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RESUMO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM PARTE I Autora: Mayara Ribeiro São Paulo, outubro de 2021 Sumário 1. Radiografia: raio-x, anatomia, técnica e nomenclaturas ............................................................. 3 2. Radiografia do sistema músculo esquelético .............................................................................. 5 1. Fraturas ....................................................................................................................................... 5 1.1. Salter-Harris ............................................................................................................................ 6 2. Artrose ......................................................................................................................................... 8 3. Artrite........................................................................................................................................... 8 4. Neoplasia óssea ......................................................................................................................... 9 3. Osteomielite .............................................................................................................................. 11 4. Osteocondrite dissecante (osteocondrose) ............................................................................ 12 5. Displasia do cotovelo e coxofemoral ...................................................................................... 13 6. Luxação de patela e ruptura do ligamento cruzado cranial .................................................. 14 7. Necrose asséptica da cabeça do fêmur ................................................................................. 14 8. Hiperparatireoidismo nutricional secundário ......................................................................... 15 9. Hiperparatireoidismo secundário renal .................................................................................. 16 10. Panosteíte ............................................................................................................................. 16 11. Osteodistrofia hipertrófica ................................................................................................... 17 12. Osteopatia hipertrófica ........................................................................................................ 18 13. Osteopatia craniomandibular .............................................................................................. 19 14. Espondilose .......................................................................................................................... 19 15. Discopatias ........................................................................................................................... 20 16. Discoespondilite ................................................................................................................... 21 17. Espondilomielopatia cervical caudal – Síndrome de Wobbler .......................................... 22 18. Subluxação atlantoaxial ....................................................................................................... 22 19. Hemivértebra ........................................................................................................................ 23 20. Espinha bífida ....................................................................................................................... 23 21. Vértebra em bloco ................................................................................................................ 23 22. Vértebra transicional ............................................................................................................ 24 23. Síndrome da cauda equina ................................................................................................. 