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O sistema nervoso periférico é dividido em dois: somático e visceral. O Sistema Nervoso Somático (SNS) é formado por aferências sensoriais periféricas e eferências motoras que originam respostas motoras dos músculos esqueléticos, assim como do tônus e da postura. A parte eferente é formada pela unidade motora, com um neurônio motor para um feixe de fibras musculares esqueléticas. O Sistema Nervoso Visceral (SNV) é responsável pelo controle homeostático do corpo através dos músculos lisos! Seu sistema aferente é formado por osmorreceptores, viscerorreceptores e mecanorreceptores contidos nas vísceras. As respostas trazidas dos receptores viscerais são elaboradas no lobo límbico. Seu sistema eferente é o Sistema Nervoso Autônomo! Esse sistema leva estímulos inconscientes do sistema nervoso central às vísceras. Divide-se o SNA em dois: Simpático e Parassimpático. Além disso, ele pode enviar respostas mediante mecanismos humorais por hormônios produzidos na hipófise. Diferenças entre sistema simpático e parassimpático. O sistema simpático prepara o organismo para situações de estresse e aumento da exigência da taxa metabólica global. Noradrenalina que manda. O sistema parassimpático encarrega-se de controlar as funções vitais quando o corpo está em repouso. Acetilcolina que manda. O SNA possui apenas dois neurônios entre o órgão efetor e o SNC. O primeiro neurônio tem seu corpo na medula espinal ou no tronco do encéfalo. Chama-se neurônio pré-ganglionar. Seu axônio sempre vai a um gânglio periférico, no qual realiza sinapses com o corpo de um segundo neurônio, o chamado neurônio pós-ganglionar. Esse neurônio envia seu axônio aos órgãos efetores respectivos. O neurônio pré-ganglionar desse sistema se situa na porção craniossacral do SNC, isto é, do tronco encefálico até a porção sacral da medula. PARTE CRANIANA É composta por neurônios que dão origem aos axônios dos nervos cranianos com componente eferente visceral! São eles: nervo oculomotor, nervo facial, nervo glossofaríngeo e nervo vago. Nervo oculomotor As fibras pré-ganglionares se originam no núcleo de Edinger-Westphal, no mesencéfalo. Têm trajetos intracraniano dirigindo-se ao gânglio ciliar, onde fazem sinapses com neurônios pós- ganglionares. Suas fibras formam nervos ciliares curtos, que vão ao bulbo ocular inervar a musculatura lisa do corpo ciliar e do esfíncter pupilar. A ativação desse circuito provoca miose pupilar e o fenômeno da acomodação do cristalino. Nervo facial Suas fibras pré-ganglionares originam-se nos núcleos lacrimal e salivatório superior da ponte. Essas fibras fazem parte do nervo intermédio. As fibras pré-ganglionares podem seguir dois caminhos após a divisão do nervo facial ao nível ganglionar geniculado: pelo nervo petroso maior ou pelo nervo corda do tímpano. Caminho pelo nervo petroso maior Após passarem pelo trajeto do nervo petroso maior, essas fibras vão de encontro ao gânglio pterigopalatino. A partir daí, as fibras pós-ganglionares dirigem-se às glândulas lacrimais, acompanhando o nervo maxilar e lacrimal. Essas fibras também terminam em glândulas mucosas do nariz e boca. Caminho pelo nervo corda do tímpano As fibras pré se unem a esse nervo e fora do crânio unem-se ao nervo lingual. Esses nervos vão de encontro ao gânglio submandibular e suas fibras pós inervarão as glândulas submandibular e sublingual. A ativação do circuito parassimpático no nervo facial estimula a produção de saliva e lágrimas. Nervo glossofaríngeo Suas fibras pré se originam no núcleo salivatório inferior, no bulbo. Essas fibras deixam o tronco principal e formam o nervo timpânico e o nervo petroso menor. Ambos se dirigem ao gânglio ótico. Nervo vago As fibras pré se originam no núcleo dorsal do vago, no bulbo. Acompanham o tronco principal do nervo e chegam à cavidade torácica acompanhando a bainha da artéria carótida comum, indo ao abdome. As fibras terminam nos gânglios situados na parede dos órgãos cervicais, torácicos e abdominais, o que faz com que as fibras pós sejam curtas e funcionem sem formarem outros nervos. Todas as vísceras abdominais são inervadas pelo nervo