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TRABALHO SILVESTRES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA 
DISCIPLINA: MEVA05 - MEDICINA VETERINÁRIA DE ANIMAIS SILVESTRES E 
EXÓTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de silvestres: 
gambás, sariguês ou 
saruês. 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOCENTE: Paulo César Costa Maia 
DISCENTE: Erica Marques Santana 
TURMA: T03 
 
 
1. Introdução 
O gambá, sarigué ou saruê é um marsupial da família Didelphidae pertencente à ordem 
Didelphimorphia e classe Mammalia. Os marsupiais neotropicais ocupam os mais 
diversos nichos e estão bem distribuídos, por isso desempenham um papel 
importante nos ecossistemas. No Brasil, os didelfídeos estão distribuídos principalmente 
em ambientes de Floresta Ombrófila densa (Amazônia e Floresta Atlântica). Pouco ainda é 
conhecido sobre a biologia e distribuição dos marsupiais no interior do Brasil, 
particularmente no Cerrado, Pantanal, nas florestas sazonais deciduais e em formações 
pioneiras, como várzeas. 
 
O termo pertence da língua tupi-guarani, onde "gã'bá" ou "guaambá", corresponde a um 
seio oco, ou seja, uma referência ao marsúpio (característica dos marsupiais, onde uma 
abertura ventral em forma de bolsa, abriga em seu interior, mamas, onde os filhotes 
nutrem-se e protegem-se durante parte de seu desenvolvimento). O Gambá de Orelha 
Branca, ​Didelphis albiventris​, é a espécie mais conhecida, ocorrem na Amzônia, Caatinga, 
Cerrado, Pantanal, Campos e inclusive nas cidades. 
Tabela 1:​ Espécies de saruê encontradas no Brasil. 
2. Características gerais 
Os animais pertencentes à família Didelphidae são marsupiais de pequeno e médio porte 
que variam de 10 g a 3 kg, em média. O esqueleto segue basicamente o padrão de todos 
os mamíferos. A característica que os distingue são os ossos epipúbicos. Estes ossos 
projetam-​se anteriormente à articulação do púbis e à musculatura ventral abdominal. Os 
músculos oblíquos interno e externo estão aderidos a eles. Acredita-​se que uma de suas 
funções seja a proteção do marsúpio contra pressões externas. 
 
Os didelfídeos locomovem​-se basicamente por quadrupedalismo, terrestre ou arborícola, 
mais especificamente um caminhar arborícola, sobre troncos e galhos mais próximos da 
horizontal, e escalando suportes na vertical por agarramento. Este comportamento é 
facilitado pela existência do hálux opositor. 
 
A cauda geralmente é longa e preênsil, podendo conter poucos pelos, invisíveis a olho nu. 
Os animais com hábitos terrícolas têm cauda curta, ausência do polegar opositor e aumento 
da massa muscular nos membros pélvicos. Por outro lado, os animais arborícolas têm 
cauda evidentemente longa com aumento da massa muscular nos membros torácicos. 
 
Todos os membros da família têm fórmula dental I 5/4, C 1/1, PM 3/3, M 4/4 = 50; e são 
poliprodontes, isto é, possuem mais incisivos na mandíbula inferior; os caninos superiores 
são bem desenvolvidos, pequenos molariformes multicúspides, e os terceiros pré​molares 
são decíduos. Esta é uma característica marcante dos marsupiais, a ausência de dentição 
decídua, sendo seu único dente decíduo o último pré-​molar. 
 
O sistema digestório dos marsupiais varia de acordo com a dieta. Nos carnívoros, não há 
ceco, o trato gastrintestinal é curto e simples, refletindo um trânsito alimentar rápido pelo 
intestino. Em contrapartida, os animais com hábitos onívoros apresentam glândulas 
salivares proeminentes e o ceco e o cólon bastante desenvolvidos, com grande lubrificação 
e microbiota bacteriana exuberante. 
 
Os olhos são estruturas semelhantes aos dos euterianos. Uma estrutura se destaca: o 
tapetum lucido, muito desenvolvido nos didelfídeos devido ao seu hábito crepuscular 
​noturno, aumenta a reflexão da luz na retina, intensificando a fotorrecepção em baixos 
níveis de iluminação. Do mesmo modo, estes animais têm o sistema auditivo altamente 
eficiente na captação dos sons, auxiliando na comunicação e organização social e 
interação intraespecífica na maioria das espécies. 
 
