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UNIDADE 8 NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES E OS DESAFIOS DA ADOÇÃO Sara Estelita Vera Vargas Rangel e Pereira Nesta unidade iremos estudar os seguintes temas: • Etapas da adoção: o encontro criança/família • A construção do vínculo e o apego • O estágio de convivência e as novas rotinas familiares • Momento de chegada / momento de nascimento • A construção da filiação adotiva • Unindo hábitos e gostos dos pais e do filho • O novo nome (direito ao uso do nome social no período de guarda) • Contar/revelar • Os segredos familiares • Relação de confiança • Novas rotinas: escola, consultas médicas, especialistas, direito ao plano de saúde • Limites x afeto • Previsibilidade: A importância da rotina • Comportamentos adaptativos x desafiadores, regressivos • Da dependência à autonomia - processos A utilização e impressão dos materiais do curso somente serão permitidas para uso pessoal do estudante, visando facilitar o aprendizado dos temas tratados, sendo proibida sua reprodução e distribuição sem prévia autorização da EJEF. A chegada do filho em casa traz uma série de mudanças e há vários fatores que precisam ser considerados nesse momento. Queremos tratar de alguns pontos importantes dessa situação. Tudo é novo para todos. Mesmo que a família já tenha outros filhos, esse filho que chega é novo. Os pais ainda não sabem como parentar o novo filho, que também precisará aprender a ser filho dessa família. É importante, nesse momento, revisitar a nossa história e a forma de educação e de apego que nossos pais tiveram conosco. É hora de agirmos de forma mais consciente na educação dos nossos filhos. Queremos cooperar com o desenvolvimento de um apego seguro. A comunicação Fonte: Unsplash - unsplash.com A comunicação terá que ser construída e vale lembrar que os comportamentos da criança carregam mensagens ocultas, e é dever dos pais se empenhar para decifrá- las. Quanto melhor for a comunicação, maiores as chances de a criança/o adolescente ser compreendida(o) em suas necessidades, tê-las atendidas e assim sair do lugar do “medo”, da hipervigilância, que podem provocar comportamentos e reações indesejados. É muito importante que os pais ensinem a criança a usar as suas palavras. Quando apresentar comportamentos inadequados diante de uma situação em que está sendo contrariada, devem, pacientemente, acalmá-la, se conectar ao filho (olho no olho, toque físico aconchegante, tom de voz e cadência adequados) e ensiná-lo, pouco a pouco, a expressar seus sentimentos, seus desejos. Isso é um processo e requer tempo, mas é por meio da repetição dessas experiências que a criança/o adolescente vai perceber que está diante de um novo padrão de relacionamento, em que sua voz é ouvida (ainda que nem sempre seja possível receber um “sim”), em que ela/ele importa e está segura(o). A Dr.ª Karyn Purvis nos ensina que devemos encher o “balde do SIM”. O “sim” nos conecta, enquanto o “não” desconecta. Dessa forma, devemos sempre criar situações em que podemos dizer “sim” para os nossos filhos. Quanto mais o balde do sim estiver cheio, mais tolerante a criança/o adolescente será quando tivermos que dizer um “não”. Na nossa cultura, estamos muito acostumados a dizer “não”. Por exemplo: O filho de 5 anos pede para comer uma barrinha de cereais logo antes do almoço. Nossa tendência natural é dizer: “Não! O almoço será servido em 10 minutos.” Será que não poderíamos responder de forma diferente? Talvez até aproveitar a oportunidade para repartirmos o poder de decisão com a criança? E se respondêssemos assim: “Sim, você pode comer a barrinha após o almoço. Ela está aqui. Você quer que a mamãe guarde a barrinha para você e te entregue após o almoço ou você prefere que eu coloque a barrinha atrás do seu prato e você mesmo a guarda para comer de sobremesa?” Além de dizermos um sim, ainda estamos dando uma oportunidade a mais de a criança perceber que ela tem voz, que faz parte da decisão. Você deve estar se perguntando: “E se ela não conseguir esperar e, quando eu virar as costas para olhar a panela, a criança comer a barrinha?” Nesse caso, você poderá conversar com ela posteriormente sobre a importância de cumprirmos o combinado, mas você não perdeu a oportunidade de construir conexão com seu filho. Além do mais, se uma vez ele comer a guloseima antes do almoço, os danos não serão tão graves. E se ele teve dificuldades em se controlar, da próxima vez, você o ajuda, lembrando que o doce é dele, mas você o ajudará a guardá-lo dessa vez. Vale criar um pote com perguntas para as quais a resposta será sempre “sim”. E todas as vezes que a criança quiser ou precisar, ela poderá tirar uma pergunta do pote para fazer aos pais. Exemplo: Você me ama? Posso ganhar um beijo? Posso te dar um abraço? Você pode me contar a nossa história? — E assim por diante. Um pouco sobre disciplina Já está mais do que comprovado que castigos físicos não são boas estratégias de correção, ainda mais em se tratando de crianças que vieram de lugares difíceis e já viveram privações, violência, abuso, negligência, fome, miséria. Estratégias que podem ter parecido ser eficazes com filhos biológicos, que cresceram em um ambiente mais funcional, podem remeter filhos adotivos ao lugar do abandono, da violência, do abuso ou da negligência. Exemplo: Colocar a criança no quarto sozinha para pensar pode levá-la para o lugar da solidão e abandono; alterar o tom de voz, ainda que em brincadeiras, pode relembrá-la de gritos vivenciados junto com situações violentas. A história da criança Ao adotarmos nossos filhos, os adotamos integralmente, com sua história, seu presente e seu futuro. Os filhos adotados precisam de espaço para falar e perguntar sobre o seu passado, sua família biológica. Eles também devem saber que não precisam deixar de amar seus pais biológicos para amar seus pais adotivos; assim como nós, pais, não deixamos de amar o primeiro filho quando chega o segundo, há espaço no nosso coração para amar