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Vacina e doenças exantemáticas Estima-se 2 a 3 milhões de mortes são evitadas todos os anos por conta do uso de vacinas. A vacina da Hepatite B na rede pública é feita com a DTP; Já na rede privada é utilizada com a DTP, Haemophilus Influenzae do sorotipo B e Polio. Tríplice viral: difteria, tétano e coqueluxe. DTP: conhecida como tríplice celular, é utilizada aos 2, 4 e 6 meses no SUS, em associação com a Hib e Hepatite B (pentavalente). DTPa: conhecida como tríplice acelular e só presente na rede privada, é preferível à DTP,pois os eventos adversos são menores. O próximo reforço da tríplice viral (10 anos depois da idade de 5 anos) deve ser feita com a DTPa, para a cobertura vacinal da coqueluche. Devido à grande epidemia dessa doença, em 2017 a Sociedade Brasileira de Imunologia sugeriu adiantar essa doce para os 10 anos de idade. Hib Sarampo, Caxumba e Rubéola Varicela HPV: Dengue (não está disponível na rede pública) Viroses exantemáticas são moléstias infecciosas nas quais a erupção cutânea é a característica dominante. A análise do tipo da lesão, dos sinais e dos sintomas concomitantes e a epidemiologia, algumas vezes, permitem inferir o diagnóstico etiológico, sem a necessidade de exames laboratoriais complementares, como no sarampo, na varicela e na doença mãos-- pés-boca. Em outras, apenas os exames laboratoriais permitem confirmar a etiologia, como acontece com os enterovírus, os adenovírus, a rubéola, etc. A presença de exantema em uma criança com doença aguda febril demanda consideração para uma série de moléstias, muitas delas não sendo de origem infecciosa. O médico, diante de um caso assim, deve estar atento para um reconhecimento rápido da gravidade, pois, se na maioria das vezes são processos benignos, em outras, pode-se estar perante uma doença fulminante, por exemplo, meningococcemia. Em outras ocasiões, o diagnóstico é importante para que sejam tomados os devidos cuidados com os comunicantes, por exemplo, uma criança com rubéola que teve contato com uma gestante suscetível. Mecanismos de agressão à pele: Os micro-organismos podem causar erupção cutânea por: • invasão e multiplicação direta na própria pele, por exemplo, na infecção pelo vírus da varicela-zóster e do herpes simples; • ação de toxinas, como na escarlatina e nas infecções estafilocócicas; • ação imunoalérgica com expressão na pele, mecanismo mais frequente nas viroses exantemáticas; • dano vascular, podendo causar obstrução e necrose da pele, como na meningococcemia ou na febre purpúrica brasileira. Em geral, esses mecanismos coexistem. Essas reações aparecem na pele como lesões distintas. Assim, mácula é uma lesão plana, não palpável; pápulas são lesões pequenas perceptíveis ao tato que, quando maiores, são chamadas de nódulos; vesículas são pequenas lesões que contêm líquido e, quando maiores, são chamadas de bolhas. Quando o líquido é purulento, tornam-se pústulas. Placas são lesões planas, mas elevadas, perceptíveis ao tato e grandes. As lesões podem ter cor eritematosa – que, quando desaparece com a vitropressão, é decorrente de uma vasodilatação e, quando não, de extravasamento de sangue do vaso, sendo, então, chamadas de purpúricas –, podem ser pequenas, petequiais, ou maiores, equimóticas. Podem, ainda, ser divididas em morbiliformes, quando existem áreas de pele sã entre as lesões e escarlatiniformes, quando o acometimento é difuso. Sarampo É uma doença quase erradicada em nosso meio, graças às campanhas de vacinação, mas até um passado recente provo-cava grandes epidemias; • etiologia: paramixovírus; • mecanismo de transmissão: via aérea, por meio de aerossol; • tempo de incubação: 8 a 12 dias; • tempo de contágio: desde 2 dias antes do início do pródromo até 4 dias após o aparecimento do exantema; • cuidados com os contactantes: aplicar a vacina contra o sarampo até 72 horas após o contágio; após esse período, até 6 dias, aplicar a imunoglobulina humana normal. Para