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Rebeka Freitas FISIOLOGIA EXÓCRINA - Função exócrina: produção e secreção da bile - Bile = mistura de diversas substancias, algumas tem funções digestivas, e outras usam a bile pra serem excretadas do corpo. - Principal componente da bile: ácido biliar⇾ componente que auxilia no processo de absorção e digestão dos lipídios; em segundo lugar, está o colesterol; em terceiro, a fosfatidilcolina. - Além desses três, há também xenobióticos (metabólitos de substâncias exógenas ⇾ medicações que foram utilizadas e degradas pelo corpo tem seus restos excretados através da bile); bilirrubina conjugada. - Os ácidos biliares, colesterol e a fosfatidilcolina não são eliminados do corpo, acabam sendo reabsorvidos (pois têm função fisiológica); a bilirrubina conjugada e os xenobióticos são excretados. - Os ácidos biliares compõem a bile, vão para o duodeno, exercem sua função e em seguida são reabsorvidos. - As substâncias da bile são excretadas ativamente para os canalículos ⇾ necessidade de mitocôndrias. - Existem situações nas quais o fígado está comprometido, e a substância consegue entrar no hepatócito, mas não consegue ser excretada ⇾ a substância consegue entrar porque os transportadores do domínio sinusoidal não necessitam de energia. - O fígado não é diretamente um produtor de bilirrubuna, embora as células de Kupffer integrem o sistema retirculoendotelial (produz bilirrubina). - Tanto em um problema pré-hepático, como hepático e pós- hepático, pode haver aumento de bilirrubina - O aumento de bilirrubina pode ser explicado pelo aumento da degradação das hemácias (para além da capacidade do fígado em conjugar), por problemas nos transportadores da bilirrubina, por defeito nas enzimas que conjugam a bilirrubina, ou por obstrução das vias biliares. - No canalículo, a bile não é hiperosmótica, pois há transporte passivo de várias substancias da corrente sanguínea pelas junções oclusivas (água, glicose, cálcio, ureia, etc). - O papel da junção oclusiva não é ocluir a passagem, mas sim dificultá-la; por isso, o transporte é possível; a junção oclusiva seleciona o que pode passar. - A bilirrubina pode passar pelas junções oclusivas e alcançar a corrente sanguínea (pequena quantidade), uma vez que a oclusão não é perfeita, existe um “vazamento”, ainda que mínimo. - A bile passa por três etapas: bile produzida no canalículo (bile canalicular); bile transformada no dúctulo (bile ductal/hepática); bile transformada na vesícula biliar (bile vesicular). - A bile sofre modificações de concentração: a bile canalicular é isotônica (concentração semelhante ao plasma); a bile ductal é hipo-osmótica; a bile vesicular retorna a ser isotônica. - Ácido/sais biliares e bilirrubina estão presentes nas três biles. - Os sais biliares são sintetizados a partir do colesterol (no hepatócito); enzimas promovem alterações no colesterol (inserção de hidroxilas, por exemplo), originando diversos sais. - Colesterol ⇾ redução da cadeia lateral ⇾ inserção de hidroxilas em posições diferentes, o que origina ácidos biliares diferentes. - A produção de ácido cólico é maior que a de ácido quenodesoxicólico (via alternativa). - Os ácidos produzidos no hepatócito são chamados de ácidos biliares primários ⇾ quando chegam no intestino grosso, pode sofrer modificações pela ação das bactérias intestinais ⇾ ácido biliar secundário. - Para que os ácidos biliares não sejam absorvidos na mucosa intestinal (por ser lipofílico, sofreriam absorção), eles precisam ser conjugados no fígado ⇾ ou seja, o ácido biliar tem que deixar de ser lipofílico e passar a ser hidrofílico, pois ele não pode ser absorvido; deve carregar o lipídio, “entrega-lo” na parede intestinal, depois retornar para buscar mais lipídeos. - A conjugação dos ácidos biliares pode ser feita à glicina ou à taurina. - O ácido litocólico é uma exceção; não é conjugado pela taurina ou pela glicina; sofre sulfatação, para que não seja reabsorvido, pois é tóxico. Fisiologia do Fígado Rebeka Freitas - O ácido ursodesoxicólico não é comum em humanos (e sim em ursos), mas é utilizado na reposição de sais biliares quando o indivíduo possui deficiência de sais. - Os lipídios precisam ser absorvidos até o final do intestino delgado (íleo terminal); depois disso, não há mais absorção. - No íleo terminal há um transportador (ASBT) que leva o ácido biliar de volta para o fígado ⇾ alguns sais biliares escapam desses transportadores e acabam parando no intestino grosso ⇾ as bactérias desconjugam os ácidos biliares primários ⇾ os sais, que agora estão lipofílicos, precisam ser transportados