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Voto do PGR sobre a inconstitucionalidade da lei 13967 que impede a prisão administrativa nas polícias militares

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 6.595/DF
RELATOR: MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI
REQUERENTE: GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INTERESSADO: PRESIDENTE DA REPÚBLICA
PARECER AJCONST/PGR Nº 367762/2021
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
LEI 13.967/2019. PRISÃO DISCIPLINAR. POLÍCIAS
MILITARES E BOMBEIROS MILITARES. INICIATIVA
PARLAMENTAR. VÍCIO DE INICIATIVA (CF, ART. 61,
§ 1º, II, “C” E “F”). HIERARQUIA E DISCIPLINA.
PRISÃO DISCIPLINAR. REGIME ESPECIAL DE
SUJEIÇÃO. ARTS. 42, § 1º, E 142, §§ 2º E 3º, DA
CONSTITUIÇÃO. INCONSTITUCIONALIDADE
FORMAL E MATERIAL. INTERDEPENDÊNCIA.
INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
1. Lei de iniciativa parlamentar que trate sobre regime
jurídico-disciplinar dos militares estaduais padece de
inconstitucionalidade formal, pois a deflagração do
processo legislativo em tal matéria sujeita-se à iniciativa
reservada do Chefe do Poder Executivo (CF, art. 61,
§ 1º, II, “c” e “f”). Precedentes.
2. Por força do art. 42, § 1º, da Constituição Federal,
aplicam-se aos militares dos estados-membros, do
Distrito Federal e dos territórios as disposições do
art. 142, § 2º, da Lei Maior, do qual decorre o caráter
administrativo da prisão disciplinar, uma vez que
não admitida a impetração de habeas corpus contra
punições disciplinares a militares.
3. Disciplina e hierarquia são vetores constitucionais
estruturantes das instituições militares e pilares que as
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distinguem das demais organizações civis ou sociais,
sendo conformadores de regime jurídico especialíssimo
que diferencia, em termos de exercício de direitos
individuais, os militares dos servidores públicos
civis e dos demais cidadãos. Precedentes.
4. A prisão por transgressão disciplinar (CF, art. 5º,
LXI) é instituto que concretiza a hierarquia e a
disciplina, vetores essenciais à vida na caserna, em
razão das particularidades do serviço público militar.
5. Lei Federal que promove a extinção da prisão
administrativa disciplinar a militares estaduais — Força
Auxiliar e Reserva do Exército (CF, art. 144, § 6º) —,
esvazia a simetria e o teor dos preceitos constitucionais
aplicáveis a polícias militares e bombeiros militares,
que também se submetem à organização com base
na hierarquia e na disciplina (CF, art. 42, caput).
6. É inconstitucional lei federal que, a pretexto de exercer
competência para edição de normas gerais de caráter
principiológico (CF, art. 22, XXI, e 177, § 7º), impeça
a incidência de normas constitucionais originárias, a
caracterizar discrímen sem respaldo jurídico-normativo.
— Parecer pela procedência do pedido, a fim de que
seja declarada inconstitucional a Lei 13.967/2019.
Excelentíssimo Senhor Ministro Ricardo Lewandowski,
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de
medida cautelar, ajuizada pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro em
face do art. 2º da Lei 13.967/2019, que altera o art. 18, VII, do Decreto-Lei
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667/1969, “(…) para extinguir a pena de prisão disciplinar para as polícias militares
e os corpos de bombeiros militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal”.
O dispositivo tem a seguinte redação:
Art. 2º O art. 18 do Decreto-Lei nº 667, de 2 de julho de 1969, passa
a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 18. As polícias militares e os corpos de bombeiros militares
serão regidos por Código de Ética e Disciplina, aprovado por lei
estadual ou federal para o Distrito Federal, específica, que tem por
finalidade definir, especificar e classificar as transgressões
disciplinares e estabelecer normas relativas a sanções disciplinares,
conceitos, recursos, recompensas, bem como regulamentar o processo
administrativo disciplinar e o funcionamento do Conselho de Ética e
Disciplina Militares, observados, dentre outros, os seguintes
princípios:
(…)
VII - vedação de medida privativa e restritiva de liberdade.”