crianças normais, a dose é de 0,25 mL/kg; nos imunodeprimidos, é 0,5 mL/kg; • isolamento: respiratório (uso de máscara) até 4 dias após o início do exantema; • quadro clínico: a doença começa com pródromos que duram de 3 a 4 dias, com febre, tosse, cefaleia, mal-estar, prostração intensa, incomum em doenças virais. A febre é elevada, atingindo o auge na época do aparecimento do exantema, o que difere também da maioria das viroses, e cai em lise no terceiro ou quarto dia do exantema. A tosse é seca, intensa (incomoda o paciente), está sempre presente e é acompanhada de uma coriza abundante, hialina no início e purulenta nos dias subsequentes. Os olhos ficam hiperemiados, com lacrimejamento e fotofobia e, nos casos mais graves, ocorre edema bipalpebral. A prostração pode ser intensa, denotando comprometimento sistêmico. O enantema (erupção cutânea) é a primeira manifestação mucocutânea a aparecer e é característico. A orofaringe fica hiperemiada e na região oposta aos dentes molares aparecem manchas branco- azuladas, pequenas, de cerca de 1 mm de diâmetro, chamadas de manchas de Koplik; • as manchas aparecem 1 ou 2 dias antes do exantema e desaparecem 2 ou 3 dias depois. O exantema inicia-se atrás do pavilhão auricular, disseminando-se rapidamente para o pescoço, a face e o tronco e atinge a extremidade dos membros por volta do terceiro dia. Ele é maculopapular eritematoso, morbiliforme como regra, mas, em determinadas áreas, pode confluir. O exantema começa a esmaecer em torno do terceiro ou quarto dia, na mesma sequência que apareceu, deixando manchas acastanhadas. O número de complicações é grande, podendo-se citar, entre elas: laringite, às vezes muito acentuada, traqueobronquite, pneumonite intersticial, ceratoconjuntivite, miocardite, adenite mesentérica, diarreia com perda importante de proteína e panencefalite esclerosante subaguda. Otite média é a principal complicação bacteriana. Também podem suceder sinusite, pneumonia bacteriana, púrpura trombocitopênica, encefalomielite, reativação de tuberculose pela imunodepressão. Em crianças menores de 1 ano de idade e desnutridas, é causa não desprezível de óbito. Em adolescentes e adultos, a gravidade tende a ser maior. Devem ser considerados, além do sarampo clássico, mais duas formas de apresentação: o sarampo modificado e o sa-rampo atípico. O primeiro acontece quando o vírus acomete pessoas que têm imunidade relativa, ou pela aquisição intrauterina de anticorpos (portanto, ocorre apenas em crian-ças pequenas), ou por terem tomado gamaglobulina. Nesses casos, o tempo de incubação é maior, de mais de 3 semanas, os pródromos são mais leves, raramente observa-se mancha de Koplik e o exantema também é leve. Já o sarampo atípico, que ocorre em crianças que previamente tinham tomado va-cina de vírus morto, é mais grave, com febre alta, cefaleia, mialgia, pneumonite grave e derrame pleural. O exantema é bastante variável, macular, vesicular ou petequial. Esta última forma de apresentação do sarampo, apesar de rara, é uma preocupação, em decorrência da teórica possibilidade de ocorrer se as vacinas não forem bem conservadas: Diagnóstico: dosagem de anticorpos pela inibição de hemaglutinação (IH), neutralização, fixação de complemento (CF), realizada na fase inicial e 2 a 3 semanas após, com aumento de 4 vezes o título, ou pela pesquisa de anticor-pos da classe IgM, os quais se positivam a partir do sexto dia do exantema. Prevenção: é feita com vacina de vírus vivo e atenuado, aplicada no 12o mês de vida, e dose de reforço entre 4 e 5 anos de idade. Como após os 12 anos muitas pessoas perdem os anticorpos, podendo contrair a doença, já em uma idade de maior risco de complicações, recomenda-se que se aplique maisum reforço nesse grupo etário. Vitamina A como suporte. Rubéola • Etiologia: togavírus; • transmissão: via aérea, por meio de perdigotos; • tempo de incubação: 14 a 21 dias; • tempo de contágio: de poucos dias antes até 5 a 7 dias depois da erupção; • cuidados