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A Falência e Seus Reflexos II

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A falência e seus reflexos - Parte II
A falência 
Visa à preservação e a otimização da utilização produtiva dos bens e recursos produtivos do devedor, por meio de seu afastamento das atividades empresariais, de acordo com o artigo 75 da Lei n°. 11.101/2005. Assim que esta é decretada, há a antecipação dos vencimentos das dívidas do devedor bem como dos demais sócios responsáveis de forma ilimitada e solidária (VIDO, 2013).
Um dos fatores que podem possibilitar o requerimento da falência consiste na impontualidade do devedor agregado aos atos de falência. 
A impontualidade consiste na não liquidação de uma obrigação pelo devedor na data de vencimento de um título que se encontra protestado, não devendo ultrapassar 40 salários mínimos. Uma possibilidade prevista em lei é a formação de litisconsórcio ativo visando à formação do valor mínimo necessário para o pedido de falência, de acordo com o artigo 94, § 1º da Lei 11.101/2005.
É essencial que a comprovação quanto à insolvência tenha como base para a execução do devedor a quantia certa não paga, nem depositada, a não ocorrência de bens à penhora dentro de um prazo legal. A situação de insolvência é demonstrada com a apresentação da certidão que é expedida pelo juízo no qual a execução está sendo processada (VIDO, 2013). 
Quanto aos atos de falência, cabe elencar as ações que ocorrem quando o devedor:
• Liquidar bens antecipadamente; 
• Vender bens com a utilização de meios fraudulentos; 
• Utilizar de mecanismos visando retardar pagamentos; 
• Transferir o estabelecimento comercial, sem a ciência dos credores, ficando assim sem bens suficientes para saldar suas dívidas; 
• Ausentar-se do estabelecimento ou tentar se ocultar sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para o pagamento dos credores; 
• Deixar de cumprir o que foi estabelecido na recuperação judicial (artigo 94 da Lei 11.101/2005).
As pessoas que possuem legitimidades para requerer a falência de acordo com o artigo 97 da Lei 11.101/2005 são: 
• O próprio devedor (artigo 105 da Lei 11.101/2005); 
• O cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; 
• O cotista ou acionista do devedor; 
• Qualquer dos credores que esteja regularmente registrado na Junta Comercial.
O procedimento para a habilitação dos credores ocorre da seguinte forma: 
1. Publicado o edital da falência, os credores têm 15 dias para se habilitarem; 
2. Após tal habilitação, que tem o prazo de 45 dias, caberá ao administrador publicar o novo edital, contendo a relação de credores; 
3. Nos 10 dias que segue a publicação do novo edital, os credores têm para impugnar o elenco dos credores. 
Vale ressaltar que a impugnação poderá ser feita por qualquer credor, pelo Comitê de Credores ou até mesmo pelo Ministério Público (VIDO, 2013). O processo de impugnação é autuado separado, cabendo de sua decisão um recurso jurídico chamado de recurso de agravo, de acordo com os artigos 7º, 13 e 17 da Lei 11.101/2005.
Após o prazo definido pelo artigo 7º, § 1º da Lei 11.101/2005, ainda pode ocorrer a habilitação que é considerada retardatária. A consequência da habilitação retardatária é que o credor não terá direito a voto nas deliberações da assembleia geral, de acordo com o artigo 10 da Lei 11.101/2005, perdendo o direito a rateios eventualmente realizados. Uma vez resolvidas as habilitações dos credores e suas respectivas impugnações, será publicada a lista de classificação, em um prazo de cinco dias, contados da sentença que julgou as impugnações (artigo 18, parágrafo único, da Lei 11.101/2005). Após requerida a falência, o devedor será citado para que possa apresentar a sua contestação em 10 dias, se a motivação da requisição da falência for a impontualidade, cabe ao devedor depositar a quantia devida juntamente com a correção monetária, juros e honorários advocatícios (artigo 98 da Lei n°. 11.101/2005).