O requerente aponta inconstitucionalidade formal da Lei 13.967/2019
em razão da iniciativa parlamentar em matéria reservada ao Chefe do Poder
Executivo estadual, qual seja, regime jurídico dos militares estaduais, em
descompasso com o art. 61, § 1º, II, “c” e “f”, da Constituição Federal.
Argumenta haver incompatibilidade da norma questionada com o
princípio da separação dos poderes (CF/1988, art. 2º) e com o princípio
federativo, além de afronta aos arts. 18; 42, § 1º, e 142, § 3º, X, da Constituição.
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Alega que a competência privativa da União para legislar sobre
“normas de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização,
inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares” (CF/
1988, art. 22, XXI) não autoriza interferências no poder legiferante estadual, a
quem incumbe avançar sobre peculiaridades ou especificidades regionais.
Afirma a possibilidade de medida privativa ou restritiva
disciplinares em procedimentos militares, em atenção às peculiaridades das
funções desempenhadas e aos princípios da hierarquia e da disciplina.
Evidencia que a constitucionalidade da prisão disciplinar pode ser
extraída do art. 142, § 2º, da CF, que estabelece: “não caberá habeas corpus em
relação a punições disciplinares militares”.
Anota incoerência na vedação abstrata para que as forças de reserva
do Exército (CF/1988, art. 144, § 6º) não efetivem prisões administrativas,
presentes em regulamentos das Forças Armadas, em afronta ao princípio da
razoabilidade consubstanciado no art. 5º, LIV, da Constituição.
Cautelarmente, requer a suspensão da eficácia do art. 2º da Lei
13.967/2019, no trecho em que altera o art. 18, VII, do Decreto-Lei 667/1969.
No mérito, postula a declaração da inconstitucionalidade do dispositivo.
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Adotou-se o rito do art. 12 da Lei 9.868/1999 (peça 8).
A Presidência da República afirmou não se tratar de norma acerca
do regime jurídico de servidores militares, mas de norma geral (CF, art. 22, XXI)
ou principiologia básica destinada a nortear o Códigos de Ética e de Disciplina,
sem avançar em matérias de iniciativa privativa dos governadores.
Argumentou, ainda, que a hierarquia e a disciplina deverão ser
observadas independentemente de restrição da liberdade. Sustentou que a alteração
legislativa visa à adequação da legislação disciplinar militar aos patamares
civilizatórios atuais em atenção às diferenças com relação às Forças Armadas
(peças 12 e 13).
O Senado Federal informou que o projeto de lei foi apresentado
pelos Deputados Federais Subtenente Gonzaga (PDT/MG) e por Jorginho
Mello (PR/SC) a fim de extinguir a pena de prisão disciplinar para as polícias
militares e os corpos de bombeiros militares dos estados, do Distrito Federal e dos
territórios, conferindo caráter humanista e garantista à novel regulamentação,
voltada para outros instrumentos de controle interno (peça 19).
A Câmara dos Deputados deixou de apresentar informações (peça
21).
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O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) informou a
suspensão do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade 0085474-
36.2020.8.19.0000 até pronunciamento do STF sobre o tema (peça 27).
A Advocacia-Geral da União manifestou-se pela improcedência do
pedido (peça 42).
É o relatório.
1. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL
A Lei 13.967/2019, resultado da aprovação do Projeto de Lei (PL)
7.645/2014, de autoria parlamentar, extinguiu a pena de prisão disciplinar para
as polícias militares e corpos de bombeiros militares dos estados-membros, dos
Territórios e do Distrito Federal, ao argumento de conferir caráter humanista e
garantista, voltado para outros instrumentos de controle interno, adequando a
legislação disciplinar militar aos patamares civilizatórios atuais.
