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Unidade 10 - Estágio de convivência

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UNIDADE 10 
ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA 
Christina Tavares Mota Martins 
 
 
 
 
 
Nesta unidade iremos estudar os seguintes temas: 
• O que é Estágio de Convivência 
• Como se dá a preparação da criança para a adoção 
• Como se dá a apresentação da criança para os pretendentes 
• Quais informações sobre a criança são passadas aos pretendentes 
• Quem acompanha o estágio de convivência 
• Como se dão os encontros dos pretendentes com a criança 
• O que é observado pela equipe técnica durante esta fase 
• Despedida da instituição de acolhimento/família acolhedora 
• Acompanhamento durante o Período de adaptação na família: aspectos que 
são observados pelos técnicos 
• Como é o relatório técnico? 
 
 
 
 
A utilização e impressão dos materiais do curso somente serão permitidas para uso 
pessoal do estudante, visando facilitar o aprendizado dos temas tratados, sendo 
proibida sua reprodução e distribuição sem prévia autorização da EJEF.
 
 
Todo jardim começa com um sonho de amor 
Antes que qualquer árvore seja plantada 
Ou qualquer lago seja construído, 
É preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. 
 
Quem não planta jardins por dentro, 
Não planta jardins por fora 
E nem passeia por eles... 
Rubem Alves 
 
Chegou a tão esperada notícia! Finalmente seremos pais! 
E como isso acontece? Quais são os próximos passos? São dúvidas comuns 
que vão surgindo no momento em que os habilitados recebem a notícia da chegada da 
criança. 
Então, neste módulo, vamos destrinchar esses passos, promovendo uma 
reflexão de como alcançaremos o sucesso no que podemos chamar de “período de 
adaptação” ou “Estágio de Convivência” na adoção. 
Conforme a legislação (Lei 13.509/2017 - art.46), “a adoção será precedida de 
estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 dias, 
observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso”. 
 
Antes de chegarmos a esse estágio, façamos uma retrospectiva de como 
ocorreu o processo até aqui: 
 
 
 
“O estágio de convivência será acompanhado pela 
equipe interprofissional a serviço da Justiça da
Infânciae da Juventude, preferencialmente com o 
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da 
política de garantia do direito à convivência familiar, 
que apresentarão relatório minuncioso acerca da 
conveniência do deferimento da medida”.
 
 
 
 
A partir deste momento, inicia-se a preparação para o “encontro”. 
 
Fonte: Unsplash - unsplash.com 
Aos habilitados vinculados são fornecidos informações acerca do histórico de 
vida da criança, família de origem e os motivos para a destituição, descrição dos 
aspectos do desenvolvimento biopsicossocial (evolução e condição atual), as demandas 
específicas da criança, a evolução e as condições atuais de saúde, sua capacidade 
É feito o contato com os habilitados pelo setor técnico do juízo da 
comarca de inscrição da criança.
As crianças disponíveis à adoção são cadastradas no SNA, e ocorre 
uma vinculação no Sistema.
Os pretendentes à adoção são habilitados e cadastrados no SNA
 
 
cognitiva e seu desenvolvimento escolar, sua interação social na instituição ou família 
acolhedora, na escola, etc. 
Inicia-se também a preparação da criança para a adoção. Esse processo 
normalmente é feito pelos técnicos do serviço de acolhimento em que a criança está 
inserida, isso devido aos vínculos que já se formaram entre eles. Nesse momento, são 
trabalhados as despedidas e o afastamento das pessoas da instituição ou da família 
acolhedora. 
É informado à criança quanto à possibilidade de uma nova família e é mostrado 
a ela como são essas pessoas, como é a nova realidade e constiuição familiar, o 
cotidiano, a organização das rotinas, as expectativas de cuidados. Se há uma 
concordância de ambas as partes, é feita uma identificação dos futuros pais, cada etapa 
conduzida com muita observação e cuidado pela equipe técnica da Vara da Infância e 
dos técnicos do Serviço de Acolhimento. 
Em alguns casos, dependendo das dificuldades dos pretendentes ou da criança 
nesse processo de preparação, é feito um primeiro encontro impessoal, sem a 
identificação, a fim de não se criarem expectativas na criança e depois frustrá-las por 
algum motivo. Acontece, às vezes, de alguns pretendentes não se sentirem satisfeitos 
apenas com as informações e desejarem conhecer pessoalmente a(as) criança(s) antes 
de iniciar o período de adaptação. Por isso, é preciso estar atento às peculiaridades de 
cada caso. Importante ressaltar que a adoção de uma criança não é uma vitrine. Cada 
pretendente precisa amadurecer a ideia de que não existirá “a criança perfeita” ou que 
caiba nas suas idealizações, e sim aquela que se tornará “seu filho” e lhe dará a chance 
de exercer a função de pai/mãe. Em razão desse fato, são vistos com reserva e motivos 
de reflexão acerca do desejo esses pedidos de aproximção impessoal a priori. Existe, 
ao final de cada ano, na Cidade de Uberlândia, um encontro entre adotantes e crianças 
em acolhimento, sendo necessário, para a participação, que os pretendentes passem 
por uma preparação prévia, sem a qual não poderão participar da festa. Essa festa se 
constitui em uma oportunidade de estar presente e conhecer um pouco mais as crianças 
que poderão ser colocadas no processo de adoção, evitando posteriormente esses 
encontros impessoais que acabam gerando expectativas nas crianças e, caso a adoção 
não se concretize, deixam marcas na autoestima dos adotandos. 
Durante essa primeira fase, ou “fase das apresentações”, são viabilizadas trocas 
de informações e mensagens entre os pretendentes e a(s) criança(s) antes do primeiro 
encontro. Elas representam oportunidades de iniciar uma construção positiva do 
vínculo. Essas trocas podem ser por meio de uma carta com fotos ou um álbum da 
família, fazendo a apresentação de cada membro, de cada cômodo da casa, dos 
 
