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LMA e LMC

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Medicina UniFTC | 5° Semestre 1 
Leucemias são um grupo de doenças 
caracterizadas pelo acúmulo de leucócitos 
malignos na medula óssea e no sangue. Essas 
células causam sintomatologia pelos 
mecanismos de: (i) insuficiência da medula 
(anemia, neutropenia, trombocitopenia); e (ii) 
infiltração de órgãos (ex., fígado, baço, 
linfonodos, meninges, cérebro, pele ou 
testículos) 
CLASSIFICAÇÃO 
São classificadas em 4 tipos – agudas e crônicas 
que, se subdividem em linfoides e mieloides. As 
agudas em geral, são doenças agressivas nas 
quais a transformação maligna ocorre em 
células-tronco na hematopoese ou em 
progenitores primitivos. 
Acredita-se que o dano biogenético envolva 
vários passos bioquímicos básicos, resultando 
em: 
1. Aumento da velocidade de produção; 
2. Diminuição da apoptose; 
3. Bloqueio na diferenciação celular; 
Juntos esses eventos causam um acúmulo de 
células primitivas, chamadas blásticas (ou 
blastos). O aspecto clínico dominantes da LMA 
é a insuficiência da medula óssea, causada pelo 
acúmulo de blastos, embora também costume 
ocorrer infiltração tecidual. Se não forem 
tratadas são, rapidamente fatais, mas, são 
mais fáceis de curar do que as crônicas. 
DX 
A leucemia aguda é definida pela presença de 
mais de 20% de blastos no sangue ou na medula 
óssea na apresentação clínica. Pode, entretanto, 
ser diagnosticada com menos de 20% de blastos 
no caso de haver anormalidades genético-
moleculares especificamente associadas à 
leucemia. 
A linhagem dos blastos é definida pela 
morfologia ao microscópio, imunofenotipagem 
(citometria em fluxo), análise citogenética e 
molecular. Isso definirá a origem mieloide ou 
linfoide e localizará o estágio de diferenciação 
celular. 
O imunofenótipo mieloide típico é CD13+, CD33+, 
CD117+ e TdT e anticorpos especiais são uteis no 
Dx dos raros subtipos eritroide, megacariocítico 
ou indiferenciado. 
Anaslises citogenética e molecular são 
essenciais; em geral são feitas em células da 
medula óssea, embora possa ser usado o sangue 
periférico quando há alta contagem de blastos. 
A citoquímica pode ser útil na determinação da 
linhagem dos blastos, porém há testes mais 
recentes e definitivos. 
 