Ocorre, no entanto, que o art. 61, § 1º, II, “c” e “f”, da Constituição
Federal reserva ao Presidente da República a iniciativa das leis que disponham
sobre regime jurídico dos militares da Forças Armadas e dos servidores públicos
da União e Territórios, o que, por certo, compreende normas gerais de organização
das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares a que aludem os arts. 22,
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XXI, e 144, § 7º, da Constituição Federal, no que versem sobre o regime disciplinar
dos policiais militares e do corpo de bombeiros militares.
A locução “regime jurídico”, contida no art. 61, § 1º, II, “c” e “f”, da
CF, “corresponde ao conjunto de normas que disciplinam os diversos aspectos das
relações, estatutárias e contratuais, mantidas pelo Estado com seus agentes”, conforme
explicitado pelo Ministro Celso de Mello no julgamento da ADI 1.381-MC/AL,
abrangendo, por isso mesmo, o regime disciplinar dos militares estuais:
A disciplina normativa pertinente ao regime jurídico dos policiais
militares (…) traduz matéria que se insere, por efeito de sua
natureza mesma, na esfera de exclusiva iniciativa do Chefe do
Poder Executivo, em face da cláusula de reserva inscrita no art. 61,
§ 1º, II, “c” e “f”, da Constituição da República (…).
(ADI 1.381-MC/AL, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 6.6.2003.)
Assim, a circunstância de a Lei 13.967/2019 ter objetivado estabelecer
disciplina geral por lei nacional acerca do regime disciplinar de policiais militares
e bombeiros militares (CF, art. 22, XXI, e 144, § 7º) não afasta a iniciativa reservada
do Presidente da República para dispor sobre a matéria.
É que, conforme esclarece José Afonso da Silva, “iniciativa reservada é a
que compete a um só dos titulares do poder de iniciativa, com exclusão de qualquer outro
titular”. Além disso, a sanção da Lei 13.967/2019 pelo Presidente da República
não tem o efeito de convalidar o vício de iniciativa, conforme tradicional e
reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:
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A SANÇÃO DO PROJETO DE LEI NÃO CONVALIDA O VÍCIO
DE INCONSTITUCIONALIDADE RESULTANTE DA
USURPAÇÃO DO PODER DE INICIATIVA.
— A ulterior aquiescência do Chefe do Poder Executivo, mediante
sanção do projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada,
tem o condão de sanar esse defeito jurídico radical. Insubsistência da
Súmula nº 5/STF, motivada pela superveniente promulgação da
Constituição Federal de 1988. Doutrina. Precedentes.
(ADI 2.867/ES, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de 9.2.2007.)
A Lei 13.967/2019 há de ser declarada formalmente inconstitucional
por vício de iniciativa (CF, art. 61, § 1º, II, “c” e “f”).
2. HIERARQUIA E A DISCIPLINA MILITARES. VIDA NA
CASERNA E MONOPÓLIO DO USO DA FORÇA
As Forças Armadas estão inseridas no Título V da Constituição
Federal, que trata da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas. O
Presidente da República é o comandante Supremo das Forças Armadas (art.
2o da Lei Complementar n. 69, de 1991), sendo as Forças Armadas
indissociáveis da Democracia e tendo como nota característica a submissão
hierárquica de todos os militares a uma autoridade civil1.
Em relação às Polícias Militares e Bombeiros Militares dos estados e
do Distrito Federal, a situação não é diferente. Alocadas no Capítulo da
1 ROSSETO. Enio Luiz. Código Penal Militar Comentado. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012, p. 483.
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Segurança Pública, sãoabrangidas pelo Título V, que, como dito, cuida da
Defesa do Estado e das Instituições Democráticas. O superior hierárquico das
forças auxiliares do Exército também é autoridade civil: o Governador. 