no sangue por proteínas (albumina). - O ASBT é um transportador de sais biliares associado ao sódio ⇾ quando o sódio é absorvido, leva o ácido biliar para o sangue. - Se o paciente tem hipercolesterolemia, pode ser feito um bloqueio do ASBT, para que os sais não sejam reabsorvidos pela corrente sanguínea, mas sejam excretados pelas fezes ⇾ quanto menos sais chegam no fígado, mais sais serão sintetizados, o que implica em mais moléculas de colesterol sendo convertidas, o que diminui os seus níveis no organismo. - As bactérias podem desconjugar os sais biliares primários e transforma-los em secundários, os quais, por sua vez, também são levados para serem reabsorvidos no fígado. - Há perda de 5 a 10% dos ácidos biliares pelas fezes ⇾ é exatamente o percentual perdido que será sintetizado no fígado; as enzimas do fígado são sensíveis à bile. - A bilirrubina é um pigmento gerado pela degradação das hemácias senescentes (no baço); é uma substancia tóxica que, uma vez depositada, pode causar dano às células e, por isso, precisa ser eliminada. - A bilirrubina é lipofílica, o que é um grande problema, pois ela pode atravessar a barreira hematoencefálica e alcançar o SNC. - A bilirrubina se liga a albumina e vai para o fígado; no hepatócito, ela é conjugada ao ácido glicurônico por meio da enzima UDP-glicuroniltransferase. - Problemas na UDP-glicuroniltransferase podem interferir na conjugação e excreção da bilirrubina. - Icterícia = bilirrubina não excretada que é depositada na pele e nas escleras, dando uma coloração amarelada. - Sìndrome de Gilbert: UDP-glicuroniltransferase funciona 90 a 95% da capacidade; o paciente pode ter icterícia discreta; doença benigna; bilirrubina = 2,5-3 mg/dL. - Síndrome de Crigler-Najjar (tipo 1 e tipo 2): deficiência grave do funcionamento da enzima; bilirrubina de 30 mg/dL (menos grave) e até 50 mg/dL (mais grave), às custas de bilirrubina indireta ⇾ incompatível com a vida; encefalopatia às custas de bilirrubina. - Valor máximo de bilirrubina no sangue = 1,6 mg/dL - A bilirrubina conjugada é transportada para o canalículo ⇾ transporte ativo pelo MOAT; há também o MRP2, proteína relacionado a múltiplos fármacos de tipo 2, que também faz esse transporte. - A bilirrubina conjugada é lançada na vesícula, da vesícula vai para o intestino delgado junto com a bile, e depois para o intestino grosso. - No intestino grosso, as bactérias podem desconjugar a bilirrubina (15%) e também podem transformar a bilirrubina em urobilinogênio (85%), que é convertido em estercobilinogênio, que é convertido em estercobilina ⇾ coloração característica das fezes. - Quando há problemas na excreção da bile, além dos problemas associados à absorção de lipídios, as fezes são acólicas (esbranquiçadas) - Apenas 1% da bilirrubina é eliminado pela urina na forma de urobilina. - A bilirrubina em excesso pode ser de dois tipos: bilirrubina conjugada ou bilirrubina não conjugada ⇾ depende da doença que provoca o acumulo. - Paciente que recebe transfusão de sangue (grande quantidade de sangue com hemácias antigas) ou paciente com anemia hemolítica (degradação das hemácias antes dos 120 dias) ⇾ nessas duas situações, há muita bilirrubina ⇾ quando a bilirrubina chega no fígado, esse, que está saudável,não contem UDP suficiente para o excesso de bilirrubina que está chegando ⇾ nesse caso, o tipo de bilirrubina que está em excesso no organismo é a não conjugada ⇾ problema pré- hepático. - Paciente recém-nascido que está com UDP baixa (icterícia fisiológica por imaturidade do fígado ou icterícia patológica por não produção de UDP) ⇾ a bilirrubina em excesso também é não conjugada ⇾ problema intra-hepático. Rebeka Freitas - Problema no transportador do canalículo ⇾ bilirrubina em excesso é conjugada. ⇾ problema intra-hepático. - Obstrução nos ductos biliares ⇾ bilirrubina em excesso é conjugada ⇾ problema pós-hepático. - Lesão hepática: no início, a bilirrubina consegue entrar, porque não é necessário energia para entrar na célula; a bilirrubina entra, é conjugada, mas não consegue sair ⇾ no início, a bilirrubina em excesso é a conjugada. - No entanto, à medida que a lesão evolui, a bilirrubina não consegue nem entrar no fígado, então a bilirrubina em excesso passa a ser a não conjugada. ⇾ essa transição do excesso bilirrubina conjugada para o excesso de bilirrubina não conjugada ocorre na hepatite e nas fases iniciais da cirrose. - A bilirrubina (total e suas frações conjugada e não conjugada) é um dos marcadores da função hepática; quando o paciente tem icterícia, é necessário investigar as custas de qual fração da bilirrubina isso está ocorrendo.