24 1. Radiografia: raio-x, anatomia, técnica e nomenclaturas Raio-x trata-se de uma imagem estática realizada em projeções. A análise é feita utilizando as nomenclaturas por radiopacidade, sendo elas: radiopaco (radiopacidade osso ou metal, sendo o metal mais branco que o osso), radiopacidade água (cinza claro), radiopacidade gordura (cinza escuro) e radiopacidade ar (radio transparente - preto). As projeções são: Craniocaudal, caudocranial, laterolateral (direito e esquerdo), mediolateral (direito e esquerdo) ventrodorsal, dorsoventral e dorsopalmar ou plantar. O exame radiográfico pode ser realizado com contraste para destacar a região de interesse, sendo o esofagograma para avaliar o esôfago, urografia excretora para avaliar rins, ureteres, bexiga e uretra e uretrocistografia retrógada para avaliar apenas a uretra e bexiga. Relembrando anatomia para não errar na nomenclatura das projeções, lembrando que trata- se de planos e eixos: Se é solicitado um exame radiográfico para avaliar o fêmur com duas projeções são as: craniocaudal ou caudocranial e mediolateral, atente-se aos planos e eixos para nomenclatura. Para tomografia os planos longitudinais, transversal e dorsal são utilizados. A proteção radiográfica se baseia em chumbo nos matérias e barita na parede, pois, são matérias que repelem a radiação protegendo contra a absorção. Então deve-se usar óculos, avental, protetor de tireoide e luvas de chumbo para a realização do exame e o local onde é realizado deve ser revestido por barita nas paredes. A técnica radiográfica depende da miliamperagem e quilovoltagem. A miliamperagem (MA) está relacionada com o contraste da imagem, define a quantidade de raio-x que vai atingir o alvo. A quilovoltagem está relacionado com a espessura da estrutura, ou seja, quanto mais espesso é a região avaliada, mais quilovoltagem (KV) é utilizado. Entendendo sobre isso, é determinado a quantidade de exposição com MAs e KV dependendo da região avaliada: • Ossos e articulações: ↑Mas e ↓KV • Tórax: ↓Mas e ↑ KV; • Abdomen: ↑MAs e ↑KV. Essa variação ocorre devido o contraste para cada imagem e a absorção de raio-x, algumas estruturas absorvem mais que outras e algumas possuem mais contraste que outras. Regiões com grande quantidade de ar como os pulmões, não necessitam de muito contraste pois o ar não absorve a radiação deixando a imagem mais preta, já estruturas que absorvem a radiação possuem maior radiopacidade, que muitas vezes precisam de maior contraste como os ossos. Já os músculos e o abdômen, que possui várias estruturas, permitem uma passagem mais fácil da radiação, deixando várias tonalidades de cinza sendo necessário uma quantidade maior de contraste. A quantidade de técnica também varia dependendo do aparelho utilizado para o exame, a adaptação vem com o tempo de uso. Existe atualmente, três tipos de aparelhagem, são eles: • Radiologia comuncional: que utiliza um filme radiográfico tratando-se de uma emulsão de prata que precipitam quando atingidos pela radiação, precipitando e formando a imagem (esse filme passa por tratamento químico que no final revela a imagem); • Megatoscópio: raio-x computadorizado que utiliza um cassete onde dentro dele há uma placa de imagem que após receber a radiação, forma a imagem que sera lida na maquina e passada para o computador. Dentro do cassete há uma leitora da placa que limpa a imagem, assim, o cassete pode ser reutilizado. • Raio-x digital direto: trata-se de uma placa digital que forma a imagem e a transmite para o computador diretamente, sendo a forma mais rápida de realizar o exame, deixando de lado o filme e a leitora. O efeito de adição, ocorre quando duas estruturas de mesma radiopacidade se sobrepõe deixando a imagem mais radiopaca que o convencional. O efeito de subtração, ocorre quando duas estruturas de radiopacidades diferentes se sobrepõem subtraindo a imagem. Existem dois tipos de contrastes: • Contrastede bário: deve ser administrado oral ou anal. É utilizado para os exames de esofagograma, trânsito gastrointestinal e enema (enema de bário); • Contraste de iodo: pode ser administrado oral, intravenoso ou anal. É a única opção em casos de suspeita de ruptura esofágica e bexiga ou do trânsito gastrointestinal, pois o bário não é absorvido se extravasado. É utilizado para os exames de urografia excretora, uretrocistografia retrógrada, esofagograma e trânsito gastrointestinal. 