a ambos. Assim também, há espaço no coração de nossos filhos para amarem os pais biológicos e os adotivos ao mesmo tempo. Fonte: Pexels - www.pexels.com/pt-br Fonte: Pexels - www.pexels.com/pt-br http://www.pexels.com/pt-br Apesar de suas histórias serem muito difíceis, essa é a raiz de nossos filhos e precisamos ter respeito por ela. Ao “monstrificarmos” os genitores, estamos passando a mensagem ao nosso filho de que uma parte da sua existência é muito ruim, porque, afinal, ele vem dessa origem biológica. Peculiaridades da adoção Há famílias que negam que exista diferença entre filhos adotados e filhos biológicos. E estes, entre a criação de um filho adotado e a de um filho biológico. Raramente falam sobre a adoção, menosprezando as experiências de perda da criança e de confusão de identidade. Eles receberam pouca educação sobre questões relativas à adoção na sua família. Essas famílias são frequentemente casais inférteis que adotam bebês. Porque seus filhos tiveram pouco apoio para lidar com questões relacionadas à adoção, geralmente apresentam expressões comportamentais de confusão, raiva e falta de confiança. Há outras que afirmam, com muita veemência, insistem, que filhos adotados são diferentes de filhos biológicos e atribuem toda e qualquer questão relacionada à criança ao fato de ela ser adotada. Particularmente aqueles com problemas significantes na criação de seus filhos tendem a usar a adoção como uma desculpa para os problemas da família. Essas famílias acreditam que todos os conflitos e as dificuldades de criação estão associados à adoção. Elas acreditam que não estariam enfrentando esses problemas se os filhos fossem biológicos. As famílias que tendem a ser mais bem-sucedidas na adoção são as que reconhecem que existem diferençasentre os filhos adotados e os biológicos e as aceitam com equilíbrio. Fonte: Pexels - www.pexels.com/pt-br A maior parte das famílias que se adaptam à adoção são aquelas que aceitam que o processo traz desafios para os seus filhos e para o seu estilo de educação. No entanto, eles não negam nem insistem nas diferenças. Esses pais veem a adoção como uma forma normal de construir a família, além de conversar sobre adoção, sobre os pais biológicos e o histórico da criança de forma aberta e solidária. Questões da adoção Há questões que estão relacionadas à história dos filhos adotados e dos pais adotivos que são inerentes à adoção. Questões relacionadas aos filhos: •Perda •Controle •Lealdade dividida •Abandono/Medo de rejeição •Vergonha/Culpa •Confiança •Identidade Questões relacionadas aos pais: •Perda •Expectativas frustradas •Infertilidade •Sentimento de fracasso/Culpa •Legitimidade •Medo/Ameaças dos pais biológicos •Isolamento •Controle •Relação entre os irmãos biológicos e os adotados Questões relacionadas aos filhos: Perda - Algumas das coisas que são mais importantes para uma criança foram perdidas, dentre essas os pais, irmãos, tios, primos, avós biológicos, a casa, o bichinho de estimação, amigos, informação, dentre outras. Com isso a criança pode desenvolver uma percepção de que nada que é bom é para sempre e um medo de perder o que tem de valor. Perda ambígua - A perda que o adotado sente é chamada de “perda ambígua: a perda física de alguém ou alguma coisa que ainda permanece como uma presença psicológica”. Segundo Pauline Boss, autora de Ambiguous loss: learning to live with unresolved grief, um indivíduo que passa pela perda ambígua sofre de ansiedade e confusão, devido à falta de desfecho da sua perda. “Com a perda ambígua, não há desfecho, o desafio é aprender a viver com a ambiguidade.” (BOSS, ano 2009). É comum apresentar reações exageradas à perda de animais de estimação ou amigos, pânico quando os pais adoecem ou viajam, com noites dormidas fora de casa ou acampamentos, fobia escolar e dificuldade de sair da casa dos pais depois da formatura do ensino médio ou da faculdade. Controle - Quando não tiveram controle sobre a situação, sofreram violência, fome, abuso sexual, perdas. Essas crianças e adolescentes tendem a lutar muito por controle e isso pode gerar conflitos com figuras de autoridade (pais, professores, etc.). Lealdade dividida - Se eu amar a minha família adotiva, estarei sendo desleal com a minha família biológica? Abandono/Medo de rejeição - Por não conseguirem desenvolver um senso adequado de valor próprio e pelas experiências já vividas, é muito comum o medo de que serão novamente abandonadas ou rejeitadas. Vergonha/Culpa - A criança tem certeza de que o que acontece de bom ou de ruim é por “culpa” dela. Como vem de lugares difíceis, atribui sua história “difícil” a si mesma e carrega consigo vergonha e culpa. Confiança - Se as primeiras figuras de cuidado foram hostis, como confiar em alguém? Isso pode ser muito difícil. Identidade - Distúrbios sobre quem são e seu valor são extremamente comuns devido às histórias difíceis vivenciadas. Questões relacionadas aos pais: Perda - Perda do filho biológico, perda da gestação ou da primeira infância do filho adotado, etc. Expectativas frustradas - Choque entre o ideal e o real. Infertilidade Sentimento de fracasso/Culpa - Devido ao histórico de infertilidade, abortos; por se depararem com um “real” distante do “ideal”. Legitimidade - Dificuldade de se sentirem pais “legítimos” do filho adotado. Sentem-se como se fossem “impostores”. Medo/Ameaças dos pais biológicos - Mesmo quando não se relacionam com os pais biológicos, eles podem ser uma ameaça (receio de o filho amar mais os pais biológicos do que os adotivos, medo de serem “trocados” por eles). Isolamento - Por não se sentirem compreendidos pelas outras pessoas que não vivem as “questões relativas à adoção”, não compreendem os comportamentos e reações do filho, podem se isolar. Controle - Luta excessiva por controle para tentar garantir a segurança do filho e da família. Isso pode gerar grandes conflitos com filhos que também lutam por controle. Relação entre os irmãos biológicos e os adotados - A relação entre os irmãos terá momentos ou