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Contabilidade Empresarial Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Professora Ms. Divane Alves da Silva e Prof.Ms. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Prof. Ms. Selma Aparecida Cesarin 5 • Introdução • Elaboração e Contabilização de Uma Folha de Pagamento de Salários • Folha de Pagamento de Salários • Férias • Encargos Sociais • Décimo Terceiro Salário • Provisão e Outros Passivos Qualquer empresa, de qualquer porte ou ramo de negócios, sempre precisa de trabalhadores, funcionários. Aliás, não existem empresas sem pessoas! É muito comum vermos as pessoas dizerem que foram ou precisam ir a uma empresa X ou Y para resolver um problema ou fazer um negócio. Mas para fazer isso, será necessário falar com uma pessoa que trabalha nessa empresa. Empresas são reuniões de pessoas com objetivos comuns, não um personagem mágico que se move de forma autônoma. E pessoas recebem salários e benefícios, em troca de seu trabalho. Então, imagino que você já deve ter percebido o quanto crucial é o assunto que iremos estudar, que não admite erros, em hipótese alguma. E não é nada simples calcular uma olha de pagamentos! Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Nesta Unidade, iremos aprender a como lidar na contabilidade com os cálculos trabalhistas e uma folha de pagamentos “padrão”, ou seja, para funcionários de empresas. 6 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Contextualização Veja a conversa entre as três sócias, que ocorreu logo após a contratação dos primeiros funcionários da loja de roupas masculinas: Fabiana (Gritando ao longe) Adelaide! Adelaide! Vem cá um pouco! Fabiana (Gritando ao longe, irritada) Adelaide! Onde você está? Fabiana (Abrindo a porta do escritório) Ah! Você está aí. Adelaide (Concentrada, tirando o fone de música do ouvido) Oi!? Fabiana (Perguntando curiosa, já que a Adelaide estava muito concentrada) O que está fazendo? Adelaide (Explicando calmamente) Eu estou tentando entender esse eSocial, do governo. Agora que temos empregados, vamos usar isso. 7 Rosana (Com um terno nas mãos, afoita, ouvindo parte da conversa e entrando no escritório) Não estressa, Adelaide. Deixa que a Contabilidade cuida disso. Folha de pagamento é um mar de cálculos e burocracia. Rosana (Mandona, falando baixinho) Meninas, me ajudem lá no salão. Acabaram de chegar dois clientes. Precisamos faturar! Adelaide (Ranzinza) Tá bom, “tamo” indo. Vou ver isso depois! 8 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Introdução A finalidade desta Unidade é demonstrar como são efetuados os cálculos de uma Folha de Pagamento de Salário, Férias e 13º Salários e as respectivas contabilizações. Abordaremos a situação de empregados mensalistas, ou seja, aqueles que recebem salário mensal, vez que temos empregados que recebem seu salário por hora, os chamados horistas, principalmente os que atuam na área de produção das indústrias e, assim, a elaboração da folha de pagamento exige cálculos específicos. A Folha de Pagamento de Salário comportará tantos os principais proventos, quanto os descontos, dando uma visão geral sobre este gasto que as empresas possuem com seus empregados, vez que serão incluídos os encargos sociais legais – Previdência Social e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). As Férias são um direito do empregado. Ao trabalhar na mesma empresa durante 12 meses consecutivos, terá o direito a este descanso; porém, a empresa poderá provisionar mensalmente este valor e os encargos sociais. Para o pagamento das Férias, demonstraremos as duas formas legais, 20 dias ou 30 dias de descano e os descontos legais. Vale informar que a empresa poderá adiantar o valor das férias e depois compensar o valor no momento que ocorrer o efetivo descanso. Para o 13º Salário, seguiremos a mesma premissa, ou seja, apuração e descontos, sempre tendo como base a legislação vigente. Considerando-se que toda base legal que envolve proventos para empregados está na CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas, esta será nossa fonte principal para elaborar esta Unidade, além das Tabelas de Descontos – Previdência Social e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), ambas publicadas por órgãos públicos e de bibliografias que tratam destes assuntos. Não temos a intenção de computar todos os proventos e descontos; porém, não haverá, em hipótese alguma, o comprometimento no conhecimento em relação aos gastos com empregados e o impacto desses gastos na formação do resultado empresarial. Folha de Pagamento de Salários A folha de pagamento de salários deve ser elaborada mensalmente, constando os principais itens: nome do empregado, data de admissão, cargo, proventos, descontos e valor líquido a receber. Os principais proventos são: a) salário: valor pelo qual o empregado é remunerado pelo trabalho exercido dentro do seguinte período: 220 horas para um trabalho que equivale a 8 horas diárias ou 180 horas para 6 horas diárias, dependendo da função que exerce, ou em caso de trabalho de 4 horas diárias, perfazendo um total de 120 horas mensais; 9 b) hora extra: o período que excede ao número de horas contratadas será considerado hora extra, devendo ser remunerada no mínimo em 50% da hora normal. Este percentual poderá ser superior a 50% dependendo do acordo coletivo da categoria com o Sindicato; porém, nunca inferior, conforme determina a CLT; c) adicional noturno: trata-se do trabalho ocorrido entre 22 horas de um dia e 5 horas do dia seguinte, havendo neste período um acréscimo de 20% sobre a hora