2. Radiografia do sistema músculo esquelético Quando pensamos em crescimento ósseo, ossificação e fraturas devemos saber os tipos de ossificação e sua origem, que são: • Ossificação Intramembranosa: onde ocorre a calcificação a partir de tecido conjuntivo, responsável pelo aumento da espessura óssea; • Ossificação Endocondrial: calcificação a partir da cartilagem hialina; • Ossificação Periósteo: a calcificação ocorre a partir do endósteo (medula); • Epífise, metáfise e diáfise. • Apófises: São centros acessórios de ossificação natural na superfície óssea, pontos de inserção para músculos. Ex.: Trocanter maior de fêmur. Também tem os centros de ossificação secundários: • Escapuloumeral (cavidade glenoide); • Acetábular; • Olécrano; • Tibial (crista tibial); • Ílio e púbis; • Processo ancôneo. 1. Fraturas As fraturas possuem diversas causas e são definidas dependendo de sua apresentação na imagem: • Descontinuidade óssea: quando há separação dos fragmentos ósseos definido por sua direção, localização e número de linhas radiotransparentes. Na imagem abaixo observamos uma linha de fratura (número de linhas) radiotransparente transversal (direção), localizado na região médio proximal da diáfise do rádio e da ulna (localização). • A fratura pode ser completa: acometendo as duas corticais; • Fratura incompleta acometendo apenas uma cortical; • A direção pode ser obliquo, transversa ou em espiral; • O número de linhas define se a fratura é simples (1 linha com 2 fragmentos), segmentar (2 linhas com 1 fragmento) ou cominutiva (3 linhas ou mais e vários fragmentos). • Aberta ou fechada: aberta quando há comunicação com o meio externo, fechada quando não há; • Fratura por avulsão: fratura próxima à ligação (localizada nas inserções), comum na articulação femurotibiopatelar onde um ligamento se rompe e o outro ligamento puxa o osso ocasionando essa fratura; • Fratura por compressão (impactada): comum em coluna vertebral; • Fratura em galho verde: é incompleta e comum em animais imaturos; • Fratura supracondilar ou condilar: comum em fêmur ou úmero, atinge osso esponjoso, cortical e diáfise. 1.1. Salter-Harris Uma fratura de Salter-Harris é aquela que envolve a placa de crescimento (epífises) em filhotes. Ela possui 5 classificações que ajudam a decidir o tipo de tratamento, como também, para saber o prognóstico. São os tipos: I – Fratura na linha de crescimento, onde a metáfise está separada da epífise; II – Fratura da placa de crescimento e metáfise; III – Fratura da placa de crescimento que se estende para a epífise; IV – Fratura desde a epífise, placa de crescimento e metáfise; V – Fratura por compressão da linha de crescimento entre a epífise e metáfise. O tipo I e V são fraturas que as vezes podem ser difíceis de serem observadas no raio-x, então ter a imagem do membro colateral para comparação auxilia nessa visualização. Existem fraturas decorrentes de processos patológicos como neoplasias, osteomielites, osteopenia e por remoção de parafuso. A cicatrização e consolidação óssea de fraturas podem ser acompanhadas por radiografias: • Fratura recente: observa-se linha de fratura bem definida e aumento de volume de partes moles; • Entre 7 a 10 dias: linha de fratura maior, devido a atividade dos osteoclástos; • Após 2 a 3 semanas: reação periosteal mais evidente e início do calo ósseo; • 4 a 8 semanas: linha de fratura visualizada e preenchida por calo ósseo; • 8 a 12 semanas: calo ósseo remodelado e incorporado a estrutura óssea geral. Existem alguns fatores que interferem na cicatrização óssea, são: • Suprimento sanguíneo: devido a lesão vascular; • Localização da fratura: fraturas metafisárias tendem a consolidar mais rápido, não importa sua direção (obliqua ou espiral), já as fisárias tendem a demorar; • Configuração: fraturas oblíquas e em espiral consolidam mais rápido, já as comunitivas tendem a demorar, devido os fragmentos terem deficiência de suprimento sanguíneo; • Métodos de redução: alguns tipos de implantes quando possuem tamanhos e diâmetros inapropriados, podem ocasionar novas fraturas ou afrouxamento precoce; • A idade do animal: quanto mais velho, mais lento devido à baixa deposição de cálcio; • Doenças sistêmicas ou estados debilitantes; • Presença de infecção: quando há infecção local, pode causar necrose tecidual com isso, um retardo na consolidação da fratura. Osteomielites causam complicações também; • Instabilidade da fratura: fraturas mais estáveis tem menos complicações, já qualquer instabilidade que leva a movimentação dos fragmentos leva a uma falha na cicatrização, lesão, inflamação e agravamento da fratura; • Condições metabólicas: alterações hormonais, doença renal e hepáticas, tratamentos com corticoides e anti-inflamatórios retardam a consolidação óssea. 