 
LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA 
INCIDÊNCIA 
A LMA é a forma comum de LA em adultos e a 
incidência aumenta com a idade, com o começo 
Medicina UniFTC | 5° Semestre 2 
mediano aos 65 anos. Constitui uma fração 
pequena das leucemias na infância (10-15%). 
CLASSIFICAÇÃO 
A LMA é classificada de acordo com o esquema 
da OMS. Há um foco progressivo nas 
anormalidades genéticas das células malignas e 
é provável que, quase todos os casos de LMA 
sejam classificados por subtipos genéticos 
específicos. Isso ainda não é possível, mas já há 
muitos subtipos genéticos determinados. 
Cerca de 60% dos casos exibem anormalidades 
cariotípicas em uma análise citogenética e 
muitos casos com cariótipo normal têm 
mutações em genes, como nucleofosmina 
(NPM), FLT3 e CEBPA, detectadas só por métodos 
moleculares. 
LMA COM ANORMALIDADES GENÉTICAS 
RECORRENTES 
Reúne subtipos com translocações 
cromossômicas ou mutações genéticas 
específicas. A detecção dessas anormalidades 
define o tumor como LMA e, assim o critério 
diagnóstico dispensa a necessidade de haver 
mais do que 20% de blastos na medula. Em 
geral, esses distúrbios têm um prognóstico 
melhor. 
LMA COM ALTERAÇÕES RELACIONADAS A 
MIELODISPLASDIAS 
Nesse grupo há sinais de mielodisplasia à 
microscopia em mais de 50% das células em, ao 
menos, duas linhagens. O prognostico desses 
pacientes é pior do que os do primeiro subgrupo. 
NEOPLASIAS MIELOIDES RELACIONADAS A 
TRATAMENTO (T-LMA) 
Surgem em pacientes que foram anteriormente 
tratados com fármacos como o etoposide ou 
agentes alquilantes. Costumam exibir mutações 
no gene MLL e a resposta ao tratamento é, em 
geral, pobre. 
LMA NÃO ESPECIFICADA SEPARADAMENTE 
Grupo definido pela ausência de anormalidades 
citogenéticas e constitui cerca de 30% de todos 
os casos. Mutações nos genes NPM e FLT3 são 
vistas respectivamente em 50 e 30% dos casos 
de LMA, e são mais frequentes naqueles que têm 
citogenética normal. 
SARCOMA MIELOIDE 
É um raro tumor sólido composto por blastos 
mieloides. 
PROLIFERAÇÕES MIELOIDES RELACIONADAS 
À SINDROME DE DOWN 
Crianças com síndrome de down têm um risco 
de leucemia mais consideravelmente 
aumentado. São reconhecidas duas variantes: (i) 
mielopoese anormal transitória, na qual há uma 
leucocitose leucemoide autolimitada; e (ii) LMA. 
ASPECTOS CLÍNICOS 
São dominados pelo quadro de insuficiência da 
medula óssea causado pelo acúmulo de células 
malignas. Infecções frequentes e anemia e 
trombocitopenia quase sempre severas. Uma 
tendencia a sangramento decorrente de 
trombocitopenia e coagulação intravascular 
disseminada (CIVD) é característica da variante 
promielocítica de LMA. As células tumorais 
podem infiltrar vários tecidos. Hipertrofia de 
gengiva e acometimento da pele e do SNC são 
características do subtipo mielomonocítico e 
monocítico. 
EXAMES LABORATORIAIS 
Os exames hematológicos mostram anemia 
normocrômica e normocítica e trombocitopenia 
na maioria dos casos. Costuma ocorrer 
leucocitose, e a microscopia da distensão 
sanguínea mostra número variável de blastos. 
A medula óssea é hipercelular por infiltração de 
blastos leucêmicos, caracterizados pela 
morfologia citoquímica, citometria em fluxo e 
análise citogenética e molecular. Estas últimas 
são críticas para determinar o prognóstico e 
desenvolver o plano de tratamento. 
Exames para CIVD são positivos em pacientes 
com a variante promielocítica da LMA. Exames 
bioquímicos são feitos com valores basais antes 
de ser iniciada a quimioterapia e podem mostrar 
o aumento de ácido úrico e LDH. 
O diagnóstico diferencial inclui LLA (leucemia 
linfoblástica aguda) e infiltração da medula por 
outros tumores malignos, como carcinoma. 
Medicina UniFTC | 5° Semestre 3 
 
 
CITOGENÉTICA E GENÉTICA MOLECULAR 
Anormalidade citogenéticas são usadas na 
classificação da maioria dos casos de LMA. Duas 
das mais comuns afetam os genes do fator de 
ligação ao núcleo CBFa ou CBF-B. CBF é um 
fator de transcrição heterodimérico importante 
na regulação de genes como IL-3 e fator 
estimulantes de colônias granulócito-
macrofágicas (GM-CSF). As anormalidade são: 
t(8;21) em que o gene CBFa (ou AML1) é 
translocado para o gene ETO no cromossomo 8, 
e inv(16), na qual o gene CBF-B funde-se ao gene 
SMMHC(MYH11). Ambas são associadas a um 
bom prognóstico. 
Leucemia promielocítica aguda é uma variante 
de LMA que contém a translocação t(15;17), em 
que o gene leucemia-promielocítico PML, no 
cromossomo 15, funde-se com o gene receptor 
alfa do ácido retinóico, RARa, no cromossomo 
17. A proteína de fusão resultante, PML-RARa, 
funciona como um repressor transcricional, 
enquanto o gene RARa normal (wild-type) é um 
ativador. Normalmente a proteína PML forma 
homodímeros consigo enquanto a RARa forma 
heterodímeros com a proteína receptora do 
retinoide X, RXR. A proteína de fusão PML-RARa 
liga-se a PML e RXR, impedindo-as de se ligar 
com as suas parceiras naturais, isso resulta no 
fenótipo de parada de diferenciação. 
Mutações pontuais afetando os genes NPM, FLT-
3, CEBPA, TET2, WT1, IDH1, IDH2 e outros são 
frequentes em LMA, especialmente em casos 
sem anormalidades citogenéticas. 
 