De acordo com o artigo 99 da Lei n°. 11.101/2005, além da decretação da falência, há outras determinações nelas implícitas, são elas: 
• Fixação do termo legal da falência, que é um período máximo de 90 dias anteriores ao pedido de falência, ou ao pedido de recuperação judicial, ou ao primeiro protesto por falta de pagamento; 
• Ordenará ao falido a apresentação, no prazo de cinco dias, da relação de credores; 
• Explicitação do prazo para a habilitação dos credores; 
• Ordenará a suspensão de todas as ações de execução em nome do falido; 
• Nomeação do administrador judicial; 
• Determinação, em momento conveniente, da convocação da assembleia geral dos credores, visando constituir o Comitê de Credores (VIDO, 2013)
Quanto à classificação dos créditos, a falência divide-se em dois grandes grupos: os dos créditos concursais e os extraconcursais. 
Créditos concursais, compreendem aqueles que deram origem ao processo de falência. 
Créditos extraconcursais surgem da declaração da falência, consistem assim nos gastos provenientes da declaração da falência (VIDO, 2013). 
Quanto aos créditos concursais, obedecem à seguinte ordem (artigo 83 da Lei n°. 11.101/2005): 
• Créditos trabalhistas limitados a 150 salários mínimos por credor e créditos surgidos de acidentes de trabalho; 
• Créditos com garantia real até o limite do valor do bem agregado; 
• Créditos tributários, exceto multas tributárias; 
• Créditos com privilégios especiais, como exemplo deste: 
a) o credor por benfeitorias necessárias ou úteis sobre a coisa beneficiada (CC, art. 964, III); 
b) o autor da obra, pelos direitos do contrato de edição, sobre os exemplares dela na massa do editor (CC, art. 964, VII);
c) os credores titulares de direito de retenção sobre a coisa retida (LF, art. 83, IV, C); 
d) os subscritores ou candidatos à aquisição de unidade condominial sobre as quantias pagas ao incorporador falido (Lei n° 4.591/1964, art. 43, III); 
e) o credor titular de nota de crédito industrial sobre os bens referidos pelo art. 17 do Dec.-lei n° 413/1969; 
f) crédito do comissário (CC, art. 707) e outros; 
• Créditos com privilégio geral, como exemplo de crédito com privilégio geral, além dos mencionados no art. 965 do CC, tem-se o decorrente de debêntures (art. 58, parágrafo 1º, da LSA), e os honorários de advogado, na falência do seu devedor; 
• Créditos quirografários, inclusive os créditos trabalhistas que excederem o limite de 150 salários mínimos. Como quirografários enquadram-se indenização por ato ilícito (salvo acidente de trabalho), contratos mercantis em geral, etc. Após o pagamento desses créditos, restando ainda recursos na massa, deve o administrador judicial atender às multas contratuais e penas pecuniárias por infração à lei, inclusive multas tributárias; 
• Multas contratuais, penas pecuniárias, incluindo multas tributárias; 
• Créditos subordinados (VIDO, 2013). 
Quanto aos créditos extraconcursais, temos: 
• Remuneração devida ao administrador judicial e seus auxiliares; 
• As verbas trabalhistas e de acidentes de trabalho que tenham surgido após a decretação da falência; 
• As quantias fornecidas à massa pelos credores; 
• As despesas com a arrecadação, administração e realização do ativo, bem como as custas do processo de falência; 
• As custas judiciais relativas às ações e execuções nas quais a massa falida tenha sido vencida; 
• As obrigações resultantes de atos jurídicos praticados durante a recuperação judicial (artigo 84 da Lei n°. 11.101/2005).
A partir do momento da decretação da falência, não pode mais o devedor, que passa a ser chamado de falido, exercer qualquer atividade empresarial, até que seja habilitado novamente pelo juízo da falência, cabendo a ela apenas fiscalizar a administração da falência (artigos 102 e 103 da Lei n°. 11.101/2005).
Diante ao artigo 104 da Lei n°. 11.101/2005, tem o falido os seguintes deveres, entre os quais podemos citar alguns: 
• Prestar informações ao administrador; 
• Apresentar os livros obrigatórios, bem como todos os papéis e documentos ao administrador judicial; 
• Não se ausentar do local no qual se processa a falência sem motivo justo e com comunicação expressaao juiz; 
• Comparecer em todos os atos da falência, nos quais for indispensável a sua presença (VIDO, 2013). 
Quanto às obrigações do devedor, com a decretação da falência, ficam suspensos o exercício do direito de retenção sobre os bens que serão objetos de arrecadação, bem como o direito de retirada por parte do sócio da sociedade falida (artigo 116 da Lei n°. 11.101/2005).

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