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TRABALHO TEORIA I (1)

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O OFÍCIO DO HISTORIADOR[footnoteRef:1] [1: Trabalho produzido como exigência da disciplina Teoria I, ministrada pela Prof. Dr. Luiz Carlos Bento, Curso de História, Campus de Três Lagoas, UFMS.] 
Bruno Laurindo[footnoteRef:2] [2: Acadêmicos do 6º Semestre do Curso de História, Campus de Três Lagoas, UFMS.
] 
THEODOR MOMMSEN 
Neste trabalho, nosso foco é falar sobre o discurso de posse na reitoria da Universidade de Berlim feito por Cristina Mathias Theodor Mommsen, ele nasceu em Garding no norte da Alemanha em 1817. Era filho de um vigário luterano. Foi casado com Marie Auguste Reimer Mommsen, e teve um total de dezesseis filhos, alguns faleceram ainda na infância. Concluiu o seu ensino médio em 1838 e ingressou na Universidade de Kiel para estudar Direito, entretanto, rapidamente se apaixonou pelos estudos de Antiguidade. Ao se formar em 1843, decidiu seguir carreira acadêmica e atuou como professor de direito Romano, pela sua trajetória, Mommsen podia ser chamado de professor político, já que era engajado no partido liberal-nacionais e depois nacional-liberais. 
Dez anos depois de se formar, em 1853, Mommsen publica o seu livro mais famoso, a obra foi nomeada de “A História de Roma”, esta obra ficou repercutiu muito, e chocou muitos contemporâneos, foi traduzida em mais de oito línguas e é considerada um marco na passagem iluminista para o modelo historicista de ciência histórica, logo, “A História de Roma” é considerada ciência! Para Mommsen, a republica romana era um modelo de estado fundado nas soberanias e poderes populares. Sua intenção era organizar “os arquivos do passado” para fundamentar a ciência histórica”. Seu trabalho também pode ser reconhecido como um manifesto político da burguesia protestante liberal. Ele foi o primeiro alemão a receber um Nobel de literatura. Apesar da quantidade de filhos, foram seus netos e bisnetos quem seguirão seu legado, Wilherlm Mommsen foi professor de História Moderna e seus filhos (bisnetos de Theodor) tornaram-se historiadores críticos da Alemanha contemporânea.
O OFÍCIO DO HISTORIADOR POR MOMMSEN E BLOCH
Mommsen inicia falando sobre o orgulho alemão, o quão orgulhosos eles são e como tudo que os mais velhos criaram, será herdado pelos mais jovens, contudo, ele pontua que apenas será herdado, caso o herdeiro continue a prosperar em sua herança, igual seus antepassados. Em seguida ele começa a apresentar um ponto de vista interessante, pois Mommsen alega que seu povo não possui uma gota de modéstia, já que tudo que eles alcançaram e venceram, foi fruto de esforço e dedicação, por este motivo eles se orgulham tanto de seus feitos
Dentro desses que batalharam e venceram, entram os intelectuais alemães, em especial seus professores universitários, pois a pesquisa alemã e a influência que ela possui no ensino acadêmico, é algo essencial para se estabelecer os fundamentos da Alemanha. Esses mesmos intelectuais, possuem um certo direito de vangloriar-se, pois esses mesmos trouxeram cientificamente benefícios para o povo alemão em momentos difíceis, visto que a pesquisa alemã foi capaz de criar uma rede científica, onde ela se estende por todas as áreas de conhecimento, se tornando tão reconhecida que suas pesquisas foram reconhecidas por outros países, forçando-os a aprenderem alemão.
Os intelectuais alemães agora necessitam de manter suas pesquisas vivas, por isto, a nova geração que virá para substitui-los deve ser boa, ter vontade e investir nos estudos da mesma maneira que os mais velhos fizeram, mesmo possuindo dificuldades diferentes a que eles tiveram, como a do risco que as universidades sofrem (em grande parte as universidades menores), pois acabaram perdendo o privilégio que possuíam no passado.