Nos machos, o pênis é bifurcado e a bolsa escrotal está localizada na frente do pênis. O 
complexo vaginal é formado por duas vaginas laterais e uma pseudovagina. Os gambás 
podem se reproduzir até 3 vezes ao ano. A fêmea possui 13 mamas, a gestação dura de 12 
a 14 dias e o nº de filhotes varia de 4 a 12. Ao invés de nascerem filhotes, nascem embriões 
com aproximadamente 1,0 cm de comprimento e sem a presença de pêlos. Os embriões 
dirigem-se para o marsúpio, através da pelagem da mãe, para encontrar as duas carreiras 
de mamas, em forma de ferradura, onde ficarão agarrados aos mamilos por até 4 meses, 
tornando-se muitas vezes, grandes demais, para permanecer em seu interior. 
Espécie de hábito noturno. Observado em matas e áreas abertas, possui o hábito de se 
refugiar em ocos de árvores, onde constrói ninhos com folhas e galhos secos. 
Acostumou-se a viver em centros urbanos, fazendo seus ninhos dentro de forros de casas e 
instalações de edifícios. 
É onívoro, alimenta-se praticamente de tudo, como raízes, frutas, vermes, insetos, 
moluscos, crustáceos (caranguejos encontrados em zonas de manguezais), anfíbios, 
lagartos, aves e serpentes, pois é imune ao veneno de serpentes. Em locais urbanos pode 
alimentar-se de ovos e aves domésticas e de resíduos orgânicos (sobras da alimentação 
humana e de animais domésticos). O Gambá apresenta dois comportamentos interessantes 
de defesa: costuma fingir-se de morto e exalar um odor forte e fétido, na intenção do 
atacante desistir. 
 
3. Didelphis albiventris 
 
A distribuição geográfica desta espécie 
inclui as porções leste e centro-oeste do 
Brasil, o Paraguai, o Uruguai, as regiões 
norte e central da Argentina e o sul da 
Bolívia (CERQUEIRA & TRIBE, 2008). 
Há variações consideráveis na 
coloração, com alguns indivíduos mais 
escuros do que outros. Ainda assim 
predomina a coloração grisalha, 
conferida por pelos negros misturados a 
pelos esbranquiçados. A face apresenta 
três listras pretas, duas delas sobre os 
olhos e uma na fronte. As orelhas são pretas na base e branco-rosadas na metade distal. 
Sua cauda é preênsil e provida de pelos em até dois terços basais, sendo o restante nu. As 
fêmeas possuem marsúpio, com abertura voltada para a extremidade anterior (VOSS & 
JANSA, 2003). 
 
Didelphis albiventris foi classificada como frugívora-onívora por FONSECA et al. (1996). 
Pode consumir roedores e aves de pequeno porte, rãs, cobras, lagartos, insetos, 
caranguejos e frutos (LANGE & JABLONSKI, 1998; EISENBERG & REDFORD, 1999; 
NOWAK, 1999). A espécie preda serpentes peçonhentas, como a jararaca Bothrops 
jararaca (OLIVEIRA & SANTORI, 1999), sendo tolerante ao seu veneno (VELLARD, 1945; 
PERALES et al., 1986). É frequentemente relacionada à predação de aves domésticas, 
especialmente galinhas (CABRERA & YEPES, 1960). 
 
4. Didelphis aurita 
 
Distribui-se na porção leste do Brasil, do 
estado de Alagoas ao norte do estado de 
Rio Grande do Sul, estendendo-se a oeste 
até o Mato Grosso do Sul, ocupando ainda o 
sudeste do Paraguai e a província de 
Misiones, na Argentina (CERQUEIRA & 
LEMOS, 2000; CERQUEIRA & TRIBE, 
2008). ​Didelphis aurita tem uma dieta 
onívora, com certa variação no consumodos 
itens. Já foram registrados para sua 
alimentação: aves, répteis, pequenos 
mamíferos, vários invertebrados, sementes e 
frutos. É uma espécie bastante comum em 
toda sua área de distribuição. Possui hábitos noturnos e solitários. Demonstra grande 
eficiência adaptativa aos mais variados hábitats, vivendo até mesmo em grandes centros 
urbanos. 
 
