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Psicologia Social - 14/09/2021 Abordagens sócio-históricas, sócio-cognitiva e social-crítica. Já se sabe que existem duas linhas de pensamento e desenvolvimento da psicologia social, uma que pode ser chamada de psicologia social psicológica e a outra sociológica, essas três abordagens que serão vistas na aula de hoje, não são só de uma, ou de ambas. A psicologia social crítica está mais para a área da psicologia sociológica e as outras duas oscilam entre a psicológica e sociológica, elas podem ter uso em uma das duas em algum momento. O que une essas três abordagens é a importância que elas dão para o contexto social no desenvolvimento do comportamento humano, na verdade, elas dão especificamente a psicologia social sócio histórica e cognitiva, elas dão ênfase muito grande no contexto social, nas relações sociais para o desenvolvimento que chamamos de funções psicológicas superiores ou próprio comportamento, embora haja diferença significativa entre elas duas. Qual o papel do contexto social para o comportamento humano? A psicologia tradicionalmente é uma psicologia do indivíduo. Basta lembrar da psicologia experimental de Wundt, quando ele começa a estudar indivíduos, a consciência deles, e etc. Em todas as teorias há certa evolução, de começar falando do indivíduo, depois tentam explicar o grupo social; partindo de um comportamento individual para o coletivo, que seria o comportamento social. As teorias que serão vistas na aula fazem/dizem o contrário, de que esse comportamento social cria o comportamento individual de certa forma. Os exemplos que observamos de outras pessoas afetam nosso comportamento? Se tem uma influência de grupo social principalmente na infância, por exemplo, mas que depois nós decidimos o que é certo e errado. Na psicologia cognitiva, por exemplo, se diz que a pessoa aprende determinadas crenças do grupo familiar, mas à medida que cresce e interage em diferentes ambientes, você testará essas crenças, o que acontece é que algumas delas serão mantidas mas outras serão ignoradas. Psicologia Social Crítica ↳ tem um índice de desenvolvimento mais recente, lá pelos anos 70. ➔ Adota perspectivas teóricas que apresentam uma postura crítica (por isso o nome) em relação a instituições, organizações e práticas da sociedade atual; então, enquanto em outras teorias a psicologia tenta entender o que leva uma pessoa a escolher o que esta ou aquela profissão, a psicologia crítica vai buscar entender porque a pessoa tem que escolher uma profissão, porque que naquele contexto social determinadas profissões são mais valorizadas do que outras, quais os efeitos daquela profissão no status, para a vida daquele sujeito e como o contexto social determina isso. Não é apenas entender o efeito do grupo social, mas analisar o próprio grupo social, enquanto outras teorias procuram saber porquê o indivíduo escolhe certo parceiro mas a psicologia social crítica vai buscar entender o porquê dessa escolha. ➔ Opõe-se à opressão e exploração presentes na maioria das sociedades; esta crítica a instituições, organizações e práticas sociais tem um foco, uma atenção a isso quando exploram e oprimem as pessoas. ➔ Tem como um dos seus principais objetivos promover a mudança social, de modo a garantir o bem estar do ser humano; essa proposição da psicologia social crítica que a psicologia deve promover a mudança social, o bem estar humano, é um paralelo do modelo positivista de ciência, onde o objetivo da ciência é controlar e prever fenômenos, e no caso da psicologia seria controlar e prever comportamentos humanos, em prol do indivíduo, do bem estar das pessoas; só que no modelo positivista as coisas são bem objetivas, se tira o bem estar humano. ➔ A adesão à psicologia social crítica é maior na América Latina, sendo utilizada na análise dos problemas sociais característicos dessa região; principalmente porque, como busca criticar instituições, organizações, práticas, buscando mudança social, isso é bem adequado para a américa latina porque temos uma grande maioria, e não todos, países subdesenvolvidos com uma série de problemas sociais. É claro que existe um contexto específico para essa psicologia social surgir: ➔ No final da década de 1970, psicólogos sociais latino-americanos iniciaram um movimento de questionamento à psicologia “importada” dos EUA e era basicamente uma psicologia social centrada no indivíduo (psicológica) positivista, que utilizava método experimental, a qual seria descontextualizada quanto aos problemas políticos e sociais do continente; ➔ Entre os problemas que motivaram a busca por um novo referencial estão as diversas ditaduras militares presentes no continente à época; ➔ Esse modelo de psicologia social psicológica não era adequado a esse contexto principalmente porque não tratava desses problemas, então esses psicólogos latino-americanos vão buscar outros referenciais epistemológicos, metodológicos, e entra a crise na psicologia social, então lá para o final da década de 70 começa a se desenvolver outra vertente de psicologia