2. Artrose Doença articular degenerativa (DAD), uma alteração envolvendo a fragmentação e a perda de cartilagem articular, podendo ser primária ou secundária. Primaria é comum em idosos sem qualquer etiologia envolvendo. Secundária ocorre devido alterações na função biomecânica articular, devido a processos inflamatórios, doenças do desenvolvimento como displasia coxofemoral e umeroradioulnar e traumáticas como luxações, rupturas/frouxidão de ligamentos e fraturas. As alterações radiográficas de osteoartroses são formações de osteófitos e entesófitos e espessamento do osso subcondral. Entesófitos são neoformações localizada em inserção de ligamentos, tendões, cápsula articular ou fáscias musculares. Dependendo da articulação acometida, o espaço articular pode estar estreitado ou até mesmo anquilosado, desaparecendo completamente (ponte de osteófito). 3. Artrite É a inflamação articular, tendo como característica principal a efusão sinovial e a degeneração da cartilagem envolvida, sendo observada com maior frequência nas articulações de maior suporte de peso, porém, pode ocorrer em qualquer articulação verdadeira. A artrite pode ser infecciosa, ou não, e envolve a inflamação da membrana sinovial. Nos casos de infecciosas, podem ter origem de feridas locais ou próximas ou hematógena. As não infecciosas podem ser erosivas, sendo elas artrite reumatoide e a poliartrite felina. As não erosivas são a Lúpus eritematoso sistêmico e a sinovite linfocítica, ambas associadas à deposição de complexo antígeno-anticorpo na membrana sinovial. Os sinais clínicos são dor local, claudicação, diminuição de amplitude articular e alterações sistêmicas. Os achados radiográficos são divididos em três fases: Na primeira há uma destruição da cartilagem e do tecido ósseo subcondral e aumento da interlinha articular. Na segunda há neoformações ósseas e/ou áreas de osteólise, com redução da interlinha articular. Na terceira há anquilose e desaparecimento parcial ou total da interlinha articular. 4. Neoplasia óssea Classificadas como benignas ou malignas, de acordo com a histologia, comportamento e padrão de crescimento. As malignas em geral são destrutivas, metastáticas, mal definidas, de rápido crescimento, facilita fraturas e resulta em aumento de volume de partes moles adjacentes, enquanto as benignas são bem delimitadas, não metastáticas e de crescimento lento. As neoplasias primárias benignas são raras em pequenos e grandes animais. Não há predileção racial,idade, sexo ou porte. São as encondroma, cisto ósseo ou displasia fibrosa do cão e ostecondroma. Osteocondromatose As primárias malignas ocorrem com maior frequência em comparação com as benignas, acometem principalmente cães grandes de idade média a avançada. Geralmente inicia-se na região metafisárias, podendo envolver diáfise e epífise com a progressão da lesão. São os osteossarcomas, fibrossarcomas e condrossarcomas (mais comum em raças grandes/gigantes, idosos). Tendem a metástase pulmonar deixando o prognóstico ruim. As secundárias malignas são raras, no entanto, carcinomas (de próstata, gl. Mamária e pulmões) e sarcomas, podem resultar em metástase para o esqueleto por via hematógena e/ou linfática. As metástases de ossos longos tendem a ser localizadas na diáfise, devido a diminuição da calibragem dos vasos facilitando a instalação das células metastáticas. O aspecto radiográfico varia, dependendo da agressividade do tumor, podendo ocorrer áreas radiotransparentes e/ou aumento de radiopacidade. 