Nesse contexto, tem-se que a autoridade máxima para as Polícias
Militares e Bombeiros Militares é o Chefe do Poder Executivo do Estado ou
do Distrito Federal (CF, art. 144, § 6º), aplicando-se-lhes tanto a diretriz
democrática quanto a hierarquia e disciplina inerentes à atividade militar.2
2 Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições
organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que
vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º,
cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as
patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores.
(…) 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem.
(…)
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
(…) 
§ 3º (…) 
X – a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e
outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a
remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as
peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos
internacionais e de guerra.
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As Forças Armadas e os militares estaduais hão de cumprir seus
deveres mesmo que para isso tenham que sacrificar a própria vida (art. 27,
I, e art. 31, I, da Lei 6.880, de 1980; art. 28, I, das Leis 7.289, de 1984, e
7.479, de 1986, entre outros estatutos), sendo-lhes franqueado o uso
legítimo e progressivo da força, inclusive com armas letais.
A possibilidade de ser exigido dos militares o sacrifício da
própria vida e a circunstância de que tais instituições detêm parcela do
poder do Estado de usar a força armada trazem consigo regime jurídico
peculiar e que se assenta nos princípios da hierarquia e da disciplina.
Assim, antes da delimitação conceitual de transgressão disciplinar,
é relevante que se façam considerações acerca do modus vivendi da caserna.
A natureza jurídica dos membros das instituições armadas brasileiras é de
“categoria especial de servidores da Pátria”, dos estados e do Distrito Federal,
submetidos a regime jurídico próprio em que se exige dedicação exclusiva,
restrição de determinados direitos sociais e sob permanente risco de vida. 3
Para condições tão especiais de trabalho, o regime disciplinar há
de ser especial: precisará conciliar os interesses institucionais e os direitos
dos cidadãos submetidos. Daí não ser a hierarquia e a disciplina simples
3 ASSIS, Jorge César de. Curso de direito disciplinar militar: da simples transgressão ao
processo administrativo. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2012. p. 43.
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predicados institucionais, mas elementos conceituais e vigas basilares de
toda a estrutura militar brasileira, conforme esclarece o Ministro Ayres Britto: 
(…) se a hierarquia implica sobreposição de autoridades (as mais
graduadas a comandar e as menos graduadas a obedecer), a disciplina
importa a permanente disposição de espírito para a prevalência das
leis e regramentos que presidem por modo peculiar a estrutura e o
funcionamento das instituições castrenses. 
(HC 108.811, Primeira Turma, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de
21.3.2021).
O regime jurídico especialíssimo dos militares é corolário das
peculiaridades das funções desenvolvidas.4 Existe uma relação especial de
sujeição frente ao Estado, pautada na disciplina e na hierarquia, que
resultam em restrições não existentes para os servidores públicos civis.
As restrições decorrentes da relação especial de sujeição, além de
encontrar fundamento na Constituição, buscam a salvaguarda de interesse
público maior. Clarissa Sampaio Silva, em rico estudo sobre o tema, define
relações especiais de sujeição como “aquelas em que se verifica a presença de
um regime menos protetor em matéria de direitos fundamentais em razão da
existência, em seus domínios, de restrições próprias”.
4 O Estatuto dos Militares, estabelecido pela Lei Federal 6.880/1980, prevê que as Forças
Armadas formam “categoria especial de servidores da Pátria”, que reconhecem a possibilidade
de sacrifício da própria vida no exercício das funções. 
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No regime castrense, não há derrogação de direitos fundamentais.
Observa-se apenas maior abertura para a interferência estatal sobre direitos
e garantias individuais, seja pela redução do âmbito de proteção ou pela
admissão de renúncia de algumas formas de exercício.5
Especificamente quanto ao regime disciplinar dos militares, a
relação de especial sujeição a que estão submetidos justifica o regime
diferenciado de punição das transgressões em relação aos servidores públicos
civis, conforme denota Farlei Martins Riccio de Oliveira:
(…) a sanção administrativa pode ter uma finalidade disciplinar,
atingindo o comportamento de indivíduos sujeitos a especial relação
de submissão com o Estado que resulte danosa ao bom andamento das
atividades administrativas.