social. ➔ Segundo Martín-Baró, um dos representantes do movimento, a principal tarefa da psicologia social seria conscientizar pessoas e grupos, a fim de levá-los a desenvolver um saber crítico sobre si e acerca de sua realidade, permitindo controlar sua própria existência; ➔ Assim, seria necessário desenvolver um saber psicológico historicamente construído, capaz de compreender e contribuir para a resolução dos problemas que atingem as populações oprimidas; ➔ O ponto de partida para a construção teórica em psicologia social seriam, então, os problemas e conflitos vivenciados pelo povo latino-americano, contextualizado com sua história; Concluindo que, a ciência em geral estuda fenômenos, e a psicologia enquanto ciência vai estudar fenômenos relacionados ao comportamento humano, aos processos psicológicos, essa coisa que chamamos de mental, mas, esse mental acontece num contexto social, e esse contexto tem influência sobre esses comportamentos processos mentais; só que como esse contexto social na américa do norte é um e na europa e outro, o da américa latina é diferente, precisando assim de conhecimentos que busquem explicar o nosso contexto, comportamento humano que acontece aqui na cultura que nós temos. Quanto a produção de conhecimento: ➔ Opõe-se ao positivismo, à pesquisa experimental, à neutralidade científica e a perspectivas individualistas dos fenômenos psicossociais; ➔ Defende a produção de conhecimento contextualizado, a pesquisa participante (qualitativa), construído por pesquisadores e atores sociais, buscando contribuir para a resolução dos problemas sociais e transformar a realidade social; ➔ Estudo observou que a produção científica em psicologia social crítica seria essencialmente teórica (40%) e qualitativa (55%); Psicologia Sócio-Histórica Origens: ➔ A psicologia sócio-histórica tem suas origens nos trabalhos de Vygotsky (1896-1934), Leontiev (1903-1977) e Lúria (1902-1977); ➔ Baseou-se em disciplinas como linguística, psicologia, pedagogia e neurologia; ➔ Influenciada pelo marxismo: a ideologia oficial passou a controlar a atividade científica e a nova geração de psicólogos se engajou na construção de sistemas teóricos baseados no materialismo-dialético, e de acordo com isso, o indivíduo se constitui a partir das coisas que ele faz, do que ele produz; então a nossa própria história segundo Marx, é explicada através dos meios de produção (feudal, manufaturas, até chegar nas indústrias). Construção do indivíduo: ↳ O processo de construção do indivíduo resulta de duas histórias indissociáveis: ➔ Psicogênese: história da psike, ao longo da qual esta se altera e se abre ao mundo sócio-histórico; ➔ Sociogênese: história social, na qual a sociedade lhe impõe um “modo de ser”, que ela não poderia fazer surgir dela mesma, que fabrica o “indivíduo social”; Princípios do paradigma sócio-histórico: ➔ Os fenômenos psicológicos são processos em mudança, portanto não podem ser estudados como meros objetos; no pontode vista da psicologia social psicológica positivista, tem que ter um objeto de estudo definido, mas aqui não se pode ter porque se o objeto de estudo é a mente, por exemplo, essa mente é fluida, não é um ponto no tempo, logo não poderia ser estudada por esses métodos mais psicológicos, ou necessitaria de outro método. ➔ Método lógico-histórico: baseia-se na ideia de que o homem age sobre a natureza e a transforma, criando novas condições de existência (abordagem dialética); à medida que se age sobre a natureza e o mundo, se cria novas realidades. ➔ Princípios do método lógico-histórico: ↳ Visa processos, não objetos; então, quero entender o funcionamento, os processos da consciência e não a consciência em si. ↳ É explicativo, não meramente descritivo; é preciso explicar como esses processos funcionam. ↳ Processos psicológicos automatizados ou mecanizados após um longo processo histórico de desenvolvimento devem ser avaliados quanto a suas origens; por exemplo, se tem um processo psicológico presente agora que já está automatizado, pode investigar a origem desse processo. ➔ A consciência emerge no processo de atividade humana (enquanto “trabalho”, conforme Marx e Engels); ➔ Estudar a atividade humana implicaria estudar a consciência; ➔ A atividade humana modifica a realidade, sendo uma atividade criadora, que difere o homem dos animais; os outros animais agem sobre a natureza sim, mas não modificam a realidade como o homem faz. ➔ O objeto produzido pela atividade (trabalho) é a “objetivação” da atividade do homem; então o processo criativo se torna objetivado naquilo que se faz. ➔ O processo inverso da objetivação é o da apropriação e internalização das produções culturais; então ao mesmo tempo que se pode por meio das práticas revelar a consciência por meio do que se faz, também se pode adquirir uma consciência por meio daquilo que o meio social produz. ➔ As funções psicológicas humanas (pensamento, linguagem, etc.) antes de existirem no nível individual (intrapsíquico) existem no nível social (interpsíquico); e aqui entra um ponto muito importante dessa teoria de que todos esses