Em sua face vê-se uma listra escura na fronte e outra sobre cada olho. A orelha é grande, 
desprovida de pelos e o pavilhão auditivo é completamente negro. Sua coloração dorsal 
poder ser negra ou grisalha, devido à presença de pelos-guarda brancos que se 
sobressaem aos pelos de cobertura negros. A pelagem ventral é creme-amarelada. A cauda 
é preênsil, preta em sua parte basal seguida por um branco-amarelado; está coberta de 
pelos apenas na região próxima ao corpo. 
 
5. Didelphis imperfecta 
 
Esta espécie encontra-se na Venezuela ao sul do rio Orinoco, sudoeste do Suriname, 
Guiana Francesa e extremo norte do Brasil (CERQUEIRA & LEMOS, 2000; CERQUEIRA & 
TRIBE, 2008). A pelagem da cabeça é branca com faixas negras sobre os olhos que 
contrastam fortemente com a pelagem geral branca. A orelha é negra na porção basal e 
branca na extremidade distal. A pelagem dorsal é preta ou grisalha, neste último caso 
constituída de pelos de cobertura pretos e pelos-guarda brancos. A pelagem ventral é 
creme-amarelada. A cauda é preênsil e nua, de coloração preta na porção basal e branca 
na distal. Não há informações sobre os hábitos alimentares, a reprodução e as preferências 
de hábitat desta espécie. 
 
6. Didelphis marsupialis 
 
Esta espécie possui ampla área de distribuição, que se estende do estado de Tamaulipas, 
no nordeste do México, até as regiões centrais do Brasil e da Bolívia (CERQUEIRA & 
LEMOS, 2000; BROWN, 2004; CERQUEIRA & TRIBE, 2008). Em sua face vê-se uma listra 
escura na fronte e outra sobre cada olho. A orelha é grande, desprovida de pelos e o 
pavilhão auditivo é completamente negro. Sua coloração dorsal pode ser negra ou grisalha, 
devido à presença de longos pelos brancos que se sobressaem aos pelos de cobertura 
negros. A pelagem ventral é creme-amarelada. A cauda é preênsil, preta em sua parte 
basal seguida por um branco-amarelado. Está coberta de pelos apenas na região próxima 
ao corpo. Este marsupial foi classificado como frugívoro-onívoro por FONSECA et al. 
(1996). EMMONS & FEER (1997) afirmam que ele se alimenta principalmente de pequenos 
animais – insetos, vermes e pequenos vertebrados, incluindo cobras –, com cerca de 1/4 da 
dieta composta de frutos. JANSON et al. (1981) observaram-no visitando inflorescências de 
Quararibea cordata (Bombacaceae) à procura de néctar. 
 
