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DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA Definição: A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infecção secundária à ascensão de microrganismos pelo trato genital superior feminino. Constitui a complicação mais comum e grave das DSTs. Pode apresentar sequelas que comprometem o futuro reprodutivo. *É uma infecção que acomete o trato genital superior (tudo que está acima do orifício interno do colo do útero). *** Quais são os dois principais agentes etiológicos envolvidos na DIP? Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. *** A microbiologia encontrada na DIP é monobacteriana ou polimicrobiana? Polimicrobiana. Pode ter GRAM+ OU -, anaeróbios e Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Epidemiologia: É muito frequente e acomete principalmente mulheres em idade fértil (15-39 anos). Etiologia: Infecção polimicrobiana, que geralmente se iniciar com Neisseria gonorrhoeae e/ou Chlamydia trachomatis, os quais predispõe a ascensão de outros microrganismos (estreptococos, Escherichia coli e anaeróbios). Mas em usuárias de DIU devemos lembrar da incidência de infecção pelo Actinomices israeli. Patogenia: A principal via de infecção é a ascendente. Ocorre penetração e multiplicação de microrganismos da vagina e da porção externa do colo uterino no endométrio, nas trompas, nos ovários, no peritônio e nas estruturas contíguas, fora do ciclo gravídico-puerperal. É mais comum no período perimenstrual e pós-menstrual quando o colo se encontra entreaberto e o muco mais fluido, o que contribui para ascensão. Fatores de risco: Início precoce de atividade sexual, Promiscuidade, Vaginose bacteriana, História prévia de DIP ou IST’s, Uso de ACO, Tabagismo, Imunodeficiência, Baixa condição socioeconômica e atividade sexual sem uso de preservativos, imunossuprimidos. DIP (CDC) – Risco de DIP, 3 semanas pós-inserção do DIU e infecção pré-existente. Não precisa retirar, tratar e caso não tenha melhora, retirar. MS: Risco de 3-5 vezes maior em portadoras de DIU se tiver cervicite. Não retirar o DIU de rotina, caso tenha indiação apenas após as duas primeiras doses de ATB,. Quadro clínico: Os sintomas mais frequentes incluem corrimento vaginal purulento e dor pélvica aguda, que se exacerba quando são feitas manobras de palpação do hipogástrio e/ou fossas ilíacas; ao toque vaginal, a mobilização é altamente dolorosa. Febre geralmente aparece também. Com a evolução, podem surgir irritação peritoneal, náuseas e vômitos. Menos comumente ocorre disúria, dispareunia e sangramento intermenstrual. *Dor pélvica (pensar em DIP), corrimento mais purulento, dispareunia de profundidade, sangramento uterino e febre. Diagnóstico: Critérios diagnósticos: Considera-se 1 critério maior + 1 critério menor ou elaborado. *** Quais são os três critérios MAIORES para o diagnóstico da DIP? Dor no hipogástrio (uterina – CDC) + Dor à mobilização do colo uterino + Dor à palpação de anexos. Critérios menores: Temperatura: maior 37,5°C ou maior 38,3°C, Secreção vaginal/cervical anormal, massa pélvica, Leucocitose cervical, aumento de PCR/VHS e Gonococo, clamídia ou micoplasma +. Critérios elaborados: Endometrite (histologia), abscesso tubo-ovariano (ex de img) e laparoscopia com DIP. MS: 3 critérios maiores + 1 critério menor ou 1 critério elaborado. CDC: Necessário apenas 1 para ser DIP. Anamnese e exame físico e exames laboratoriais (BHCG, HMG, PCR/VHS, Urina rotina, USG TV/ sorologias). Exames complementares: • Laboratoriais: hemograma (leucocitose em 70% dos casos), prova inflamatória (VHS e PCR elevados), dosagem de beta-hCG (para descartar gravidez ectópica), urinocultura, exame bacterioscópico, sorologia (hepatite, sífilis, HIV). • Ultrassonografia transvaginal (USTV): avaliar presença de líquido na pelve e de abscesso tubo- ovariano. • Biópsia de endométrio: atualmente não é realizada. Diagnóstico diferencial: Gravidez ectópica, apendicite aguda, torção e/ou ruptura de cistos ovarianos, ITU aguda, linfadenite mesentérica. *** Cite 3 diagnósticos diferenciais para DIP que podem ter indicação cirúrgica: Apendicite, torção anexial e gestação ectópica. Estadiamento clínico Tratamento: ATB de amplo espectro. Estádio 1: Tratamento ambulatorial.* DIP é Coisa Do Mal (Ceftriaxone – IM dose única, Doxiciclina – VO 14 dias e Metronidazol – VO 14 dias) • Ceftriaxona 250mg IM mais doxiciclina 100mg 12/12h por 14 dias. Estádios 2,3 e 4: Tratamento hospitalar. • Gentamicina 240mg EV 24/24h mais clindamicina 600mg EV 6/6h (ou 900mg 8/8h) por 72 horas. Alta com doxiciclina 100mg VO 12/12h até completar 14 dias de tratamento. OU • Cefoxitina 2g EV dose de ataque, seguido de 1g 6/6h por 72 horas mais doxiciclina 200mg VO como dose de ataque, seguidos de 100mg 12/12h por 14 dias. Nota: Paciente com presença de corrimento sugestivo de vaginose bacteriana deverá ser tratada também com metronidazol. Tratamento cirúrgico: Indicada para estádio 3 com abscesso ≥ 10 cm e estádio 4. Tratamento do parceiro: Está indicado para todas as pessoas que tiveram contato sexual com a paciente nos últimos 60 dias. • Azitromicina 1 g VO + ciprofloxacino 500 mg VO OU • Azitromicina 1 g VO + ceftriaxona 250 mg IM ou EV Critérios para internação hospitalar de DIP aguda: peritonite, adolescentes, febre, usuários de droga, tratamento ambulatorial ineficaz, leucócitos > 15 mil, vômitos e náuseas que impedem o tratamento VO e imunodeprimidos. *Abscesso tubo-ovariano, gestação, estado geral grave, sem melhora após 72h de ATB oral, intolerância a medicação via oral, dificuldade de exclusão de emergência cirúrgica. *** 1° opção: cefoxitina EV + doxiciclina VO *** 2° opção: clindamicina EV + gentamicina EV ***Qual o tratamento inicial para abscesso tubo-ovariano decorrente da DIP? Internação + ATB endovenoso. Não precisa ser drenado de rotina. Drenar quando não há melhora com ATB, rotura do abcesso ou aumento do abscesso durante o tratamento. Pode ser feita por laparoscopia, laparotomia ou guiada por USG ou TC. *Seguimento pós tratamento: abstinência sexual, métodos de barreira, sorologia para IST’s, parceiros avaliados e tratados. Complicações: Infertilidade de fator tubário, Gestação ectópica, Dor pélvica crônica, Dispareunia, Recorrência da DIP. *Agudas: abscesso tubo ovariano, síndrome de fitz-hugh curtis (peri-hepatite – aderências de cordas de violino) – aguda e tardia. Os abcessos tubovarianos, a síndrome de Fitz- Hugh-Curtis (fase aguda) e a morte são complicações PRECOCES. *** Qual doença pode levar à Síndrome de Fitz-Hugh Curtis (peri-hepatite) levando a aderência em corda de violino? DIP. *** Qual o principal fator de risco para gestação ectópica? DIP prévia. *** Quais as principais causas de infertilidade de fator tubário? DIP e endometriose.
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