estações de amizade e de divergência (como na maioria das famílias), mas essas crises podem tomar proporções maiores se a adoção não estiver bem resolvida quanto à filiação. Por exemplo, se entre os ideais estava dar um irmão para ser amigo do filho mais velho. Existem situações que podem ser um gatilho para levar nossos filhos a situações vivenciadas no passado. Ao descobrirmos os gatilhos que disparam sentimentos e comportamentos estranhos ou indesejados, podemos lidar com essas situações antes mesmo que elas aconteçam. Os gatilhos podem gerar reações exageradas nos filhos diante de situações como a perda de animais de estimação ou amigos, pânico quando os pais adoecem ou viajam, com noites dormidas fora de casa ou acampamentos, fobia escolar e dificuldade de sair de casa depois da formatura. As sete questões da adoção - Situações-gatilho 1 - Luto e perda Questões da adoção Descrição Possíveis gatilhos Indicadores comportamentais “Eu me pergunto por que eu perco tudo e todos que são importantes para mim. O que tem de errado comigo?” A criança vai estar de luto, de alguma forma, pela perda dos seus primeiros pais. Mesmo as crianças que foram separadas quando bebês estarão de luto pelos pais dos sonhos (imaginários) e o “que poderia ter sido”. Reações comuns a essa perda incluem: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. - Aniversário da criança. - Aniversário de separações anteriores. - Feriados. - A família adotiva se muda. - Qualquer perda (o bicho de estimação morre, o amigo se muda). - Transição de uma série escolar para a outra. - Formatura do Ensino Médio. - Uma reação exagerada a uma perda real ou aparente. - Dificuldade com qualquer separação dos pais adotivos (escola ou creche, acampamento, noites do pijama, viagem de lazer ou trabalho dos pais, hospitalizações). - Dificuldade de emancipação do lar adotivo. Pode tentar, inconscientemente, atrasar a emancipação através de fracasso proposital. 2 - Rejeição/Medo de abandono Questões da adoção Descrição Possíveis gatilhos Indicadores comportamentais “Eu me pergunto se essas pessoas realmente vão ficar comigo.” Independentemente das reais circunstâncias envolvendo a separação, as crianças geralmente se sentem rejeitadas ou abandonadas pelos primeiros pais. Elas podem sentir que não é possível serem amadas ou “permanecerem” e podem ter atitudes ruins para testar o compromisso do cuidador ou da família adotiva. - Primeiro dia de aula. - Passar a noite no acampamento. - Levar um “fora” do(a) namorado(a). - Formatura do Ensino Médio. - Divórcio dos pais adotivos. - A família adotiva se muda. - Aniversário de separações anteriores. - Um comportamento negativo para provocar a antecipação da rejeição e testar o compromisso de outros em relação a si. - Rejeitando os outros antes que possa ser rejeitado. (“Vou me demitir antes que seja mandado embora.”) - Tentar ser “perfeito” para evitar a rejeição e ter uma reação exagerada com pequenos fracassos (Uma necessidade de ser “o melhor” em tudo). - Sempre procurando aceitação e aprovação daqueles à sua volta. - Procura de aceitação e afastamento quando a intimidade emocional parece próxima, especialmente com os pais adotivos, mas também com colegas e outros membros da família. - Crianças mais novas podem demonstrar ansiedade forte durante curtas separações (noites do pijama ou acampamento). Podem desenvolverfobia escolar. - Adotados adolescentes podem ter dificuldade para irem para a universidade ou sair de casa. 3 - Identidade Questões da adoção Descrição Possíveis gatilhos Indicadores comportamentais “Eu me pergunto quem é o ‘meu povo’ e se eu serei como eles.” A falta de informação e o sigilo que geralmente envolvem a história da criança, seus primeiros pais, dificultam para a criança estabelecer uma identidade. Ela pode se sentir diferente ou que não pertence àquele lugar. - Adolescência. - Comentários insensíveis da família, dos amigos e de estranhos. - Tarefas escolares (árvore genealógica) - Incidentes críticos envolvendo racismo em uma adoção transracial. - Gravidez. - Crise de meia-idade. - Envolver-se com colegas inapropriados. - Promiscuidade ou gravidez. - Aparência e comportamentos diferentes da família adotiva. - Mudando de identidade frequentemente à procura de uma que se pareça com a família biológica. - Episódios recorrentes de fuga de casa. 4 - Lealdade dividida Questões da adoção Descrição Possíveis gatilhos Indicadores comportamentais “Eu me pergunto se eu deveria me manter leal à minha mãe biológica ou se eu deveria me permitir amar e ser As crianças podem sentir que proximidade e amor pelos cuidadores ou pais adotivos é um ato de deslealdade com os primeiros pais, e vice- - Dia das mães. - Noivado ou casamento. - Comportar-se mal durante as férias ou perto do dia das mães. - Recusa-se a criar apego com os pais adotivos. amado pela minha mãe adotiva.” versa. Eles se encontram em um dilema e podem ser tomados por um sentimento de culpa. - Visitas ou contato com os irmãos biológicos ou outros parentes biológicos. - Feriados. - Tem os pais biológicos, ou a fantasia deles, como modelo (engravidando na mesma idade que a mãe biológica, fazendo tatuagens, pintando o cabelo da mesma cor que um dos pais biológicos, seguindo profissões semelhantes, etc.). 5 - Confiança Questões da adoção Descrição Possíveis gatilhos Indicadores comportamentais “Eu me pergunto se eu posso acreditar no que essas pessoas estão me dizendo.” A separação dos primeiros pais, especialmente muito novos, pode ameaçar a habilidade de criar confiança e apego básico. Eles podem ter dificuldade para formar e manter relacionamentos. - Sente-se traído(a) numa relação. - Levando um “fora” do(a) namorado(a). - Descoberta de informações que não haviam sido compartilhadas de forma honesta. - Recusa o apego. - Ou tem um comportamento pegajoso e inapropriadamente dependente, ou, desde cedo, tem cuidados próprios inapropriados, se distanciando da nutrição dos cuidadores. - Rouba. - Cuida das suas próprias necessidades e desejos porque a criança não aprendeu que outros vão atender as suas necessidades. - Falta de vontade de agradar os outros (relacionada com a recusa ao apego) e consciência atrasada. 