 
bichinhos, se houver... A experiência mostra que as crianças maiores tendem a não se 
desgrudar dessa primeira carta até a ocasião do primeiro encontro. 
Em seguida, vem a fase da aproximação, ou o início da vinculação propriamente 
dita. Essa fase é intermediada e assistida pelos técnicos da Vara da Infância e 
Juventude, e também acompanhada, quando possível, pelos técnicos do serviço de 
acolhimento. São proporcionados encontros pessoais frequentes entre os pretendentes 
e a(s) criança(s). Esses contatos acontecem na Instiutição de Acolhimento ou sede da 
Família Acolhedora, no Fórum, em áreas externas de lazer e na residência da nova 
família. O número de encontros dependerá de cada caso, seguindo a evolução particular 
da disponibilidade afetiva da criança e dos pretendentes, e de se sentirem seguros para 
encerrarem essa fase de acompanhamento intensivo. 
Nessa aproximação, são realizadas observações acerca da interação entre 
pretendentes e criança(s), a formação e consolidação do vínculo afetivo. São efetuadas 
orientações e são dadas sugestões que possam auxiliar nesse processo. Geralmente, 
a equipe técnica que acompanha esse processo já trabalhou na habilitação dos 
pretendentes e conhece melhor as peculiaridades e as dificuldades que estes possam 
apresentar. 
Ao final desse estágio de aproximação, é elaborado, pela equipe técnica do juízo, 
um relatório minucioso avaliando a aproximação e a vinculação entre pretendentes e 
criança(s), e, tendo sido observado um bom desenvolvimento, é sugerido que a criança 
seja entregue sob guarda à nova família, dando início ao Estágio de Convivência. 
 
 
O Estágio de Convivência é o período 
compreendido entre a entrega da criança sob 
guarda com fins de adoção e a adoção. 
Ou seja: a criança inserida dentro de sua nova 
família.
 
 
Essa fase compreende o período de adaptação da família, como acontecerá a 
(re)organização familiar, o espaço físico destinado à criança, as novas regras e os novos 
hábitos, a alimentação, a higiene, os horáriosde sono, etc. 
 
Fonte: Pexels - www.pexels.com/pt-br 
Além disso, são observados os aspectos de atenção à saúde da(s) criança(s), 
assim como o estabelecimento de suas referências de cuidados, com especial atenção 
aos cuidados com saúde mental, pois, em alguns casos, é importante um auxílio 
psicológico ou até mesmo psiquiátrico. Importante observar que, muitas vezes, os pais 
não se dão conta de que essa ajuda é necessária e tentam resolver por si mesmos, 
provocando quebras e rompimentos nos laços de confiança que estão construindo com 
a(s) criança(s). 
Nos aspectos psicológicos, são observadas as referências de figuras de 
autoridade, assim como a definição de papéis no ambiente familiar. São também 
levadas em conta as questões relativas à educação e aos limites, além das memórias e 
o que elas evocam tanto na(s) criança(s) quanto nos adultos, assim como os 
comportamentos e suas consequências na dinâmica familiar. 
 