com os contactantes: observação; • isolamento: respiratório e de contato para os casos adquiridos pós- parto, até 7 dias após o exantema. As crianças com infecção congênita são consideradas infectantes até 1 ano de idade ou até que a pesquisa de vírus na nasofaringe e na urina se negative; • quadro clínico: principalmente em crianças não se observa pródromo, mas em adolescentes e em adultos podem apare-cer sintomas gerais brandos antecedendo 1 a 2 dias o exantema que se inicia na face, espalhando-se rapidamente para o pescoço e o tronco e atingindo os membros já em 24 horas. exantema é maculopapular róseo, pode, eventualmente, coalescer no tronco e tem curta duração, de 3 ou menos dias. Em alguns casos, observam-se, no palato mole, lesões petequiais, conhecidas como sinal de Forscheimer, que não é patognomônico dessa doença. Um achado marcante, entretanto, é a adenomegalia, que pode anteceder em até 7 dias o exantema. São acometidos, principalmente, os gânglios da cadeia cervical e retroauricular. Metade dos casos apresenta esplenomegalia discreta. As complicações na criança são raras, citando-se a púrpura trombocitopênica, a encefalite e, em mulheres, a artralgia. A grande importância da rubéola é na gestação em consequência da possibilidade de promover dano fetal; a va-cinação em crianças visa fundamentalmente a proteger as mulheres suscetíveis do seu convívio; diagnóstico: isolamento do vírus do material de nasofaringe ou da urina. Pesquisa de anticorpos da classe IgM e de IgG contra rubéola no soro; • prevenção: é realizada com a vacina de vírus vivo e atenuado, que é aplicada após os 12 meses de idade. Eritema infeccioso • Etiologia: parvovírus humano B19; • transmissão: via aérea, por perdigotos; • tempo de incubação: 4 a 14 dias; • tempo de contágio: desconhecido; • cuidados com os contactantes: observação, principalmente das pessoas que tenham hemoglobinopatia; • isolamento: desnecessário; • quadro clínico: em geral, não há pródromos. O primeiro sinal costuma ser o exantema, que se inicia na face como maculopápulas que confluem, tornando-se uma placa vermelho-rubra, concentrada, principalmente, na região das bochechas. Poupa a região perioral, a testa e o nariz, conferindo um aspecto de “asa de borboleta”, semelhante ao observado no lúpus eritematoso. Dá às crianças aspecto de “cara esbofeteada’’. Depois de 1 a 4 dias, o exantema evolui, acometendo os mem-bros superiores e inferiores, inicialmente em sua face extensora e, mais tarde, na flexora. A lesão da pele inicia-se como uma mácula que vai aumentando de tamanho, deixando a região central mais pálida, conferindo um aspecto tipicamente rendilhado. Nessa fase, o tronco pode ficar acometido. O exantema pode persistir por um período longo, até mais de 10 dias, e exacerbar- se ou reaparecer quando a criança é exposta ao sol, faz exercício ou quando há alterações de temperatura. Recorrência das lesões, mesmo após 1 a 2 semanas do desaparecimento, é descrita. A evolução é, em geral, afebril, podendo ser acompanhada de artralgias e de artrites. O hemograma é normal ou com discreta leucocitose e eosinofilia. Apesar de, na maioria dos casos, ter evolução benigna, nos adolescentes e nos adultos os sintomas são mais proeminentes, principalmente o comprometimento articular. Dentre as complicações conhecidas, a mais grave é a morte fetal, quando o vírus acomete mulheres grávidas. O parvovírus humano B19 é um vírus emergente em importância.Esse vírus tem como célula-alvo o eritroblasto do hospedeiro. Em geral, os pacientes apresentam anemia, que pode ser profunda em pessoas com hemoglobinopatias. Caso acometa grávidas suscetíveis, provoca dano fetal, como aborto, parto prematuro e hidropsia. 