7. Doenças e condições não infecciosas 
 
❖ TRAUMATISMOS: os traumatismos estão relacionados entre as causas mais 
frequentes de lesões nos didelfídeos, principalmente devido a brigas e 
atropelamentos. Estão relacionados entre as espécies de animais selvagens com 
maior ocorrência de atropelamentos nas rodovias brasileiras. 
❖ CARDIOPATIAS: as cardiopatias vêm sendo relatadas como doenças importantes 
em didelfídeos, principalmente em gambá​ da ​Virgínia acima de dois anos de idade. 
Foram relatadas as formas hipertrófica e dilatada. Os protocolos utilizados para as 
cardiopatias são os mesmos utilizados em gatos. 
❖ DOENÇAS METABÓLICAS: várias enfermidades nos didelfídeos são decorrentes de 
distúrbios metabólicos. Entre os principais, encontram-​se os distúrbios alimentares, 
como desnutrição crônica e obesidade. Erros de manejo e dieta inadequada, aliados 
a um metabolismo mais baixo quando comparado ao de outros mamíferos, estão 
entre os fatores predisponentes. Para os animais desnutridos, a correção da dieta 
deve ser imediata. Deve-​se avaliar a necessidade de dieta hipercalórica de suporte 
para estabilizar o animal. Em contrapartida, para animais obesos é necessário aliar 
restrição alimentar e possibilidades de exercício. Outra doença relacionada com 
distúrbios metabólicos relatada em gambá​ de ​orelha​ preta (D. marsupialis) é a 
osteodistrofia fibrosa caracterizada por deficiências nutricionais, hormonais e renais, 
acarretando deficiência de cálcio no organismo, levando à substituição por material 
fibroso. 
❖ ELETROCUSSÃO: muitos didelfídeos chegam às instituições vítimas de 
eletrocussão, em razão da sua ocorrência em áreas urbanas e periurbanas. Os 
animais são expostos a uma carga letal de energia elétrica. Os raios e os fios de alta 
tensão (voltagem superior a 600 V) costumam provocar esse tipo de acidentes. 
Também pode ocorrer a eletrocussão com baixa voltagem (inferior a 600 V), se 
houver poças d’água ou se o animal estiver molhado. 
❖ INTOXICAÇÕES: os didelfídeos podem estar expostos a diversos tipos de 
intoxicações, principalmente aqueles que ocorrem em área urbana. Estes animais 
podem ingerir com substâncias venenosas, como carbamatos e organofosforados 
utilizados para o controle de pragas urbanas. Os sinais clínicos, bem como os 
procedimentos emergenciais de desintoxicação, são os mesmos indicados para os 
gatos domésticos. 
8. Doenças infecciosas e parasitárias 
❖ RAIVA: a raiva é uma enfermidade infectocontagiosa que acomete os mamíferos de 
modo geral. É uma das doenças infecciosas mais antigas reconhecidas no mundo. O 
agente viral pertence à família Rhabdoviridae, gênero ​Lyssavirus​. A resistência dos 
gambás ao vírus da raiva foi relatada por Beamer e Barr, que inocularam o vírus em 
alguns animais, mas nem todos demonstraram alterações neurológicas. 
❖ SALMONELOSE: a ​Salmonella é uma bactéria patogênica para os animais 
domésticos e os homens. Os gambás podem ser considerados reservatórios do 
agente na natureza, assumindo importante papel na disseminação para outros 
animais silvestres, por meio do contato direto ou indireto de fezes contaminadas. 
Vários sorovares foram identificados em gambá​ da ​Virgínia nos EUA, apresentando 
diferentes graus de patogenicidade. 
❖ BRUCELOSE: a ​Brucella abortus foi isolada do baço e dos linfonodos de gambás​ de​ 
orelhas ​pretas (D. marsupialis) de vida livre, capturados em uma propriedade com 
surto de brucelose bovina, com casos de abortamento. A infecção pode ocorrer pela 
ingestão de carcaças ou restos fetais de animais doentes. Horta et al. realizaram 
testes de soroaglutinação rápida em placa em 119 gambás (Didelphis spp.), contudo 
nenhum animal testado mostrou-se reagente. 
❖ LEPTOSPIROSE: a leptospirose é uma doença bacteriana que acomete animais 
domésticos, selvagens e o humano, representando um grande problema de saúde 
pública. Alguns animais são considerados reservatórios de ​Leptospira spp., 
eliminando o agente pela urina, ocasionando contaminação do solo, alimentos e 
água. A detecção de aglutininas anti-​Leptospira spp. nos soros destes animais de 
vida livre silvestre sugeriu a disseminação do agente no ambiente e confirmou 
infecção prévia dos animais. Os gambás convivem com outros animais 
sinantrópicos, reservatórios de Leptospira spp., como rato​ de​ esgoto (​Rattus 
norvegicus​), rato ​preto (​Rattus rattus​) e camundongo (​Mus musculus​), o que podecontribuir ainda mais para a dispersão do agente na natureza. 
❖ TOXOPLASMOSE: ​Toxoplasma gondii ​é um protozoário de distribuição cosmopolita 
que acomete felídeos (hospedeiros definitivos) e outros animais endotérmicos, 
inclusive o humano (hospedeiros intermediários). Animais e humanos podem ser 
infectados ao ingerir alimentos ou água contaminada com oocistos; ou carne crua ou 
malpassada de hospedeiros intermediários contendo cistos teciduais. A participação 
dos gambás na epidemiologia da toxoplasmose no Brasil não está totalmente 
esclarecida. Contudo, devido à sua grande capacidade de adaptação, resistindo 
bem às agressões sofridas no seu habitat natural e compartilhando o ambiente com 
outras espécies animais, os gambás podem indicar o grau de contaminação 
ambiental em que vivem. Podem, portanto, contribuir com a manutenção do agente 
na natureza e com a possível transmissão da doença ao humano 
❖ LEISHMANIOSE: Leishmaniose é uma doença zoonótica, causada por 
protozoários pertencentes ao gênero ​Leishmania (Ross, 1903) (Kinetoplastida: 
Trypanossomatidae), e transmitida por flebótomos a cães e seres humanos. Dentre 
os reservatórios selvagens, destacam-​se roedores, carnívoros, primatas e 
marsupiais. Essas espécies podem contribuir para a manutenção do agente nas 
populações humanas e caninas em áreas de ocorrência da doença. A criação de 
animais domésticos e o acúmulo de lixo potencializam a participação dos 
reservatórios e vetores na epidemiologia da leishmaniose, uma vez que são atraídos 
para a proximidade do convívio humano. Os gambás podem albergar tanto os 
agentes da leishmaniose tegumentar como os agentes da leishmaniose visceral, 
dependendo da localização geográfica em que vivem, e de acordo com a 
epidemiologia da doença no local. Infecções experimentais de L. chagasi em 
gambás (Didelphis spp.) demonstraram que essa espécie pode ser infectada sem 
apresentar sinais clínicos da doença, mantendo, contudo, o agente em seus tecidos. 
 