 
 
Fonte: Pexels - www.pexels.com/pt-br 
No aspecto pedagógico, são observados o desenvolvimento escolar e a forma 
de a família lidar com as dificuldades ou limitações que porventura possam existir. 
Também é observado o suporte que a família tem da rede de atenção, 
encaminhando-a se for o caso. 
Esse estágio é acompanhado integralmente pela equipe técnica do juízo 
(psicóloga e assistente social), e, depois dessa minunciosa observação e 
acompanhamento, é emitido um relatório que dará suporte ao juiz para deferir ou não a 
adoção. 
Estando tudo isso favorável, é dada a sentença judicial de adoção e é finalizado 
o Estágio de Convivência. 
 
Fonte: Pexels - www.pexels.com/pt-br 
 
 
 
Dadas as informações acerca deste módulo, levantamos algumas questões 
provocadoras que faremos e passaremos a comentar: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fomos habilitados, em 2009, para adotarmos um recém-nascido. Tínhamos o 
sonho de sermos pais e nossa infertilidade se deu por motivos indeterminados. 
Resolvemos bem nosso luto pela infertilidade, mas a espera tem sido grande. 
Decidimos, então, em 2014, mudar o perfil para adoção de grupo de até 3 irmãos, 
idades até 9 anos. Fomos consultados brevemente para três crianças de dois a 
oito anos, e nosso coração não bateu mais forte, e, quando soubemos da história 
de vida delas, ficamos muito assutados. Fomos até a instituição conhecer as 
crianças, e havia um bebê recém-nascido lá. Esse bebê “era lindo demais”, mas 
não era do grupo de irmãos a quem estávamos sendo apresentados!!! Depois de 
refletir muito, decidimos não dar continuidade ao processo de apresentação dos 
irmãos porque o mais velho tinha muitos problemas de comportamento. Qual a 
atitude mais adequada nesse sentido? A equipe técnica insiste que devemos 
rever nosso perfil, mas achamos que elas estão enganadas, somos capazes de 
adotar crianças mais velhas, basta aparecer uma que faça nosso coração bater 
mais forte. 
SITUAÇÃO 1 
COMENTÁRIO 
 
Quando os habilitados se propõem à adoção de crianças mais velhas e grupos de 
irmãos, importante não fazer essa escolha pela angústia da demora. É necessário 
que haja um amadureciemento afetivo da ideia da parentalidade. A idealização de 
um filho é o que mais atrapalha o início da adoção e o posterior estágio de 
convivência. Espera-se um “apaixonamento”, que, muitas vezes, é frustrado, e as 
situações que se sucedem são decepcionantes. Necessário lembrar que o amor 
é uma construção e que, se a proposta é a adoção de crianças mais velhas, o 
início, a aproximação e o estágio de convivência serão cheios de desafios que 
exigirão maturidade e segurança dos adotantes. Qualquer insegurança pode 
colocar em alerta a necessidade de uma melhor preparação do casal ou uma 
revisão do perfil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nós nos inscrevemos, em 2013, para adotar uma adolescente específica, pois, no 
final do ano, ela havia passado o natal conosco e ficamos encantados com ela. 
Ela iria fazer 15 anos, e achamos ideal, porque trabalhamos muito e ela teria mais 
independência, aprender uma profissão e queríamos muito lhe “fazer o bem”. 
Depois dos feriados de natal, passamos todos os finais de semana de janeiro com 
ela que “quase” nos chamava por “pai’ e “mãe”. Sabíamos que ela tinha problemas 
de aprendizagem e de comportamento agressivo na escola, mas isso não nos 
assustou, porque era passado, na nossa companhia seria “diferente”. Passamos 
pela equipe técnica do fórum, que nos questionou bastante sobre nossa decisão, 
levantando questões hipotéticas que achamos até absurdas. Estávamos firmes 
demais quanto ao nosso desejo, sentíamos até como ofensa tantos 
questionamentos e empecilhos. Como já éramos próximos, o processo foi rápido 
e já pegamos a guarda provisória na primeira semana. No início, foi um paraíso, 
ela se adaptou bem até demais, até dispensamos o atendimento da ONG e a 
todos os contatos da equipe técnica respondemos que estava “maravilhoso”. No 
segundo mês de convivência, acho que ela revelou quem realmente era!!! A 
garota simplesmente “achou” que podia pegar dinheiro da carteira do pai dela e 
esbanjar para os colegas da escola, falando que era “rica”!!! E não foi só uma vez 
que ela furtou, não!!! Demos falta outras vezes!!! Ahhh, sabe, temos certeza de 
uma coisa: toleramos tudo, mas mentira, falsidade e roubo, não! Estamos 
arrasados, mas não queremos mais continuar com essa adoção. 
SITUAÇÃO 2 
COMENTÁRIO 
 