diurna contratada; d) adicional de insalubridade: quando o trabalhador exerce uma função sem condições de higiene ou que possa trazer malefícios à saúde, a CLT determina três graus: máximo, médio e mínimo, com o respectivo adicional de insalubridade de 40%, 20% e 10% do salário- mínimo, exceto os empregados que recebem salário profissional, ou seja, de acordo com o piso da categoria informado por lei ou acordo coletivo da categoria com o Sindicato. Importante Existem outros ganhos do empregado que não podem ser considerados proventos vindos da empresa, como por exemplo: Salário Família, Salário Maternidade, Salário Paternidade, vez que estes são pagos indiretamente pela Previdência Social, ou seja, a empresa paga ao empregado e faz o desconto na Guia de Recolhimento à Previdência Social. E vale ressaltar que o Salário Família é pago aos empregados com filhos menores de 14 anos, desde o salário esteja dentro da Tabela fornecida pela Previdência Social. Já o Salário Maternidade e Salário Paternidade equivalem ao salário recebido pela trabalhadora e pelo trabalhador. Os principais descontos são: a) Previdência Social: valor descontado do empregado de acordo com sua remuneração a partir da Tabela da Previdência Social. Este desconto tem como objetivo principal custear sua aposentadoria; b) Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF): de acordo com os proventos e descontos determinados pela Receita Federal e tomando-se como base a Tabela publicada por este órgão; c) Contribuição Sindical: trata-se de um desconto anual cujo valor será um dia de trabalho e será entregue ao Sindicato da Categoria do qual o empregado faz parte; d) Vale Transporte: desde que o empregado utilize o transporte público, haverá um desconto em salário de 6% sobre o salário contratado; e) Vale Refeição: desde que a empresa ofereça o vale refeição ou tenha restaurante próprio ou até mesmo terceirizado, poderá efetuar um desconto de até 20% do valor do vale oferecido; f) Adiantamento de Salários: o adiantamento salarial é uma opção da empresa, exceto em casos determinados por Acordo Coletivo da Categoria. Ao elaborar a folha de pagamento do mês, a empresa descontará o adiantamento ocorrido. g) Faltase atrasos: a empresa terá todo direito de descontar dos empregados as faltas e atrasos ocorridos no mês, diretamente da folha de pagamento. Para tanto, deverá manter controles que comprovem as faltas e atrasos e os respectivos descontos. 10 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Importante Sobre a despesa com Vale Transporte, vale informar que a empresa, de início, assume o gasto pelo total. No desconto de 6% sobre o salário contratado do empregado, haverá, para a empresa, o ressarcimento parcial do empregado, sendo assim, a empresa arcará com a respectiva despesa líquida do Vale Transporte. Encargos Sociais Os encargos sociais sobre os pagamentos relacionados ao trabalho dos empregados são: Previdência Social e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Em relação à Previdência Social, temos duas situações: a) o valor descontado dos proventos entregues aos empregados, de acordo com a tabela fornecida pela Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), no qual há três faixas de remuneração e a respectiva taxa de desconto, havendo um teto máximo para esta situação; b) Parte Patronal: A Contribuição Previdenciária da empresa obedece à Constituição Federal – Art. 195, §§ 12 e 13, a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 – Art. 22, inciso I e III e a partir de 01.01.2013 a legislação atualizada: Lei 12.546/11, Leis 12.715/12, 12.844/13 e MP 582/12, MP 601/12[3]. Nova contribuição Previdenciária Patronal (até 31 de dezembro de 2014): A contribuição terá como base o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. Uma alíquota de 2% para empresas prestadoras de serviços e empresas do setor hoteleiro e as empresas de transporte coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal e intermunicipal em região metropolitana, intermunicipal, interestadual e internacional. Uma Alíquota de 1% para empresas que fabricam produtos, ou seja, aplica-se apenas a produtos industrializados pela empresa. O governo federal decidiu desonerar a folha de pagamento por um período. Essa desoneração foi realizada em duas etapas, conforme Brasil (2012) cartilha do Ministério da Fazenda, da seguinte forma: Em primeiro lugar, o governo está eliminando a atual contribuição previdenciária sobre a folha e adotando uma nova contribuição previdenciária sobre a receita bruta das empresas (descontando as receitas de exportação), em consonância com o disposto nas diretrizes da Constituição Federal. Em segundo lugar, essa mudança de base da contribuição também contempla uma redução da carga tributária dos setores beneficiados, porque a alíquota sobre a receita bruta foi fixada em um patamar inferior àquela alíquota que manteria inalterada a arrecadação – a chamada alíquota neutra. Mais detalhes, consulte: <http://www1.fazenda.gov.br/portugues/documentos/2012/cartilhadesoneracao.pdf>. http://www1.fazenda.gov.br/portugues/documentos/2012/cartilhadesoneracao.pdf 11 O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) é um encargo social devido somente pelas empresas, ou seja, sobre os proventos pagos aos empregados haverá um recolhimento de 8%, não havendo teto para este encargo. Havendo Jovem-Aprendiz na empresa, o recolhimento será de 2% O empregado terá direito a receber o FGTS ao ser demitido pela empresa, ou em casos de aposentadoria ou, ainda, por motivos de doenças (quando ocorrer base legal para isto). Os encargos sociais são apurados mensalmente e recolhidos no mês subsequente aos cofres públicos. Elaboração e Contabilização de Uma Folha de Pagamento de Salários Para melhor entendimento e de acordo com o propósito desta Unidade, vamos apresentar as Tabelas oficiais para desconto da Previdência Social e Imposto de Renda Retido na Fonte e também a Tabela para o Salário Família, todas tomando-se como base o ano de 2014. Vale informar que estas tabelas são ajustadas e publicadas anualmente pelos respectivos órgãos federais: Previdência Social e Receita Federal. Tabela 1. Tabela de Contribuição dos segurados empregados, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração. Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1o de janeiro de 2014 Salário-de-contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%) até R$ 1.317,07 8,00 de R$ 1.317,07 a R$ 2.195,12 9,00 de R$ 2.195,12 a R$ 4.390,24 11,00 Fonte: Portaria Interministerial MPS/MF Nº 19, de 10 de janeiro de 2014 - DOU de 13/01/2014. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/Portarias/2014/MinisteriodaFazenda/portmf19.htm. 12 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Tabela de Salário-Família O valor da cota de salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, de até 14 anos de idade, ou inválido de qualquer idade, a partir de 1°/01/2014 é de: Tabela 2. Salário Família. Remuneração Valor da Cota de Salário-família Até R$ 682,50 R$ 35,00 De R$ 682,51 até R$ 1.025,81 R$ 24,66 Acima de R$ 1.025,81 Não tem direito a cota. Fonte: Artigo 4º Portaria nº 19, de 10 de janeiro de 2014. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/Portarias/2014/MinisteriodaFazenda/portmf19.htm>. Tabela 3. Tabela do Imposto de Renda – Exercício de 2015, ano-calendário de 2014. Base de cálculo mensal em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$ Até 1.787,77 - - De 1.787,78 até 2.679,29 7,5 134,08 De 2.679,30 até 3.572,43 15,0 335,03 De 3.572,44 até 4.463,81 22,5 602,96 Acima de 4.463,81 27,5 826,15 Dedução por dependente: R$ 179,71 Fonte: Receita Federal Brasileira. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aliquotas/contribfont2012a2015.htm>. 13 Exemplo A empresa Comércio de Bijouterias Sempre Bella Ltda. possui dois empregados. Os dados para elaboração da folha de pagamento para o mês de setembro de 2014 são os seguintes: 1) Lúcia da Silva • Função: Assistente Administrativa • Salário: R$ 1.900,00 / mês • Dependentes: 2, ambos maiores de 14 anos • Hora extra: 5 horas no mês • Faltas não justificadas: - 0 - • Vale-transporte: 2 conduções ao dia e cada uma no valor de R$ 3,00 A) Proventos: Salário ............................................................................... R$ 1.900,00 Salário-família → não tem direito, o salário está acima do limite concedido pela Previdência Social. Hora extra: 50% acima da hora normal 1.900,00/220horas= R$ 8,63 x 1,50 = R$12,95 x 5 horas = R$ 64,75 Total dos proventos ............................................................ R$ 1.964,75 B) Descontos: Faltas não Justificadas ........................................................ não houve Desconto do Previdência Social Salário ............................................................................... R$ 1.900,00 (+) Hora extra ................................................................... R$ 64,75 (=) Salário de contribuição ................................................ R$ 1.964,75 (x) Percentual ..................................................................... x 0,09 (=) INSS a descontar ......................................................... R$ 176,83 Desconto do IRRF Salário ............................................................................... R$ 1.900,00 (+) Hora extra ................................................................... R$ 64,75 14 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações (=) Total dos proventos para o IRRF .................................. R$ 1.964,75 (–) INSS ............................................................................. R$ 176,83 (–) Dependentes (2 x R$ 179,71) ....................................... R$ 359,42 (=) Base cálculo para o IRRF .............................................R$ 1.428,50 Observação: Isento de IRRF conforme tabela Desconto do vale-transporte → equivale a 22 dias úteis Uso: 2 conduções ao dia, cada R$ 3,00 R$ 3,00 x 2 = R$ 6,00 x 22 dias = R$ 132,00 Salário: R$ 1.900,00 x 0,06 = R$ 114,00 Observação: prevalece o menor valor para desconto, ou seja, R$ 114,00 Total dos Descontos: R$ 176,63 + R$ 114,00 = R$ 290,63 C) Líquido a receber (A-B) (R$ 1.964,75 – R$ 290,63 ....... R$1.674,12 2) Márcia dos Santos • Função: Atendente • Salário: R$ 1.000,00 / mês • Dependentes: 1 menor de 14 anos • Hora extra: 10 horas no mês • Faltas não justificadas: 1 • Vale-transporte: 4 conduções ao dia, cada R$ 3,00 A) Proventos: Salário ............................................................................... R$ 1.100,00 Salário-família, conforme tabela ......................................... R$ 24,66 Hora extra...50% acima da hora normal 1.000,00/220 horas = 4,54 x 1,50 = R$ 6,81 x 10 horas = .. R$ 68,10 Total dos proventos (Salário + SF + HE ............................ R$1.192,76 15 B) Descontos: Faltas não justificadas: R$ 1.000,00 / 30 dias = R$ 33,33 x 1dia ........................... R$ 33,33 Desconto da Previdência Social Salário ............................................................................... R$ 1.000,00 (+) Hora extra ................................................................... R$ 68,10 (–) Faltas ............................................................................ R$ 33,33 (=) Salário de contribuição ................................................ R$ 1.034,77 (x) Percentual ..................................................................... x 0,08 (=) INSS a descontar ....................................................R$ 82,78 Desconto do IRRF Salário .............................................................................. R$ 1.000,00 (+) Hora extra .................................................................. R$ 68,10 (–) Faltas ........................................................................... R$ 33,33 (=) Total dos proventos para o IRRF ................................. R$ 1.034,77 (–) INSS ............................................................................ R$ 82,78 (–) Dependentes (1 x R$ 179,71) ...................................... R$ 179,71 (=) Base cálculo para o IRRF ............................................ R$ 772,28 Observação: Isento de IRRF conforme tabela Desconto do vale-transporte → equivale a 22 dias úteis Uso: 4 conduções ao dia, cada R$ 3,00 R$ 3,00 x 4 = R$ 12,00 x 22 dias = R$ 264,00 Salário R$ 1.000,00 x 0,06 = R$ 60,00 Observação: prevalece o menor valor para desconto, ou seja, .........R$ 60,00 Total dos Descontos: R$ 33,33 + R$ 82,78 + R$ 60,00 = R$ 176,11 C) Líquido a receber (A-B) (R$ 1.192,76 – R$ 176,11)........ R$ 1.016,65 16 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Com os dados formados a partir dos cálculos acima, preparou-se o seguinte relatório de folha de pagamento: Comércio de Bijouterias Sempre Bella Ltda Folha de Pagamento Setembro de 2014 Nome Função Proventos Descontos Salário Salário Família Hora extra Total Faltas não Justificadas INSS IRRF VT Total Valor Líquido Lúcia da Silva Assistente Administrativo 1.900,00 - 64,75 1.964,75 - 176,83 - 114,00 290,83 1.673,92 Márcia dos Santos Atendente 1.100,00 24,66 68,10 1.192,76 33,33 82,78 - 60,00 176,11 1.016,65 Total 3.000,00 24,66 132,85 3.157,51 33,33 259,61 - 174,00 466,94 2.690,57 Por sua vez, o relatório gerencial acima é escriturado no livro diário da empresa da seguinte forma. Contabilização da Folha de Pagamento de Salários 1) A seguir, a contabilização dos Salários: a) Cálculo da Folha de Pagamento do mês de Setembro – Proventos D – Despesas com Salários (Conta de Resultado)...........................R$ 3.000,00 D – Salário Família (Conta Transitória)...........................................R$ 24,66 D – Despesas com Hora Extra (Conta de Resultado)......................R$ 132,85 C – Salários a Pagar (Passivo Circulante)........................................R$ 3.157,51 b) Cálculo da Folha de Pagamento do mês de Setembro – Descontos D – Salários a Pagar (Passivo Circulante)........................................R$ 292,94 C – Despesas com Salários (Conta de Resultado)...........................R$ 33,33 C – Despesas com Salários (Conta de Resultado)...........................R$ 259,61 17 Glossário Contas de Resultado são as contas de despesas e receitas, que são registradas, confrontadas e encerradas a cada exercício social na Demonstração de Resultados do Exercício. Contas transitórias são contas formadas para organizar dados de forma temporária. 2) A contabilização das despesas com Vale transporte a ) Pagamento total do gasto com o vale transporte D – Despesas com Vale Transporte (Conta de Resultado)...............R$ 396,00 C – Caixa.......................................................................................R$ 396,00 b ) Registro do desconto aos funcionários: D – Salários a Pagar (Passivo Circulante)........................................R$ 174,00 C – Despesas com Vale Transporte (Conta de Resultado)...............R$ 174,00 Para Pensar O que seria melhor? Aumentar o salário dos funcionários de forma que eles tenham dinheiro para suas despesas pessoais, como o transporte de sua residência até o trabalho, ou conceder o vale transporte? É válido o empregador assumir essa responsabilidade? 3) Previdência Social parte empresa De acordo com a legislação atual e a política de desoneração da folha de pagamento, a previdência social parte da empresa depende do faturamento da empresa e de especificidades de seu ramo de negócio. Imaginando aqui, para efeitos de demonstração, que a Bijouterias Sempre Bella Ltda. tenha um faturamento de um milhão de reais e incidência de 1% de previdência social, teremos os seguintes cálculos: 18 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações • Faturamento: R$ 1.000.000,00 • Alíquota Previdência Social Parte Empresa 1% • Valor da Previdência Social Parte Empresa = R$ 10.000,00 Essa obrigação será, então, registrada no Livro Diário da seguinte forma: Reconhecimento de obrigação com a Previdência Social, de acordo com cálculos da Folha de Pagamento de Setembro D – Despesas com a Previdência Social (Conta de Resultado)........R$ 10.000,00 C – Previdência Social a Pagar (Passivo Circulante).......................R$ 10.000,00 De acordo com a legislação, o salário família pode ser descontado do valor da Previdência Social a Pagar. Dessa forma, no Livro Diário, será efetuado o seguinte lançamento contábil: Abatimento do Salário Família sobre a Previdência Social a Pagar D – Previdência Social a Pagar (Passivo Circulante) ........... R$ 24,66 C – Salário Família (Conta Transitória) ............................... R$ 24,66 Importante Como já discutido no item 6.2, a legislação básica que envolve o assunto é: • Constituição Federal – Art. 195, §§ 12 e 13; • Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 – Art. 22, inciso I e III; • Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011. 