vago, exceto cólon ascendente, sigmoide e ânus. Suas fibras pré inervam o nó sinoatrial e feixes de Hiss. PARTE SACRAL É composto pelo segundo, terceiro e quarto segmentos da medula espinal sacral. As fibras pré seguem os nervos sacrais motores correspondentes. Os ramos desses nervos dirigem-se ao plexo pélvico, de onde as fibras pré se direcionam aos órgãos-alvo. Inervam: bexiga, próstata, vesícula seminal, corpos eréteis, útero e vagina. O sistema simpático tem origem central, com seu primeiro neurônio pré-ganglionar na medula espinal, na altura de T1 até T2. Os axônios dessas fibras dirigem-se até a cadeia ganglionar simpática paravertebral, carinhosamente chamado de tronco simpático. Esse tronco está disposto ao longo de toda a coluna vertebral e é formado por um par de gânglios de cada lado da coluna, interligados por fibras interganglionares. Pode ser dividido em quatro segmentos: cervical (cervical superior, médio e inferior), toracolombar (12 gânglios, mas com fusões frequentes), sacral (4 a 5) e coccígeo (gânglio ímpar). As fibras pré chegam ao tronco através dos ramos comunicantes brancos que podem fazer sinapse nessa mesma cadeia, originando fibras pós que vão aos órgãos efetores, os ramos cinzentos. Tronco cervical É formado pelos gânglios cervical, superior, médio e inferior. Gânglio cervical superior Maior e mais importante, localizado no nível de C2 e C3. Fibras pré se originam dos ramos brancos de T1 a T5. Fibras pós formam os nervos carotídeo interno e externo. Nervo carotídeo interno, por sua vez, pode ser dividido em duas porções: lateral e medial. → O ramo lateral forma o plexo carotídeo interno sobre a artéria carótida interna. o O principal ramo desse plexo é o nervo petroso profundo maior, que se une ao nervo petroso maior para formar o nervo do canal pterigoideo. o Esse nervo passa sem fazer sinapse pelo gânglio pterigopalatino. o Inerva glândulas e vasos palatinos, faríngeos e nasais. → O ramo medial forma o plexo cavernoso sobre a artéria carótida interna intracavernosa. O nervo carotídeo externo também forma plexos e seus ramos seguem os ramos da respectiva artéria. Os ramos sobre a artéria facial vão até a glândula submandibular. Os ramos sobre a artéria meníngea média formam o nervo petroso profundo menor que chega até a glândula parótida. O plexo intercarotídeo também é formado por esses nervos e pela inervação para o bulbo carotídeo, promovendo ação vasomotora. → Também conduz ramos cinzentos dos nervos espinais de C2 a C4 que promovem piloereção, sudorese e vasomotricidade para cabeça e pescoço. Esse gânglio também dá origem ao nervo cardíaco cervical superior. Gânglio cervical médio Localiza-se no nível da cartilagem cricoide ou no da C7. Suas fibras pré são derivadas de ramos brancos dos segundo e terceiro segmentos torácicos e dão origem ao nervo cardíaco cervical médio e nervos tireóideos, que inervam a tireoide. Suas fibras pós formam ramos cinzentos que seguem o 5º e 6º nervos cervicais. Gânglio cervical inferior Localiza-se no nível de C7. Recebe suas fibras pré mediante comunicação com primeiro gânglio torácico. Não tem ramos comunicantes brancos. As fibras pós formam ramos cinzentos que acompanham os 6º, 7º e 8º nervos cervicais. Origina o nervo cardíaco cervical inferior e o nervo vertebral que acompanha as artérias vertebral e basilar, dentro do crânio. Esse gânglio geralmente apresenta fusão com o primeiro gânglio torácico, formando o gânglio estrelado. Dá ramoscinzentos para o 1º e 2º nervos torácicos e ramos viscerais para os plexos cardíaco, pulmonar, esofágico e aórtico. Tronco toracolombar É formado por 12 gânglios localizados próximos ao colo das costelas. Todo o tronco recebe suas fibras pré da coluna lateral da medula (T1 a L2/3). Peculiaridades: de T1 a T5, as fibras pré não fazem sinapse nesses gânglios e sobem aos gânglios cervicais. De T6 a T12, as fibras pré passam pelo tronco simpático sem fazer sinapse e tornam-se nervos esplâncnicos, que vão até a cadeia simpática paravertebral e após isso, às vísceras. De L1 a L2/3, as fibras pré descem até o tronco lombossacro para inervarem a pele e as genitálias. NERVOS ESPLÂNCNICOS