essa intenção de infringir a lei, sendo, portanto, um criminoso nato. Chamou atenção também para as doenças mentais, determinando que o criminoso é necessariamente um doente que nasceu assim. Mais tarde, Enrico Ferri e Rafael Garofalo propuseram a questão da periculosidade, afirmando que há pessoas mais perigosas por conta de doenças que elas têm, como uma propensão para cometer crimes. Conceito: Espécie de sanção penal, de caráter preventivo, baseada na periculosidade do sujeito. Natureza jurídica: sanção penal consequência jurídica do pedido, aplicada pelo juiz da sentença. Preventiva a fim de evitar que tornem a delinquir, orientadas para fins de prevenção especial (ou seja, apenas para o próprio réu). Sujeito inimputáveis e, eventualmente, aos semi-imputáveis. Assim, não são medidas socioeducativas, como para os menores de idade, são medidas penais aplicadas para pessoas com problemas mentais, sendo estes determinantes para o cometimento do crime. Diferenças entre penas e medidas de segurança: PENAS MEDIDAS DE SEGURANÇA Fundamento Culpabilidade Periculosidade Limites/pressupostos Tipicidade, ilicitude, culpabilidade Periculosidade, tempo indeterminado* Sujeitos Imputáveis e semi-imputáveis Inimputáveis e semi-imputáveis Fins Prevenção geral (exemplo para a sociedade), retribuição e prevenção especial (ressocialização) Prevenção especial (tratamento) * Súmula 527, STJ: o tempo de duração da medida de segurança não pode ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. Sistemas de aplicação das medidas de segurança: DUPLO-BINÁRIO: cumulam-se pena e medida de segurança. Foi abolido com a reforma da Parte Geral em 1984. VICARIANTE: sistema atual. Só permite a aplicação de uma espécie de sanção penal ao acusado. Aplicação Imputável: sentença condenatória; Semi-imputável: sentença condenatória; pena (reduzida de 1/3 a 2/3) ou substituição por medida de segurança no tempo da pena; Detalhe: se estiver comprovada a periculosidade em razão de perturbação mental, o juiz substituirá a pena por medida de segurança. Não havendo prova de tal periculosidade, o magistrado manterá a pena privativa de liberdade. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Imputável: sentença absolutória imprópria (=absolver e aplicar medida de segurança). Requisitos para a aplicação da medida de segurança: 1- Prática de fato típico e antijurídico: não há medida de segurança pré-delitiva; são sempre pós-delitivas. 2- Existência de prova da periculosidade do agente: A periculosidade é presumida quando a perícia atesta que o réu é inimputável: não tinha condição de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com tal entendimento em razão do problema mental. Já no caso de a perícia atestar que o agente esteva parcialmente privado de sua capacidade de entendimento e autodeterminação em razão da deficiência mental, é a chamada periculosidade real (semi-inimputáveis). * Perturbação da saúde mental (é a doença mental = esquizofrenia, neurose, transtorno bipolar, paranoia); ou Diagnóstico do problema mental * Desenvolvimento incompleto (psicopatias); ou passado * Retardado (oligofrênico – baixo QI). futuro Prognose criminal vai voltar a delinquir? 3- Ausência de imputabilidade plena. Espécies: Detentiva: (art. 96, I) internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado. Crimes punidos com reclusão, facultativo aos crimes punidos com detenção. Restritiva: (art. 96, II) tratamento ambulatorial, ou seja, necessidade de comparecimento regular para consultas pessoais com psiquiatras e equipe multidisciplinar. Aplica-se a crimes apenados com detenção. Extinta a punibilidade, não pode aplicar medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. Conversão art. 97, §4º: a qualquer tempo o juiz poderá converter o tratamento ambulatorial em internação, se entender necessário. Possibilidade de contratar médico particular para acompanhar o tratamento art. 43, LEP. Duração (art. 97): Mínimo 1 a 3 anos, devendo ser escolhido levando em consideração a gravidade da infração praticada. Antes de decorrer o prazo mínimo estipulado, não faz a perícia médica. Após o término, será repetida de ano em ano. Art. 176, LEP: a qualquer tempo, pode ser requisitado pela defesa ou pelo MP, e determinado pelo juiz de execução, a realização do exame para verificar a cessação da periculosidade, mesmo antes do prazo mínimo. Apesar de não haver previsão legal expressa, é possível que o juiz, diante da melhora no quadro da pessoa sujeita à medida de segurança de internação, substitua-a pelo tratamento ambulatorial. Máximo tempo indeterminado, perdurando enquanto não averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade. Enquanto não houver a cessação da periculosidade não haverá o cumprimento total da medida de segurança. Doutrinas/jurisprudências: violação da proibição de penas perpétuas (art. 5º, XLVII, b, CF). Súmula 527/2015: limite – 30 anos. Exame de cessação da periculosidade perícia médica deverá ser realizada ao final do prazo mínimo e ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo se assim determinar o juiz da execução penal. Antes do prazo mínimo, não pode determinar o exame de ofício, apenas se o MP ou o defensor requisitar. Desinternação (se a pessoa estivesse internada) ou liberação condicional (estava fazendo tratamento ambulatório) será sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de um ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. Além disso, deverá cumprir as imposições dadas pelo juiz por um ano (art. 77 – condições para o livramento condicional). Importante ressaltar que a revogação da condicional leva em consideração o cometimento de um fato indicativo da persistência da sua periculosidade. Ou seja, apenas a desobediência às condições do livramento condicional não é suficiente para a revogação da condicional. Medida de segurança substitutiva: Semi-imputabilidade (art. 98) o juiz opta por substituir a pena diminuída por medida de segurança pelo mesmo prazo da pena. Superveniência de doença mental (art. 41) a pessoa imputável foi condenada e está cumprindo; por algum fato, desencadeia uma doença mental; será internado pelo prazo restante da sua pena (detração penal – art. 42). Se ele ficar bem, volta para a penitenciária. Direito do internado (art. 99): Internação em estabelecimento com características hospitalares (hospital de custódia). Ser submetido a tratamento. Extras: Inimputabilidade por dependência de substância entorpecente: Art. 45, caput, da Lei n. 11.343/2006 o réu é considerado inimputável quando, em razão da dependência, era, ao tempo da ação ou da omissão criminosa, inteiramente incapaz de entendero caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com tal entendimento. A constatação é feita por exame de dependência toxicológica. O réu é isento de pena, independentemente do crime cometido, e submetido a tratamento médico. Sentença absolutória imprópria. Semi-imputabilidade em razão de dependência de substância entorpecente: Art. 46, da Lei 11.343/2006 semi-imputabilidade – em razão da dependência, estava ao tempo da ação ou omissão criminosa, parcialmente privado de sua capacidade de entendimento e autodeterminação, qualquer que seja a espécie da infração. Não são isentos de pena, são condenados com pena reduzida de um a dois terços, com base em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento a tratamento. Assim, não há substituição de pena por medida de segurança, mas sim o réu é condenado e, concomitantemente com o cumprimento da pena, é submetido a tratamento médico.
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