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LOBO GUARÁ - características biológicas, nutrição, recinto, contenção, via de coleta e doenças

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1) Características biológicas
O lobo guará é considerado o maior canídeo da américa do Sul, possuindo 95 a 115 cm de comprimento e 1 metro de altura. As pernas longas acabam facilitando a movimentação e o forrageamento nas gramíneas altas do cerrado, ambiente onde ele é amplamente distribuído, já que possuem preferência por habitats abertos.
Com é possível observar no mapa, são encontrados no Brasil, desde a região nordeste até parte do Rio Grande do Sul, além, da bolivia, e em regiões do Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai.
A área de vida do lobo guará é grande (25 a 75km), porém, por conta do seu comportamento territorialista, não permite densidades populacionais altas.
Por meio do mapa é possível ver que possuem ampla distribuição nacional, mas ainda assim, se encontram na lista de espécies ameaçadas no Brasil (o que se deve principalmente a eliminação sistemática do seu habitat).
Com relação ao território, o lobo guará possui ainda uma importante função biológica de dispersão de sementes de frutos do cerrado, em especial da lobeira ou fruta-do-lobo.
São animais tímidos e de hábitos noturnos, que só atacam quando acuados. Além disso, possuem comportamento solitário e não compartilham o território com outros machos e fêmeas, exceto na estação reprodutiva (1 vez ao ano, de outubro a janeiro) quando podem ser encontrados em pares.
A gestação destes animais dura cerca de 65 dias e pode gerar de 2 a 5 filhotes. Apesar de haverem registros do nascimento de 7 filhotes em cativeiro, é uma espécie difícil de se reproduzir e garantir o desenvolvimento dos filhotes, principalmente por conta dos hábitos de infantofagia (canibalismo de filhotes) e abandono cometido pelos pais que ocorrem quando as condições de cativeiro não são atendidas de forma ideal. Apesar disso, os pais exercem cuidado com os filhotes, sendo que os machos contribuem para aumentar a sobrevivência dos filhotes principalmente por meio da alimentação, regurgitando o alimento.
2) NUTRIÇÃO
O lobo guará é um animal onívoro, que se alimenta de itens de origem animal (42,5%) e vegetal (57,4%). É caracterizado como generalista, já que é pouco especifico em relação à escolha dos alimentos. 
Em vida livre, alimenta-se conforme a disponibilidade de alimentos no ambiente, sendo que a sua dieta pode variar de forma sazonal: nos meses mais secos, por haver menor variedade de alimentos de origem vegetal, se alimenta em grande parte de pequenos vertebrados, e nos meses chuvosos, ingere maior quantidade de frutos.
A lobeira (Solanum lycocarpum), é o fruto preferido do lobo guará, representando cerca de um terço de toda a sua alimentação. É conhecida por fornecer nutrientes e ainda inibir a ação de certos endoparasitas intestinais. A presença desse fruto na dieta dos indivíduos em cativeiro poderia evitar que esses animais adquirissem doenças decorrentes da infestação por parasitas. A gabirosa (Campomanesia spp), também típica do cerrado, é outro fruto consumido por essa espécie em sua vida livre, além de caules, raízes e bananas. 
Com relação aos alimentos de origem animal, se alimenta de pequenos vertebrados como tatus, roedores, répteis, além de insetos e ovos de aves. Vertebrados de médio e grande porte também podem ser encontrados (consumidos?) em casos raros. Há trabalhos que relatam peixes e anfíbios na dieta, mas em baixas proporções.
Em cativeiro, é mais difícil fornecer alimentação que corresponda exatamente aos hábitos alimentares de vida livre. No geral, a dieta em cativeiro é composta por frutas como o abacaxi, abacate, banana, cascas de laranja, cáqui e alimentos de origem animal, como ovos, cabeças e pescoços de galinhas, estômagos de vacas, cartilagens e pintinhos inteiros. Alguns zoológicos complementam a alimentação com ração ou até a adição de bicarbonato na água para alcalinizar a urina, reduzindo a chance do desenvolvimento de cálculos renais.
É importante salientar que frequentemente estes animais são alimentados em cativeiro de forma errônea, onde muitas vezes é oferecida uma dieta composta apenas por rações comerciais para cães domésticos ou por alimentos de origem animal. O fato de confundirem os lobos guarás com animais estritamente carnívoros geram diversos problemas nutricionais, metabólicos, cistinúria, hipovitaminoses e osteodistrofias, contribuindo ainda para a morbidade em cativeiro.
3) RECINTO
Para a elaboração de um recinto, é preciso pensar nas características e comportamentos da espécie. 
Primeiramente, como o lobo guará é um animal que prefere habitats abertos, já que são provenientes do cerrado, é importante explorar isso no recinto, deixando o ambiente o mais funcional e próximo do habitat natural possível. Recomenda-se que o recinto seja revestido de terra com grama alta ou outra vegetação rasteira.
O plano de conservação recomenda um tamanho mínimo de 930m2, enquanto o manual de manejo do lobo guará, 1.012m2. Considerando que a mínima área de vida livre reportada para lobos-guarás foi de 25km2, este espaço de recinto recomendado representa, aproximadamente, 4% da área de vida natural desta espécie.
A normativa do Ibama (2015) indica, para 2 individuos no máximo, 2 abrigos 2 abrigos de 2m2 e 2 cambiamentos de pelo menos 3m2. 