4 ) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) De acordo com a CLT, o Fundo de Garantia é uma obrigação do empregador sobre a folha de pagamento, que não deve jamais ser descontado do trabalhador. Assim, o empregador se obriga a recolher ao INSS periodicamente um montante de 8% sobre o salário (base de cálculo) de cada funcionário. 19 Esse montante, por sua vez, não poderá ser sacado pelo funcionário, sendo disponibilizado apenas em algumas situações muito específicas, de acordo com a legislação. Usando o exemplo da Bijouterias Sempre Bella Ltda., teremos os seguintes cálculos: COMÉRCIO DE BIJOUTERIAS SEMPRE BELLA LTDA FOLHA DE PAGAMENTOCálculo do FGTS Setembro de 2014 Nome Função Cálculo Salário Hora extra Faltas não Justificadas Base de Cálculo % FGTS FGTS a Pagar Lúcia da Silva Assistente Administrativo 1.900,00 64,75 - 1.964,75 8 157,18 Márcia dos Santos Atendente 1.100,00 68,10 33,33 1.134,77 8 90,78 Total 3.000,00 132,85 33,33 3.099,52 247,96 Considera-se como base de cálculo do FGTS o salário acrescido (se houver) das horas extras e (se houver) descontado de faltas. Não há incidência do FGTS sobre salário família. Essa obrigação será, então, registrada no Livro Diário, da seguinte forma: Reconhecimento de obrigação com o INSS, com o FGTS, conforme cálculo do FGTS do mês de Setembro de 2014. D – Despesas com FGTS (Conta de Resultado)................................R$ 247,96 C – FGTS a Pagar (Passivo Circulante).............................................R$ 247,96 Para conhecer mais detalhes sobre a operação do FGTS, visite o site oficial: • http://www.fgts.gov.br http://www.fgts.gov.br 20 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Férias De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), todo empregado que trabalhar na mesma empresa durante 12 (doze) meses consecutivos adquire o direito de gozar as férias, ou seja, um período de descanso de 30 (trinta), o qual será pago pela empresa, tomando-se como base o salário atual. E sobre este salário chamado de férias, será adicionado 1/3 a título de Adicional de Férias. A CLT também permite que o empregador conceda um período de 20 dias de férias, acrescida também de 1/3 a título de Adicional de Férias. E, assim, o empregado estará trabalhando e recebendo os outros 10 (dias) como salário. Se não forem concedidas as férias ao empregado no período determinado pela CLT, ou seja, após os 12 (doses) de trabalho, o funcionário adquire o direito a receber as férias e a empresa terá mais 11(onze) meses para colocar o empregado em descanso, caso este prazo seja ultrapassado, a empresa deverá pagar as férias em dobro, a título de Multa sobre Férias. Para fins de despesas dedutíveis, a Multa sobre Férias será considerada indedutível, ou seja, a empresa não poderá considerar este gasto como despesa para fins de dedução tributária. Encargos Sociais e Tributos sobre as Férias As férias são outro aspecto importante no cálculo da Folha de Pagamento. Entende-se que todo trabalhador tem o direito anualmente a um período de descanso que pode usar para maior interação com a sociedade, com a família, para realizar turismo, resolver problemas pessoais, entre outros assuntos. O gozo das férias não é algo dispensável, ao contrário, é imprescindível para a saúde e a vida do trabalhador. Por isso, entende-se que as férias devem ter um adicional de 1/3 do salário normal, sobre o qual incidem os tributos INSS, FGTS e IR. A seguir, dois exemplos de cálculos de férias. Exemplo I O funcionário Eugênio de Proença Sigaud foi admitido em uma empresa de compras e vendas de obras artísticas em 1 de outubro de 2013, com um salário mensal de R$ 6.600,00. Em 31 de março de 2014, foi demitido sem justa causa e, além dos direitos rescisórios, receberá também 6/12 (seis doze avos) de férias. 21 Dessa forma, receberá: R$ 6.600,00 / 12 = R$ 550,00 R$ 550,00 x 6 meses = R$ 3.300,00 O adicional de 1/3 é calculado da seguinte forma: R$ 6.600,00/3 = R$ 2.200,00 O empregado João Manuel receberá de férias o valor de : R$ 8.800,00, ou seja: R$ 6.600,00 + R$ 2.200,00 = R$ 8.800,00 Quando da demissão de um funcionário, realizam-se alguns procedimentos específicos de cálculo denominados “rescisão”. Entre esses procedimentos, realiza- se uma reunião no Sindicato da categoria, onde os cálculos são completamente revistos por um profissional especializado (normalmente contratado pelo sindicato), à vista do empregador e do funcionário demitido. Em algumas ocasiões, permite-se que essa reunião seja acompanhada por advogados e/ou árbitros (profissionais que não são juízes, mas tem condições técnicas de esclarecer uma situação e fomentar um acordo extrajudicial entre as partes.). Exemplo II O salário do funcionário Vinícius de Mores é de R$ 6.600,00, sendo que: • sua admissão foi em 01/03/2013; • o período de aquisição de férias é 01/03/13 a 28/02/13; • o período de descanso é 01/07/2013 a 30/07/13; O cálculo das férias do funcionário Vinícius de Moraes será o seguinte: Demonstração do Desconto do IRRF Salário mensal 6.600,00 1/3 de adicional de férias 2.200,00 Total 8.800,00 ( - ) INSS 11% ( 4.390,24 x 11% = *482,29 ) (482,29) Base de cálculo do IRRF 8.317,71 Alíquota de 27,5% IRRF ( 8.317,71 x 27,5% = 2.287,37) 2.287,37 Parcela a deduzir (826,15) Valor do IRRF (2.589,87 - 826,15 = 1.763,72) 1.461,22 Salário líquido de férias (8.317,71 – 1.461,22 = 6.856,49) 6.856,49 * O valor de R$ 482,29 foi encontrado da seguinte forma. Conforme a tabela da previdência social, fundamentada com base da legislação trabalhista, o percentual de 11% é descontado até o teto de R$ 4.390,24, ou seja, R$ 4.390,24 x 11% = 482,29. 