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celular dos mediadores inflamatórios abre espaço para que se possa inferir que estímulos físicos nociceptivos continua- mente enviados pelos receptores pe- rifØricos possam causar alteraçıes bioquímicas nos neurotransmissores que, no Sistema Nervoso Central, controlam nosso comportamento. Essa inferŒncia tem recebido confir- maçªo de outros autores, desde que Adler, em 1974 (citado por GOLE- MAN, D14), descobriu que o sistema imunológico, tal como o cØrebro, era capaz de aprender. Numa expe- riŒncia feita com ratos de laborató- rio, Adler observou que uma solu- çªo de imunossupressores e Ægua com açœcar produzia uma grande eliminaçªo das cØlulas T, respon- sÆveis pelo combate as doenças. Em um grupo controle dos animais , os imunossupressores foram retirados da soluçªo e se observou que, ape- sar de estarem recebendo apenas Ægua com açœcar, a diminuiçªo das cØlulas T continuou, porque o sis- tema imunológico dos animais havia aprendido a suprir as cØlulas T, em resposta ao gosto açucarado da soluçªo que ingeriam. Com o passar dos anos, a descoberta de Adler forçou uma nova visªo das ligaçıes entre o sistema imunológico e o Sistema Nervoso Central, dando origem a um novo campo de pesqui- sas, a Psiconeuroimunologia. Segundo Goleman, existem indícios de que os mensageiros químicos que mais operam, tanto nas funçıes cerebrais quanto no sistema imuno- lógico sªo mais concentrados nas Æreas cerebrais que tambØm contro- lam a emoçªo. Ele cita outros estudos para afirmar que existe uma rota física, que permite que as emoçıes tenham impacto direto sobre o sistema imunológico. Ainda segundo o mesmo autor, as emoçıes tŒm um poderoso efeito sobre o Sistema Nervoso Autônomo, que re- gula funçıes vitais como a pressªo arterial sistŒmica e a liberaçªo de hormônios. Durante pesquisas realizadas com seus colaboradores, ele detectou um ponto de encontro onde o SNA fala diretamente com linfócitos e macrófagos, cØlulas do sistema imunológico. Esses contato Ø feito atravØs de sinapses que se comuni- cam com as cØlulas imunológicas atravØs da liberaçªo de neurotrans- missores que regulam a atividade das cØlulas e recebem informaçıes no sentido contrÆrio. Uma outra rota-chave que liga emoçıes e o sistema imunológico, ainda segundo Goleman, estÆ na influŒncia dos hormônios liberados sob tensªo. As catecolaminas (adre- nalina e noradrenalina), o cortisol, prolactina e os opiÆceos natural- mente existentes em nosso organis- mo, sªo liberados durante a estimu- laçªo da tensªo. Essas substâncias hormonais, quando liberadas na cir- culaçªo, bloqueiam a funçªo do sis- tema imunológico. Esse bloqueio estÆ relacionado com as reaçıes de adaptaçªo ao estresse, descritas por Hans Selye em 1936, citado por RODRIGUES33. Ainda segundo Rodrigues, Selye uti- lizou o termo estresse para denomi- nar o conjunto de reaçıes que um organismo desenvolve ao ser sub- metido a uma situaçªo que exige um esforço de adaptaçªo, como ocorre com um politraumatizado, com a mªe que se preocupa com o filho, o operÆrio que trabalha em um ambiente barulhento ou perigoso para sua integridade física, o executivo que luta para cumprir os prazos, o atleta antes de uma competiçªo. Todos enfim, apresen- tam uma situaçªo comum: estªo sob estresse desencadeado pela necessi- dade de adaptaçªo. O conjunto de modificaçıes nªo especificadas que ocorre no organis- mo, em situaçıes de estresse foi denominado Síndrome Geral de Adaptaçªo, que Ø composto por trŒs estÆgios; 1. reaçªo de Alarme, 2. fase de ResistŒncia e 3. fase de Exaustªo, que podem se desenvolver progressivamente, dependendo da intensidade e da duraçªo dos estí- mulos que produzem a necessidade de adaptaçªo. Resumidamente a fase inicial começa com a exposiçªo ao fator que requer a adaptaçªo e se carac- teriza pela liberaçªo de substâncias que ativam o Sistema Nervoso Autônomo e preparam