1. Diagnóstico: sorologia para parvovírus humano B19; 2. Prevenção: não existe. Roséola infantil ou exantema súbito • Etiologia: herpes-vírus humano 6 (HVH6) e 7 (HVH7); • transmissão: provavelmente por perdigotos; • tempo de incubação: 5 a 15 dias; • tempo de contágio: durante a fase de viremia, sobretudo no período febril; • cuidados com os contactantes: observação; • isolamento: desnecessário; • quadro clínico: acomete, virtualmente, apenas as crianças entre 6 meses e 6 anos de idade, predominando nas menores de 2 anos. Isso sugere que haja certa proteção pelos anticorpos maternos e que o vírus seja altamente predominante na comunidade, uma vez que na idade pré-escolar quase todas as crianças já estão imunes. O início da doença é súbito, com febre alta e contínua (a criança fica extremamente irritada e anorética) e é considerada uma das causas mais comuns de convulsão febril. Não há toxemia, apesar da magnitude da febre. Linfonodomegalia cervical é achado muito frequente, assim como a hiperemia de cavum (parede posterior da rinofaringe). Após 3 a 4 dias de febre, quando esta cessa bruscamente, aparece o exantema, também de modo súbito, constituído por lesões maculopapulares rosadas que se iniciam no tronco e se disseminam para a cabeça e as extremidades. A erupção é de curta duração, de algumas horas a 2 ou 3 dias, desaparecendo sem deixar descamação ou hiperpigmentação. O exantema pode passar despercebido. 1. Diagnóstico: apenas a presença do herpes-vírus humano 6 ou 7 no sangue periférico fornece o diagnóstico de infecção primária. Podem ser realizados testes para detecção de anti-corpos, mas o seu resultado deve ser analisado com cuidado, em razão da possibilidade de haver infecções crônicas (como todo herpes-vírus) com reativações. Prevenção: não existe. Mononucleose infecciosa Atualmente, a mononucleose infecciosa é considerada uma síndrome; o vírus Epstein-Barr é o responsável por cerca de 80% dos casos. A ocorrência de erupção cutânea não ultrapassa os 10 a 15% dos casos, exceto quando se administra penicilina ou ampicilina ao paciente. Os sintomas prevalentes nessa doença são febre, linfonodomegalia, hepatoesplenomegalia e faringoamigdalite. O tipo de exantema é variável, sendo, na maioria das vezes, maculopapular, mas podem ocorrer erupções petequiais, papulovesiculares, escarlatiniformes e urticariformes. As erupções são mais evidentes na presença dos antibióticos citados. Outros agentes a serem considerados são o citomegalovírus, o vírus da imunodeficiência adquirida, o vírus da hepatite B e, dentre os não virais, o Toxoplasma gondii. Enteroviroses • Etiologia: RNA- vírus. Os não pólio-enterovírus são classificados em 23 coxsackie A (A- 1 a A-24, exceto A-23), 6 coxsac- kie B (B-1 a B-6), 31 ECHO (1 a 33, exceto 10 e 28) e 4 entero- vírus (68 a 71); • transmissão: via fecal-oral; • tempo de incubação: 3 a 6 dias; • tempo de contágio: variável; • cuidados com os contactantes: observação; • isolamento: precauções entéricas durante hospitalização; • quadro clínico: os enterovírus são causa frequente de exantemas, já tendo sido identificados mais de 30 deles como responsáveis por erupções cutâneas. Elas podem ser virtualmente de qualquer tipo descrito, desde o clássico maculopapular, até vesicular, petequial e mesmo urticariforme. A doença mãos-pés-boca pode ser considerada bastante característica de enterovírus, sendo os responsáveis os coxsackie A16, A5, A7, A9, A10, B2, B3, B5 e o enterovírus 71. Nessa doença, após um período prodrômico de febre baixa, irritabilidade e anorexia, aparecem lesões vesiculares na boca, que rapidamente se rompem, transformando-se em úlceras dolorosas de tamanhos variáveis. As lesões nas extremidades são constituídas por papulovesículas de 3 a 7 mm de diâmetro; acometem, principalmente, dedos,dorso e palma das mãos e planta dos pés. Em lactentes, é frequente ocorrer acometimento perineal. As lesões desaparecem sem deixar cicatrizes. Exantema Vesicular Varicela • Etiologia: vírus da varicela-zóster, do grupo herpes; • transmissão: por aerossol, contágio direto e pela transmissão vertical; • tempo de incubação: 10 a 21 dias; • tempo de contágio: do décimo dia após o contato até a formação de crostas de todas as lesões; • isolamento: respiratório e de