22 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Atenção Sobre o salário de R$ 8.317,71 a empresa deve recolher o FGTS na alíquota de 8%, resultando no valor de R$ 665,42 ( 8,317,71 x 8% = 665,42). Tabela 4. Tabela do Imposto de Renda – Exercício de 2015, ano-calendário de 2014. Base de cálculo mensal em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$ Até 1.787,77 - - De 1.787,78 até 2.679,29 7,5 134,08 De 2.679,30 até 3.572,43 15,0 335,03 De 3.572,44 até 4.463,81 22,5 602,96 Acima de 4.463,81 27,5 826,15 Dedução por dependente: R$ 179,71 Fonte: Receita Federal Brasileira Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/aliquotas/contribfont2012a2015.htm. Décimo Terceiro Salário Por fim, iremos estudar o 13º Salário, um dos importantes aspectos dos cálculos trabalhistas. No passado, alguns empregadores por ocasião do Natal costumavam conceder “mais um salário”, sempre em dezembro, para um 13º mês imaginário. Isso era considerado uma benevolência, um presente de bons empregadores costumavam dar aos seus trabalhadores para que passassem um Natal mais feliz, dentro de um sentimento religioso-social (O “espírito de natal”), que trazia satisfação ao empregador em poder promover um mês mais confortável a seus trabalhadores e aos próprios trabalhadores por contarem com mais dinheiro nessa época do ano em que os gastos costumam ser maiores. O problema é que nem todos os empregadores pagavam esse salário adicional, que passou a ser um desejo, uma reinvindicação trabalhista. Porém, com o tempo, o 13º salário passou a ser visto como uma obrigação do empregador, independente do espírito de natal. Entendeu- se que todos os trabalhadores teriam direito a esse salário extra, independente da iniciativa do empregador. 23 Esse salário é considerado um “abono”, ou seja, um salário extra que a empresa paga ao empregado no final do ano de acordo com o número de meses trabalhados na empresa. O 13º Salário foi instituído pela Lei nº 4.090/1962 e posteriormente regulamentado pelo Decreto nº 57.155/1965, e alterações posteriores. Atualmente, a legislação diz que o 13º Salário poderá ser pago em duas parcelas, sendo a primeira entre os meses de fevereiro e novembro, sem quaisquer descontos (a título de um adiantamento) e a segunda até o dia 20 de dezembro, com os respectivos descontos, ou seja: - Previdência Social e Imposto de Renda Retido na Fonte (se for o caso). A empresa também pode optar em pagar o 13º salário em uma única parcela, sempre no dia 20 de dezembro. Para Pensar Observe que o pagamento é feito 5 dias antes do Natal, o que é um incentivo ou tentação para que o dinheiro seja gasto no período do Natal. Assim, veja que o 13º Salário continua a ter uma conotação social-religiosa, fomentando o “espírito de Natal”. O 13º Salário também gera os encargossociais pela empresa: Previdência Social e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Tratamento Contábil do Décimo Terceiro Salário Importante alertar para o fato de que a empresa, para atender aos princípios e convenções contábeis, deve “provisionar”, ou seja, estimar mensalmente o 13º Salário e os respectivos encargos sociais. O Pronunciamento CPC 25 – Provisões, Passivos Contigentes e Ativos Contigentes, que faz Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – IAS 37 orienta o seguinte: Provisão e Outros Passivos 11. As provisões podem ser distintas de outros passivos tais como contas a pagar e passivos derivados de apropriações por competência (accruals) porque há incerteza sobre o prazo ou o valor do desembolso futuro necessário para a sua liquidação. Por contraste: (a) as contas a pagar são passivos a pagar por conta de bens ou serviços fornecidos ou recebidos e que tenham sido faturados ou formalmente acordados com o fornecedor; e 24 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações (b) os passivos derivados de apropriações por competência (accruals) são passivos a pagar por bens ou serviços fornecidos ou recebidos, mas que não tenham sido pagos, faturados ou formalmente acordados com o fornecedor, incluindo valores devidos a empregados (por exemplo, valores relacionados com pagamento de férias). Embora algumas vezes seja necessário estimar o valor ou prazo desses passivos, a incerteza é geralmente muito menor do que nas provisões. Os passivos derivados de apropriação por competência (accruals) são frequentemente divulgados como parte das contas a pagar, enquanto as provisões são divulgadas separadamente. O 13º Salário, assim como as férias, enquadra-se no conceito de “passivos derivados de apropriações por competência (accruals)”. Por isso, como tais, devem ser contabilizados. Antes das normas internacionais de Contabilidade, esses valores eram contabilizados na conta “Provisões para 13º Salário”. A orientação, com as normas internacionais, é não usar a expressão “provisão” nas contas contábeis, porque entende-se que o correto é dizer a pagar. Atenção Utilizar a conta “13º Salário a Pagar” ao invés de “Provisão para 13º Salário”. Exemplo As cinco funcionárias da Joalheira Antuérpia Ltda., de Joinville – SC, geraram após a realização de todos os gastos trabalhistas, a quantia de R$ 84.000,00 como gastos com 13º Salário no exercício social de 2013. Esse valor de R$ 84.000,00 não deve ser considerado despesa apenas do mês de dezembro, devem ser distribuídos em 1/12 avos para todos os meses de operação da empresa. Assim, cada mês recebe R$ 7.000,00 como apropriação (conhecida como “provisão”) para 13º Salário. Para o próximo exercício social, ou seja, ano de 2014, o contador da Joalheria Antuérpia Ltda. deve provisionar na contabilidade os gastos com 13º Salário. Para estabelecer o valor, o contador utiliza os mesmos critérios usados em 2013, sendo que também estima o valor de R$ 84.000,00 com despesas de 13º Salário. Entende-se que essa é uma estimativa razoável para a operação da empresa. 