O cambiamento deve ser protegido e aquecido em regiões de clima frio, e revestido de material macio quando houver crias. Se mais de um animal for colocado junto, é preciso garantir que haja espaço de recinto suficiente para que os 2 expressem o seu comportamento natural. No zoológico de São Paulo, por exemplo, foi necessário realizar a separação de um pai e sua cria, porque o tamanho insuficiente do recinto gerou conflitos excessivos entre os animais. 
É importante ainda que hajam locais fechados para esconderijo e tocas, já que são sensíveis a aproximação humana e possuem reação natural de procura por esconderijos. 
Apesar de essas serem as recomendações, os protocolos de cativeiro, no geral, não são seguidos em sua totalidade. Além disso, as condições oferecidas nos recintos acabam, muitas vezes, limitando o comportamento natural exercido pelos animais de vida livre, já que o lobo guará é um animal solitário, territorialista, que se une em casais apenas na estação reprodutiva e que necessita de grandes áreas de vida. 
**O nível de segurança é classificado como II: deve-se prender o animal para o tratador entrar.
4) Contenção e vias de coleta
Para procedimentos simples, há locais que que usam puçá próprio para lobo guará. Outros utilizam postes de captura e gaiolas de aperto, porém, é algo estressante para o animal e os envolvidos. Usando o condicionamento operante com recompensas alimentares, o lobo-guará pode ser treinado para flebotomia, injeção manual de drogas e outros procedimentos menores.
No geral, a contenção química é a mais utilizada, principalmente para procedimentos longos e animais refratários. Equipamentos remotos de dardos podem ser usados para a administração, mas é preciso cuidado ao atirar, já que existem vários relatos de ossos longos fraturados nesse contexto. 
Utilizam-se anestésicos dissociativos, como a cetamina, podendo haver associação com xilazina, acepromazina e medetomidina. Depois da sedação, o lobo guará pode ser anestesiado com agentes inalatórios halogenados, como isofluorano ou sevofluorano.
Com relação a coleta de sangue, pode ser realizada de forma semelhante as técnicas utilizadas para outros canídeos. As veias jugular (boa para coleta), cefálica e safena (utilizadas muito para canular) são os locais mais usados para punção venosa.
5) Doença
O lobo-guará apresenta susceptibilidade a doenças comuns aos cães domésticos, mas não se sabe ao certo o impacto dessas doenças nas populações de vida livre. Como destaque, há registros da ocorrência de raiva, parvovirose e cinomose (responsáveis por 5% das mortes em zoológicos), além de verminoses por Ancylostoma sp e Trichuris sp, por exemplo.
O nosso grupo optou por citar uma doença causada por um nematóide, a dioctofimose, que não é muito conhecida por não ser tão comum nessa espécie.
A dioctofimose é causada peloverme Dioctophyme renale, que, além de animais domésticos e selvagens, pode acometer os seres humanos.
O dioctophyme renale é considerado o maior dos nematóides, sendo que os machos medem até 45 cm e as fêmeas podem chegar a 100 cm. O principal hospedeiro definitivo é o cão, que libera os ovos na urina. No ambiente aquático ocorre o desenvolvimento da L1, que é ingerida pelo Lumbriculus variegatus, um anelídeo de água doce. Depois, ocorre o desenvolvimento da L2 e L3, que é a forma infectante para os hospedeiros definitivos ou paratênicos como peixes e anuros. Dessa forma, o cão se infecta a partir da ingestão dos anelídeos aquáticos ou dos hospedeiros paratênicos. Depois disso, a L3 penetra na parede estomacal e muda para L4, que atravessa o intestino, fígado e abdômen antes de penetrar em locais próximos ou no rim, o órgão mais acometido.
O parasita causa destruição progressiva do parênquima renal, reduzindo-o a uma cápsula fibrosa. Além disso, a hidronefrose (inchaço dos rins) é relatada por conta da obstrução do óstio uretral pelo verme adulto, determinando muitas vezes o desenvolvimento de uma insuficiência renal. Os sinais clínicos normalmente aparecem quando mais de um rim é acometido, podendo ocorrer hematúria e dor renal pela destruição do parênquima, além de relutância ao caminhar, poliuria, polidipsia, vômito, anorexia, emagrecimentos, abortos e aumentos de volume da região inguinal.
O diagnóstico, no geral, é um achado acidental em necropsias ou cirurgias, embora seja possível localizar o agente por meio da pesquisa de ovos no sedimento urinário, raio X e ultrassonografia de rins e abdômen. Em exames hematológicos e bioquímicos, é possível avaliar a função renal para verificar a ocorrência de quadro azotêmico causado pela lesão renal. Em casos avançados pode haver redução do hematócrito.
O tratamento cirúrgico por meio da nefrectomia (quando apenas um rim é acometido) ou nefrostomia (quando os dois são acometidos) é o mais indicado. Além disso, deve-se fazer a retirada dos nematóides.
A proximidade do lobo guará com animais domésticos acaba por aumentar a incidência da dioctofimose, além de outras enfermidades já citadas, em grande parte por conta da expansão da pecuária e urbanização, aliadas à fragmentação de áreas florestais e à destruição de áreas naturais. Além disso, pode-se suspeitar que o ciclo do parasita nesta espécie se perpetue através do seu nicho alimentar, já que podem se alimentar de peixes e pequenos roedores, animais que podem servir como hospedeiros intermediários para o parasita.
Principalmente em animais de cativeiro, devido à grande ocorrência de assintomáticos na verminose por dictiofimose, a realização de exames hematológicos e urinálise de rotina, além da ultrassonografia abdominal, podem ser bons métodos de controle.
O monitoramento torna-se ainda mais importante por se tratar de uma zoonose.

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