contato; • cuidados com os contactantes: a imunoglobulina humana antivírus varicela-zóster (VZIG) deve ser indicada nas seguin-tes situações: crianças imunocomprometidas, sem história prévia de catapora; gestantes suscetíveis; recém-nascidos cuja mãe tenha tido catapora dentro de 5 dias antes ou 48 horas após o parto; prematuros (gestação com 28 semanas) cuja mãe não tenha tido varicela; e prematuros (gestação com menos de 28 semanas) independentemente da história materna. A dose indicada é de 125 U para cada 10 kg e deve ser aplicada em 48 horas (até no máximo 96 horas) após a exposição. O uso de aciclovir como profilaxia em comunicantes é discutível, mas quando este for um adulto ou um paciente imunode- primido e para o qual não se disponha da VZIG, talvez seja de interesse, pois nessas situações as manifestações da doença podem ser mais intensas e graves; • quadro clínico: principalmente em crianças, o exantema é o primeiro sinal da doença, mas, eventualmente, podem- se notar febre baixa e mal-estar, os quais são mais proemi-nentes em adolescentes e em adultos. A erupção inicia-se na face, como máculas eritematosas que rapidamente se tornam pápulas, vesículas, pústulas e, finalmente, crostas. Essas lesões aparecem em surtos, geralmente por 3 a 5 dias, antecedidas por febre (viremia), promovendo um aspecto polimórfico do exantema. O envolvimento do couro cabeludo e das mucosas orais e genitais é frequente. As crostas permanecem por 5 a 7 dias e depois caem, deixan-do uma mácula branca, que não é permanente. Quando a pele foi anteriormente traumatizada ou sofreu abrasão, como cirurgias, radioterapia, queimadura, presença de ec-zema, dermatite de fraldas, etc., as lesões costumam ser mais numerosas nessa região. A varicela costuma ser uma doença benigna; entretanto, complicações às vezes muito sérias são observadas. Dentre elas, podem-se citar: • infecções bacterianas secundárias: são as complicações mais frequentes, causadas por estreptococos e estafilococos. Podem ser pouco graves, como piodermites (quando a “catapora irá deixar marca”), ou mais sérias, como a erisipela e a celulite. Ocasionalmente, servem de porta de entrada para in-fecções sistêmicas; • pneumonia: a pneumonite intersticial parece ser regra na varicela e é, em geral, um achado radiológico. Entretanto, em algumas ocasiões, assume proporções mais graves, evoluindo para insuficiência respiratória, às vezes fatal. Nos adultos, a expressão clínica do acometimento pulmonar é maior, che-gando a mais de 10%, sendo também mais grave. Nas crianças imunodeprimidas, a pneumonite é a causa mais importante de óbito; • encefalite: o acometimento do SNC não é frequente e pode anteceder ou preceder o exantema. Como regra, aparece entre 3 e 8 dias após o início do exantema. A região mais frequentemente atingida é o cerebelo, traduzindo-se por ataxia. A encefalite, por sua vez, é responsável por sono-lência, coma e hemiplegia, podendo deixar sequelas; • manifestações hemorrágicas: podem ser decorrentes de trombocitopenia, que aparece na fase de convalescença, ou de uma coagulopatia de consumo, felizmente mais rara, que origina a temida varicela hemorrágica e que, quando acomete as suprarrenais, evolui para a púrpura fulminante, semelhante àquela que ocorre nas meningococcemias; varicela e gravidez: quando acomete uma gestante, o feto pode sofrer as consequências, das quais as mais frequentes são focomelia, coriorretinite, meningoencefalite, lesões cica-triciais na pele, além de morte fetal e aborto. Quando as lesões aparecem durante os primeiros 16 dias após o parto, denomina-se varicela congênita e acomete 25% dos recém-nascidos cujas mães apresentam a doença 1 a 5 dias antes e dentro de 48 horas após o parto; • síndrome de Reye: degeneração aguda do fígado acompanhada de encefalopatia hipertensiva grave tem sido descrita em crianças com varicela, mormente quando receberam ácido acetilsalicílico como antitérmico; • tratamento: nos pacientes com imunodepressão