6 - Controle Questões da adoção Descrição Possíveis gatilhos Indicadores comportamentais “Eu me pergunto por que todo mundo toma decisões sobre a minha família, meu nome, quanta informação eu recebo, a minha idade para conhecer os meus irmãos ou meus pais biológicos... Quando eu poderei tomar decisões importantes sobre a minha vida?” Muitas vezes, as crianças não têm nenhum controle ou opinião sobre a separação dos pais biológicos. Isso cria sentimentos de frustração e incapacidade. Consequentemente, eles podem tentar recobrar esse controle em outras áreas ao longo da vida. - Adolescência. - Escola. - Limites dos pais. - Constantes lutas por controle com figuras de autoridade. - Mentiras, mesmo que não pareçam beneficiá-la. - Rouba, esconde coisas, acumula comida. - Ociosidade. - Abuso de substâncias. - Desenvolve distúrbios alimentares. - Cria o caos. - Adesão rígida à rotina ou a planejamentos futuros. - Comportamentos obsessivos compulsivos (faz listas, organização incomum). 7 - Culpa/Vergonha Questões da adoção Descrição Possíveis gatilhos Indicadores comportamentais “Eu me pergunto o que eu fiz para que os meus pais me jogassem fora.” Culpa: A criança se sente mal com o que fez. Vergonha: A criança se sente mal com quem ela é. - Fracassos (não entrando para o time ou perdendo em esportes, fracassos escolares). - Experiências com rejeição (ser excluído por colegas, sentir que os filhos biológicos na casa recebem mais amor e são mais valorizados). - Pensamento mágico: a criança expressa a crença de que ela causou a separação da família. - Baixa autoestima. - Resultados ruins ou não se permitir conseguir ou ir bem em algo. - Expectativas de fracasso ou futuras rejeições. Fonte: Institute for Human Services – Ohio – EUA. Perguntas das crianças Formulado por Jayne Schooler, baseado nas perguntas enviadas por crianças adotadas Pergunta Não penso isso Mais ou menos Isso mesmo 1. Eu sei que você sofreu muitas perdas. Algumas crianças adotadas disseram que elas sentem que é tudo culpa delas. Você já sentiu que é o responsável por suas perdas? (Lidando com o sentimento de culpa). 2. Algumas crianças que vieram do sistema de acolhimento sentem que tem alguma coisa errada com elas. Você já sentiu que havia algo de errado com você porque estava no “abrigo”, na família acolhedora ou porque foi adotado? Você gostaria de conversar sobre isso? (Lidando com o sentimento de vergonha). 3. Algumas crianças adotadas disseram que sentem vergonha quando as pessoas descobrem que elas são adotadas. Você já se sentiu envergonhado(a) de ter sido adotado(a) ou ter passado pelo sistema de acolhimento? (Lidando com o sentimento de vergonha). 4. Você gostaria de conversar sobre como era a sua vida antes de vir para nós? 5. Você se preocupa ou sente que não pertence à nossa família, ou que nós vamos “te devolver”? Quando você pensa nisso? (Lidando com o medo de rejeição). 6. Como você se sente quando nós falamos sobre a sua família biológica ou sobre a sua adoção? 7. Em algum momento você sente vontade de falar sobre a sua família biológica e sobre o seu passado, mas tem medo? 8. Você tem memórias difíceis e não sabe o que fazer com elas? 9. Há alguma coisa que nós falamos para as pessoas sobre a sua história ou sobre a sua vida que você preferiria que nós não falássemos? Existe alguma coisa que você gostaria que falássemos? 10. Quais são as coisas que você gostaria que nós soubéssemos sobre você? Construindo famílias adotivas saudáveis Dez fatores para o sucesso (Institute for Human Services – Ohio – EUA) 1- Famílias adotivas saudáveis têm uma noção clara e honesta do seu motivo para adotar. 2- Famílias adotivas saudáveis reconhecem as vantagens e os desafios específicos de se construir uma família com a adoção. 3- Famílias adotivas saudáveis sabem da importância de se criar um ambiente familiar que lida abertamente com as especificidades da adoção. 4- Famílias adotivas saudáveis entendem como a adoção impacta nos estágios de desenvolvimento. 5- Famílias adotivas saudáveis desenvolvem habilidades de parentar a partir da ciência dos impactos do trauma no seu filho e desenvolvem habilidades para parentar a partir da ciência do trauma. 6- Famílias adotivas saudáveis são cientes dos desafios relacionados ao apego na adoção e estão dispostas a aprender habilidades de construção para construção de vínculos/apego. 7- Famílias adotivas saudáveis entendem a importância de conversar com a criança sobre o passado. 8- Famílias adotivas saudáveis exploram as necessidades culturais das suas crianças e se esforçam para atendê-las. 9- Pais adotivos saudáveis entendem e antecipam quando questões base de adoção podem ter gatilhos que criam crises. 10- Famílias adotivas saudáveis encontram o equilíbrio entre o controle excessivoou insuficiente dos pais. Terminologia de adoção Adaptado do trabalho do Serviço Internacional de Crianças Holt (Holt International Children’s Services)1 Palavras e frases para se tomar cuidado com conotações positivas e negativas. Pais biológicos Genitores Pais naturais Pais de verdade Filho biológico Filho de verdade Pai biológico Mãe biológica Pai de verdade ou natural Mãe de verdade ou natural Nascido de pais não casados Ilegítimo Criança com necessidades especiais Criança deficiente Determinação judicial A criança foi tirada Fazer um plano de adoção/uma entrega legal Escolher a adoção Doar/dar o filho Desistir de ter um filho biológico Adoção internacional Adoção estrangeira Inter-racial Mistura de raças Meu filho Filho adotado Pais Pais adotivos Procura Rastrear os pais Educar Manter/criar 1 Adaptado do website: Serviço Internacional de Crianças Holt (Holt International Children’s Services) (2014): http://www.holtinternational.org/media/language.shtml. http://www.holtinternational.org/media/language.shtml • A linguagem é importante quando descrevemos