25 Assim, temos o seguinte: Cálculos de Estimativa de 13º Salário Para o ano de 2014 Janeiro R$ 7.000,00 Fevereiro R$ 7.000,00 Março R$ 7.000,00 Abril R$ 7.000,00 Maio R$ 7.000,00 Junho R$ 7.000,00 Julho R$ 7.000,00 Agosto R$ 7.000,00 Setembro R$ 7.000,00 Outubro R$ 7.000,00 Novembro R$ 7.000,00 Dezembro R$ 7.000,00 Total R$ 84.000,00 Pela formação da apropriação anual: Joinville, 01 de Janeiro de 2014 Formação de Apropriação para 13º Salário, conforme estimativas para a Folha de Pagamento do ano de 2014 da Joalheria Antuérpia Ltda. D – Despesas com 13º Salário........................................................R$ 84.000,00 C – 13º Salário a pagar (Passivo Circulante)...................................R$ 84.000,00 Atenção Ajustes entre os valores estimados e os valores reais terão que ser contabilizados também. 26 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Leia os pronunciamentos contábeis CPC 25 (Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes) e CPC 33 (Benefícios a Empregados) que você poderá encontrar no site do CPC em: • http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos Pense Em todos o cálculos trabalhistas, utilizam-se 220 horas para cálculos. Mas você deve estar perguntando: Por que exatamente 220 horas? De acordo com o calendário, quantidade de finais de semana e feriados municipais, estaduais e federal, o tempo de trabalho pode variar! Não necessariamente há 220 horas de trabalho! Utiliza-se 220 horas porque de acordo com o art. 7º., inciso XIII, da Constituição Federal de 1988, a duração do trabalho normal não poderá ser superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Figura: Manchete do Jornal “A Capital”, do dia 23/07/1917, relatando as consequências das históricas greves em São Paulo, de 9 de julho de 1917. Fonte: usp.br No passado, eram comuns jornadas de trabalho desumanas de 12, 15 ou mais horas de trabalho. Os trabalhadores brasileiros, por meio de manifestações históricas, como as greves de 1917, em São Paulo, exigiam a fixação de uma jornada de trabalho digna. Essa reinvidicação seria atendida por Getúlio Vargas quando da promulgação da CLT, que fixou a jornada de trabalho em 44 horas semanais. Com base nessa jornada ideal, é que são realizados os cálculos trabalhistas. As 220 horas mensais surgiram, então da seguinte forma: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos 27 - Exemplo do cálculo para um empregado que trabalha oito horas por dia, de segunda a sexta e quatro horas no sábado: I) Cálculo da jornada semanal: Jornada de segunda à sexta 8 horas X 5 40 horas Jornada de sábado 4 horas 4 horas Total *** 44 horas II) Cálculo da média diária: Total de horas semanais 44 horas Dias de segunda a sábado 6 Média de horas diárias ( 44/6 = 7,3333) 7,3333 III) Cálculo das 220 horas: Média de horas diárias ( 44/6 = 7,3333) 7,333 30 dias 30 Jornada mensal 220 Jornada semanal 44 multiplicador 5 Jornada mensal 220 Pense Nos dias atuais, vários países do mundo ainda permitem jornadas de trabalho estafantes e desumanas e/ou regimes de trabalho que beiram a escravidão. Pesquise a respeito. 28 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Material Complementar Como complemento ao nosso estudo de Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salário: Cálculos Contabilizações, é importante conhecer o “PROJETO E-SOCIAL”, um audacioso ambiente para registro das obrigações trabalhistas, na esteira do SPED, o sistema público de escrituração digital. Trata-se de um sistema novo, ainda em implantação e ainda não há pesquisas sobre ele. Por isso, é tão importante conhecê-lo! Para isso, recomendamos ler o Manual do e-social. Conceito do eSocial O eSocial é um projeto do governo federal que vai coletar as informações descritas no Objeto do eSocial, armazenando-as no Ambiente Nacional do eSocial, possibilitando aos órgãos participantes do projeto sua efetiva utilização para fins previdenciários, fiscais e de apuração de tributos e do FGTS. As informações podem ser classificadas em três tipos, a saber: a) Eventos Iniciais – São eventos que identificam o empregador/contribuinte, contendo dados básicos de sua classificação fiscal e estrutura administrativa. É o primeiro evento a ser transmitido ao eSocial. Também compõe os eventos iniciais o evento de cadastramento inicial dos vínculos. Esse evento deve ser informado após terem sido transmitidos os eventos de tabelas do empregador; b) Eventos de Tabelas – São eventos que montam as tabelas do empregador, responsáveis poruma série de informações que irão validar os eventos não periódicos e periódicos. Buscando melhor otimização na geração dos arquivos, bem comono armazenamento das informações no ambiente nacional do eSocial, informações que podem ser utilizadas em mais de um arquivo do eSocial ou que se repetem em diversas partes do layout serão armazenadas em tabelas. Considerando que grande parte dos eventos se utilizam de informações constantes nos eventos de tabelas, é obrigatório transmiti-los antes dos eventos periódicos e não periódicos. A título de orientação, é prudente transmiti-los logo após o envio do evento