a reaçªo de defesa. Situaçıes que induzem medo, dor, fome e raiva sªo os prin- cipais desencadeadores dessa fase. Mantidas as condiçıes que desen- cadearam a necessidade de adapta- çªo, ocorre uma fase intermediÆria, chamada de fase de resistŒncia, em que os orgªos produtores de hormô- nios e cØlulas imunológicas sªo solicitados a manter prolongada- mente as reaçıes de defesa iniciadas da primeira fase. A maior parte das pessoas envolvi- das em situaçıes de estresse prolon- Rua Borges Lagoa, 1231 - cj.32 - CEP 04038-001 - Telefax: (0xx11) 5572-1902 / 5549-6002 CBOO - Centro Brasileiro de Ortopedia Ocupacional - Dr. Sergio Nicoletti www.cboo.com.br / e-mail: cboo@cboo.com.br gado, provavelmente consiga estabi- lizar seu sistema de defesa, nessa fase. Segundo LEVY,L., citado por RODRIGUES33, o ser humano Ø capaz de se adaptar ao meio ambi- ente desfavorÆvel, porØm, essa adp- taçªo nªo acontece impunemente. Mantida a situaçªo de estresse inten- so, ocorrem falhas no sistema de adaptaçªo e as consequŒncias podem ser mais graves. Muitos dos mecanismos psicobi- ológicos acima descritos, provavel- mente exerçam influŒncia nos pacientes com L.E.R. Radicais livres sªo espØcies químicas que apresentam um ou mais elØtrons com cargas disponíveis em sua órbita externa. A produçªo de radicais livres Ø um processo essen- cial do metabolismo normal do nosso organismo. No entanto, os radiciais livres sªo potencialmente destrutivos e necessitam de um con- trole eficaz de sua produçªo e neu- tralizaçªo. Atualmente, os avanços tecnológicos permitem que se observe , em laboratório, a produçªo de radiais livres37. (adaptado de BLAKE, D.R.; ALLEN, R.E.; LUNEC, J.3) Cadeia respiratória Uma das maiores fontes de radicais livres Ø a reaçªo produzida por neu- trófilos, monócitos sensibilizados, macrófagos e eosinófilos, em respos- ta a uma gama de estímulos específi- cos (p.ex., a agressªo de uma bac- tØria ) ou inespecíficos (a ativaçªo do complementeo ou a açªo de medi- adores como a Interleucina 1). A reaçªo produtora de radicais livres corresponde a complexa cadeia oxidativa que transforma o NADPH em NADP + e produz, como subproduto, radicais oxigŒnio- reativos, como o ânion OH-. Produçªo de prostaglandinas A reaçªo em cadeia do Æcido aracdônico e a síntese de trombo- xane, ambos processos importantes na produçªo das prostaglandinas produzem radicais livres. Mitocôndrias É uma das grandes fontes de radi- ciais livres no organismo, cuja pro- duçªo depende do estado metabóli- co da cØlula. Quando a cadeia de transporte de elØtrons Ø reduzida de maneira significativa e a velocidade das reaçıes da cadeia respiratória depende da presença de ADP, ocorre um vazamento de elØtrons que aumenta a produçªo de radicais 02.-. Isso pode ocorrer em tecidos submetidos a isquemia, com baixas concentraçıes de oxigŒnio. Citólise A Xantino-oxidase Ø uma enzima citolítica normalmente presente na forma desidrogenase, que usa NAD+ como aceptor de elØtrons e converte a Xantina e a Hipoxantina em Æcido œrico. Durante os proces- sos isquŒmicos, a enzima Ø converti- da na forma oxidase, que usa as molØculas de oxigŒnio como acep- tores de elØtrons e assim, produz misturas de O2.- e H202. Os radicais de oxigŒnio sªo tóxicos, porque eles tem a capacidade de desencadear e modular processos inflamatórios. Por exemplo, a peroxi- daçªo lipídica induz a vazamento de enzimas do interior das cØlulas para Æreas onde sua atividade Ø danosa para os tecidos. Os radicias livres podem ainda agir em sinergia com enzimas proteolíticas, e facilitar a degradaçªo de componentes impor- tantes do tecido conjuntivo e tam- bØm podem iniciar e modular a reaçªo em cadeia das prostaglandinas. Nas articulaçıes, eles podem produzir danos ativando a cascata das prostaglandinas, podem ativar os neutrófilos e ativar o processo auto- catalítico da peroxidaçªo dos lipídeos. Um outro processo de agressªo articular