TRATAMENTO 
O tratamento é de suporte e específico. 
1. O tratamento de suporte para insuficiência 
de medula óssea inclui a inserção de um 
cateter venoso central, suporte 
hemoterápico e prevenção da síndrome de 
lise tumoral. A contagem de plaquetas deve 
ser mantida acima de 10x10(9)/L e a Hb 
acima de 8g/dL. Qualquer episódio de febre 
deve ser imediatamente tratado. A leucemia 
promielocítica exige suporte especial. 
2. A finalidade do tratamento de leucemia 
agudaé a indução da remissão completa (< 
5% de blastos na medula óssea, hemograma 
e estado clínico normais) e, então, 
consolidá-la com quimioterapia intensiva 
na esperança de eliminar a doença. 
Transplante de células-tronco é considerado 
em maus casos de mau prognóstico ou 
recidivas. 
3. O tratamento específico da LMA é 
determinado pela idade e estado físico do 
paciente, mas também pelas alterações 
genéticas das células leucêmicas. Em 
pacientes mais jovens o tratamento 
consiste em quimioterapia intensiva. 
Costuma ser feito em quatro blocos de 
aproximadamente uma semana cada. Os 
fármacos usuais são citrabina e 
daunorrubicina (ambos em doses 
convencionais ou altas doses); idarrubicina, 
mitoxantrona e toposide também são 
utilizados. 
Medicina UniFTC | 5° Semestre 4 
 
Os fármacos são mielotóxicos com seletividade 
limitada entre as células leucêmicas e as 
células medulares normais, de modo que a 
insuficiência medular decorrente do 
tratamento é severa, exigindo suporte 
intensivo e prolongado. 
Tratamento de manutenção não tem valor, 
exceto na LMA promielocítica, e profilaxia ao 
SNC geralmente não é feita. Fármacos novos 
estão sendo introduzidos, como inibidores de 
FLT3 para tumores com mutações FLT3. 
Imunoconjugados monoclonais com alvo em 
CD33 ou em CD45 proprocionam mais uma 
escolha para terapêutica adicional na indução 
ou consolidação em LMA. 
Problemas específicos da LMA incluem a 
síndrome hemorrágica associada à variante 
promielocítica. A doença pode ser apresentar 
com hemorragia catastrófica, ou esta pode 
surgir nos primeiros dias de tratamento. É 
tratado com CIVD com reposição de fatores de 
coagulação com plasma fresco e transfusões 
múltiplas de plaquetas, além disso, para essa 
variante, é feito o tratamento com ácido all-
trans retinóico (ATRA) em conjunto a 
quimioterapia. 
A síndrome ATRA (ou síndrome de 
diferenciação) é uma complicação específica 
que pode surgir devido ao tratamento com 
ATRA. Problemas clínicos, que parecem ser 
devidos à neutrofilia que surge pela 
diferenciação dos promielócitos da medula 
óssea, incluem febre, hipóxia com infiltrados 
pulmonares e retenção com sobrecarga de 
líquidos. O tratamento é feito com 10mg de 
dexametasona 2x/dia, e só se suspende o ATRA 
em casos graves. 
A leucemia promielocítica com a translocação 
t(15;17) responde ao tratamento com altas 
doses de ATRA; há diferenciação dos 
promielócitos anormais e significativa melhora 
do prognóstico. É interessante notar que, em 
raras variantes, RARa funde-se com outros 
genes e isso torna ineficaz o tratamento com 
ATRA. 
 