a adoção. • Os adotados são sensíveis ao se sentirem diferentes. • Nós queremos tentar evitar os termos negativos e o uso de linguagem crítica. • Como a linguagem se manifesta na sua própria família? O que a vovó diz? Os colegas? Pessoas de fora? Grupos de apoio à adoção Fonte: Pexels - www.pexels.com/pt-br Participar de grupos de apoio à adoção após a chegada do(s) filho(s) é de extrema importância para a família. Estudos mostram que a troca entre famílias é a forma mais eficiente de vencer as crises familiares e encontrar novos caminhos diante de desafios. Descubra o grupo de apoio à adoção mais próximo de você em: https://www.angaad.org.br/portal/gaas/. Não há um grupo de apoio à adoção na sua cidade? Deseja iniciar um? Saiba como em: https://www.angaad.org.br/portal/comoiniciar/. https://www.angaad.org.br/portal/gaas/ https://www.angaad.org.br/portal/comoiniciar/ O livro da vida (Institute for Human Services, Ohio, EUA, 2013) Sete motivos pelos quais crianças precisam da sua própria história Por Dr.ª Denise Goodman, ACSW, LISW, PH.D “Eu não me lembro de nenhuma pessoa importante do meu passado. Me pergunto se as pessoas do meu passado se lembram de mim.” (Um adolescente adotado). O livro da vida é um livro que registra o histórico familiar e de adoção de uma criança. É uma ferramenta que guarda informação sobre o crescimento e desenvolvimento dela, seus sentimentos, suas ideias, esperanças e sonhos para o futuro. É um recurso vital para ajudá-la a entender seu passado e se preparar para o futuro. Os sete motivos Recria a história de vida da criança. Isso é importante, já que muitas das nossas crianças tiveram vidas muito confusas. Ora elas estão sendo acolhidas, ora desacolhidas, jogadas de um membro da família para outro. A reação de cada criança à sua separação de sua família biológica é única e individual. Esses sentimentos dolorosos traçam desafios que se repetem nas vidas de crianças que foram adotadas mais velhas. Durante o processo de cura de crianças cujas memórias de relacionamentos passados persistem em sua mente, vemos que há temas que se repetem. Elas têm que ter um registro preciso de seu passado, porque isso as ajudará a sonhar com o futuro sem medo. Informa a criança sobre a sua família biológica. Muitas crianças adotadas ou em famílias provisórias não têm muita informação sobre as suas famílias biológicas. Qual era a aparência dos seus pais? Que talentos eles tinham? E o resto da família extensa? Na verdade, algumas crianças não têm informação alguma. Cada um de nós tem um “mapa genético”, que são nossos pais. Esse “mapa” nos ajuda quando começamos a desenvolver nossa identidade. Decidimos de quais características nós gostamos e ficamos com elas. As que não gostamos rejeitamos. Jovens que não têm informação alguma as inventam e, normalmente, elas 1 . 2 . são negativas. Para as crianças que só têm informações negativas sobre seus pais, isso é tudo o que eles podem usar para a sua identidade. Crianças precisam tanto de detalhes positivos quanto negativos sobre suas famílias. Justifica a colocação. Crianças frequentemente têm a ideia errada do porquê elas foram retiradas dos seus lares. Muitas vezes, elas acreditam que foi por culpa delas! Isso provoca sentimentos de culpa e, às vezes, elas tentam se punir. Portanto, crianças devem ter informações corretas e honestas sobre o porquê de elas estarem no sistema protetivo. Proporciona fotos e uma história fotográfica. Mesmo que a informação seja dada de forma escrita, crianças querem saber qual é a aparência das suas famílias. Além disso, fotos também registram eventos familiares, como férias, aniversários e épocas especiais. Crianças precisam de fotos de si mesmas para entenderem como as coisas mudaram. Registra os sentimentos da criança sobre a sua vida. Crianças raramente têm a oportunidade de falar sobre seus sentimentos e sobre estarem fora de seus lares. O livro da vida age, de certa maneira, como um diário que as crianças podem usar para guardar seus pensamentos e sentimentos mais pessoais. Informa a criança sobre seu próprio desenvolvimento. Quantas pessoas têm um diário de bebê? Se você não for o mais velho, você provavelmente não tem. Você não gostaria de um registro de todos os seus eventos importantes? Seu primeiro dente, seu primeiro passo, sua primeira palavra, junto com um registro de todas as outras coisas especiais que você já fez? Este é outro papel importante do livro da vida. É uma ferramenta útil quando lidamos com crianças. Por ser uma maneira de organizar informação, o livro da vida é uma ferramenta útil para famílias acolhedoras, pais adotivos, psicólogos/assistentes sociais e terapeutas 3 . 4 . 5 . 6 . 7 . que ajudam crianças que têm que lidar com o fato de estarem longe dos seus pais, irmãos e lares. Apoiando as famílias adotivas após a colocação - Estratégias para ajudar as crianças a adaptarem-se Dê permissão para a criança expressar seus sentimentos de tristeza, raiva ou luto (WARD, s.d.). Evite dizer coisas como: "Isso é passado, você está conosco agora", "Não pense neles, somos seus pais agora" ou "Não se preocupe, você vai esquecê-los em breve". Dê à criança permissão para o luto. "É normal ficar triste porque você sente saudades.” “Aposto que muitas crianças que foram adotadas se sentiram da mesma maneira.” Os pais adotivos muitas vezes tentam ajudar seus filhos a esquecer o passado enchendo-os de atividades. Nesse momento, as crianças não precisam de movimento constante, mas sim de um ambiente em que o tempo para compartilhar e conversar seja uma prioridade. Os pais adotivos não devem tentar apagar o passado da criança, colocando o livro da vida fora da vista e fora do alcance. Ter contato com o livro da vida é semelhante a visitar o cemitério após a perda de um ente querido. Isso ajuda a criança a passar pelo processo de luto (RIGGS, s.d.). Diga à criança, desde o começo e frequentemente, que você entende a sua tristeza ao deixar pessoas importantes. Mantenha o horário da criança relativamente livre