Nesse caso, podemos observar uma autoidealização que os habilitados têm de si 
mesmos, como salvadores de uma adolescente a quem querem “fazer o bem”. Ao 
serem questionados sobre as possíveis dificuldades, mostraram-se convictos e 
até “ofendidos”, como se a equipe técnica estivesse duvidando da capacidade 
deles em acolher aquela filha. Eles negam que possa acontecer qualquer 
dificuldade e, consequentemente, não aceitam nenhum tipo de intervenção ou 
preparação para ela, em uma espécie de “arrogância afetiva” (esse termo eu 
mesma estou criando agora), como se a intenção de se fazerem pais tornasse 
essa criança perfeita à imagem e semelhança da perfeição dos próprios pais. 
Quando a adoção não se concretiza, há muita dor de todos os lados. Não seria o 
caso de culpar ninguém dentro desse desastre, mas conseguir enxergar onde 
esteve o entrave maior desse processo. Aceitar as próprias limitações, entender 
que não será um processo fácil, aceitar ajuda, de onde quer que ela venha, 
conhecer-se bem, sem se idealizar. Algumas coisas realmente não somos 
capazes de abarcar. Outras, com ajuda, tornam-se possíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nos habilitamos, em 2016, para um grupo de irmãos. Nosso objetivo sempre foi a 
adoção. Nosso limite de idade nunca foi o problema, nem a cor das crianças, sexo 
indiferente também. Queríamos ter três filhos embora nossa vida financeira, 
apesar de muito organizada e suficiente, não era “vida de rico”. Nossa grande 
riqueza sempre foi o tamanho do amor que temos e nosso grande sonho era ter 
uma família bemmmm grande. Nossos filhos lindos chegaram em 2017, rápido 
né? Levamos um susto, mas uma emoção tão grande nos invadiu, que não 
víamos a hora de chegar ao Fórum para ouvir a história dos nossos dois meninos, 
de 3 e 6 anos. Já saímos espalhando no Whatsapp das famílias, e todo mundo 
nos cercando de comentários felizes e presentes, oferecendo auxílio, cama, 
colchão, enxoval... uma festa danada. A situação foi tão inusitada... nossa casa 
própria, que financiamos pelo “Minha casa, minha vida” tinha acabado de ser 
levantada. Estávamos morando de aluguel em uma casa de cinco cômodos nos 
fundos, meus pais na frente e meus sogros do lado. Já ficamos felizes porque 
poderíamos colocar o quarto dos meninos, e o outro quarto seria o nosso. Tudo 
certo. Mas emoção poucaé bobagem, né! Eu tinha ovários micropolicísticos e 
achei que não ficaria grávida com facilidade, mas, por obra do destino, no dia da 
primeira visita de aproximação, recebi o resultado de que estava grávida. A equipe 
técnica arrepiou os cabelos... Mas não tinha jeito não... nossa família nascia ali e 
seria uma família grande e feliz, então mantivemos o processo. 
SITUAÇÃO 3 
COMENTÁRIO 
 