PROGNÓSTICO E ESTRATIFICAÇÃO DO 
TRATAMENTO 
O resultado para cada paciente de LMA depende 
de uma série de fatore, incluindo idade e 
número de leucócitos no hemograma inicial, ao 
diagnóstico. O fator determinante crucial, é a 
alteração genética das células leucêmicas do 
caso. 
Um conceito importante em desenvolvimento 
no tratamento da LMA é o de basear o protocolo 
de tratamento do paciente no tratamento 
estipulado para o seu grupo de risco. Uma 
citogenética favorável e remissão depois de 
apenas um ciclo de quimio predizem um bom 
prognóstico. Em contrapartida, mossomia 5 ou 
anormalidades de 7, blastos com a mutação 
duplicação interna tandem em FLT-3 e doença 
que não responde bem ao tratamento inicial 
colocam o paciente em grupos de maior risco, 
exigindo tratamentos mais intensivos. 
A monitoração de doença residual mínima 
durante e após a quimioterapia está sendo 
investigada como meio de guiar 
apropriadamente o tratamento. Pode ser feita 
por PCR ou citometria em fluxo, pesquisando-
se o imunofenótipo anormal associado a 
leucemia do paciente, visto em mais de 90%. 
TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO 
Medicina UniFTC | 5° Semestre 5 
O transplante de células tronco alogênicas (TCT) 
reduz a frequência de recidiva da LMA, mas 
provoca risco de morbimortalidade, de modo que 
não é indicado em casos de risco favorável, a 
menos que tenha havido recidiva. O TCT é 
utilizado para alguns pacientes com risco 
padrão ou de alto risco em primeira remissão. 
PACIENTES ACIMA DE 70 ANOS DE IDADE 
A idade mediana de apresentação de LMA é de 
cerca de 65 anos, e o resultado do tratamento é 
pobre por causa de resistência da doença 
primária e da má tolerância aos protocolos de 
tratamento intensivo. Morte por hemorragia, 
infecção e insuficiência cardíaca, renal e de 
outros órgãos á mais frequente do que em 
pacientes mais jovens. Em idosos com doenças 
graves que acometam outros órgãos, deve-se 
decidir entre o tratamento de suporte com ou 
sem quimioterapia suave com apenas um 
fármaco. No entanto, em pacientes que estão 
bem, a combinação de quimioterápicos 
semelhante à utilizada em pacientes jovens 
pode produzir remissões a longo prazo, e TCT 
com condicionamento de intensidade reduzida 
pode ser considerado. 
TRATAMENTO DA RECIDIVA 
A maioria doa pacientes sofre recidiva da 
doença, e o prognóstico dependerá da idade, 
duração da 1ª remissão e do grupo de risco 
citogenético. Além de nova quimioterapia, em 
geral é feito TCTC, com condicionamento padrão 
ou reduzido, em pacientes que possam tolerar o 
procedimento e que tenham um doador HLa 
compatível, relacionado ou não relacionado. 
Trióxido de arsênio é útil no tratamento da 
recidiva da variante promielocitica. 
PROGNÓSTICO 
O prognóstico de pacientes com LMA tem 
melhorado continuamente, sobretudo em 
pacientes abaixo dos 60 anos de idade; cerca de 
um terço desse grupo pode esperar longa 
remissão ou cura. 
As anomalias citogenéticas e a resposta inicial 
ao tratamento são os principais sinais de 
prognóstico favorável, intermediário ou adverso. 
A pesquisa de doença residual mínima utilizando 
marcadores citogenéticos moleculares ou 
fenótipos aberrantes pode ser útil na predição 
de remissões longas ou recidivas. Para os idosos, 
a situação é desfavorável: menos de 10% 
daqueles acima de 70 anos podem esperar por 
uma longa remissão. 
 
 
 
Medicina UniFTC | 5° Semestre 6 
LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA BCR-
ABL1 POSITIVA 
A leucemia mieloide crônica BCR-ABL1+ (LMC) é 
um distúrbio clonal de uma célula tronco 
pluripotente. A doença é responsável por cerca 
de 15% das leucemias e pode ocorrer em 
qualquer idade. O Dx de LMC raramente é difícil, 
é confirmado pela presença característica do 
cromossomo Filadélfia (Ph). Ele resulta da 
translocação t(9;22) (q34;q11) entre os 
cromossomos 9 e 22, em que parte do oncogene 
ABL1 é transferido para o gene BCR no 
cromossomo 22 e parte do braço longo do 
cromossomo 22 é transferida para o braço longo 
do cromossomo 9. O cromossomo 22 anormal é 
o cromossomo Ph 
Na translocação Ph, éxons 5’ do BCR são 
fundidos nos éxons 3’ do ABL1. O gene quimérico 
BCR-ABL1 resultante codifica uma proteína de 
fusão de tamanho 210 kDa (p210), com atividade 
de tirosinoquinase excessiva em relação ao 
produto normal de 145 kDa do ABL1. A 
translocação Ph também é observada em uma 
minoria de casos de leucemia linfoblástica 
aguda (LLA) e, em alguns, o ponto de ruptura do 
BCR ocorre na mesma região que na LMC. Esse 
gene BCR-ABL1 quimérico é expresso como uma 
proteína p190 que, tal como a p210, tem a 
atividade aumentada de tirosinoquinase. 
Na maioria de pacientes, o cromossomo Ph é 
visto pela análise do cariótipo. Em raros 
pacientes, a anormalidade Ph não pode ser vista 
à microscopia, mas o mesmo rearranjo 
molecular é detectado por técnicas mais 
sensíveis: FISH ou PCR. Essa LMC Ph-negativa e 
BCR-ABL1 positiva comporta-se clinicamente 
como a LMC Ph-positiva. Sendo uma anomalia 
adquirida de células tronco hematopoéticas, o 
cromossomo Ph é encontrado em células da 
linhagem mieloide e linfoide. Casos de leucemia 
mieloide crônica são classificados como 
neoplasias mielodisplásicas/mieloproliferativas. 
 