Nervo esplâncnico maior União das fibras pré nos níveis de T5 a T9. Dentro do tórax, emite ramos que inervam o esôfago, a aorta torácica e ducto torácico. Atravessa o diafragma e termina no gânglio celíaco, ao nível de L1. As fibras pós formam o plexo celíaco que inerva pâncreas, vesícula biliar e estômago. Algumas fibras passam por esse gânglio sem fazer sinapse e formam o plexo suprarrenal. Dentro da glândula suprarrenal, com sinapses medulares, funcionalmente homólogas aos neurônios pós. É o único exemplo de fibras curtas no SNS. Nervo esplâncnico torácico menor União de fibras pré nos níveis de T10 a T11. Atravessa o pilar diafragmático juntamente com o nervo esplâncnico torácico maior e termina no gânglio aorticorrenal. Esse gânglio se localiza onde começa a artéria renal e suas fibras pós se dirigem aos rins e aorta. Algumas fibras terminam no gânglio mesentérico superior, junto à artéria de mesmo nome, cujas fibras pós inervam o pâncreas e o intestino delgado. Nervo esplâncnico imo (ímpar) Se forma como ramo do menor ou pode ser formado de fibras pré oriundas de T12. Passa pelo diafragma junto com os demais nervos irmãos e se junta às fibras do plexo celíaco no gânglio aorticorrenal para formar o plexo renal. Tronco sacrococcígeo É formado por cinco gânglios localizados no nível do sacro e um no nível do gânglio coccígeo, o ímpar. As fibras pré têm origem de T12 a L1 e formam o plexo pélvico. Ramos do plexo hipogástrico também contribuem para sua formação. Esse plexo inerva bexiga, próstata, corpos cavernosos, parede vaginal, clitóris, útero, tubas uterinas e ovários. Os ramos cinzentos também são responsáveis pelo controle vasomotor de artérias dos MMII. EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO PARASSIMPÁTICA EM ÓRGÃOS ESPECÍFICOS Olhos Duas funções dos olhos são controladas pelo sistema nervoso autônomo. Elas são (1) a abertura das pupilas; e (2) o foco do cristalino. A estimulação parassimpática contrai o músculo circular da íris, provocando a constrição da pupila (miose). As eferências parassimpáticas que controlam a pupila são estimuladas por via reflexa quando luz excessiva entra nos olhos; esse reflexo reduz o diâmetro pupilar, diminuindo a quantidade de luz que incide sobre a retina. O processo de focalização do cristalino é quase inteiramente controlado pelo sistema nervoso parassimpático. O cristalino é nas condições normais mantido no estado achatado pela tensão elástica intrínseca dos seus ligamentos radiais. A excitação parassimpática contrai o músculo ciliar que é corpo anular de fibras musculares lisas que circundam as pontas exteriores dos ligamentos radiais do cristalino. Glândulas do Corpo As glândulas nasais, lacrimais, salivares e muitas glândulas gastrointestinais são intensamente estimuladas pelo sistema nervoso parassimpático, resultando, em geral, em abundantes quantidades de secreção aquosa. As glândulas do trato digestivo mais intensamente estimuladas pelos parassimpáticos são as do trato superior, especialmente as da boca e do estômago. Por sua vez, as glândulas dos intestinos delgado e grosso são controladas, em sua maior parte, por fatores locais do próprio trato intestinal e pelo sistema nervoso entérico; em muito menor grau são controlados pelos nervos autônomos. As glândulas sudoríparas não são estimuladas pelo SNAP. As glândulas apócrinas não são estimuladas pelo SNAP. Plexo Nervoso Intramural do Sistema Gastrointestinal. O sistema gastrointestinal tem seu próprio conjunto intrínseco de nervos, conhecido como plexo intramural ou sistema nervoso entérico, localizado nas paredes do intestino. A estimulação parassimpática, em geral, aumenta o grau da atividade total do trato gastrointestinal, pela promoção do peristaltismo e relaxamento dos esfíncteres, permitindo, assim, a rápida propulsão dos conteúdos por esse trato. Esse efeito propulsivo é associado aos aumentos simultâneos na intensidade da secreção por muitas das glândulas gastrointestinais, como descrito antes. Referências Neuroanatomia Aplicada, Murilo Meneses, 3ª ed. Neuroanatomia Funcional, Ângelo Machado, 3ª ed.
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