9. Neonatos 
 
Uma das principais ocorrências nos Centros de Triagem de Animais Selvagens (CETAS) 
são os filhotes órfãos de didelfídeos. A maioria chega sem a mãe e o sucesso de sua 
reabilitação está intimamente ligado à idade. Filhotes recém ​nascidos, sem pelos, olhos e 
boca envoltos por uma membrana, que não terminaram a sua organogênese, têm índice de 
sobrevivência extremamente baixo. Se os filhotes chegam com um desenvolvimento mais 
tardio, as chances de sobrevivência aumentam. 
 
Geralmente apresentam estado corpóreo crítico, estão desidratados e bem hipotérmicos. A 
primeira medida a ser tomada é aquecer imediatamente o animal. Podemos utilizar 
secadores de cabelo com temperatura mediana, ou envolvê-​los em toalhas e aquecê-​los 
com garrafas pet cheias de água morna e/ou aquecedores de ambiente para elevar a 
temperatura rapidamente. Em seguida, o animal deve ser mantido em incubadora, com 
temperatura entre 30 e 35°C e umidade por volta de 70%. Devem ser colocadas 
toalhas e/ou bichos de pelúcia que imitem o marsúpio da mãe. 
 
Imediatamente à chegada do filhote, deve​-se verificar seu grau de desidratação. Se 
necessário, instaurar fluidoterapia subcutânea ou intra-óssea, conforme a gravidade do 
caso. Se o filhote não estiver muito desidratado, pode-​se inicialmente oferecer uma solução 
eletrolítica aquecida por via oral. É necessário realizar a estimulação genitoanal, pois o 
recém​-nascido necessita deste estímulo para defecar e urinar. Se este não for realizado, o 
animal apresentará desconforto abdominal, devido a gases, fezes acumuladas ou distensão 
da bexiga urinária. 
 
Após a estabilização clínica do filhote, procede-​se à amamentação artificial. O 
cuidado com a velocidade e com a voracidade do filhote deve ser observado, pois ele pode 
aspirar e, como consequência, desenvolver uma pneumonia aspirativa. O segredo é 
oferecer pouca quantidade, várias vezes ao dia. 
 
Os filhotes maiores que se alimentam sozinhos podem ser mantidos em gaiolões. Banhos 
de sol e enriquecimento com troncos para promover exercícios são fundamentais para o 
crescimento saudável e evitar osteodistrofia 
 
10. Referências 
 
❖ Saruê, o Gambá Brasileiro! Disponível em: 
<​http://www.ecoloja.blog.br/goto/store/textos.aspx?SID=Ecoloja&id=175​> ​Acessado 
em 10/11/2019. 
❖ REIS, Noelio. PERACCHI, Adriano. PEDRO, Wagner. LIMA, Isaac. Mamíferos do 
Brasil ​2ª edição. 
❖ CUBAS, Zalmir. SILVA, Jean. CATÃO-DIAS, José. ​Tratado de animais selvagens 
2ª edição. 
 
 
http://www.ecoloja.blog.br/goto/store/textos.aspx?SID=Ecoloja&id=175

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