A educação em universidades começa a ter outros significados, antes ela era pura e plena, e vai se tornar grosseira, passando a possuir uma aparência de que ela é apenas uma forma de se ter habilidades específicas para se chegar mais rápido em uma certa profissão, as escolas preparatórias começaram a lotar seus alunos de matérias, o que acaba por interromper o livre aprendizado liberal. Esquecem que as universidades são apenas uma introdução de vários assuntos, e que certos assuntos os alunos apenas descobriram por conta própria.
Quando falamos de história, vemos que ela pertence a ciência, e que a mesma não pode ser adquirida totalmente nas instituições de ensino. O conhecimento histórico não é capaz de ser aprendido por qualquer um, já que, normalmente essa pessoa, já a possui, pois, a História é um acumulado de acontecimentos e conhecimento. Mommsen em seguida vai mostrar a diferença que a história possui das outras matérias existentes, como seus elementos, que não irá conduzir o intelectual a uma questão teórica. A aptidão intelectual do estudante pode sim, ser desenvolvida durante a faculdade, mas não será por conta da teoria, e sim pela prática. A mesma deve ser aprendida desde cedo pois a prática ajudará o futuro historiador a aprender sobre fontes. Contudo, tudo que deve ser aprendido, não acontecerá no âmbito das universidades, pois nenhum intelectual se tornou um de maneira rápida e fácil, foram anos de estudos e especializações, por isso os professores não podem ser iludidos, pois seus alunos não aprenderam tudo durante o período letivo.
Agora vamos partir para Marc Bloch que destaca que é impossível abordar toda a história do mundo. O historiador então tem que determinar um ponto de estudo; a história tem que ser estudada a partir de uma delimitação. Delimitar é a escolha do historiador, é algo próprio dele: cercar o objeto de estudo e diferenciar de outras ciências. Uma vez delimitado a forma, o espaço e o período; o fato só vai ser compreendido a partir do momento que se compreender a totalidade. É próprio do ofício do historiador, porque ele vai definir a partir das ferramentas da história. Bloch apresenta o objeto de estudo da história, o homem. O homem é o objeto de estudo, e não o passado, porque se o indivíduo não existisse, a ciência não existiria. O homem é que faz a história; é a sua ação em um meio natural. O historiador tem que conhecer a sua área porem não apenas ela, ele tem de conhecer outras áreas, disciplinas etc. para assim compreender a história.
Ele destaca que o homem não anda sozinho na compreensão da história, e que esta é a ciência dos homens no tempo. O tempo é contínuo, sempre estará em mudança; para o historiador sempre lhe importa mais compreender a ação em um todo, do homem no tempo. A história assim sendo, a ciência dos homens no tempo que está em uma mudança. Bloch salienta que, uma origem no passado, sempre irá justificar um acontecimento no futuro. Uma origem aparentemente simples pode tornar-se muito complexa. Uma história no passado se relaciona com a história no presente; então o historiador tem que saber como determinado fenômeno ocorreu e não saber o porquê, explicar como ocorreu. O caminho da pesquisa do historiador é a narrativa histórica. Bloch afirma que o passado está interligado com o presente e que o tempo presente não existe, ele é uma consequência do passado. O historiador analisa a história como um observador, mas vivendo também os acontecimentos.
Bloch destaca que o historiador chega à compreensão da História, através de testemunhos. O indivíduo não consegue chegar no passado como ele realmente foi; mas coleta vestígios do determinado período. Com esses vestígios, o historiador elabora uma narrativa com coerência. O autor salienta que a pesquisa começa através de uma hipótese, mas o historiador tem que conhecer o assunto. A metodologia utilizada nessa pesquisa vai ser a “salvação”, para que ele analise todos os testemunhos, que às vezes já vêm meio destorcidos. O historiador deve ver a veracidade ou a quase verdade dos testemunhos da fonte; mas não menosprezar essas fontes.