Aqui a primeira reação que temos é o medo de não dar certo. A família com 
situação financeira precária, dois irmãos de uma vez e um bebê biológico... O 
susto não é só do casal, mas da equipe inteira. Vale ressaltar aqui que cada um 
sabe de sua própria realidade, e o que importa, no final das contas, é a 
amorosidade que envolverá esse processo. São muitas novas realidades para 
lidar e todas de uma vez. O que podemos avaliar, nesse caso, é o quanto a ajuda, 
a aceitação e o acolhimento da família extensa são importantes na adoção e na 
vida. Quando um casal adota, ele não adota só. Toda a família adota junto. As 
crianças nascem de novo nessa nova família, que, sendo coesa e amorosa, será 
suficientemente boa para fornecer aos filhos um pertencimento seguro. Outra 
provocação que foi feita nessa situação foi que a gravidez não necessariamente 
é um empecilho para que os pais continuem com o projeto da adoção. Em cada 
caso, a ocorrência da gravidez deverá ser analisada particularmente com os 
habilitados a fim de refletir com eles a segurança com a ideia da adoção e a 
maturidade emocional para empreendê-la ao mesmo tempo da gravidez do filho 
biológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aguardamos nosso filho por dois anos. Queríamos adotar uma criança 
maiorzinha, até uns nove anos. E chegou uma menininha linda, com uma história 
triste demais. Havia passado, além do abandono dos pais biológicos, drogadictos 
e negligentes, por duas tentativas de adoção frustrada, uma vez com 6 e outra 
com 7 anos de idade. Ela exalava dor em seus olhos puxadinhos, com traços 
indígenas. Ela era inconfundível. Uma menina doce, sensível, que havia sido 
encaminhada a um casal que já possuia outro filho biológico, e este menino havia 
lhe batido por causa de um brinquedo que ele teimava em dizer que era “só dele”. 
O casal adotante, temeroso pelas brigas atuais e futuras, desitiu ainda no período 
de aproximação. A outra tentativa foi ainda mais curta, pois o casal começou a 
aproximação, e desistiu porque a relação deles estava por um fio e acabou se 
rompendo. O que mais nos chocou, durante o estágio de convivência, foi que essa 
segunda candidata à adoção da nossa filha ficou muito frustrada por não a adotar 
sozinha, devido aos trâmites do processo. Um dia, em pleno supermercado, essa 
mulher nos cercou e, aos prantos, começou a gritar o nome da nossa filha, 
dizendo: “era para EU ser a sua mãe!!! Assustados, procuramos a equipe técnica 
no outro dia e relatamos o acontecido. Elas fizeram um atendimento conosco e 
com nossa filha, esclarecendo a ela o que, de fato, havia ocorrido. Felizmente ela 
entendeu muito bem e até chegou a rir da situação conosco depois. 
SITUAÇÃO 4 
COMENTÁRIO 
 
Nessa situação, o destaque fica para a continência necessária às situações 
vivenciadas pela criança anteriormente. Da mesma forma que aqui ilustramos 
com uma “quase mãe”, o encontro pode acontecer com a genitora no 
supermercado. São fantasias até assustadoras e ameaçadoras que os 
pretendentes carregam. Medo de serem “roubados” ou ficarem em segundo plano 
na vida da criança. Importante salientar que o foco deverá ser dado na construção 
do vínculo com a nova família. Quando a situação jurídica da criança está definida, 
um encontro ou uma lembrança que ela venha a relatar não quer dizer que ela 
rejeitará os pais adotivos. Ela precisa elaborar a história passada que teve e, para 
isso, também vai precisar do olhar atento e compromissado dos pais. Outro ponto 
a ser destacado é recorrer à equipe técnica todas as vezes em que constatar estar 
havendo uma dificuldade, e não somente esperar que a equipe entre em contato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Espero ter contribuído para as reflexões de vocês. 
 
 
Nós nos inscrevemos em 2011 para adotarmos duas crianças até 8 anos de idade. 
Saímos para conhecer nossos dois filhos, que eram os mais novos de um grupo 
de quatro irmãos. Quando chegamos à instituição de acolhimento, conhecemos 
os irmãos mais velhos. Nossa situação financeira era precária, e nossa opção por 
apenas duas crianças se devia a isso. As crianças haviam sido preparadas para 
a separação, e os mais velhos pensavam que nunca conseguriam ser adotados. 
Voltando para casa, nós choramos todo o trajeto. A dor cortava. Não aceitaríamos 
a separação. Adotariamos os 4. E assim decidimos! Queríamos adotar todos os 
irmãos e, com muita ajuda, conseguimos adaptar nossa casa para recebê-los. Foi 
a melhor decisão de nossa vida! Tivemos grande apoio de toda a família e da rede 
de atendimento e proteção à infância. Ficamos ricos por receber tanto afeto de 
todos os lados. Nos momentos de crise, no estágio de convivência, nos 
abraçávamos e confessávamos nosso compromisso e nosso amor. Hoje estão 
quase adultos e formamos uma família unida e feliz. 
SITUAÇÃO 5 
COMENTÁRIO 
 
Nessa situação, chama a atenção a súbita decisão do casal em adotar, em vez 
de duas, quatro crianças. Nesse caso, tornou-se importante comunicar às 
crianças o interesse do casal e, se a intenção fosse bem recebida por elas, 
esperar que fosse feito um estudo das condições dos habilitados e proceder à 
alteração do perfil. Apesar da situação financeira em que se encontravam, 
novamente tiveram muito apoio da família extensa e também da rede de atenção 
à infância, o que determinou o sucesso do estágio de convivência. Outra vez, 
atenta-se para a determinação dos habilitados em manter a adoção do grupo de 
irmãos, apesar das limitações materiais, e para o amadurecimento afetivo em 
fazer a confissão do compromisso e do amor a cada crise ou dificuldade 
enfrentada, pois o medo das crianças é sempre de um novo abandono.

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