ASPECTOS CLÍNICOS 
A doença ocorreem ambos os sexos, com mais 
frequência entre os 40-60 anos de idade. Pode, 
no entanto, ocorrer em crianças e em recém-
nascidos, assim como em pessoas muito idosas. 
Na maioria dos casos, não há fatores 
predisponentes, mas a incidência foi maior nos 
sobreviventes das explosões atômicas do Japão. 
• Sintomas relativos a hipermetabolismo 
(perda de peso, lassidão, anorexia ou suores 
noturnos); 
• Esplenomegalia em geral está presente – 
com frequência, de forma maciça. Em 
alguns pacientes, o aumento do baço 
associa-se a considerável desconforto, dor 
ou indigestão; 
• Sintomas de anemia podem incluir palidez, 
dispneia e taquicardia; 
• Equimoses, epistaxe, menorragia e 
hemorragia em outros locais por causa de 
função anormal das plaquetas; 
• Gota ou insuficiência renal causadas pela 
hiperuricemia do catabolismo excessivo de 
purina; 
• Sintomas raros incluem distúrbios visuais e 
priapismo; 
• Em até 50% dos casos, o Dx é feito por 
acaso em hemograma de rotina; 
ACHADOS LABORATORIAIS 
• Leucocitose, geralmente 50 X 10 (9)/L, 
algumas vezes > 500 X 10 (9)/L. um espectro 
completo de células mieloides é visto no 
sangue periférico. Os níveis de neutrófilos e 
mielócitos excedem os de blastos e 
promielócitos; 
• Aumento de basófilos circulantes; 
• Anemia normocítica normocrômica como 
regra; 
• Contagem de plaquetas alta (mais 
frequente), normal ou baixa; 
Medicina UniFTC | 5° Semestre 7 
• A medula óssea hipercelular com 
predominância granulopoética; 
• Presença do gene de fusão BCR-ABL1 por 
PCR ou FISH e, em 98 dos casos, 
cromossomo Ph na análise citogenética; 
• Ácido úrico sérico geralmente aumentado; 
 
Figura – LMC: distensão de sangue periférico mostrando 
vários estágios de granulopeoese, incluindo promielócitos, 
mielócitos, metamielócitos, bastonetes e neutrófilos 
segmentados. 
 
TRATAMENTO DA FASE CRÔNICA 
INIBIDORES DA TIROSINOQUINASE (TKI) 
Imatinibe (Gilvec®) foi desenvolvido como um 
inibidor específico da proteína de fusão BCR-
ABL1 e bloqueia a atividade da tirosinoquinase 
por competir com a ligação de trifosfato de 
adenosina (ATP). É o fármaco de primeira linha 
no tratamento da fase crônica da doença. 
Na dose de 400mg/dia, produz uma resposta 
hematológica completa em quase todos os 
pacientes. Efeitos colaterais incluem exantema, 
retenção de líquido, cãibras musculares e 
náusea. Podem ocorrer neutropenia e 
trombocitopenia e pode haver necessidade de 
redução da dose ou suspensão do fármaco. 
 