No Direito Militar, a sanção administrativa disciplinar recebe a
denominação de punição disciplinar. Pelo disposto no art. 24 do
RDE, as punições disciplinares a que estão sujeitos os militares são,
em ordem de gravidade crescente: a) advertência; b) impedimento
disciplinar; c) repreensão; d) detenção disciplinar; e) prisão
disciplinar; e f) licenciamento e a exclusão a bemda disciplina.
Denota-se, portanto, que ao contrário do que ocorre com o servidor
civil, o militar, dependendo do grau da transgressão disciplinar
praticada, poderá ter o seu direito de liberdade restringido, ficando
detido em cela existente na organização militar onde se encontra
subordinado.6
5 “Em função da missão constitucional outorgada às instituições militares, o estatuto jurídico de
seus membros difere dos civis, sendo vedado àqueles, v.g., a filiação partidária e sindical,
exercício de greve, impetração de habeas corpus contra punições disciplinares” (HC 110.328,
Primeira Turma, Red. para o acórdão Min. Luiz Fux, DJe de 8.11.2011).
6 OLIVEIRA, Farlei Martins Riccio de. A relação de especial sujeição dos militares e a
constitucionalidade do regulamento disciplinar do exército. Revista da SJRJ, Rio de
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Infere-se do disposto no art. 142, § 2º, da CF, aplicável aos
militares dos estados por força do disposto no art. 42, § 1º, da mesma Carta,
serem admitidas punições disciplinares aos militares que, dependendo do grau
da transgressão, poderá ter o seu direito de liberdade restringido.
Não é apenas o art. 142, § 2º, c/c o art. 42, § 1º, CF que permite a
prisão disciplinar aos militares estaduais. Outras particularidades são abordadas
em outras passagens da Constituição. O art. 5º, LXI, da CF expressamente diz
que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão 
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”.
Acerca da exceção contida na parte final do art. 5º, LXI, da CF/1988,
esclarece Paulo Napoleão Nogueira da Silva:
Pela própria estrutura das Forças Armadas, tendo como base a hierarquia
e a disciplina (art. 142, caput), e das Polícias Militares, como forças
auxiliares e reserva do Exército (art. 144, § 6º), seria impensável que a
prisão de militar — com fundamento em transgressão ou crime militar —
dependesse de ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente. Por tal motivo, inclusive, a Constituição excepciona seus
princípios gerais, vedando a concessão da ordem de habeas corpus em
relação às punições disciplinares de natureza militar (art. 142, § 2º).
Janeiro, n. 27, p. 57-77, 2010. Disponível em: https://www.jfrj.jus.br/sites/default/files/
revista-sjrj/arquivo/121-414-1-pb.pdf. Acesso: 29.9.2021.
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De observar, se um militar pudesse impetrar habeas corpus contra
punição ditada pelos seus superiores hierárquicos, restaria insubsistente a
estrutura das Forças Armadas, histórica e funcionalmente concebida
com base na hierarquia e na disciplina.
A Constituição de 1824 também já fazia tal exceção, nos casos de
prisão determinada nas Ordenanças Militares (art. 179, nº 10, segundo
período) (…).
A Constituição de 1967 também não continha qualquer referência à
necessidade de ordem da autoridade judicial, para prisão de militares
por transgressão ou crime militar; e também, não admitia a concessão
de ordem de habeas corpus em tais hipóteses (art. 153, § 20, in fine).7
Convém observar que há situações em que não se verifica flagrante
delito, e o tempo necessário para obtenção de uma decisão judicial pode
trazer para a instituição militar forte abalo às citadas bases de sua existência.
Nesse contexto, a pronta implementação da prisão disciplinar e a
possibilidade de controle sobre o ato a posteriori, por exemplo, por intermédio de
ação judicial contra ato disciplinar militar prevista no § 4º do art. 125 da CF/1988,
promove a harmonização entre princípios constitucionais como a Defesa do
Estado e das Instituições Democráticas; contraditório e ampla defesa; segurança
pública; proteção da vida, sob a ótica da vida na caserna e também proteção
da vida de civis carentes da intervenção desses agentes públicos.