de atividades constantes. Mantenha o livro da vida acessível à criança. As crianças em luto mencionam muitas vezes os momentos felizes com pais biológicos ou pais acolhedores. Podem salientar que "a nossa mãe acolhedora não fazia isso desse jeito", quando experimentam sentimentos de perda em relação ao cuidador anterior. Responder positivamente às crianças quando elas mencionam atividades, memórias ou tradições anteriores enviará a mensagem às crianças de que são aceitas e amadas. Separações abruptascriam traumas e aumentam o pânico e o medo ligados à perda. Contatos periódicos e planejados por telefone ou pessoalmente com pais acolhedores e outras figuras de apego podem ajudar a criança nos estágios do luto. Manter contato com os membros da família biológica é fundamental. Há muitos benefícios para a criança quando ela é capaz de continuar a ter um relacionamento com a família biológica. Por exemplo: o Acesso a informações genéticas e médicas que podem ser importantes. o Desenvolver um sentido mais profundo de compreensão de sua identidade e um maior sentido de completude. o Preservar as ligações não só com a sua família biológica, mas também com a sua história. o Desenvolver uma melhor compreensão do motivo da colocação, o que pode diminuir os sentimentos de abandono e aumentar o sentimento de pertencimento. o Perceber os familiares biológicos como pessoas reais com pontos fortes e falhas, acabando com fantasias de perfeição (ou com fantasias excessivamente negativas) (https://www.childwelfare.gov/pubs/f_openadopt.cfm). Não se sinta rejeitado pela criança que se lembra de relações com figuras de apego perdidas. Providencie o contato regular com pais acolhedores, familiares biológicos e outras figuras importantes de apego. https://www.childwelfare.gov/pubs/f_openadopt.cfm As crianças sentem-se fortalecidas com a presença dos pais que se sentam perto delas quando compartilham sentimentos intensos. Um toque no ombro ou um colo para se sentar tranquilizam um jovem problemático, com a garantia de amor e proteção. Deve-se lembrar que as crianças mais velhas também precisam da tranquilidade e segurança que vêm ao sentar-se no colo de um adulto ou com um abraço, tanto quanto as crianças pequenas. Fonte: Unsplash - unsplash.com Seção 1 História para bebês e crianças pequenas Reunir informações para o livro da vida de um bebê ou criança pequena é muito mais importante do que pode parecer. Crianças nessa idade não têm memórias dos seus pais biológicos, família acolhedora ou outras pessoas importantes que cuidaram delas. Elas frequentemente não têm fotos de si mesmas ou de qualquer pessoa importante para ajudar a preencher as lacunas. Completar o livro da vida de um bebê enquanto ele estiver no acolhimento, quer ele volte para casa ou vá para a adoção, é algo crucial. Lembre-se da importância do contato físico. Livro da vida de um bebê (0 a 2 anos) O QUE INCLUIR ONDE ENCONTRAR Informações do nascimento: certidão de nascimento, altura, peso, data e hora do nascimento, hospital (com foto, se possível, do panfleto ou tirada pela família), nome dos médicos, informação médica especial ou circunstâncias do nascimento, fotos da família biológica e história cultural. Cartório, registros do trâmite (processo, conselho tutelar...), pediatrias e maternidades, registros hospitalares, pais biológicos, família estendida. Informações do acolhimento: motivos para o acolhimento, incluir um registro da sentença, lista cronológica de cada passo, cartas de despedida dos cuidadores, nome de outras crianças de quem a criança era próxima, fotos dos cuidadores, seus lares biológicos e família acolhedora, quartos, animais de estimação, etc. Registros judiciais, responsáveis pelas admissões, família biológica, conselheiros tutelares /assistentes sociais, cuidadores prévios. Informações médicas: lista de profissionais médicos, cartão de vacinas, lista de doenças da infância, machucados, alergias. Registros do trâmite, departamento de saúde, cuidadores, pediatras, pediatrias e maternidades. Informações do desenvolvimento: marcos importantes de desenvolvimento. Cuidadores prévios, registro de cuidados, histórico médico. Informações da adoção: finalização, fotos da comemoração da adoção, lembranças especiais. Família adotiva e assistentes sociais da adoção. Fonte: Unsplash - unsplash.com Seção 2 História para crianças em idade escolar Crianças retiradas de seus lares, durante os seus primeiros anos escolares, podem ter memórias das pessoas importantes na vida delas, mas normalmente essas memórias são vagas e vão desaparecendo. Essas memórias também podem estar ligadas ao trauma do abuso, da negligência e da experiência da remoção. O livro da vida deve ser aquela ferramenta que preenche os brancos na memória dessas crianças, além de substituir as fantasias que se desenvolveram. O livro da vida da criança na idade escolar deve incluir as informações de nascimento, de desenvolvimento e médicas listadas acima, além de incluir o seguinte: ALÉM DAS INFORMAÇÕES JÁ CITADAS, INCLUA: ONDE ENCONTRAR Informações do acolhimento: motivos da remoção ou acolhimento, inclua uma cópia do documento/sentença, lista cronológica de cada passo, cartas de despedida dos cuidadores, nomes de outras crianças de quem a criança era próxima, fotos dos cuidadores, seus lares biológicos e acolhedores, quarto, animais de estimação, atividades recreativas e da igreja, amigos da vizinhança, cartas da família biológica ou outros amigos, nomes e endereços de irmãos separados. Registros judiciais, responsáveis pelas admissões, família biológica, assistentes sociais, cuidadores anteriores, professores, conselheiros, líderes adultos, líderes religiosos. Informações da educação: liste todas as creches e escolas frequentadas com a data, nomes, endereços e fotos, se possível, dos colegas de sala, professores e outros adultos importantes, cópias de boletins escolares, alguns deveres de casa, projetos especiais, fotos e lembranças de eventos especiais e prêmios. Equipe da