Autor diz que testemunhos involuntários são os que se podem confiar mais, já que são pessoas comuns relatando a vida, e aqui se pode descobrir assuntos interessantes; já os voluntários não são confiáveis pois queremcontar de seu próprio jeito e que fique desse jeito, porém não os descartam. Bloch destaca que os documentos não falam por si só, o historiador tem que se perguntar: “isso é importante?”. Salienta que o historiador tem necessidade de diversidades de fontes de pesquisa e também uma diversidade de técnicas de pesquisa, para as várias fontes. Ele finaliza que a intencionalidade do historiador em guardar arquivos, leva a escolha a partir das pesquisas. É sua função entender porque tal documento foi guardado e qual a sua história.
O autor destaca a crítica como um método que possibilita o historiador conhecer melhor determinado assunto. Possibilita concordar ou não, com maiores elementos e fundamentos. Uma das formas de se fazer a crítica é reproduzir a ideia do outro, reescrevendo a ideia do autor, para no final fazer a crítica. Bloch salienta que a crítica como um método tem regras, técnicas, uma dessas é que: não existe meia verdade, ou é ou não é. Ocorre uma cisma entre o método e à técnica, que não deveria haver, já que para todo método há técnicas.
Bloch destaca que o historiador na hora da análise de um documento tem que ter sempre cuidado com falsificações. Também destaca que a história em algum momento sofre um estopim que escapa do historiador às vezes não conseguirá explicar esse momento. O historiador não conseguirá explicar tudo na História, pelo fato de que vai chegar um momento que ele não vai ter acesso a todas as fontes necessárias que expliquem a origem de determinado ocorrido. Bloch afirma o princípio da contradição na história. Quando o historiador encontra duas verdades, e se uma não tem a probabilidade de complementar à outra, é necessário escolher uma, pois uma deve estar mentindo, já que duas fontes sobre o mesmo ocorrido são diferentes, e tentar entender o porquê de uma dessas ser falsa. Ressalta-se que uma certeza na história deve ser bem analisada já que se falando em evidencias da história se trata de uma probabilidade e não de certeza. Pois é apenas certeza até certo ponto quando outro encontra outras verdades que podem existir. 
Bloch salienta que segundo os positivistas da época em que escreve o livro, cabe ao historiador descrever como de fato ocorreu a história, mas ao longo do livro o autor discorda dessa posição: será possível afirmar com tanta convicção como aconteceu os fatos de determinada história? Diz ser preciso repensar o presente e a história, ressalta a ideia de imparcialidade onde o historiador pode criar uma própria visão de alguma fonte de pesquisa porem sendo imparcial para que não influencie outros. A paixão do historiador é compreender, apesar das dificuldades, mas sempre com esperança. O autor ressalta que ao historiador cabe compreender e analisar a História. Destaca a diversidade do homem, um indivíduo racional que age de forma racional, ocupando espaços na sociedade. Afirma que o homem é tudo ao mesmo tempo, não pode ser religioso uma hora e político outra, é diverso. Salienta que o homem carrega todas as características da sociedade que ele está inserido. Ressalta a necessidade de se fazer uma história total, mas não totalizante, já que é impossível abordar tudo da História. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Bloch afirma que toda a pesquisa tem que ser apresentada, se não, não é considerada completa; pois toda pesquisa tem que ser colocada à prova publicada. Afirma que mesmo o historiador não tendo uma data exata de determinada história, o que vale e é mais importante é compreender aquele contexto. Salienta por fim que há tempos na História, não há um único tempo, os tempos são distintos. Pois à primeira vista pode parecer correto usar a terminologia do passado, mas nem sempre. O historiador pode se equivocar no anacronismo.
Mas algo destacado por Mommsen é o conhecimento da linguagem e da época que o historiador deve ter. Visto que, alguns intelectuais acreditam que não é tão difícil lidar com uma fonte, sem ter o conhecimento da linguagem ou da época da mesma, as consequências podem não ser boas, caso isso aconteça. Todavia isso existe, pois vários são os historiadores que escrevem sobre a época medieval e não entendem quase nada de latim ou grego. Isso é um erro, pois o documento deve ser estudado como um todo, e por alguém que o entenda.
REFERÊNCIAS 
Martins, Estevão de Rezende. A História pensada: teoria e método na historiografia europeia do Século XIX. Contexto, São Paulo, 2010.

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