3. Osteomielite Uma infecção óssea de origem bacteriana, protozóica ou fúngica, decorrente de ferida contaminada, fratura exposta ou hamatógena. É caracterizada por uma infecção que se estende das superfícies ósseas externas para as internas, sendo um processo inflamatório da cavidade medular, da cortical e do periósteo. Quando atinge corpo vertebral é nomeada como espondilite. As bacterianas ocorrem por inoculação direta do agente podendo ocorrer devido a feridas abertas (mordedura) ou cirurgicamente. Podem ser agudas ou crônicas, supurativas ou não. Os sinais clínicos são febre nos casos agudos, dor, aumento de volume e formação de fístulas em casos crônicos. Os aspectos radiográficos da doença: Na fase aguda de 7-14 dias: observa-se proliferação periosteal, área radiotransparente (osteólise) e aumento das dimensões de tecidos moles adjacentes. Podendo ocorrer a formação do triângulo de Codman. Na fase crônica observa-se margem esclerótica ao redor da área de lise. A aparência radiográfica é extremamente variada, dificultando a distinção com neoplasia maligna primária já que ambas apresentam destruição óssea e processos reativos no interior do osso, sendo necessário biopsiar. 4. Osteocondrite dissecante (osteocondrose) Uma anormalidade na ossificação Endocondrial, um espessamento da cartilagem articular. Acomete com maior frequência animais jovens e raças grandes em região escapuloumeral e/ou femorotibiopatelar. Observa-se irregularidade óssea da cabeça do úmero. 5. Displasia do cotovelo e coxofemoral A displasia do cotovelo é uma incongruência articular que acomete com maior frequência cães grandes, devido a osteocondrose/Osteocondrite e a não união do processo ancôneo. A displasia coxofemoral acomete com maior frequência cães de raças grandes e gigantes, condrodistróficos e gatos também. Trata-se de uma incongruência articular de grau variado que com a cronicidade, resulta em alterações degenerativas secundária. 6. Luxação de patela e ruptura do ligamento cruzado cranial Na luxação, observa-se o deslocamento da patela podendo ser medial ou lateral. De origem congênita ou traumática. Na ruptura do ligamento cruzado cranial, observa-se o deslocamento da patela e na projeção mediolateral, nota-se um deslocamento cranial da tíbia em relação aos côndilos femorais. Pode ser de origem congênita ou traumática. 7. Necrose asséptica da cabeça do fêmur A origem é desconhecida, mas há algumas hipóteses como genética, anormalidades vasculares, desequilíbrio hormonal e metabólico, trauma e infecção. Trata-se no comprometimento vascular da epífise femoral (cabeça e colo), ocasionando isquemia e necrose subcondral progressiva com reabsorção das áreas necrosadas. Observa-se no exame radiográfico áreas de osteólise/ esclerose da cabeça e colo femoral. Acomete com maior frequência cães de raça pequena e jovens. Também há um alargamento da interlinha radiográfica. 8. Hiperparatireoidismo nutricional secundário Uma patologia mais comum em animais jovens, onde ocorre a reabsorção óssea devido a um estimulo da paratireoide para produzir o PTH devido a deficiência nutricional que altera a proporção de cálcio:fósforo ou de vitamina D. Este hormônio causa reabsorção óssea e aumenta os níveis de cálcio no sangue. Os ossos ficam mais radiotransparentes e é mais generalizado. É possível ver a Angústia pélvica, onde a pelve está mais estreita. Aumentam as chances de fraturas espontâneas, deformidades ósseas (devido a microfraturas). 9. Hiperparatireoidismo secundário renal Uma patologia secundária a insuficiência renal crônica, onde há uma retenção de fósforo nos rins e baixa reabsorção de vitamina D pelo intestino, dessa forma, a função cálcio:fósforo fica desequilibrada e o corpo tende a reabsorver o cálcio dos ossos para normalizar essa fração. Assim estimula a glândula paratireoide a produzir PTH que aciona os osteoclastos para reabsorver cálcio dos ossos. Pode acometer animais de qualquer idade, acomete com maior frequência os ossos do crânio, principalmente a mandíbula (mandíbula de borracha). Os aspectos radiográficos dessa patologia é a perda da lâmina dura que é substituída por tecido fibroso, resultando em diminuição “dentes flutuantes”. 10. Panosteíte A panosteíte é considerada uma doença do crescimento, logo, acomete principalmente animais jovens, raças grandes e gigantes. Causa esclerose do canal medular (mieloesclerose), principalmente de ossos longos, tratando-se de uma enfermidade autolimitante de origem desconhecida. Doença inflamatória que aumenta a atividade de osteoblastos nos ossos. Seu principal sinal clínico é a claudicação do membro afetado e o diagnóstico é preferencialmente por radiografia, sendo possível visualizar alterações em diáfise e metáfise de ossos longos, como alteração na espessura de cortical, alterações de trabeculado e radiopacidade. Na primeira imagem acima, observa-se acentuação do trabeculado ósseo em medular do úmero, espessamento de cortical óssea na mesma região da primeira imagem e alteração da radiopacidade. Então, na radiografia observa-se alteração do trabeculado ósseo, espessamento da cortical e aumento da radiopacidade medular mal definida, principalmente em região de forame nutrício. 