ou que apresentem risco de doença grave com acometimento visceral, há indicação de tratamento antiviral com o uso de aciclovir; • diagnóstico: na fase de vesícula, o exame do líquido da lesão pela microscopia eletrônica fornece o diagnóstico imediato. Anticorpos podem ser detectados pelo teste de imunofluo-rescência indireta (IFI); • prevenção: vacina antivaricela (vírus vivo atenuado). Escarlatina A escarlatina é uma doença infecciosa aguda causada pelo estreptococo ß hemolítico do grupo A, produtor de toxina pirogênica (eritrogênica). A doença ocorre mais freqüentemente associada à faringite e, ocasionalmente, aos impetigos. Sua importância está diretamente relacionada com as seqüelas não supurativas: a febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda. A escarlatina pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais freqüente em escolares entre 5 e 18 anos. É rara no lactente, provavelmente devido à transferência de anticorpos maternos contra a toxina eritrogênica. Acomete igualmente ambos os sexos. Agente etiológico É o Streptococcus ß hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes), eventualmente dos grupos C,DeG. Reservatório O homem é o hospedeiro natural do estreptococo do grupo A. Outros possíveis veículos de transmissão do estreptococo dos grupos D e G são os alimentos e a água. Modo de transmissão A transmissão da escarlatina dá-se por contato direto e próximo com paciente que apresenta a faringoamigdalite estreptocóccica aguda, por intermédio de gotículas de saliva ou secreções nasofaríngeas. Aglomerações em ambientes fechados, como creches e escolas, principalmente nos meses frios, e após ou concomitante a quadros de varicela e feridas cirúrgicas infectadas favorecem a transmissão, podendo levar ao aparecimento de surtos. Período de incubação da escarlatina: de 2 a 5 dias, sendo discutível a transmissão nessa fase da doença. Período de transmissibilidade: a transmissão tem seu início junto com os primeiros sintomas. Nos casos não tratados e sem complicações dura de 10 a 21 dias. Nos adequadamente tratados, até 24 horas do início do tratamento. Suscetibilidade e imunidade: para que ocorra a doença é necessário que o indivíduo infectado não tenha imunidade contra o estreptococo (imunidade tipo- específica), nem imunidade antitóxica contra a exotoxina pirogênica (toxina eritrogênica). Em pacientes que não são tratados especificamente para faringite estreptocócica, anticorpos tipo- específicos são freqüentemente detectáveis no soro entre 4 a 8 semanas após a infecção. Aspectos clínicos: na escarlatina ocorre um curto período prodrômico, geralmente de 12 a 24 horas, no qual pode ocorrer febre alta, dor à deglutição, mal-estar geral, anorexia e astenia; sintomas estes que podem estar acompanhados de náuseas, vômitos e dor abdominal, especialmente em crianças. Após esse período, o paciente pode apresentar faringoamigdalite com exsudato purulento, adenomegalia cervical, enantema em mucosa oral acompanhado de alteração na língua. Nos primeiros dias, a língua se reveste de uma camada branca, com papilas protuberantes que se tornam edemaciadas e avermelhadas. Após um ou dois dias a camada branca se descama, ressaltando as papilas hipertrofiadas e avermelhadas (língua em framboesa). A erupção de pele surge tipicamente após 12 a 48 horas, manifestando-se como um exantemamicropapular, iniciando-se no peito e expandindo-se para o tronco, pescoço e membros, poupando as palmas das mãos e as plantas dos pés; caracteristicamente, confere à pele o aspecto de lixa e desaparece à digitopressão. Na face são encontradas lesões puntiformes, com a testa e bochechas hiperemiadas, contrastando com a palidez da região perioral (sinal de Filatov). O exantema apresenta-se mais intenso nas dobras cutâneas e nas áreas de pressão, como nádegas; surgem nesses locais áreas de hiperpigmentação e nas dobras de flexão há formação de linhas transversais (sinal de Pastia). A faringoamigdalite, a erupção e a febre, assim