escola, professores, anuários, jornais escolares e da comunidade, treinadores e registros escolares. Informações da adoção: ferramentas usadas para preparar a criança para a adoção (livros de colorir), data da finalização, fotos do dia da adoção. Família adotiva, famílias acolhedoras e assistentes sociais/psicólogos da adoção. Seção 3 Fonte: Unsplash - unsplash.com História para adolescentes Adolescentes que passaram algum tempo sob cuidados provisórios e entram para a adoção ou moradia independente, provavelmente, se esqueceram dos detalhes importantes das suas vidas. Eles, possivelmente, não têm muitas lembranças do seu passado — como pouca ou nenhuma informação do seu nascimento ou fotos. Eles não têm um registro de onde moraram ou com quem moraram, as escolas que eles frequentaram e as conquistas que eles alcançaram. Organizar um livro da vida para um adolescente requer investigação e perseverança. Entretanto, ele pode ser o único elo de um passado confuso e complicado para um futuro incerto. O livro da vida de um adolescente deve incluir o máximo possível de informações de registros médicos, de nascimento e de desenvolvimento. Além disso, também deve incluir o seguinte: Informações de colocação: lista cronológica de onde o adolescente morou, com quem ele morou, motivos da mudança, fotos das pessoas e lugares importantes para o desenvolvimento do adolescente. Cuidadores prévios, assistentes sociais, documentos e registros do trâmite. Informações da educação: lista de escolas frequentadas, com datas, nome, endereço e fotos, se possível, fotos dos colegas de sala, professores e outros adultos importantes, cópias de boletins escolares, alguns deveres de casa, projetos especiais, fotos e lembranças de eventos especiais, prêmios, conquistas e certificados. Equipe da escola, professores, anuários, jornais escolares e da comunidade, treinadores, registros escolares, professoresde música, professores de teatro. Informação de adoção: ferramentas usadas para preparar o adolescente para a finalização da adoção, fotos do dia da adoção, lembranças especiais. Família adotiva e acolhedora, assistentes sociais. ALÉM DAS INFORMAÇÕES JÁ CITADAS, INCLUA: ONDE ENCONTRAR Informações da moradia independente: informações e lembranças coletadas de grupos e salas de aula de adolescentes, fotos de outros adolescentes em moradia independente, líderes de grupos, fotos da graduação de grupo e o dia da mudança para a nova casa. Assistentes sociais, cuidadores provisórios e assistentes sociais da moradia independente. Princípios para “contar” (Institute for Human Services, Ohio, EUA) Inicie a conversa sobre a adoção. Não minta. Se a informação for negativa, use a ajuda de uma terceira pessoa. Não imponha julgamento de valores. Permita que a criança fique nervosa e mantenha o autocontrole. A criança deve estar no controle da sua história fora da família. Repita, repita, repita. Conte a informação de forma a desenvolvê-la apropriadamente. Compartilhe toda a informação até a criança ter 12 anos (de forma a desenvolvê-la). Use uma linguagem “positiva” de adoção. Lidando com o NÃO! (Institute for Human Services, Ohio, EUA) Fonte: Pexels - www.pexels.com/pt-br Muitas crianças possuem barreiras que as impedem de considerar a adoção. As estratégias para lidar com essas barreiras estão listadas logo abaixo: Barreira/Desafio Estratégias para o profissional Lealdade à família biológica As crianças precisam entender que os sentimentos e os laços com a família biológica permanecerão os mesmos depois da adoção. Consulte a atividade da “caixa do coração”. É uma ferramenta para a comunicação sobre lealdade à família biológica. Crianças mais velhas podem precisar de algum tempo antes de estarem prontas para chamar os pais adotivos de “mãe e pai”. Os pais adotivos das crianças mais velhas precisarão de treinamento e de preparação para lidarem com essa resistência. Medo da possibilidade de decepção As crianças que passaram por diversas colocações podem sentir que não podem ser amadas. Podem pensar que foram responsáveis pelos fracassos nas tentativas de colocação anteriores. As crianças precisam de ajuda para compreender onde estiveram e por que não deu certo. Muitas vezes, as colocações terminaram porque os adultos tiveram dificuldades ou problemas não relacionados à criança. Se, no entanto, uma colocação terminou porque os pais não conseguiram lidar com o comportamento da criança, ela deve ser ajudada a entender que os pais não foram avaliados e preparados adequadamente, ou não eram uma boa combinação. Isso fez com que a colocação terminasse. No futuro, será tomado o cuidado de envolver a criança nas decisões de permanência para que as colocações sejam mais apropriadas. Falta de compreensão sobre a adoção As crianças precisam ser ensinadas sobre o valor de uma conexão para a vida toda. A maior parte dos adultos precisa de ajuda e de apoio dos membros de toda a sua família extensa. Crianças e jovens podem ter exemplos de como serão importantes as relações familiares quando se casarem e tiverem filhos. Os profissionais devem falar abertamente sobre a adoção para os jovens de maneira que eles a possam entender. Permita que crianças ou jovens relutantes falem com outros jovens que já foram adotados. Desvinculação de relações com a família biológica Algumas crianças continuam a visitar os avós, irmãos ou pais biológicos depois de serem adotadas por outra família. As relações de adoção aberta são particularmente úteis para uma criança mais velha. A criança, os pais biológicos e os pais adotivos devem ser ajudados a compreender que os pais biológicos são incapazes de cuidar da criança, mas que a criança e os pais biológicos continuam a se amar. Pais adotivos em adoção aberta precisarão de treinamento para assegurar limites emocionais saudáveis entre os membros da família biológica e os da família adotiva, e todos os envolvidos devem estar cientes de que os pais da criança são os adotivos. Os pais biológicos em uma adoção aberta se relacionarão com a criança como uma