11. Osteodistrofia hipertrófica É uma alteração generalizada que afeta cães gde grande porte entre dois a oito meses de idade, sendo os machos mais acometidos. A origem pode ser por Cinomose, Eschecrichia coli, hipo-vitaminose C, anomalias vasculares, genética e supernutrição (desequilíbrio cálcio:fósforo). Animais alimentados por dietas ricas em proteína, energia, cálcio e fósforo, desenvolvem hipercalcemia e por consequência, hipercalcitoninismo (excesso de cálcio estimula células C da tireoide a secretarem calcitonina), diminuindo a reabsorção óssea. Ocorre o aumento das atividades osteoblásticas e perioesteal, levando ao aumento de volume e radiopacidade das regiões metafisárias dos ossos longos. Radiograficamente é possível observar aumento da espessura e da radiopacidade nas regiões metafisárias dos ossos longos, densidade óssea aumentada e irregular, descolamento do periósteo e aparecimento de área radiotransparente, semelhante a uma segu7nda placa epifisária logo acima da verdadeira placa nem sempre presente). 12. Osteopatia hipertrófica É uma reação periosteal secundária a doenças crônicas intratorácicas, como neoplasias pulmonares primárias ou metastáticas, abscessos, tuberculose, pneumonia e infestações por dirofilaria immitis. Segundo estudos, impulsos originados das lesões torácicas se propagam através do nervo vago, resultando em vasodilatação dos membros. Os sinais clínicos são claudicação, dor a palpação. Aumento de volume de tecidos moles,hipertermia e anorexia. Os achados radiográficos consistem em proliferação periosteal simétrica e bilateral, envolvendo a diáfise e metáfise dos ossos longos, metacarpos, metatarsos e falanges, do tipo “paliçada”, sendo as alterações mais precocemente visibilizadas nos metacarpos e metatarsos. A. Representação esquemática da osteopatia hipertrófica. B. Neoformação óssea ao longo do periósteo, geralmente do tipo paliçada. 13. Osteopatia craniomandibular Conhecida como mandíbula de leão e rara, trata-se de uma proliferação óssea não neoplásica, que afeta primeiramente os ossos da face e do crânio e, ocasionalmente, ossos longos. Acomete cães de pequeno porte, entre 3 a 8 meses de idade. Uma condição autolimitante, hereditária, que geralmente se resolve com a maturidade. Os cães afetados apresentam dor, dificuldade de apreensão e mastigação de alimentos, aumento de volume mandibular, salivação excessiva, anorexia e febre intermitente. Radiograficamente apresenta proliferação óssea simétrica e bilateral (osteopetrose), principalmente mandibular. 14. Espondilose Um processo degenerativo e não inflamatório das vértebras, considerado um achado radiográfico comum em cães idosos. Acomete com maior frequência boxer e pastor alemão. As regiões toracolombar (L2-3) e lombossacra (L7-S1) são as mais afetadas. Trata-se de uma neoformação óssea localizado na região cranioventral e caudoventral das vértebras. Normalmente não há sinais clínicos, apenas em casos raros em que a espodilose acomete forames e pressiona as raízes nervosas resultam em sinais neurológicos. Na radiografia a projeção laterolateral é a mais indicada para observar a espondilose nos estágios iniciais, pequenas projeções calcificadas. Podem ser nomeadas como espôndilos, entesófitos e osteófitos. Em formas graves há formação de pontes ósseas denominadas aquilose. 15. Discopatias Sendo uma das alterações mais comuns da coluna vertebral de cães, é frequentemente associada com disfunção neurológica. Trata-se de degeneração dos discos intervertebrais, sendo compatível com senilidade. A extrusão do disco trata-se da projeção do disco dorsalmente ou lateralmente para o interior do canal medular, pode ser denominada como Prolapso tipo I ou Hansen, acometendo mais comumente raças condrodistróficas entre três e sete anos de idade. A metaplasia fibróide, que acomete com idosos de qualquer raça, onde há a elevação dorsal do disco em direção ao canal vertebral denominado como Protusão de disco ou Hansen tipo II. Radiograficamente há uma redução de espaço intervertebral ou alteração de seu formato, diminuição de espaço entre os processos articulares, redução do forame intervertebral e presença de material calcificado no canal vertebral. 