MONITORAÇÃO DA RESPOSTA AO IMATINIBE 
O imatinibe é altamente eficaz na redução do 
número de células leucêmicas na medula óssea 
e pode ser monitorado por análise cariotípica da 
medula junto com análise PCR para transcritos 
BCR-ABL1 na medula ou sangue. 
Avaliação da resposta começa com exames 
regulares (a cada 3-6 meses) de medula para 
evidenciar a citogenética das metáfases. Define-
se resposta citogenética completa (CCrR) como 
ausência de metáfases Ph-positivas na medula; 
uma vez atingida, a monitoração continua com 
quantificação por PCR dos transcritos BCR-
ABL1 no sangue em intervalos regulares. 
A resposta ao imatinibe pode ser definida como 
ótima, subótima ou insatisfatória. 
Resposta ótima 
 Resposta hematológica completa 
(hemograma normal) e, pelo menos, 
resposta citogenética mínima (CyR) (Ph+ 
<95%) aos 3 meses; 
 CyR parcial (Ph+ <35%) aos 12 meses; 
 CyR completa aos 12 meses; 
 Grande resposta molecular com ao menos 
uma redução de 3-log nos transcritos 
BCR-ABL1 aos 18 meses; 
Resposta insatisfatória 
 Resposta hematológica incompleta aos 3 
meses; 
 Falta de CyR (Ph+ > 95%) aos 6 meses; 
 CyR menos do que completa aos q8 
meses; 
 Perda de resposta hematológica completa 
ou citogenética prévias; 
Nas demais situações, a resposta é definida 
como subótima. 
Medicina UniFTC | 5° Semestre 8 
Pacientes com resposta ótima continuam 
recebendo imatinibe, enquanto pacientes com 
resposta insatisfatória passam a tratamento 
com uma TKI de segunda geração ou transplante 
de células tronco (TCT). Em pacientes com a 
resposta subórima, pode-se tentar um aumento 
de dose de imatinibe para 600-800mg/dia, 
mudança no tratamento com TKI ou TCT 
precoce. 
TRIAGEM DA MUTAÇÃO BCR-ABL1 
Um dos mecanismos de resistência ao imatinibe 
é o desenvolvimento de mutações dentro do 
gene de fusão BCR-ABL1. Essas mutações podem 
ser detectadas pelo sequenciamento do gene, o 
que é feito em vários centros de tratamento 
nos pacientes que não respondem ao 
tratamento. O padrão de mutação pode ser útil 
para a escolha do tratamento de segunda linha. 
INIBIDORES DE SEGUNDA GERAÇÃO DA 
TIROSINOQUINASE 
Desatinibe é um inibidor amplo, de múltiplas 
quinases, eficaz em muitos casos em que o gene 
BCR-ABL1 sofreu mutações que o tornaram 
resistente ao imatinibe. É muito usado nessas 
circunstâncias apesar de ter efeito colateral 
indesejável de uma severa retenção de fluidos. 
Nilotinibe tem ação similar ao imatinibe, mas 
com maior afinidade pela quinase BCR-ABL1. 
Pode ser eficaz em caso de mutações 
resistentes ao imatinibe. Ambos os inibidores de 
2ª geração estão sendo testados em 
comparação com o imatinibe como primeira 
escolha do tratamento de LMC. 
RESPOSTA GLOBAL AO TRATAMENTO COM 
IMATINIBE 
Em estudo IRIS com 553 pacientes, cerca de 60% 
permanecerem em tratamento com imatinibe e 
40% cessaram, por ter havido progressão da 
doença/intolerância ao fármaco. Sobrevida de 
84%. 
Se pacientes se tornarem negativos para 
transcritor BCR-ABL1 e o imatinibe for 
suspenso, alguns continuam negativos. 
Naqueles que se tornam novamente posistivos, 
a retomada do imatinibe causa nova remissão à 
negatividade. É possível que o fármaco e 
similares em desenvolvimento possam curar 
alguns pacientes de LMC. 
 