tia ou um tio favorito. Mudanças de nome Se um jovem resiste a ter seu sobrenome alterado pode ser possível manter o sobrenome de nascimento como um "segundo nome" ou até mesmo manter o sobrenome de nascimento como seu sobrenome legal após a adoção. Algumas vezes, a oposição a uma mudança de nome pode desaparecer à medida que o apego da criança com a sua família adotiva cresce. Problemas de controle Uma criança ou um jovem deve estar envolvido em seu planejamento de adoção através: 1. Da identificação das suas ligações existentes (a resistência à adoção se reduz quando a criança mais velha conhece os prováveis pais); 2. Do envolvimento em atividades específicas de busca ativa por parte da criança. Pergunte-lhe: "Como você gostaria que sua família fosse?"; 3. Do envolvimento nas decisões sobre possíveis combinações na busca ativa; 4. Do envolvimento da criança ou jovem no planejamento de visitas de pré-colocação. A crença de que ninguém irá querê- los O profissional pode compartilhar exemplos de crianças e de jovens da mesma idade que foram adotados. Fantasias de reencontros O profissional pode pedir à família biológica (pais biológicos, avós ou tias e tios) para entregar uma "mensagem de permissão” à criança para que se encerre a fantasia de voltar à família biológica. A mensagem tem três partes: 1. Você é amado e não será esquecido. 2. Os pais biológicos não podem oferecer um lar seguro para você, nem agora nem no futuro. 3. Queremos que você seja feliz e se dê bem com a sua família. Por isso, queremos que você seja adotado para que possa ter o cuidado que nós não podemos te dar. Comportamentos reivindicadores • A reivindicação ajuda a família a assimilar a criança como parte da família e ajuda a criança a se sentir parte da família. Comportamentos reivindicadores também promovem o desenvolvimento do pertencimento pelos pais — a firme convicção de que eles têm o direito de parentar a criança como sua. As atividades de reivindicação comunicam aceitação e integração da criança na vida da família. • Exemplos de comportamentos reivindicadores são: o Mandar anúncios para a família e amigos quando a criança se junta à família ou fazer um anúncio nas redes sociais. o Incluir o livro da vida da criança junto com os outros álbuns de fotos da família. o Envolver a criança ao desenvolver novas tradições familiares ou planejar uma viagem em família. o Usar linguagem que reforce a posição da criança na família. Como exemplos temos: "meu filho" e "nossa família". Expectativas frequentes dos pais e convicções frequentes das crianças (Wendy Flowers e Jayne Schooler) Numa escala de 1 a 3 (1 = não se parece nada comigo, 2 = um pouco parecido comigo, 3 = muito parecido comigo), avalie cada expectativa. Usando a mesma escala, faça com que a criança classifique cada expectativa. Expectativa dos pais Nota Crenças das crianças Nota Meu amor será retribuído e apreciado. Eu não mereço amor e carinho. Eu sou um produto com defeito. Eu sentirei amor e conexão rapidamente com essa criança. Eu não tenho certeza se estou seguro aqui ou se posso confiar em você. Essa criança aprenderá rapidamente a viver dentro das minhas regras, objetivos e ambições. Eu não entendo as suas regras e elas não fazem sentido para mim. Eu nunca vou me encaixar aqui. As necessidades desta criança serão iguais às dos meus filhos biológicos. Eu não sou como os seus outros filhos, então, não me trate como se eu fosse. Eles não passaram pelo que eu passei. Meus filhos biológicos irão aceitar essa criança nova comoum irmão. Seus outros filhos são maus comigo. Eles não gostam de mim e trazem problemas. Meu filho se encaixará bem com toda minha família e será bem recebido por ela. Todos os parentes me tratam como se eu fosse diferente. Eles não gostam de mim como gostam das outras crianças. Meus amigos e conhecidos irão validar meu papel como pai/mãe na vida do meu filho e me apoiarão no processo de adoção e além dele. Não vamos mais a lugares divertidos como costumávamos ir. Eu sei que todos me culpam. Meu filho me verá como sua família e esquecerá sua família biológica e seu passado. Quero que você comece a falar comigo sobre a minha família biológica. Preciso da sua ajuda para lidar com as minhas perdas. Posso fazer por esta criança o que não foi feito por mim. Se eu não puder ser o que você deseja que eu seja, tenho medo de que você não goste de mim e que me abandone. Não farei a esta criança o que foi feito comigo. Tenho medo que você me machuque caso eu não te agrade. Nunca sentirei qualquer arrependimento ou ambivalência por adotar esta criança com um passado traumático. Tenho medo de que eu seja demais para você lidar. Eu nunca quis ser adotado mesmo. Referências: BOSS, Pauline. Ambiguous loss: learning to live with unresolved grief. EUA: Harvard University Press, 2009. PURVIS, Karyn B.; CROSS, David R. Trust based relational intervention practitioner handouts. Texas: Institute Karyn Parvis, Texas Christian University, 2009. PURVIS, Karyn B.; CROSS, David R.; SUNSHINE, Wendy L. The connected child: bring hope and healing to your adoptive family. Nova York, NY: McGraw-Hill; 2007. RYCUS, Judith S.; HUGHES, Ronald C. Field guide to child welfare: foundations of child protective services. Ohio: CWLA Press, Institute for Human Services, 1998. SCHOOLER, Jayne E.; SMALLEY, Betsy K. Telling the truth to your adopted or foster child: making sense of the past. 2nd ed. Bergin & Garvey Trade, 2000. SCHOOLER, Jayne E.; SMALLEY, Betsy K.; CALLAHAN, Timothy J. Wounded children, healing homes: how traumatized children impact adoptive and foster families. NavPress Publishing Group, 2010. SIEGEL, Daniel J.; BRYSON, Tina P. O cérebro adolescente: o grande potencial, a coragem e a criatividade da mente dos 12 aos 24 anos. nVersos, 2020. SIEGEL, Daniel J.; BRYSON, Tina P. O cérebro da criança: estratégias revolucionárias para nutrir a mente em desenvolvimento do seu filho e ajudar sua família a prosperar. nVersos, 2019.
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