7 SILVA, Paulo Napoleão Nogueira. Comentário ao art. 5º, LXI, da Constituição. In.:
BONAVIDES, Paulo; MIRANDA, Jorge; AGRA, Walber de Moura (Coords.). Comentários à
Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 230.
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Conquanto o Supremo Tribunal Federal já tenha assentado que, sob
a égide da CF de 1988, “deixou de ser permitida, em nosso sistema jurídico, a prisão
administrativa” (RHC 66.905/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de
10.2.1989, tal afirmação não se aplica às transgressões disciplinares praticadas por
militares, em razão da exceção constitucionalmente estabelecida na parte final do
art. 5º, LXI, que corrobora a exigência constitucional de que a estrutura militar
brasileira seja regida pela hierarquia e disciplina.
Delineadas as particularidades do regime jurídico especialíssimo e a
importância da prisão administrativa como mecanismo de garantia e de
promoção da hierarquia e da disciplina, há de se observar que o ato normativo
impugnado promove alteração disruptiva na estrutura das forças militares dos
estados-membros e do Distrito Federal.
A Lei 13.967/2019 esvaziou tanto a simetria entre militares federais
e estaduais delimitada pelo texto constitucional quanto o instituto da prisão
disciplinar militar. Ao retirar do ordenamento jurídico a previsão de aplicação de
prisão disciplinar aos militares estaduais, a Lei 13.967/2019 destitui as corporações
militares estaduais de instrumento crucial para a manutenção da hierarquia e
disciplina, estimulando, inclusive, a prática de motim.8
8 O motim é criminalizado pelo Código Penal Militar nos seguintes termos:
“Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:
I – agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; 
II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando
violência;
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É cediço que o comportamento individual amolda-se ao de determinado
grupo a partir das interações humanas. Movimentos sociais e de trabalhadores
promovem o engajamento dos demais integrantes da categoria a fim de buscar a
implementação de mudanças e reivindicação de direitos.
É certo que esses movimentos são representação da democracia, da
liberdade de manifestação do pensamento e da liberdade sindical. Entretanto,
a lógica não pode se aplicar, na mesma intensidade, aos militares. 
Nesse contexto, a possibilidade de preservação da hierarquia e da
disciplina de forma imediata pela autoridade competente por meio da prisão
disciplinar militar assegura, concretiza e otimiza a Democracia e a Segurança
Pública, ao mesmo tempo em que permanecem resguardados, ainda que de
forma diferida, o contraditório e a ampla defesa, bem como a liberdade de
locomoção, por meio do controle posterior do ato administrativo.
A redação anterior do art. 18 do Decreto-Lei 667/1969 estabelecia
que as polícias militares seriam regidas por regulamento disciplinar redigido
III – assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum,
contra superior;
IV – ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência
de qualquer dêles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se
de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência,
em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um têrço para os cabeças.
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à semelhança do regulamento disciplinar do Exército e adaptado às condições
especiais de cada corporação.
Ao retirar a possibilidade de aplicação de prisão disciplinar aos
militares estaduais, em projeto de iniciativa parlamentar, a Lei 13.967/2019, a
pretexto de preceituar normas gerais de organização das polícias militares e
corpo de bombeiros militares (CF, art. 22, XXI, e 144, § 7º) não só tratou de
matéria inserida na autonomia dos estados-membros e do Distrito Federal, visto
ser reservado aos chefes do Executivo dos estados, por simetria ao previsto no
art. 61, § 1º, II, “c” e “f”, da CF, dispor sobre o regime disciplinar de seus
servidores públicos civis e dos militares, nos termos do art. 144, § 6º, da CF,
como também desatendeu à principiologia essencial à vida na caserna.