QUIMIOTERAPIA 
Tratamento com hidroxicarbamida (antes 
designada hidroxiureia) pode controlar e manter 
a contagem de leucócitos na fase crônica, mas 
não reduz a porcentagem de células BCR-ABL1 
positivas. Um programa típico é o início com 1 a 
2g/dia, com diminuição semanal da dose até a 
dose de manutenção de 0,5 a 1,5 g/dia. O agente 
aquilante bussulfano também é eficaz no 
controla da doença. Mas seus efeitos colaterais 
a longo prazo são consideráveis, e é pouco 
usado. O imatinibe susbstituiu de forma ampla 
ambos os fármaco. 
INTERFERON-A 
Costumava ser usado após controle da 
contagem de leucócitos com hidroxicarbamida; 
hoje foi superado pelo imatinibe. 
Um programa típico é 3-9 megaunidades, entre 
3 e 7 vezes por semana, administradas por via 
subcutânea. O objetivo é manter a contagem 
baixa em torno de 4 X 10 (9)/L. quase todos os 
pacientes têm sintomas parecidos com os de 
gripe nos primeiros dias de tratamento, que 
respondem ao paracetamol e gradualmente 
regridem. Complicações mais sérias envolvem 
anorexia, depressão e citopenia. 
Uma minoria dos pacientes podem ter remissão 
a longo prazo com perda do cromossomo Ph, 
embora o gene de fusão ainda possa ser 
detectado no PCR. O interferon produz um 
prolongamento da fase crônica com aumento da 
expectativa de vida. 
TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO 
O TCT alogênico é um tratamento curativo da 
LMC estabelecido, mas, devido ao risco, é 
reservado para o fracasso do imatinibe. Os 
Medicina UniFTC | 5° Semestre 9 
resultados são melhores quando o procedimento 
é feito na fase crônica, em vez das fases aguda 
ou acelerada. A sobrevida de cinco anos está em 
50-70%, embora essa estimativa baixe para 
aproximadamente 10% se o transplante for 
adiado para além de um ano do Dx. Recidiva da 
LMC depois do transplante é um problema 
significativo, mas infusões de leucócitos do 
doador são bastante eficazes na LMC, sobretudo 
se a recidiva dor diagnosticada precocemente 
por detecção molecular do transcrito. 
FASE ACELERADA E TRANSFORMAÇÃO 
BLÁSTICA 
A transformação aguda (≥ 20% de blastosna 
medula) pode ocorrer rapidamente em dias ou 
semanas, mas é mais comum o paciente ter 
antes uma fase acelerada com anemia, 
trombocitopenia e aumento de basófilos, 
eosinófilos e blastos no sangue e na medula. 
O baço pode estar aumentado, apesar de a 
contagem de leucócitos no sangue estar 
contida; biópsia costuma mostrar grau de 
mielofibrose. Essa fase pode durar vários meses, 
durante os quais o controle da doença é mais 
difícil do que na fase crônica. 
Nas fases acelerada e aguda, é comum o 
aparecimento de novas anomalias 
cromossômicas. Em cerca de 1/5 dos casos, a 
transformação aguda é linfoblástica, e os 
pacientes podem ser tratados de modo 
semelhante ao da LLA, com vários pacientes 
retornando à fase crônica durante meses ou por 
até 1 ano ou 2. Na maioria deles, a 
transformação é em LMA, ou em tipos mistos, 
que são mais difíceis de tratar, e a sobrevida 
raramente ultrapassa alguns meses. O imatinibe 
é útil no tratamento da transformação blástica, 
mas surge resistência ao tratamento em 
algumas semanas. 
 
LEUCEMIA NEUTROFÍLICA CRÔNICA 
Se apresenta com intensa neutrofilia, sem que 
haja causa inflamatória ou outras causas, e os 
pacientes não mostram evidências de nenhuma 
das demais doenças mieloproliferativas. Pode 
haver moderada esplenomegalia. A citogenética 
costuma ser normal e o prognóstico é variável. 
LEUCEMIA EOSINOFÍLICA CRÔNICA 
Trata-se de uma eosinofilia clonal (>1,5 X 
10(9)/L), crônica e persistente. Em vários casos 
há uma lesão intersticial no cromossomo 4 
resultando em um gene de fusão FIP1L1-PDGFRA 
(nesses pacientes, há resposta ao tratamento 
com imatinibe) ou outros defeitos citogenéticos 
ou moleculares mais raros. 
A medula pode mostrar entre 5 e 20% de 
blastos. Eosinófilos podem infiltrar vários 
órgãos causando dano cardíaco. Se não puder 
ser demonstrada clonalidade e houver < 5% de 
blastos na medula, a condição é designada como 
síndrome hipereosinofílica.

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