como as outras manifestações clínicas, desaparecem em torno de uma semana, seguindo- se um período de descamação, característico da escarlatina. A descamação começa na face e pescoço, em finas escamas, desce para o tronco e por último para as extremidades, na segunda ou terceira semana. As mãos e os pés são os últimos que descamam, e de forma mais intensa. Complicações: Podem ser de dois tipos: *supurativas: abscessos, fasciíte necrotizante, bacteremia, síndrome do choque tóxico estreptocóccico, meningite, pioartrite, endocardite, osteomielite, peritonite, sinusite e até meningite e abscesso cerebral, devido à infecção por contigüidade via mastóide ou disseminação hematogênica; *não- supurativas: glomerulonefrite difusa aguda, febre reumática, eritema nodoso, eritema multiforme, poliarterite nodosa, artrite reativa. A letalidade é alta nos casos de bacteriemia estreptocóccica e choque séptico estreptocóccico. Diagnóstico laboratorial: Laboratorial: a cultura de orofaringe é o principal exame (padrão ouro) para a identificação do estreptococo ß hemolítico do grupo A. Deve-se utilizar swab adequado (Dracon ou Rayon), flexível, estéril, com haste de plástico (não usar swab de algodão ou alginato de cálcio) para a coleta de material da orofaringe, que deverá ser colocado em tubo estéril para encaminhamento imediato ao laboratório, em temperatura ambiente. Para informações complementares, consulte oAnexo 1. Os testes para anticorpos no soro da fase aguda e de convalescença, como a antiestreptolisina O (ASLO); são úteis e contribuem como mais um dado presuntivo de infecção por estreptococo do grupo A, porém não têm valor para o diagnóstico imediato ou tratamento da infecção aguda, pois a elevação do título obtido após 2 a 4 semanas do início do quadro clínico é muito mais confiável do que um único título alto. *Os testes rápidos de detecção de antígeno como o látex, se disponíveis, podem ser usados; entretanto, apesar da alta especificidade (95%), sua sensibilidade é baixa (76% a 87%). Assim, quando o látex estiver disponível será utilizado. No entanto, também deverá ser feita coleta para cultura. ! O hemograma apresenta-se com leucocitose, neutrofilia e desvio à esquerda, e eosinofilia (5% a 10%), principalmente nos primeiros dias de infecção. Tratamento: O tratamento pode ser iniciado até oito dias após o início do quadro, e as penicilinas continuam sendo o tratamento de escolha para a escarlatina. Devem ser usadas, a menos que o paciente seja alérgico. Pode ser usada a forma de penicilina G benzatina, nas doses de 600.000 UI, intramuscular, para crianças menores de 25 quilos, e 1.200.000 UI para maiores de 25 quilos e adultos, em dose única. Também pode ser utilizada a penicilina V oral, em doses de 200.000 UI (125 mg) para menores de 25 quilos, e 400.000 UI (250 mg) para maiores de 25 quilos e adultos, a cada 6 ou 8 horas, durante dez dias. A eficácia clínica é similar nas duas formas, embora haja mais recaídas com a forma oral. Ambas previnem o aparecimento da febre reumática. A amoxacilina, ou amoxacilina com clavulanato, também pode ser utilizada por dez dias, nas doses de 500 mg de 8/8horas VO (via oral) para adolescentes e adultos e 50- 40mg/kg/dia, de 8/8horas, para crianças. Reação causada por medicamentos: farmacodermia. https://www.saude.ce.gov.br/ultimas- noticias-2/fique-por-dentro/calendario- de-vacinacao/ Atualização Médica Personalizada do Hospital Israelita Albert Einstein Tratado de Pediatria, Volume 1 http://periodicos.ses.sp.bvs.br/pdf/bepa/ v4n46/v4n46a03.pdf https://www.saude.ce.gov.br/ultimas-noticias-2/fique-por-dentro/calendario-de-vacinacao/ https://www.saude.ce.gov.br/ultimas-noticias-2/fique-por-dentro/calendario-de-vacinacao/ https://www.saude.ce.gov.br/ultimas-noticias-2/fique-por-dentro/calendario-de-vacinacao/ http://periodicos.ses.sp.bvs.br/pdf/bepa/v4n46/v4n46a03.pdf http://periodicos.ses.sp.bvs.br/pdf/bepa/v4n46/v4n46a03.pdf
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