processos psicológicos que consideramos especificamente humanos, como pensamento, linguagem e tomada de decisões, segundo esta teoria, tudo isso antes de existir no indivíduo, existe num nível social. ↳ Ex: quando alguém nasce, este indivíduo não pensava e depois só vai começar a pensar porque este indivíduo faz parte de um grupo social, e esse grupo social que vai dar essa capacidade de pensar a partir da linguagem, por exemplo. ➔ A atividade humana é mediada “externamente” por instrumentos técnicos (que regulam as ações sobre os objetos) e pelos sistemas de signos (que regulam as ações sobre o psiquismo, próprio e dos outros); à medida que uma criança se desenvolve, ela aprende a usar um relógio e ver as horas, a usar talheres, a usar um celular e etc; esses instrumentos são uma mediação entre eu - indivíduo biológico e um eu - indivíduo que se tornará um ser racional. ↳ A mediação pela linguagem explicaria a origem e a natureza social da vida psíquica; ↳ A consciência, então, seria uma “estrutura semântica”, uma estrutura de significados que a gente adquire por meio da linguagem. 🔺 Abaixo um modelo de como funcionaria nessa teoria dos psicólogos russos, na psicologia social histórica, como seria a transformação de uma criança em um ser humano, um indivíduo. Teríamos ao nascer uma condição biológica, que seria natural, com aportes biológicos e potencialidades (nascer com um cérebro com a capacidade de aprender). Mas para que esses potenciais se tornem algo, seja potencializada e se transforme em um ser social, existe a mediação da cultura humana, que pode ser material e intelectual, nessa cultura teriam várias coisas, como objetos, galões, ciência e etc, então esta cultura das outras pessoas que é social e histórica, iria mediar essa transformação de um ser biológico para um ser humano, nesse sentido vale a ideia de que não existe um indivíduo sem o meio social. Essa aquisição da cultura vem por meio de determinados processos, como relações sociais e esse modelo de ensino formal, a educação escolar. Psicologia sócio-cognitiva ➔ A teoria sócio-cognitiva, de Bandura (1925-2021), destaca a importância da agência (no sentido de agir, do comportamento) humana para o desenvolvimento, aprendizagem e comportamentos de adaptação, frente à mudanças, diversos contextos; o indivíduo de certa forma seria responsável pelo seu próprio desenvolvimento, aprendizagem e sua adaptação ao ambiente por meio de suas ações. ➔ A essência do funcionamento psicológico estaria em um processo autorregulatório do indivíduo nas diversas situações, em uma aprendizagem contínua, segundo uma do indivíduo nas diversas situações, em uma aprendizagem contínua, segundo uma relação triádica, que as características do indivíduo influenciam e interagem com a situação, assim como a situação interage e influencia as características do indivíduo, essas características influenciam no comportamento e são influenciadas por ele e o comportamento influencia a situação e é influenciada por ele. (pessoa, situação e comportamento); ➔ O indivíduo é considerado reflexivo, intencional e avaliador de si próprio; ➔ A percepção de mundo pessoal e de mundo social do indivíduo se baseia em suas crenças desenvolvidas e mantidas por suas experiências, emoções e aprendizagem por modelação; ➔ As pessoas são produtoras e produto dos sistemas sociais; enquanto, por exemplo, na psicologia social e crítica e na histórica o sistema social é mais determinante sobre o indivíduo e o indivíduo é uma consequência desse contexto social, na psicologia cognitiva a gente também tem uma direção oposta, ao mesmo tempo que o indivíduo e consequência, ele pode ser causa, produtor do sistema social. Pressupostos: ➔ Seres humanos têm flexibilidade para aprender uma variedade de comportamentos em diversas situações (plasticidade); todas as pessoas têm capacidade de aprender ou flexibilidade para se adaptar ao contexto de aprendizagem. ➔ As pessoas têm a capacidade de regular suas vidas (modelo de causação recíproca); ➔ Os humanos têm capacidade de exercer controle sobre a natureza e sobre a qualidade de suas vidas (perspectiva de agência); ➔ As pessoas regulam sua conduta por meio de fatores externos (ambiente físico e social) e internos (auto-observação, julgamento e auto reação); ➔ Quando se encontram em situações moralmente ambíguas, as pessoas tentam regular seu comportamento por meio da “agência moral” (redefinição do comportamento, distorção das consequências do comportamento, etc.); à medida que se desenvolve determinadas crenças Autoeficácia: ➔ Confiança do indivíduo de ser capaz de executar os comportamentos que produzirão os resultados desejados em uma dada situação; essa crença de autoeficácia só é eficiente quando o contexto ambiental é favorável, é preciso um contexto social organizado de determinada maneira para que por meio da agência consiga agir e produzir determinados resultados. Modelo de causação recíproca: Essas três coisas se influenciam mutuamente, fazendo com que o indivíduo se adapte ao contexto.
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