Especificamente quanto à sistemática aplicável às transgressões
disciplinares, não se olvida que militares podem ser considerados servidores
públicos lato sensu, mas o tratamento constitucional em dispositivos diversos
sobre os militares e os servidores públicos civis reforça as peculiaridades das
funções desempenhadas pelas Forças Armadas e pelas Forças Auxiliares.
A transgressão disciplinar é conceituada pelo Decreto Federal
4.346/2002, sem prejuízo das legislações locais, nos seguintes termos:
Art. 14. Transgressão disciplinar é toda ação praticada pelo
militar contrária aos preceitos estatuídos no ordenamento
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jurídico pátrio ofensiva à ética, aos deveres e às obrigações
militares, mesmo na sua manifestação elementar e simples,
ou, ainda, que afete a honra pessoal, o pundonor militar e o
decoro da classe.
§ 1º Quando a conduta praticada estiver tipificada em lei como crime
ou contravenção penal, não se caracterizará transgressão disciplinar.
§ 2º As responsabilidades nas esferas cível, criminal e
administrativa são independentes entre si e podem ser
apuradas concomitantemente.
§ 3º As responsabilidades cível e administrativa do militar serão
afastadas no caso de absolvição criminal, com sentença transitada em
julgado, que negue a existência do fato ou da sua autoria.
§ 4º No concurso de crime e transgressão disciplinar, quando forem
da mesma natureza, esta é absorvida por aquele e aplica-se somente a
pena relativa ao crime.
§ 5º Na hipótese do § 4º, a autoridade competente para aplicar a pena
disciplinar deve aguardar o pronunciamento da Justiça, para
posterior avaliação da questão no âmbito administrativo.
§ 6º Quando, por ocasião do julgamento do crime, este for
descaracterizado para transgressão ou a denúncia for rejeitada, a
falta cometida deverá ser apreciada, para efeito de punição, pela
autoridade a que estiver subordinado o faltoso.
§ 7º É vedada a aplicação de mais de uma penalidade por uma única
transgressão disciplinar.
§ 8º Quando a falta tiver sido cometida contra a pessoa do
comandante da OM, será ela apreciada, para efeito de punição, pela
autoridade a que estiver subordinado o ofendido.
§ 9º São equivalentes, para efeito deste Regulamento, as expressões
transgressão disciplinar e transgressão militar.
Art. 15. São transgressões disciplinares todas as ações especificadas
no Anexo I deste Regulamento.
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Nos estados e no Distrito Federal, a legislação das polícias militares
e dos corpos de bombeiros militares têm dispositivos que se assemelham às
normas da Lei 6.880/1980, que consideram as particularidades do ente federado.
As definições normativas, somadas à análise conjunta e sistemática
dos dispositivos constitucionais originários, evidenciam que a prisão disciplinar
militar é instrumento essencial à hierarquia e à disciplina das instituições que
detêm o monopólio do uso da força, do braço armado do Estado brasileiro.
Diante disso, a fim de preservar a força normativa da Constituição,
descabe a supressão da simetria de tratamento conferida a polícia militar e ao
corpo de bombeiros militar das unidades federadas.
A partir das peculiaridades regionais, em atenção ao teor dos
arts. 42, 142 e 144, todos da Constituição Federal, lei específica de iniciativa
do governador tratará das medidas disciplinares de restrição da liberdade do
militar estadual de modo a garantir respeito à hierarquia e à disciplina,pilares
da manutenção da ordem em contexto de uso da força pública armada.
É, portanto, materialmente inconstitucional a Lei 13.967/2019, sobretudo
por ter potencial de tornar insubsistente a estrutura dos órgãos de segurança
militares, histórica e funcionalmente concebidos com base na hierarquia e na
disciplina.
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Em face do exposto, opina o PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
pela procedência do pedido, a fim de que seja declarada a inconstitucionalidade
da Lei federal 13.967/2019.
Brasília, data da assinatura digital.
Augusto Aras
Procurador-Geral da República
Assinado digitalmente
TSS/PC
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