16. Discoespondilite É uma condição inflamatória do disco intervertebral e vértebras próximas, que envolve o disco e as placas terminais dos corpos vertebrais. A causa mais comum é a infecção bacteriana por via hematógena, proveniente de doenças do trato urinário. As bactérias mais comuns são: Staphylococcus aureus, S. intermedius, Brucela canis, Streptococcus sp e Escherichia coli. Radiograficamente é observado áreas de osteólise das placas terminais vertebrais, diminuição do espaço intervertebral e graus variados de esclerose e/ ou neoformações ósseas no corpo vertebral. 17. Espondilomielopatia cervical caudal – Síndrome de Wobbler Causa multifatorial, apresenta sinais neurológicos resultantes da compressão da medula espinhal cervical. É uma malformação dos corpos e arco vertebrais, inclinação ou pinçamento de vértebras, hipertrofia ou hiperplasia do ligamento flavum (compressão dorsal) e protusão de disco (Hansen II). Essas alterações podem ocorrer de forma isolada ou associadas, resultando em instabilidade e estenose do canal vertebral. Radiograficamente é possível observar calcificação de disco intervertebral, doença degenerativa do processo articular, espondilose deformante, remodelamento cranioventral do corpo vertebral e desalinhamento ou estreitamento do canal vertebral (mielografia para avaliar a compressão medular). 18. Subluxação atlantoaxial Tendo origem congênita ou traumática, é uma alteração incomum de dor cervical e déficit neurológico. De origem congênita esta associado a malformação do processo odontóide do áxis, hipoplasia, agenesia, não união do odontóide ao áxias ou malformação da estrutura ligamentar da articulação atlantoaxial. Radiograficamente observa-se aumento de espaço entre o arco dorsal da C1 e o processo espinhoso da C2, alinhamento atlantoaxial anormal, deslocamento dorsal do áxis, atlas hipoplásico e processo odontóide desunido e deformado. 19. Hemivértebra São alterações encontradas mais comumente em raças braquicefálicas, tratando-se de um desenvolvimento anormal de duas metades de uma ou mais vértebras, resultando em fusão incompleta do corpo vertebral. Os animais afetados podem apresentar estenose do canal e compressão medular em casos graves, mas normalmente não há uma importância clínica. Radiograficamente em projeção laterolateral a vértebra se apresenta em forma de cunha e na projeção ventrodorsal em formato de borboleta. 20. Espinha bífida É uma condição rara que ocorre devido a uma falha de fusão dos arcos vertebrais, podendo ou não, haver protusão ou displasia da medula. Em casos discreto não há sinais clínicos. Radiograficamente observa-se ausência do arco vertebral ou falha de fusão dos processos espinhosos em uma ou mais vértbras. 21. Vértebra em bloco Resultante de fusão incompleta ou parcial de duas vértebras adjacentes, devido ao desenvolvimento incompleto do disco intervertebral. Radiograficamente não há visualização do espaço intervertebral, e o disco intervertebral adjacente pode apresentar degeneração com herniação. 22. Vértebra transicional São vértebras que possuem uma anomalia congênita caracterizada por uma vértebra que assume características anatômicas de outra vértebra em região adjacente e ocorre nas junções cervicotorácica, toracolombar, lombossacra e sacrococcígea. Radiograficamente nota-se como exemplo, a presença de um par de costelas na L1. 23. Síndrome da cauda equina Este termo define os sinais clínicos, oriundos da disfunção sensorial e/ou motora causada pela lesão das raízes nervosas da porção final da medula espinhal. A estenose lombossacra é a causa mais comum. Os sinais clínicos são variados incluindo dor,incontinência urinária,claudicação em membro pélvico, andar com a traseira baixa entre outros. Radiograficamente é possível notar diminuição de espaço intervertebral e desalinhamento, associado a esclerose das placas terminais das vértebras L7-S1.
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