de Informações do Empregador. A manutenção correta dessas tabelas é fundamental para a recepção dos eventos do empregador e cálculo corretos das bases de cálculo e dos valores devidos. A administração do período de validade das informações é muito importante. O empregador deve observar o período de vigência das informações. Quando da primeira informação dos itens que compõem a tabela, devem ser preenchidos os campos com a data de início da validade. A informação da data final deve ser enviada apenas no momento em que ocorrer a desativação do item; c) Eventos Não periódicos – é um fato jurídico trabalhista entre empregador e trabalhador que não tem uma data prefixada para ocorrer. Vai depender dos acontecimentos na relação trabalhista na vida da empresa e do trabalhador como contratação, afastamentos, demissões, entre outras. Estes fatos influenciam na concessão de direitos e no cumprimento de deveres trabalhistas, previdenciários e fiscais como, por exemplo, a admissão de um empregado, alteração de salário, exposição do trabalhador a agentes nocivos, desligamento etc. Após confirmada a sua ocorrência, estes fatos/eventos passam a ter prazo específico de transmissão ao eSocial; 29 d) Eventos periódicos – São os eventos que têm periodicidade previamente definida para sua ocorrência. Seu prazo de transmissão é até o dia 07 do mês seguinte, antecipando o vencimento para o dia útil imediatamente anterior em caso de não haver expediente bancário, com exceção do evento de espetáculo desportivo. São compostos por informações de folha de pagamento, de apuração de outros fatos geradores de contribuições previdenciárias e de retenção do imposto sobre a renda retido na fonte sobre pagamentos feitos pelo próprio contribuinte. Também estão previstas as informaçõesde retenção das contribuições sociais incidentes sobre pagamentos efetuados às pessoas jurídicas. Manual completo disponível em: http://www.esocial.gov.br/doc/MOS_V_1_1_Publicacao.pdf http://www.esocial.gov.br/doc/MOS_V_1_1_Publicacao.pdf 30 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Referências BRASIL. Cartilha de Desoneração do Ministério da Fazenda. 2012. Disponível em:<http:// www1.fazenda.gov.br/portugues/documentos/2012/cartilhadesoneracao.pdf> Consulta em 31/05/14 ___. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm> Consulta em 31/05/14. ___. Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 34 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. ___. Decreto-Lei No 2.848, de 7 de Dezembro de 1940. Código Penal Brasileiro. Art. 160 – ___. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99. Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. 1999. Disponível em: <http://www. receita.fazenda.gov.br/legislacao/rir/default.htm>. Acesso em: 23 0ut. 2014. ___. Lei Nº 8.212, de 24 de Julho de 1991. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L8212compilado.htm>. Acesso em: 01 out. 2014. ___. Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Altera a legislação tributária federal e dá outras providências. 1995a. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ leis/ant2001/lei898195.htm>. Acesso em: 23 0ut. 2014. ___. Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. Dá nova redação a dispositivos da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, que altera a legislação tributária federal, e dá outras providências. 1995b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9065.htm>. Acesso em: 23 0ut. 2014. ___. Lei do Ajuste Tributário nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. 1996. Disponível em: <http://www. receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/ant2001/lei943096.htm>. Acesso em: 23 0ut. 2014. ___. Lei Nº 12.546, de 14 de Dezembro de 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12546.htm>. Acesso em: 27 ago. de 2014. ___. Lei 12.715/12. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2012/Lei/L12715.htm>. Acesso em: 26 out. de 2014. ___. LEI Nº 12.844, de 19 de Julho de 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12844.htm>. Acesso em: 26 out. de 2014. Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes - www.cpc.org.br > Acesso em 31 jun. 2014. 31 Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 33 - Benefícios a Empregados www.cpc.org.br > Acesso em 31 jun. 2014. CORDEIRO DA SILVA, Edson. Como Administrar o Fluxo de Caixa das Empresas: Guia de sobrevivência empresarial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. IUDÌCIBUS, Sergio de. Et al. Contabilidade Introdutória. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: Contabilidade Empresarial . 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2012 GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. Ed. São Paulo: Pearson Education Brasil, 2010. (e-book) ARAÚJO, I. P. S. Introdução à contabilidade. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2008. (e-book) GRIFFIN, M.P. Contabilidade e finanças. São Paulo: Saraiva, 2012. (Série Fundamentos). (E-book) GUERRA, L. Contabilidade descomplicada. São Paulo: Saraiva, 2010. (e-book) NAGATSUKA, D. A. S; TELES, E. L. Manual de contabilidade introdutória. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. MÜLLER, A. N. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. São Paulo: Pearson Education, 2012 REIS, A. Demonstrações contábeis. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2009. (e-book) 32 Unidade: Folha de Pagamento de Salários, Férias e 13º Salarial: Cálculos e Contabilizações Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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